A razão de minhas lágrimas transbordarem mesmo que eu não estivesse triste

É porque seu amor penetrou nas profundas cicatrizes do meu coração

Tanto que feriu profundamente

E transformou-as em ternura

Jewel, Ayumi Hamasaki.

Capítulo dezoito – Sempre

(ponto de vista do Sasuke)

Depois de sua chegada triunfal, Ino simplesmente vem até mim e me dá um grande abraço, bem apertado e esquisito. Em seguida, segura meu rosto com as duas mãos e se aproxima ainda mais. Apesar de arquear a sobrancelha, fico tão desorientado que não consigo me mover.

- E como presente de aniversário – ela começa, sorrindo. Seus grandes olhos azuis próximos demais. –, um beijinho.

E ela de fato o teria feito, se Sakura não tivesse sido mais rápida e pisado em seu pé. "Shannaro!"

- Eu acho que não, porquinha – Sakura resmunga. – Por que você não coloca sua boca em bom uso e canta uma música no karaokê?

Ino revira os olhos, enquanto massageia o pé. Mas ela logo sorri, virando-se para mim e soprando-me um beijo.

- Sua namorada não é mesmo uma estraga prazeres? – Ela pergunta, antes de se dirigir ao karaokê. Puxando o microfone da mão de Rock Lee. – É minha vez agora, sobrancelhudo. Seja útil e me traga uma bebida, sim?

Ao meu lado, Sakura ri, aparentemente sem palavras.

- Ela é incrível, não é? – Pergunta, revirando os olhos ao se referir a sua escandalosa melhor amiga.

- Se você diz – Dou de ombros, levando minha bebida aos lábios.

- Certo. – Sakura começa, sarcasticamente. – Você diz isso agora, mas há um segundo estava todo ansioso, esperando pelo "beijinho" de aniversário.

Antes que eu possa evitar, já estou corando furiosamente. Viro o rosto e resmungo.

- Não seja ridícula, Sakura – Digo, cruzando os braços.

- Certo, certo. Uchiha Sasuke – Diz, diminuindo seu tom de voz e virando meu rosto com uma das mãos. – Eu estou de olho.

Então, ela se aproxima e sussurra em meu ouvido:

- É melhor você se comportar, aniversariante – Sua voz baixa me causa arrepios. – Se quiser se dar bem mais tarde, quero dizer.

E é com esse aviso que ela me deixa para trás. Faço de conta que não escuto as risadinhas estúpidas de Kakashi.

Mas o engraçado é que eu não desgostei das palavras e atitudes de Sakura. O ciúme dela e a maneira brusca e dominadora como segurara meu rosto... eu gostei disso. Eu realmente gostei disso. Eu achara a ousadia de Sakura um tanto quanto excitante. O que apenas fazia com que meu desejo de que essa maldita festa acabasse logo, aumentasse.

Porque então, e somente então, eu poderia pôr minhas as mãos em Sakura e deslizá-las por seu corpo inteiro. Puxá-la para mais, mais e mais perto – até que o encontro de nossos corpos se transformasse num contato deliciosamente doloroso. Eu ansiava pelo momento em que sua pele macia roçaria na minha, e em quando eu sentiria seus batimentos cardíacos contra o meu peito. Eu já estaria bêbado com seu inebriante cheiro de cereja, quando ouvisse seus doces sussurros em meu ouvido. "Eu te amo", ela diria, "Eu te amo tanto, Sasuke-kun".


(ponto de vista da Sakura)

Com uma garrafa de cerveja na mão, decido que detesto minha melhor amiga. Levo a bebida aos lábios e dou um longo gole. O líquido rasga a garganta e deixa minha boca com um sabor amargo. Vaca.

Porque não importava se eu passara mais de duas horas me arrumando, ou se meu vestido fosse tão curto e justo que me deixava desconfortável e com dificuldades para respirar. Também não importava a quantidade de maquiagem que eu usava ou quanto eu tivesse me esforçado para ficar bonita, porque Yamanaka Ino era simplesmente... linda demais. Eu não podia vencê-la. Haruno Sakura sempre seria um patinho feito ao lado da beldade de Konoha.

Cruzo os braços e pernas, resmungando baixo:

- Ino – começo. – Eu te odeio.

Ela franze o cenho e arqueia suas sobrancelhas perfeitas.

- O que eu fiz, agora?

Com os dentes apertados, simplesmente vomito todos os meus sentimentos, frustrações e reclamações para ela. Decido que é culpa do álcool. Apesar de minhas palavras ácidas, Ino é uma boa ouvinte.

