Me embrenhei no mar de gente, empurrando todo mundo e ouvindo xingamentos, mas não era hora de me preocupar com boas maneiras.

Levei uma cotovelada no ombro que me tirou parte do equilíbrio, trombei com alguém, e acabei me impulsionando no infeliz e, sem olhar o atingido, continuei correndo.

Vasculhava com os olhos febrilmente, sem conseguir diminuir o ritmo nem que eu quisesse. O lugar era grande, talvez grande demais e eu não encontrava nem fonte, nem beco, nem Bella.

Ela ia morrer por minha culpa.

Todas as ruas pareciam as mesmas, os rostos se misturavam com tanta facilidade que eu não sabia se já havia visto aquela pessoa ou se havia imaginado que sim. Virei a primeira, segunda, terceira esquina, direita, esquerda, reto, mas nada. Nem sinal.

Enrosquei o pé num buraco e tive que apoiar as mãos no chão pra não cair de cara, mas eu não parava, nunca parava...

Correndo o mais rápido que eu agüentava, sentindo os músculos das minhas coxas começando a queimar, avistei a fonte do outro lado do enorme pátio.

Dessa vez as pessoas abriam alas, não querendo ficar no meu caminho e só Deus sabe que eu não conseguiria parar. Quanto mais me aproximava, a fonte ia ficando cada vez maior, mais difícil de contornar e, além dela, vi uma entrada no muro, o único lugar que não batia sol, mas ainda era claro o bastante pra eu identificar os cabelos castanhos que balançavam com a brisa. Eu reconheceria em qualquer lugar.

A droga da fonte tinha que ser um ponto turístico idiota e a multidão se intensificava a cada passo meu, e seria impossível atravessar a tempo. Quase sem diminuir a velocidade, desviei o caminho para o único espaço livre e me joguei dentro das águas geladas que cobriam até as minhas coxas, deixando minhas pernas tão pesadas... mas eu tinha que continuar! Espirrava água pra todo lado, molhando aqueles mais próximos, e mais xingamentos em diferentes línguas ecoaram nos meus ouvidos, meio abafados pela minha pulsação acelerada.

Eu já conseguia ver seu rosto perfeitamente, mesmo virado pro chão. Os olhos fechados, claro, pra não correr o risco de ela me ver antes e facilitar as coisas!

Com um pulo, passei por cima da murada da fonte, mas uma mulher distraída que ria com outras pessoas entrou na minha frente. Trombei com ela com tanta força que fomos os dois ao chão.

Abri os olhos para encontrar o céu e, completamente desnorteado, percebi que tinha caído de costas, mas não tinha tempo pra sentir dor, tempo pra nada. Levantei meio cambaleante e voltei a correr.

"Veja por onde anda, seu maluco!" um homem gritou e eu só balancei o braço na direção da voz.

Lentamente, Bella começou a levantar a mão na direção da luz, as pontas dos dedos começaram a brilhar, mas ninguém estava prestando tanta atenção quanto eu. Seu corpo se inclinou para frente, o pé saiu do chão num primeiro passo.

"Bella, NÃO!" gritei me jogando sobre ela.

Eu não sei por que, mas esperava que ela caísse pra trás pelo menos, mas a única coisa que fez, foi colocar o pé que estava no alto pra trás.

Deixei a cabeça pender pra frente e minha testa quase tocou seu ombro. Eu estava ofegando e sentia uma dorzinha nas costelas cada vez que puxava o ar. Junto com o tão necessário oxigênio veio uma onda de perfume de morango e dama da noite, me afastei de um jeito meio brusco e apoiei as mãos nos joelhos, tentando me acalmar.

Senti as mãos frias que eu conhecia tão bem entrando no meu cabelo molhado de suor e da água da fonte.

"Eu sabia que ia te encontrar aqui..." a voz que atormentou a minha mente todos esses meses comentou, mas dessa vez, ela vinha de fora da minha cabeça.

Levantei o rosto para encara-la. Meu peito doeu, ela estava ainda mais bonita do que qualquer memória ou sonho. Isso não era justo.

"Bella..." soltei junto com a respiração.

"Eu prometi que ficaríamos juntos..." sorriu, sua blusa branca de tecido leve farfalhando com o vento "Desculpe ter mentido quando disse que não te amava." contornou meus lábios com o indicador e suspirou "Você ainda é tão quente..."

Meus olhos arderam, mas eu pisquei as lágrimas pra longe. Eu não seria fraco na frente dela de novo.

"Alice está te esperando." me endireitei, tentando manter a compostura.

"Como assim?" ela realmente parecia confusa.

"Ela não pôde vir por causa do sol, mas está num Porsche amarelo discretíssimo nos esperando."

"Eu não esperava que a morte fosse assim..." ela disse baixo, meio sombria, os olhos dourados ainda no meu rosto.

"Morte?"

A ruguinha entre as sobrancelhas dela aumentou, então seus olhos se arregalaram e ela puxou o ar desnecessário pela boca entreaberta.

