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Muitas semanas haviam se passado desde o casamento de Itachi. Sasuke não teve oportunidade de ficar a sós com a senhorita Haruno o que era extremamente irritante em seu ponto de vista. O final do ano letivo estava próximo, logo seria o recesso escolar e talvez fosse mais difícil interagir com Sakura. Sasuke sabia por experiência que sua vizinha era uma pessoa caseira, era difícil encontrá-la fora do ambiente escolar e Itachi tinha absoluta razão em afirmar que ela só frequentava a morada dos Uchihas por causa dele.

Sasuke sentia-se tão miserável. Deitado em sua cama com o olhar fixo no teto, ele desejava ardentemente concluir seu interlúdio com a moça de cabelo rosa. Queria tomá-la nos braços e beijá-la até os olhos dela mudarem de cor. Tantos desencontros depois do casamento deixou-o com a expectativa acima do aceitável e ele não fazia ideia de como se aproximar da menina. Por mais que ele pensasse nada vinha e lhe faltava coragem para uma abordagem direta.

O toque na porta do quarto interrompeu o fluxo dos pensamentos de Sasuke e logo se ouviu a voz de Naruto chamando-o. O jovem Uchiha abriu a porta e deu passagem para o amigo loiro.

- Olá, Sasuke. - Naruto cumprimentou Sasuke. - O que você está fazendo?

- Por quê? - quis saber Sasuke sem muito interesse. Voltou a deitar em sua cama já sabendo que Naruto iria mexer em suas coisas como ele sempre fazia, mas para sua surpresa o loiro manteve-se quieto e com um olhar enigmático. - O que foi?

- Eu vim salvar o seu dia. - afirmou Naruto com um sorriso encantador. - Sei que você anda com um humor do cão nos últimos tempos e posso te ajudar a ser feliz. Vem comigo.

- Duvido. - murmurou Sasuke acreditando que nada podia animá-lo, mas mesmo assim levantou-se e concordou em seguir Naruto. Às vezes os dois caminhavam pelo bairro e encontravam alguns amigos ou simplesmente caminhavam enquanto conversavam sobre trivialidades. Não é que ele estava melancólico ou coisa do tipo, mas Sasuke realmente queria usar seu tempo livre com Sakura.

Os dois foram para a rua e antes que Sasuke percebesse estavam parados em frente ao portão da família Haruno. Uma suave sensação de satisfação e esperança surgiu em seu corpo enquanto Naruto chamava por Sakura. A menina de cabelo rosa veio ao encontro dos dois acompanhada de Hinata. O Uchiha manteve-se aparentemente impassível, mas sua expressão adquiriu um ar de felicidade que só quem o conhecesse muito bem conseguiria perceber. Só ela conseguia comovê-lo e fazê-lo desejar o amor. Nenhuma outra. Só ela.

- Olá, Sakura. - Naruto foi o primeiro a falar e recebeu um beijo da Haruno. - Hinata. - beijou a morena no rosto e sorriu levemente ao vê-la ruborizar. - Vamos tomar um sorvete. Está bastante calor esta tarde. - fez o convite que no seu ponto de vista era irrecusável. - Sasuke vai pagar para nós.

- Naruto! - Sasuke esbravejou. Naruto não fazia nada de graça.

- Depois você vai me agradecer. - sussurrou o loiro para o Uchiha. - Então senhoritas, aceitam? - aguardou elas concordarem e ficou satisfeito ao ver os olhos de Sakura se dirigirem para o Uchiha como se tivesse aguardando ele aceitar de bom grado. É claro que ele concordaria. Naruto sabia que Sasuke andava ansioso e a razão era sua linda amiga. - Ótimo! Vamos logo. - pegou Hinata pela mão, mas parou ao ouvir a voz de Sakura pedindo para esperar. - O que foi?

- Eu vou trocar de roupa, esperem só um minuto. - pediu Sakura.

- Para que trocar de roupa? - quis saber Naruto achando desnecessária a ação. - Sua roupa está legal.