- Por que você tem que ser tão... perfeita?! – Digo, gesticulando com as mãos. – Enquanto eu tenho de ser tão sem graça? Não é justo!

- Pff! – Ino diz, revirando os olhos. – Você diz isso, mas quem tem um namorado cujos olhos estão fixos na sua figura, não sou eu. É você, Sakura.

Viro o rosto imediatamente, apenas para encontrar um belo par de olhos cor de ônix me observando. Sasuke-kun parece surpreso e suas bochechas coram um pouco. Sorrio para ele, que vira o rosto em seguida. Meu sorriso aumenta.

Não consigo evitar um suspiro apaixonado, quando me viro de volta para Ino.

- Ele não é meu namorado – É a única coisa que consigo dizer.

- Ah, por favor! – Ino reclama. – Vocês estão morando juntos, é claro que são namorados!

Eu não tenho tempo para argumentar, pois Hinata e TenTen surgem, sentando-se ao nosso lado. A última concorda entusiasmadamente com Ino.

- Isso é verdade! – Diz a morena. – A vila inteira desconfia do seu affair com o menino Uchiha. É um escândalo.

Reviro os olhos, embora não consiga desfazer o sorriso dos lábios.

- Você quer uma bebida, TenTen? – Ofereço, cordialmente.

Não sou a única que se surpreende com o sorriso e com o brilho em seus olhos chocolate. A esposa de Neji se inclina em nossa direção, e sussurra, como se estivesse contando um segredo:

- Não posso beber – Ela confidencia. – Eu estou grávida.

Levo a mão aos lábios e viro o rosto, encontrando Ino, que parece tão chocada quanto eu própria. Aparentemente, Hinata é a única que não foi pega de surpresa. O que era de se esperar, uma vez que ela e TenTen são praticamente cunhadas.

- O Neji já sabe? – Pergunta Ino, baixinho.

TenTen assente, seu sorriso tornando-se ainda mais radiante.

- Tsc! Então por que diabos estamos sussurrando, como se fosse um segredo?

Dou uma acotovelada em Ino para que ela se calhe, o que acaba gerando um acesso de riso por todas nós. Quando recupero o fôlego, aproximo-me de TenTen e lhe abraço fortemente.

- Parabéns, futura mamãe.

- Obrigada – Ela responde.

- Não é estranho? – Começa Ino. – Eu sempre achei que Sakura seria a primeira a engravidar.

- Isso é verdade – Concorda TenTen.

Eu não me lembrava de ter ficado tão envergonhada em toda minha vida. Céus! Quanto minhas amigas falavam e especulavam por minhas costas, afinal?! Chegava a ser inacreditável.

- Calem a boca – É a melhor resposta na qual consigo pensar.


(ponto de vista do Sasuke)

Após decidir que não consigo aturar Kakashi sozinho, dirijo-me a dupla menos irritante da sala: Nara Shikamaru e Hyuuga Neji, que jogam shogi – com meu estúpido sensei obviamente em meu encalço. Bem melhor do que assistir Naruto e Kiba gritando histericamente por conta de um jogo idiota, e com certeza menos doloroso do que escutar Rock Lee cantando músicas tristes no karaokê. Na dúvida, escolha sempre uma boa partida de shogi.

Para minha surpresa, a atual situação do jogo não está nada boa para Shikamaru. Eu só preciso observá-los por mais alguns segundos para compreender o porquê. O aclamado gênio do clã Nara simplesmente não está concentrado na partida. Ele espia Ino, pelo canto dos olhos, em intervalos de dez segundos. Patético.

Nara Shikamaru é conhecido como o melhor estrategista de nossa geração. Portanto, ótimo em jogos de estratégias, e, em especial, o shogi. Em sua atual situação, a melhor coisa que poderia fazer era se agarrar ao título de gênio. Não é o caso. Até mesmo um homem cego seria capaz de enxergar que há apenas uma coisa que importa para Nara Shikamaru, e é a Ino.

É a segunda vez em minha vida que me sinto mal por ele.

- Eu ganhei – Declara o Hyuuga, calmamente.

Shikamaru apenas suspira, resmungando em seguida o quanto tudo é "tão problemático".

- Apenas espere até você casar.

Estranhamente, Hyuuga Neji consegue arrancar uma risada de todos – inclusive de mim. E eu decido que seu comentário provavelmente é verdadeiro. Basta sair em missão com companheiros de equipe que sejam casados: todos irão reclamar do quão difícil é a vida a dois, sempre que tiverem alguma oportunidade para tal. Curiosamente, os mesmo que o dizem são os primeiros a ficar com os olhos marejados quando se reencontram com as esposas, após uma longa missão.