"Você está vivo..." soltou num sussurro.

Mordeu o lábio com força, então sua boca começou a abrir em um sorriso devagar, cuidadoso. Acabei desviando o olhar para o chão. Não queria ver quando o sorriso doce que eu via nos meus sonhos ia se tornar maldoso e zombeteiro.

"Isabella." uma voz masculina, estranha, me deu um susto tão grande que me fez pular pra trás, em direção à rua e ao sol.

No mesmo instante uma mão grande demais pra ser da Bella me agarrou pela gola da camiseta e me puxou de volta.

"Aro quer te ver." a mesma voz continuou "Agora."

Não sei como não havia reparado nos vultos a nossa volta, mas fiquei dolorosamente atento quando um deles começou a me empurrar pelo beco escuro. Cacete, corri a porra da cidadezinha inteira e agora vem o Comensal da Morte me empurrar?

É... Bebi pouco ontem.

"Tudo bem, Dimitri..." Bella disse entredentes.

Começamos a descer por um túnel cada vez mais escuro e meu coração começou a martelar de novo.

Isso não era nada bom... Já é a terceira vez em menos de 24 horas que eu estou correndo perigo eminente de morte. Abandono, sintomas de autismo, roubos, brigas, penhascos, dois aviões e agora cercado de vampiros... Definitivamente esse não é o meu ano!

Pelo menos com um avião, você tem a possibilidade ínfima de sobrevivência, eu comprovei isso hoje, mas agora? Eu sou otário e tudo, não me importaria de morrer no lugar de quem eu amo, mas fico um pouco frustrado sabendo que vou morrer no lugar da pessoa que eu amo mais que a minha vida, só que essa pessoa não se importa...

Sou só eu ou é desperdício de uma boa vida?

Acho que estou ficando histérico. Não tenho certeza disso ainda, mas estou ouvindo um zumbido muito alto de pessoas falando, mas dá pra ver que ninguém aqui tá conversando... Será que isso é um sinal de histeria?

A falta de sol estava me fazendo lembrar dolorosamente das roupas encharcadas e meus dentes estavam começando a bater.

"Humano idiota... Tremendo... E esse coração batendo tão alto que fica difícil de pensar! Aro vai achar tudo muito divertido..." um dos dementadores falou.

Eu costumava ter um filtro que me impedia de falar tudo que viesse a cabeça. Aparentemente ele sumiu.

"Por que o Aro vai me achar divertido?" perguntei meio alto, tentando sobrepujar o zumbido das vozes e todos ficaram visivelmente tensos.

"O que?" o mesmo dementador, Dimitri acho, perguntou, meio irritado.

"Você falou que o Aro vai me achar divertido!"

Um silêncio pesado tomou conta do túnel por um instante, mas as vozes ficaram até um pouco mais altas enquanto eu me contorcia esperando explicação.

Edward..." baixei o olhar para Bella, que me olhava preocupada "Ninguém disse nada!"

"Como não? Você não tem a audição privilegiada e essas porras? O cara acabou de falar!"

"Por que você está gritando?" ela perguntou, confusa.

"Por causa das vozes!" apontei pra cima, de onde eu suspeitava que as vozes vinham.

Todos pararam de falar de novo.

Achei melhor não insistir no assunto. Deve ser histeria.

Esfreguei os braços, tentando me aquecer e encolhi os ombros. A mão gelada de Bella tocou minhas costas e eu lhe disparei um olhar, meio confuso, meio irritado. Pra que vir tentar me confortar agora?

"Desculpa..." ela murmurou "Você já está sentindo frio o bastante."

"É, estou mesmo."

"Pára de gritar!" Dimitri reclamou.

"Desculpa se você é o fodão que consegue manter o tom de voz mesmo com esse monte de gente falando!"

"Não tem ninguém falando!"

"Certo..." desviei o olhar "O que te fizer dormir melhor à noite..." tenho quase certeza que os outros comensais deram risadinhas.

"Isabella, controle seu humano." ele rosnou.

"Eu não sou o cachorro de estimação dela pra ela me controlar!"

"Edward..." Bella apertou minha mão "Por favor..." ela pediu, me lançando todo o poder de seus olhos dourados "Já vai acabar."

Desviei o olhar e não disse mais nada. O que dizer?

Depois de andar mais um pouco, passamos por uma porta e caímos dentro de um saguão de um prédio surpreendentemente normal. Parecia um saguão de algum tipo de empresa. Mais um toque especial pra um dia perfeito.

Havia um balcão e atrás dele uma secretária estava cantando.

"It's tearing up my heart, when I'm with you... And when we are apart, I feel it too..."

Olhei em volta pra tentar descobrir se ela realmente estava cantando algo que parecia muito com uma daquelas boy bands medonhas se ou era mais algum sinal do meu colapso nervoso iminente.

Pelo olhar que eu recebei do Dimitri por estar me retorcendo, era mais um sinal do meu colapso nervoso iminente.