- Claro que não, Naruto. - defendeu-se Sakura. - Essa roupa eu uso para ficar em casa. É só um minuto. - afastou rapidamente antes que Naruto tentasse convencê-la mais uma vez a ir vestida daquele jeito.

Sasuke ouviu os resmungos de Naruto, mas não deu muita importância já que ele estava mais interessado em admirar o traseiro da garota de cabelos rosa. A silhueta da Haruno era um deleite para seus olhos. Se ela soubesse o poder que tinha sobre ele…

Sakura não tardou em retornar e o grupo seguiu rumo à sorveteria. A tarde estava quente, mas não desagradável. Sakura e Naruto falavam todo o tempo o que ia preenchendo o silêncio que Sasuke e Hinata deixavam. O Uchiha estava secretamente contente em conviver um pouco mais com Sakura sem aquela tensão misteriosa entre eles. Talvez fosse necessário que ele se tornasse mais falante, mas a verdade é que ele não saberia como.

Naruto, Hinata e Sakura escolheram os sabores de seus sorvetes enquanto o Uchiha pagava a conta. Naruto e Hinata separaram-se de Sasuke e Sakura indo em direção à área de lazer do bairro. O Uchiha agradeceu em silêncio por Naruto providenciar um momento como esse e diminuiu os passos de modo que Sakura reduzisse seu caminhar.

- Sakura. - Sasuke pronunciou o primeiro nome da Haruno apenas para que ela o olhasse e acenou com a cabeça para que os dois seguissem para o lado oposto.

Sakura o acompanhou timidamente. Sasuke percebeu o leve rubor no rosto da garota, sorriu discretamente e buscou com o olhar um banco mais para os dois se acomodarem e que não tivesse muitas pessoas por perto, pois queria tomar algumas liberdades com ela. Se Sakura não estivesse tão agitada no momento teria visto o olhar malicioso do Uchiha.

- Sente-se, Sakura. - disse Sasuke com seu modo imperativo e sentou-se longo em seguida e o mais próximo possível dela de modo que eles ficassem encostados um no outro. O Uchiha estava decido a não dar brecha para fugas. Os dois permaneceram em um silêncio constrangedor até que o moreno deu-se conta de que ela não estava tomando o sorvete e o mesmo derretia. - Tome seu sorvete, Sakura.

Sakura assentiu positivamente, mexeu um pouco o conteúdo do recipiente e levou a colher aos lábios. Sasuke observava atentamente cada movimento dela, os detalhes das mãos, o contorno dos lábios, a cor intrigante dos olhos, as expressões do rosto, o balanço dos cabelos quando o vento os acariciava. A Haruno era uma garota realmente linda e totalmente desejável. Sasuke queria beijá-la e uma ideia surgiu de repente.

- Eu gostaria de provar o seu sorvete. - disse ele impassível, mas contente por ver Sakura encabulada.

- Pode provar. - Sakura murmurou e estendeu o copo para que ele pegasse, mas arregalou os olhos em surpresa ao ver o Uchiha discordar. - Mas…

- Eu quero que você me dê. - afirmou Sasuke com olhar intenso e uma voz incrivelmente suave. Ele esperou Sakura encher a pequena colher e torpemente oferecê-lo, mas ao invés de aceitá-la pegou a colher e a levou aos lábios de Sakura. - Tome.

Uma Sakura confusa e desconcerta abriu ligeiramente os lábios deixando-se ser alimentada e antes que se desse conta Sasuke estava a beijando.

O Uchiha introduziu a língua nos lábios da Haruno de modo a saborear o sorvete e aprofundar o contato entre suas bocas. Sem cessar o beijo, Sasuke tomou o copo da mão de Sakura e com a outra mão livre trouxe a menina para mais perto se regozijando com aquele momento íntimo entre os dois. Sakura saiu de seu entorpecimento e introduziu as mãos nos cabelos de Sasuke de modo tão carinhoso que o jovem gruiu de satisfação e aumentou a intensidade do beijo.