- Aliás, você jamais apareceu em minha despedida de solteiro, Uchiha – Ele diz, sem tirar os olhos do tabuleiro que arruma para uma nova partida.

Não tenho tempo de responder. Kakashi é mais rápido.

- Ele estava muito ocupado me resgatando – Ele diz no mesmo tom em que sempre conta suas desculpas esfarrapadas. – Eu acho.

O Hyuuga dá de ombros.

- Topa uma partida, Uchiha?

- Tanto faz.

Eu me sento e começamos a jogar. A última coisa que escuto antes de ficar muito concentrado para me importar, é:

- Vamos beber, Shikamaru – Convida Kakashi. – E enquanto isso, que tal você me contar sobre ela? A garota que o faz sentir-se miserável.

Pff. Kakashi dando conselhos amorosos? Mais uma vez naquele dia, sinto-me mal por Nara Shikamaru.


(ponto de vista da Sakura)

Depois da ingestão de uma quantidade razoável de bebida alcoólica, eu poderia dizer que não estava me sentindo eu mesma. Apesar de meu corpo parecer surpreendentemente leve e tudo, absolutamente tudo, ter se tornado muito mais engraçado aos meus olhos e ouvidos, devo confessar que meu estômago não estava se sentindo assim tão bem e começava a protestar. Eu sequer conseguia compreender como Ino ainda estava de pé, uma vez que bebera, pelo menos, o dobro que eu.

- Acho que vou parar por aqui – decido, repousando minha garrafa no chão. – E você também deveria, Ino.

TenTen e Hinata concordam, mas minha melhor amiga resmunga.

- A festa só começou! – Ela declara, levantando seu copo e rindo escandalosamente.

Meu coração falha uma batida quando percebo que Ino está se dirigindo para o grupo mais quieto da festa. E não é só o fato de Sasuke-kun fazer parte deste que me preocupa. Shikamaru também está lá.

Sigo-a da maneira mais rápida que meu corpo mole e minhas pernas bambas e bêbadas me permitem.


(ponto de vista do Sasuke)

Eu não sei direito como aconteceu. Num segundo, eu estava completamente concentrado no tabuleiro a minha frente, refletindo sobre meu próximo movimento, e no outro, tendo meu rosto suspenso pelos dedos longos de Ino.

Arqueio a sobrancelha para ela. O que é?

- Já que eu sou a garota mais gostosa e linda da vila – ela começa, e eu logo percebo que está bêbada. -, eu deveria presentear o aniversariante com um strip-tease! Ou você prefere lap dance?

Ino estava prestes a tirar suas roupas, quando Shikamaru finalmente se levanta e a segura pelos cotovelos, arrastando-a delicadamente dali.

- Certo, certo, Ino – Ouço-o resmungar. – Acho que você já bebeu o suficiente por esta noite. Aqui, me dê esse copo.

Assusto-me quando Sakura senta-se rapidamente ao meu lado, cruzando os braços e franzindo a testa. Ela então vira e me encara. Seus olhos piscam muito lentamente e sua expressão é boba. Suspiro, decidindo que ela andou bebendo.

- Você não vai vomitar em mim, vai?

- Idiota! – Ela diz, acotovelando-me as costelas. – Estava todo feliz, esperando pelo strip-tease!

Não tenho tempo para responder, pois Yamanaka Ino começa a berrar. Reviro os olhos, apenas assistindo ao showzinho que ela e Shikamaru proporcionam a mim e aos convidados. Idiotas.

- Eu disse para você nunca mais tocar em mim, não disse? – Ela reclama, puxando o braço do aperto de Shikamaru e perdendo um pouco do equilíbrio no processo.

- Eu vou levá-la para casa. Você está bêbada – Ele tenta argumentar. – Vamos.

- Deixe de ser um pé no saco e me esqueça! Que droga! – Ino grita, empurrando-o pelo peito. – Eu odeio você. ODEIO! Entendeu?

E suas palavras teriam tido bastante efeito se, no segundo seguinte, ela não tivesse puxado Nara Shikamaru pela camisa e encostado os lábios furiosamente nos dele. Durante os próximos quinze minutos, os dois ficaram se amassando sem qualquer pudor ou vergonha no sofá de minha sala.

- Estou feliz que eles tenham se entendido? – Comenta Sakura, um tanto quanto confusa.

- Pelo menos, Ino calou a boca. – Concordo.