"Bom dia!" a secretária falou, sorridente.

Dessa vez falou mesmo, vi lábios se mexendo e tudo.

Esfreguei os olhos com força, tentando bloquear as vozes, viessem elas de dentro ou de fora da minha cabeça. Foi a primeira vez que me arrependi por ter passado todas aquelas noites em claro.

E ainda tinha que conhecer Aro.

Soltei um longo suspiro e deixei os braços penderem ao longo do corpo. Bella segurou minha mão, entrelaçando os dedos nos meus. Por um instante, pensei em afasta-la, mas qual o propósito? Ela quer se divertir, então tomara que esteja sendo um dia especialmente alegre pra ela. Eu estou cansado demais.

Aparentemente mais cansado do que eu havia pensado, já que nem vi quando entramos nesse salão... Tem três caras parados ali e não parecem especialmente felizes. Ótimo. Bem vindos ao clube.

"Isabella..." o da frente falou, com um cabelo meio ensebado e pele cor de...

Sei lá. A pele dele é esquisita, parece prestes a esfarelar... Já sei. Ele parece uma meia velha e encardida.

"Aro." Bella devolveu, extremamente seca.

"Então, você é o rapaz que fez nossa Isabella mudar de idéia?" ele perguntou olhando na minha direção, mas eu ando tão errado que olhei pra trás, pra ter certeza absoluta que estavam falando comigo.

Não tinha mais ninguém ali, mas honestamente, eu não queria conversar com o cara de meia velha, então dei de ombros. As portas voltaram a ser abertas e Alice entrou, escoltada por mais dois dementadores.

"Meio calado ele, não é?" Voldemort sorriu, sem tirar os olhos de mim.

"Deixe-o fora disso, Aro!" Bella reclamou "Seu assunto é comigo."

"Isso é o que veremos." ele declarou sério e estendeu a mão para ela "Por favor." mas não era um pedido.

Bella lançou um olhar para Alice, então outro para mim e soltou minha mão, me fazendo saltar. Eu não tinha percebido que ainda estava de mãos dadas com ela.

Ela subiu os degraus até o plano mais alto onde Aro estava e segurou a mão dele. A cena me deixou meio incomodado, mas não sei explicar porquê. Só não queria continuar olhando, então tentei me distrair observando o resto do salão, o que não ajudou muito já que encontrei as duas crianças mais pavorosas de toda a história do planeta!

A menina loirinha, com uma cara de endemoniada, ficava me encarando com um sorriso possuído e o menino moreno de cara amarrada parecia pronto pra morder qualquer um que se aproximasse.

Voltei o olhar correndo pra Bella segurando a mão do Voldemort e o zumbido de vozes aumentou.

"Entendo..." ele disse por fim. O que ele entende é um mistério.

"Podemos ir agora?"

"Sabe que não, Isabella." ele sorriu, mas não foi agradável "Preciso descobrir o que o rapaz sabe sobre nós."

"Ele não parece saber nada." a monstrinha falou e eu não agüentei, fiz uma careta pra ela, que arregalou os olhos de um jeito assustador.

Aro me olhou intrigado e eu envolvi o corpo com os braços, tentando espantar o desconforto e o frio que ainda não tinha me abandonado.

Bella voltou até mim, com a testa franzida.

"Ele quer ler sua mente, Edward." minha cara se contorceu de um jeito indescritível.

"Sem chance."

"Você não vai sentir nada." ela disse séria, quase travando o maxilar "Aro só pode fazer isso tocando sua pele, então você tem que ir até ele."

Lancei um rápido olhar para ele.

"O que ele vai poder ver?" murmurei, pra ser implicante já que todos podiam me ouvir.

"Tudo." Aro falou, mas quando subi o olhar, ele estava com a mesma expressão intrigada.

"Tudo." Bella ecoou, me fazendo piscar algumas vezes pra me localizar "Todas as informações necessárias para ele."

"Humano estúpido" a loirinha chatinha resmungou.

Virei pra ela e ficamos nos encarando, porque ela pode ser mais rápida, mais forte, mais tudo, mas eu ainda tenho o direito de olhar feio pra ela. Ainda mais quando ela parecia tão surpresa com a minha atitude.

"Que falta de educação a minha..." Aro chamou minha atenção "Esses são Alec e Jane."

Voltei o olhar para a menina assustadora mais uma vez.

"Se ele continuar me olhando desse jeito, com informação ou sem, vou fritá-lo."

Cacete! Isso não parece nada, nada bom! Ainda mais porque parece que só eu ouvi! De novo.

"Qual seu nome?" Aro me perguntou, mas eu ainda não conseguia tirar os olhos da Jane.

"Edward" resmunguei de qualquer jeito, já estou morto mesmo.

"Por favor, Edward." voltei o olhar, e ele estendeu a mão, como havia feito com Bella.

Suspirei, evitando o rosto de Bella e dei um passo a frente, relutante.