Sasuke se afastou poucos centímetros da Haruno e contemplou o rosto dela por vários segundos. Sakura estava com as bochechas coradas e os olhos fechados com se estivesse com vergonha de encará-lo. Ela o fascinava de uma maneira que o fazia se sentir idiota.

- Você é tão bonita! – disse ele sem poder conter sua adoração. Com a mão que estava livre acariciou o lado direito do rosto feminino e em seguida passou o polegar de leve no lábio inferior da Haruno.

Sakura ofegou e Sasuke aproveitou para beijá-la mais uma vez. Ele sabia que os dois não poderiam agir de maneira tão descarada em local público, pois era considerado um comportamento inadequado e provavelmente Naruto e Hinata voltariam a qualquer instante, mas ele esperava há tanto tempo por isso que não se importava com regras sociais estúpidas. Ele queria consumi-la.

- Sasuke-kun. – uma Sakura bastante encabulada rompeu com cuidado o beijo. – Acho melhor nós irmos. – ela olhou de um lado para o outro para indicar que havia pessoas olhando.

Sasuke esperou pacientemente até que ela o encarece e a beijou de leve nos lábios antes de concordar. Os dois se levantaram e começaram a fazer o caminho de volta para casa. Ele queria segurar a mão de Sakura, mas não fez por medo de colocar a perder o pouco que tinha conquistado com ela. Alternando a atenção entre a rua e o rosto dela, Sasuke pôde vislumbrar um pouco mais daquele rubor encantador e não conseguiu conter um breve sorriso, Sakura tomava o sorvete apesar de estar derretido e era óbvio que ela estava pensando no beijo. Ele queria repetir aquele momento incontáveis vezes.

Os dois já estavam próximos ao portão da casa dos Haruno quando Sasuke a segurou pelo braço mantendo os dois bem próximos.

- Eu quero te ver mais tarde. – expressou o Uchiha. Era final da tarde de sábado e normalmente ele ficava em casa com Naruto em seus calcanhares, se Sakura aceitasse ele iria despachar o loiro agora mesmo.

- M-mais tarde?! – Sakura gaguejou e abriu os olhos com assombro. Não soou como um pedido aos ouvidos dela, mas sim como uma ordem. – É que...

- Por favor, Sakura. – Sasuke queria que ela aceitasse. Precisava passar mais tempo com ela. O último ano do colegial já estava chegando e ele iria se preparar para o processo de seleção da universidade onde ele queria estudar, seu tempo para coisas que não fosse o estudo seria drasticamente reduzido. – Hoje à noite por volta das oito em minha casa.

Sakura ainda hesitava. Sasuke a olhava diretamente nos olhos enquanto acariciava levemente o braço dela. Ele a ouviu suspirar e sorriu, pois de alguma forma soube que ela concordaria.

- Tudo bem. Às oito. – Ela concordou e tentou se afastar, mas foi interrompida e o encarou um pouco irritada.

- Meu beijo. – falou Sasuke com um sorriso pícaro nos lábios.

Sakura mudou de cor e fechou os olhos esperando ser beijada, mas passaram-se alguns segundos e nada sucedeu. Ela o encarou novamente.

- Quero que você me beije e não o contrário. – explicou Sasuke. Ele queria que ela perdesse a timidez com ele. Sakura era uma pessoa que gostava de conversar, rir, mas ainda parecia ressabiada quando se tratava dele. A rosada parecia ultrajada com a proposta o que tornava a situação mais deliciosa. – Vamos, Sakura, não vai ser tão ruim.

O Uchiha pensou ter ouvido a palavra idiota, mas sua mente já estava em outro plano, pois Sakura segurou-lhe o rosto com as duas mãos e o beijou com vontade. Foi um beijo rápido, mas cheio de paixão que o deixou com água na boca. Ela se afastou sem encará-lo e abriu o portão.

- Oito horas, Sakura. – reafirmou ele com um sorriso presunçoso. – Não se atrase.

Sakura o olhou por cima do ombro com cara de poucos amigos o que só ampliou o sorriso do rapaz. Ele não via a hora de estar com ela novamente.

