Tudo a sua volta era envolto por uma imensidão branca, ofuscante. Olhara pra seus braços e pernas e notara que todos os machucados, arranhões e lesões haviam sumido. Havia morrido, afinal? Será que aquilo era morrer? Aquela branquidão chegava a cegá-lo.

Em meio a brancura, eis que uma silhueta turva emerge. Andou um pouco, e a silhueta fora definindo-se. Andou até poder dizer com certeza, era seu pai. Firme, com o semblante que ele bem conhecia, os braços cruzados e olhar severo.

- Pai?...

- Filho...

- Eu morri?

Antes que Fugaku pudesse responder, duas outras silhuetas apareceram. Eram Mikoto, com sua expressão pacífica, que ele jurava ter herdado dela, e Itachi, com doçura no olhar.

- Ainda não - Itachi respondeu, com um sorriso brincalhão no rosto – Na verdade, a escolha é sua.

- Você fez tudo errado até agora, filho. – Fugaku olhou para Sasuke com reeprensão. Aquilo veio como um soco no estômago, mas não demorou muito para suas feições aliviarem-se – Mas nós entendemos. Eu, sua mãe e seu irmão. O amor faz as pessoas cometerem as mais diversas loucuras. Seu irmão sabe bem disso.

Sasuke não sabia o que dizer, muito menos sabia o que fazer. Engoliu seco e assentiu, apenas.

- Mas se quer saber – Mikoto falara, com aquela voz que Sasuke sempre adorou – Acho que você não deveria juntar-se a nós agora. Seu pai disse que as pessoas podem cometer as mais diversas loucuras por amor, não? Vejo que você criou muitos laços lá fora. Há pessoas que dariam a vida por você, e você sabe disso. Só foi cabeça dura demais para aceitar antes. – Mikoto deu uma risada gostosa, que fez todo peso que Sasuke sentia em seus ombros simplesmente desabar.

- Lembra que eu te disse que não importava o que você fizesse, eu sempre iria te amar? Pois então, isso não cabe só a mim. Isso cabe ao pai, a mãe, e a seus amigos lá fora. Acho que você merece mais uma chance, apesar dessa sua pose de malvado sem sentimentos. – Itachi sorriu para Sasuke.

Fugaku, Mikoto e Itachi juntaram-se, e envolveram Sasuke com os braços. Sasuke pensou estar no mais belo dos sonhos, deixou-se envolver por seus parentes, sentia-se tão bem.

.

Quase que instantaneamente, sentiu o baque com a realidade. Sentia-se inteiramente dolorido, sentia o chão de terra batida abaixo de si. Aquilo que tinha acabado de acontecer... O que foi aquilo? Que fosse sonho, que fosse uma experiência pré-morte, que fosse coisa da sua cabeça corrompida, sentia-se tão bem como não se sentia há tempos. Mesmo flagelado do jeito que encontrava-se.

Abriu os olhos lentamente. Lembrou do que seus pais haviam lhe falado. Torceu com o resto de humanidade que jazia no seu peito para que não fosse tarde demais. Virou-se, com um pouco de dificuldade, e viu a imagem turva de duas pessoas velando seu corpo. Seu coração corrompido se aliviou, e antes que pudesse falar alguma coisa, os dois bradaram ao mesmo tempo:

- SASUKE! – E o envolveram com os braços, assim como seus familiares o fizeram. E o que ele podia fazer, a não ser deixar-se envolver? Queria dizer que os amava, mas não conseguia, estava fraco demais para falar algo. Ficaria para depois, então. Fechou os olhos e agradeceu a quem quer que fosse por não ser tarde demais.


N/A: O título e descrição eu tava ouvindo na hora em que escrevia a última linha da fic, achei que tinha a ver e coloquei, como sempre. Desculpem qualquer coisa, resolvi inovar um pouquinho na minha maneira de escrever.

Eu amo vocês. De verdade.