"Agora vamos saber como a mente desse humano funciona. Deve ser algo realmente extraordinário para ter esse controle sobre alguém tão poderosa quanto Isabella."

Parei. Congelei no lugar. Ouvir da boca do próprio cara era bem menos animador.

"Acho que não quero..." voltei um passo para trás, tentando manter a expressão composta.

"Não é uma escolha, Edward." Aro disse, ainda mais sério.

Ainda assim, não me movi.

"Vou adorar vê-lo se contorcer!" Jane sibilou, cheia de uma diversão maldosa.

"Contorcer?"

Não tive tempo de processar a informação quando meu corpo começou a queimar, alguém havia ateado fogo no meu corpo!

A sala sumiu, tudo sumiu, só havia fogo.

"PARE!" a voz de Bella gritou em algum lugar.

Quando abri os olhos, eu estava de joelhos no chão, com a respiração ofegante. Arregacei as mangas, levantei a camiseta, procurando as queimaduras, mas eu estava completamente normal.

"Que porra foi essa?!" minha voz estava só um pouquinho esganiçada.

"Esse é o poder de Jane..." Bella falou, com a voz carregada de ódio enquanto eu tentava convencer minhas pernas que estava tudo bem, que eu poderia levantar.

"Como eu odeio esse escudo idiota!" Jane gritou.

"Você colocou seu escudo em mim?!" perguntei pra Bella do mesmo jeito meio agudo, mas já me sentia seguro o bastante pra ficar de pé.

Ela concordou com a cabeça, parecendo espantada.

"Ele está ligando as coisas bem rápido..." Alice comentou.

"Ele sabe demais" Aro disse, cheio de reprovação.

"Eu vou fazer ele sofrer tanto..."

Arregalei os olhos com o último.

"Bella!" gritei, agarrando a mão dela, sentindo o fogo voltando, mas no instante seguinte ele não estava mais lá.

"Mande que pare, Aro! Eu não vou admitir que Jane continue com isso!" ela nunca pareceu tão ameaçadora antes.

Deve querer me matar sozinha.

"Jane..." Aro disse tentando parecer bravo, mas pra mim parecia estar achando graça "Comporte-se. Agora, Edward..." ele voltou a estender a mão.

Engoli com força e me obriguei a soltar a mão de Bella, meu dedos estavam amortecidos. Caminhei até Aro sem qualquer vontade e segurei sua mão estendida.

E não aconteceu nada.

Realmente, depois de toda essa antecipação eu esperava algo... Diferente? Bom, pensei que ia ver minhas memórias passando diante dos meus olhos, ou pelo menos a mão formigando! Vou te falar, decepcionante.

"Tudo isso... Todos esses segredos, revelados a um humano... Ele não pode continuar vivo."

Foi como se todos os meus músculos tivessem sido rasgados. Procurei o rosto da Bella, mas ela estava com a mesma expressão preocupada de antes, só quando percebeu meu olhar que ela pareceu notar que havia algo errado.

E aí? Então ele me ameaçar de morte tudo bem, mas eu não parecer feliz com isso é que mexia com ela?

"O que foi, Edward?" ela perguntou, aflita.

"O que foi?" devolvi, transtornado "Eu vou morrer é o que foi!"

De novo aquele silêncio chato que me dá a impressão de que eu deveria estar numa camisa de força.

"Ele sabe demais, Isabella..." Aro declarou e eu me livrei de seu toque.

"Não."

"Ele não pode sair vivo daqui."

"Não, Aro." a voz dela estava dura.

"Só existe uma alternativa..."

"Qual?" perguntei apesar de mim. Era a minha bunda na reta.

"Se tornar um de nós."

"Não!" Bella rosnou alto.

Fechei os olhos. Eu vou morrer porque ela não me quer por perto.

"Só me deixem ir embora..." pedi, minha voz soou extremamente baixa "Vou esquecer tudo o que vi, não precisam se preocupar comigo."

"Não é assim que isso funciona, Edward." Aro falou num tom condescendente que eu odiei.

Girei os olhos, meu lado suicida decidido a fazer um número de rumba, e cruzei os braços bufando.

"Insolente!"

Oh oh. Jane.

"BELLA!" berrei, mas antes que eu pudesse alcança-la, o fogo começou a me queimar de novo.

Quando ele sumiu e eu consegui abrir os olhos, estava abraçado a Bella, a envolvendo com toda a força.

"Ele tem um dom muito interessante, Isabella! Mal posso esperar pra ver como vai se desenvolver."

Bella concordou com a cabeça, silenciosamente, mas eu não tive coragem de soltá-la ou levantar a cabeça de seu ombro.

"Ouvir pensamentos à distância... Fascinante!"

"Ouvir pensamentos..." repeti baixinho, acho que já sabia há algum tempo, mas ouvir assim era bem diferente "Estou ouvindo pensamentos..."

"Edward?" Bella chamou, deslizando os dedos pelo meu cabelo "Vamos embora."