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O caçula da família Uchiha estava sentado no sofá da sala esperando sua convidada. Faltavam poucos minutos para as oito e ele riu ao lembrar-se da indignação de Naruto ao ser dispensado. Ele não estava nem aí, só queria desfrutar da companhia de Sakura sem interferências. Naruto seria um estorvo se aparecesse em sua casa naquela noite. Ouviu o som da campainha e adiantou-se para abrir a porta. Fugaku que estava no recinto franziu o cenho e Mikoto que veio da cozinha disposta a ver quem era não pode esconder seu assombro.

- O que é isso? – questionou a Senhora Uchiha olhando entre a porta e o marido.

- Seu filho está estranho. – pontuou Fugaku apontando para fora de casa. – Estava à postos aqui na sala, agora a pouco riu sozinho. Esquisito.

Mikoto não disse nada, mas permaneceu na sala esperando os acontecimentos. Certamente não era Naruto porque o rapaz tinha passe livre naquela casa e costumava gritar para anunciar sua chegada. Quando Sasuke passou pela porta de mãos dadas com a moça de cabelo rosa, ela sorriu para o marido com aquele olhar de quem já sabe de tudo e foi cumprimentar a visitante.

- Olá, Sakura. – Mikoto abraçou a menina e a beijou no rosto. – Que prazer ver você.

- Obrigada, Dona Mikoto. – Sakura direcionou o olhar para o pai de Sasuke. – Senhor Fugaku. – cumprimentou-o com uma leve reverência.

- Boa noite. – disse o Uchiha simplesmente e estranhou a atitude da esposa que parecia mais animada do que de costume.

- Vem, Sakura. – pediu Sasuke estendendo a mão. Não queria perder tempo com o blá, blá, blá familiar. – Mãe, nós vamos ficar lá na varanda. – guiou a Haruno pelo corredor até chegarem ao local.

A varanda era aconchegante e iluminada com luzes suaves, poltronas confortáveis estavam espalhadas pelo ambiente e havia também uma chaise redonda com várias almofadas que atraía os olhares. Sasuke levou Sakura seguiu até a chaise e sentou-se puxando Sakura para seu colo. Ele esperava que ela ficasse encabulada, mas isso tinha que acabar de uma vez. Ele tinha pressa, pois sentia que o tempo estava passando velozmente.

- Sakura. – esperou que ela o encarasse. – Sakura, olha para mim. – a rosada o encarou mortificada. – Eu quero passar todo o tempo que eu tiver livre com você – disse sério. – Quero tocar em você, beija-la, conversar com você. – ele acariciou o rosto corado dela. – Mas você precisa se soltar.

- É que isso é tão inesperado. – murmurou Sakura. – Você nunca foi de falar comigo. – encostou a testa na dele e fechou os olhos. – E agora isso. É tão confuso. – voltou a encara-lo.

- Shh. – Sasuke colocou o dedo nos lábios dela. – Eu gosto de você. Ok? – ele segurou o rosto dela com as duas mãos. – Quero você por perto pelo menos nesse próximo ano. Depois não sei como vai ser. Só quero te conhecer melhor. Pode ser?

Sakura assentiu parecendo desnorteada. Sasuke sorriu e a beijou com carinho aproveitando mais aquela vitória. Ele não tinha nenhum plano traçado. A única coisa certa era que ele estava apaixonado por Sakura, mas não sabia se era recíproco e depois de um ano ele não poderia ficar por perto a cortejando, por isso, tinha que aproveitar ao máximo aqueles momentos. Aprofundou o beijo e reclinou Sakura sobre as almofadas. Bendito sofá. Bendito namoro em casa. Sasuke cessou brevemente o beijou e contemplou o rosto de sua amada. Aquilo era melhor do que uma dança em uma festa de casamento, melhor do que alguns beijos fugazes em um parque. Sorriu com malícia e viu as bochechas de Sakura aumentarem o rubor. Aquela varanda estava se tornando o melhor lugar na terra.

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