A soltei o mais rápido que consegui. Por que diabos eu fiz aquilo? Abraçar Bella? Eu sou um idiota.

Concordei sem palavras, com os olhos colados no chão.

"Tem certeza que não quer ficar, Isabella?"

"Obrigada pelo convite, mas não." ela não parecia nem um pouco grata pelo convite, estava era bem irritada.

"Alice?" pelo canto dos olhos, vi a cabecinha dela negando "Muito bem." ele continuou, amargurado "Faremos uma visita em breve, ver como o jovem Edward está se saindo como um recém nascido."

Os Volturi em Forks, isso vai ser realmente excelente. Ou eu vou continuar um humano, só que completamente sozinho e vou ser trucidado, ou eu vou ser um vampiro completamente sozinho, porque os Cullen vão estar longe, de uma forma ou de outra.

Fechei os olhos quando senti os dedos gelados de Bella se entrelaçando aos meus mais uma vez. Comecei a cantar baixinho, numa tentativa de bloquear as vozes que ameaçavam terminar de me enlouquecer.

Logo estávamos de volta a recepção e o repertório musical da cabeça da secretária não havia melhorado em nada.

Bella me fez sentar numa das cadeiras mais afastadas do balcão.

"Você está bem?"

"Sim. Não."

"Acabou, Edward."

Aquelas palavras me doeram tanto que o volume das vozes diminuiu drasticamente, virando sussurros.

Acabou. Tudo acabou. Então por que é que eu ainda estou na Itália? Com a Bella.

Não disse nada, e voltei a fechar os olhos com força, escorregando na cadeira. Senti os dedos dela tocando minha testa, massageando até que eu deixasse de franzi-la, quando isso aconteceu, ela correu os dedos pelo meu cabelo, me torturando lentamente.

As vozes sumiram e eu nunca fiquei tão feliz de estar completamente sozinho na minha cabeça.

O cansaço tomou o meu corpo, avassalador, e quando a hora chegou, cambaleei junto a Bella e Alice de volta ao aeroporto, ainda consegui me apavorar com o avião, mas bem menos dessa vez.

Nem eu conseguia acreditar que o universo seria tão sacana de me matar no avião de volta depois de tudo isso que eu passei.

Me lembro vagamente de ter entrado num carro e de ver a fachada da minha casa, aparentemente meu sonambulismo vai além de responder as coisas que me perguntam já que uma das minhas lembranças mais claras é de afastar as mãos de Bella a tapas e reclamar que não queria que ela me carregasse enquanto eu dormia.

Uma vez que minha cama entrou no campo de visão, nada mais me importava.

Não sei quanto tempo passou até que eu abrisse os olhos de novo, mas quando finalmente o fiz, encontrei dois lagos de ouro derretido me encarando.

Gemi e cobri o rosto com o braço.

"Quero acordar!" reclamei, como se isso pudesse mudar alguma coisa.

"Você está acordado." essa voz. Essa maldita voz...

"Não, eu não estou."

Um toque frio, uma mão pequena em volta do meu pulso, afastando meu braço do meu rosto.

"Por que acha isso?" como alguém com uma pele tão gelada podia ter olhos tão incrivelmente quentes?

"Você está aqui."

"Estou."

"É um sonho." o sorriso dela era ainda mais quente.

"Não é. Isso parece um sonho?" seus dedos deslizaram pela minha bochecha.

"Não parece... Mas eu já fui enganado antes." sua expressão se contorceu em culpa.

"Me perdoa. Eu tentei ficar longe, tentei te proteger de todas as formas que pude, até de mim mesma, mas foi tão difícil!"

Sentei, apoiando as costas na cabeceira. Não fazia idéia do que ela estava falando.

"O que?"

"Tentei viver sem você, mas não era uma vida. É completamente impossível fingir que você não está no mundo e quando eu pensei que realmente não estivesse mais... Não valia mais a pena ficar aqui, eu prefiro morrer a viver num mundo onde você não exista! E sabe por que?"

"Não." obviamente.

"Porque você é a minha vida."

E você está bêbada.

"Esse é de longe o sonho mais bizarro de todos! E olha que eu alucinei depois de me jogar de um penhasco!"

Bella riu, sem humor.

"Não é um sonho, Edward. Eu voltei, estou aqui."

Meus olhos buscaram em seu rosto qualquer confirmação daquilo que ela acabara de dizer. Ela parecia esgotada, daquele jeito inumano que não cansa, seu olhar repleto de culpa. Meus sonhos não têm culpa.

Meus sonhos são perfeitos, onde eu posso toca-la de qualquer forma que eu queira, onde ela não me acha um fraco e não vai embora.

Meus sonhos são horríveis, onde ela me odeia, aponta e ri enquanto eu estou caído no chão...

"Você está aqui." ela concordou com a cabeça "Por quê?"

"Porque eu não posso ficar longe." soltei uma risada desdenhosa.

"Ficou entediada?" cruzei os braços na frente do peito.

"O que?"

"Sentiu falta de um joguinho comigo? Ou ainda não encontrou uma nova diversão a altura?" sorri, sem vontade, mas forçando meus lábios "Tenho certeza que eu fui especialmente bom, te fiz rir bastante com todas as minhas idiotices! Vocês riram muito quando eu disse que te amava?"

"Edward, não é o que você pensa!"

"Não é, Bella?" joguei as cobertas para o lado e me levantei num salto "Por que você voltou? Não me venha com essa de que não pôde ficar longe, é tudo mentira e você sabe!"

"Eu não estou mentindo!" ela levantou também, a cama ficando entre nós.

"Não foi o bastante me destruir uma vez? Você precisava voltar pra terminar o serviço? Quer ver enquanto eu me jogo do penhasco?"

Ela cobriu os lábios com a mão, parecendo completamente chocada com a idéia, quase me fez rir.

"Você tem que entender... Ir embora foi a coisa mais difícil que já tive que fazer."

"Então foi por isso que você correu tanto?"

"Me deixa explicar!"

"Não!" gritei "Por que eu tenho que te ouvir de novo? Eu já sei o que você sente, da última vez, ficou bem claro!"

"Eu não quis dizer aquelas coisas..." ela baixou o olhar para os próprios pés.

"Pára!" enterrei o rosto nas mãos "Você disse! Você foi embora! E agora quem não te quer sou eu!"

"Mas Edward-"

"Vai embora!" virei de costas, sabendo que eu não poderia suportar vê-la saindo da minha vida de novo "Por favor..."

O quarto ficou completamente silencioso e eu me deixei cair no colchão, sem conseguir acreditar que o enorme vazio no meu peito poderia doer tanto. É um buraco, droga, não deveria sentir nada!

Com braços cruzados sobre os olhos, eu imaginei que Bella ainda estava ali, que na verdade ela nunca me deixou e agora o vazio parecia sangrar. Talvez meu sangue a trouxesse de volta.

Eu senti o frio, antes de sentir o colchão afundando. Ela ainda estava no meu quarto.

As mãos afastaram meus braços do meu rosto pela segunda vez naquela noite. Encontrei seu rosto acima do meu, o cabelo castanho caindo a nossa volta, formando uma cortina contra o mundo exterior.

"Eu te odeio."

"Eu sei."

"Você acabou com a minha vida."

Seus olhos tinham um brilho estranho. Talvez, se ela pudesse chorar, choraria.

"Me desculpe."

"Não sei se posso." por que eu estava dizendo isso?

Ela estava de volta, não era isso que eu queria? Não foi isso que eu desejei todos os dias desse ano ridículo?

"Edward..." esperei em silêncio "Eu te amo."

Virei o rosto para longe dela, fechando os olhos.

"Eu te amo." ela repetiu, tocando a pele do meu pescoço com os lábios.

"Não..." murmurei.

"Eu te amo."

"Pára de mentir!"

"Eu te amo."

Ela virou meu rosto e eu fechei os olhos. Eu não queria ser fraco, e se eu olhasse pros olhos dela, ficaria fraco.

Os lábios dela acariciaram os meus.

"Eu te amo..." murmurou, contra minha boca.

"Você nunca me amou" retruquei, tentando ser forte, mas não forte o bastante pra fazer com que ela se afastasse.

"Eu sempre te amei."

"É mentira."

"Não, não é." me obriguei a abrir os olhos.

"Como eu vou saber? Você sabe mentir." a testa dela se franziu e ela mastigou o lábio nervosamente.

"Como você pôde acreditar em mim? Como pôde achar que o que eu disse quando estava indo embora era verdade?"

Ela se afastou, endireitando o corpo e eu acompanhei seu movimento, sentando de pernas de índio em cima da cama.

"Como não acreditar?" devolvi, irritado.

"Depois de tudo que a gente passou... Depois de tudo que eu te disse, você simplesmente acreditou!" ela bateu nas próprias pernas.

"Sabia que depois que você foi embora eu ouvia sua voz?"

Bella calou a boca e ficou me encarando, completamente surpresa, talvez um pouco chocada. Era irritante nunca ter certeza do que ela pensava.

Pensando melhor, eu não quero mais me envolver nessas coisas de pensamentos alheios.

"Você podia me ouvir?"

"Não você de verdade." girei os olhos, porque era bem óbvio "Mas em certas situações, eu podia ouvir sua voz."

"Que tipo de situações?"

Quando eu corri atrás dos caras que achei que eram os mesmos que tinham levado minha jaqueta em Port Angeles e acabei assustando um bando de mendigos, quando roubei um carro, quando invadi propriedade privada, quando...

"Quando pulei do penhasco." ela fechou os olhos, como se eu tivesse batido nela.

"Por que pulou?" dei de ombros "Edward..."

Meu sangue ferveu com o tom dela.

"Você não pode mais ralhar comigo! Perdeu esse direito quando foi embora!"

"Eu não queria ir!"

"Eu não acredito!"

"Você é completamente absurdo!"

"Absurdo, fraco, patético..." era incrível como por mais que eu tentasse ignorar, suas palavras ainda me machucavam "É só mais um adjetivo pra sua lista!"

"Isso é ridículo!"

"Agora eu também sou ridículo, perfeito!"

"Para!" ela tapou minha boca com a mão e só quando o silêncio tomou conta do quarto que eu percebi o quanto estávamos gritando "Para..." murmurou, seus olhos abrindo buracos nos meus.

E eu parei. Fiquei olhando de volta pra ela, meus lábios formigando pelo contato com seus dedos, como minha pele sempre formigava quando ela me tocava.

Ela está mentindo de novo, não está? Ela não parece estar mentindo...

Por outro lado ela também não parecia estar mentindo quando disse que nunca me amou.

Eu quero tanto beija-la.

"James está à solta." ela começou, sem tirar os olhos de mim, a testa marcada pela ruguinha entre as sobrancelhas "Eu não consigo encontra-lo e tentei..." suspirou "Acredite em mim, eu tentei. Achei que se eu continuasse aqui ia te deixar correndo ainda mais perigo. Que ele queria a mim e se acreditasse que eu não te queria mais, te deixaria em paz, talvez cometesse algum erro. Mas ele continua desaparecido, seus planos são perfeitos."

Já que eu não sabia o que dizer mesmo, me aproveitei do fato de que sua mão ainda estava tapando minha boca e só continuei olhando pra ela.

"Não me olhe desse jeito!" ela exclamou e eu dei de ombros "De qualquer forma, não deu certo... Eu estava longe de você, mas o perigo estava perto demais. Eu ia voltar." girei os olhos "Eu ia!" ela repetiu, mais firme, um pouco irritada "Então, Rosalie ligou..."

Ah... Rosalie... Cria do satanás.

Acho que minha cara entregou meus pensamentos, porque Bella riu, apesar de parecer um pouco melancólica.

"Eu achei que minha vida tinha acabado... Quando liguei, uma garota disse que sua mãe foi no enterro." ela suspirou "Eu nem mesmo sabia o que fazer!"

Espera... Garota? Que garota?

Putz... Leah? Leah nem é uma garota! O Jacob é muito mais garota do que ela. Eu quis dizer isso para Bella, mas acabei desistindo. Não estava afim de ser engraçado, acho que já a diverti por uns bons 50 anos.

Leah... Aquela idiota. Jacob disse que eu poderia ser feliz com a Leah.

Apontei a mão dela cobrindo meus lábios e ela se afastou, voltando a morder o lábio inferior, com os olhos perturbados.

Respirei fundo e ensaiei abrir a boca pra começar a falar algumas vezes, mas desisti e fiquei escrevendo meu nome com o indicador no meu lençol.

"Não vai falar nada?" ela perguntou, passados alguns instantes. Dei de ombros mais uma vez "Eu senti tanta falta da sua voz..."

Até engasguei com essa e comecei a rir, sem qualquer humor.

"Fala comigo..." pediu, baixando a cabeça, fazendo o cabelo esconder seu rosto.

Quase disse 'não', mas lembrei que isso se incluía em falar e continuei quieto.

"Edward..." ela gemeu meu nome e de repente, estava quase em cima de mim, segurando meus ombros contra o colchão, me forçando a olhar pra ela "Não sentiu minha falta? Não esperou que eu voltasse a cada dia? Simplesmente continuou sua vida como se eu nunca tivesse existido?"

Minha visão ficou completamente vermelha.

"Cala a sua boca!" gritei e tentei levantar, mas ela me travou naquela posição "Nem pensa em falar do que eu senti quando você me largou aqui! Eu não esperava que você voltasse, eu esperava que você nunca tivesse partido!" me debati contra suas mãos "Minha vida?! Você quer saber da minha vida?!" me estiquei como pude, aproximando o rosto do dela.

Só quando consegui parar de gritar que enxerguei seu rosto e vi o sorriso. Era discreto, mas estava ali. Travei o maxilar e cravei as unhas nas palmas das mãos.

Pronto. Ela conseguiu o que queria. Pelo menos agora vai embora de verdade, me deixar em paz.

Bella me abraçou. Enroscou o corpo no meu, deslizando o nariz pelo meu peito, soltando um suspiro de contentamento. Meus olhos começaram a arder.

Por que ela estava fazendo aquilo comigo?

"Achei que tinha te perdido..." a voz dela soou abafada, com seu rosto enterrado na curva do meu ombro "Achei que não se importasse mais..." ela levantou o bastante para me encarar "Eu não te mereço."

"Para, Bella." disse entredentes.

"Se tudo o que puder me dar for seu ódio, eu aceito." fechei os olhos com força, torcendo mais uma vez pra conseguir acordar.

"Não faz isso, por favor..."

Mesmo se for só ódio," ela continuou, apesar dos meus apelos "eu vou ter alguma parte de você."

"Por que você está fazendo isso?" apertei ainda mais os olhos "Você vai embora de qualquer forma. Não pode simplesmente ir?"

Se eu ainda não estivesse sentindo o peso do corpo dela sobre o meu, teria certeza de que estava sozinho. O silêncio só era cortado pelos barulhos além da minha janela.

Quase espiei por entre os cílios, do jeito que vai a minha sorte, eu provavelmente estou imaginando que estou sentindo Bella em cima de mim. Estava imaginando vozes, não estava? Por que agora, não estou ouvindo mais nenhuma.

"E se eu te mostrar a verdade?" ela perguntou numa voz baixa que soou extremamente alta e passou os dedos logo abaixo dos meus olhos.

Por favor, meu Deus, eu simplesmente não posso estar chorando.

"Como?"

"Você consegue ler pensamentos." neguei com a cabeça.

"Não toda hora. Nunca os seus." por que isso facilitaria a minha vida e sejamos honestos... Qual seria a graça disso?

"Por favor, tente... Por favor... Por mim!"

"Por você?" esperneei com tanta força que ela me deixou levantar "Por que eu deveria fazer qualquer coisa por você?"

De novo aquele sorriso maldito que me dá vontade de voltar pra Volterra e tomar um chá com Aro.

"Eu não disse nada..." o sorriso dela aumentou e eu arregalei os olhos.

"Para de mentir" balbuciei.

"Eu nunca mais vou mentir" os lábios dela não se moveram, mas isso não me impediu de ouvir perfeitamente as palavras.

Esfreguei o rosto com as duas mãos, e as enterrei no cabelo. Ou eu estou realmente ouvindo pensamentos, ou Bella é ventríloqua.

Uma imagem passou na minha frente, me fazendo pular de susto. A clareira, o sol, os beijos. O ódio, a fome pelo meu sangue, a culpa, as visitas ao meu quarto, o primeiro beijo, e o amor. O tempo todo o amor.

Quando tudo parou, voltei a enxergar o rosto dela, a ruga na testa, o lábio entre os dentes, as mãos torcendo meu lençol. Meu corpo inteiro tremia e eu não conseguia parar de ofegar.

Que porra foi aquela?!

"Me desculpa." Bella pediu, mas eu só consegui lançar um olhar tremido na direção dela "Eu precisava te mostrar tudo... Me desculpa."

Enfiei as mãos embaixo das pernas pra tentar esconder o tremor, mas meus ombros ainda estavam balançando demais.

"Eu te amo, Edward. Além do sangue, além da minha imortalidade, além da minha vida... Você é a minha existência."

"Mmmm..." foi a resposta eloqüente que formei.

"Edward?"

"Mmm?"

"Você precisa dormir."

Reconquistando algum controle das minhas habilidades motoras, comecei a girar os ombros e respirar fundo, lentamente.

Mas não conseguia parar de pensar uma coisa: que porra foi aquela?!

Escorreguei até repousar a cabeça no travesseiro e acompanhei com os olhos enquanto Bella levantava e caminhava até a janela, parando somente para lançar mais um olhar na minha direção.

Quando minha boca se abriu, eu não sabia o que sairia de lá, mas definitivamente não eram essas as palavras que eu estava esperando.

"Fica comigo?"

"O que?" ela se voltou parecendo tão surpresa quanto eu me sentia.

"Fica comigo essa noite?" meio tremido, mas foi o que eu disse.

Sem qualquer pergunta, ela voltou para a cama, e deitou ao meu lado.

Como se somente agora eu pudesse compreender o quão próximo da morte eu estive hoje, o medo tomou conta de mim e eu percebi tarde demais que realmente não conseguiria ficar sozinho.

Fui me curvando lentamente junto a ela, deitando a cabeça em sua barriga, passando o braço em volta de sua cintura. Seus dedos começaram a acariciar meu cabelo enquanto ela cantarolava a música que eu fiz pra ela. Achei uma piada meio cruel da parte dela, mas não tinha mais forças pra reclamar... Pelo menos não hoje.

Minhas pálpebras já estavam caindo quando ouvi ao longe.

"Eu te amo..."

Eu também, Bella...

Eu também.

Droga.


N/A.: E é isso. Tudo que eu tenho escrito.

É triste ficarmos por aqui, mas acho que é melhor pra todo mundo, vocês não ficam esperando e eu não vou apresentar nenhum capítulo lixo.

Mas como eu falei: quaisquer cenas que vocês ainda querem ver (tanto do Lua Nova quanto a minha versão de qualquer parte dos outros livros), é só me mandar via review ou Tumblr que eu escrevo e posto aqui.

Vocês serão a inspiração.

Mais uma vez desculpa e obrigada por tudo! A viagem foi longa (muuuuito longa), mas espero que vocês tenham se divertido tanto quanto eu!

Vocês foram ótimas!