Sakura sorri e encosta a cabeça no meu ombro. E ela provavelmente teria começado a dormir se Yamanaka Ino não tivesse se levantado subitamente, declarando:

- Está na hora dos parabéns! – Ela diz, aleatória. Como se não estivesse se agarrando vigorosamente segundos atrás.

Shikamaru a fita demoradamente e logo sorri, vencido. É quando eu percebo que ele finalmente compreendeu aquilo que todos nós já sabíamos.

Apesar de Ino ser completamente escandalosa e problemática, ela consegue se sobressair e, de uma estranha maneira, ainda ser agradável e envolvente – e o fato de ela ser extremamente bonita é apenas um detalhe. Essa noite, ela apenas provou que não precisa dele – mesmo que obviamente o ame. Ino não precisa de ninguém.

E eu tenho certeza de que Shikamaru tomou conhecimento disso, pela maneira como ele a olha. Como se ela fosse o sol. Ino, sozinha, se basta. Ela simplesmente continuará brilhando e sendo imponente. Sem a ajuda de ninguém.


Os convidados começam a me arrastar em direção ao bolo de aniversário, levando Sakura junto comigo no processo. Um minuto depois, estamos lado a lado, encarando as velinhas já acesas. Meu rosto inteiro queima de vergonha quando todos começam a cantar.

Com certeza, esse é diferente de todos os aniversários que comemorei com a minha família. Mas, estranhamente, a atmosfera parece a mesma. Estou rodeado por pessoas que, variando de menor à maior grau, importam-se comigo. A sensação é ao mesmo tempo estranha e acolhedora.

- Assopre as velas! – Berra Naruto. – Assopre as velas!

Reviro os olhos e decido obedecê-lo, esperando que, assim, ele finalmente cale a boca. Antes que eu comece a apagar as velas, Sakura inclina-se em minha direção e sussurra:

- Faça um desejo.

Rapidamente, uma por uma, assopro as dezessete velas, apagando-as. Eu pensava que, assim, o embaraçoso momento fosse finalmente acabar. Enganei-me

- Beije-a! Beije-a! – Os convidados parecem gritar em uníssono.

O rosto de Sakura fica vermelho como um tomate. Reviro os olhos, irritado. Durante toda noite, era isso que todos os presentes estiveram ansiando: assistir a mim e a Sakura agindo como um casal. O que era bastante patético da parte deles, se você me perguntar.

Por outro lado, satisfazer o desejo deles apenas cooperará para que o meu se concretize. Que a maldita festa acabe logo e eu possa aproveitar as últimas horas de aniversário ao meu próprio jeito – o que envolve o corpo de Sakura e o meu, nus, embolados no chão.

Passo os braços pelo ombro dela e me inclino em sua direção. Enquanto entrefecho meus olhos, o corpo de Sakura treme. Delicadamente, encosto meus lábios na testa dela.

- Tsc, Sasuke-teme! – Reclama Naruto. – Porra. Seja homem!

Os outros gritam em concordância.

Procuro os olhos de Sakura e nós nos encaramos por alguns instantes. Em silêncio, peço por sua permissão. Com as bochechas coradas, ela revira os olhos e dá de ombros, como se dissesse: "é o único jeito de eles calarem a boca".

Sorrio e acabo com a distância entre nós. Sinto Sakura colocar a mão na frente de nossos lábios, escondendo-os dos olhos curiosos, antes de retribuir ao beijo.

Decido que os gritos da plateia nos deixarão permanentemente surdos. Eu pensava que não poderia piorar, até que Rock Lee começa a chorar copiosamente, dizendo coisas sem sentido. "Você roubou minha musa! A chama de minha juventude está se apagando!".


(ponto de vista da Sakura)

Mais tarde naquela noite, quando todos se foram, restando apenas Sasuke-kun e eu, seguro-o pela mão e o conduzo pelo quintal. Ele logo revira os olhos, perguntando onde diabos eu o estou levando. Não respondo, porque não é realmente necessário. Ele logo irá perceber.

- Quero apenas realizar um antigo desejo – é tudo o que digo.

Chegamos ao lago, e Sasuke-kun finalmente compreende, suspirando.

- Ah, é verão! – Tento convencê-lo.

- O que não significa que a água seja quente.

Reviro os olhos e passo os braços pelo pescoço dele. Reunindo meu melhor sorriso com minha voz mais doce, sussurro:

- Por faaavor? – Peço, piscando.

Apesar de ele revirar os olhos e resmungar alto, sei que venci. Sorrio e o beijo demoradamente.

As mãos do Sasuke-kun são apressadas e percorrem avidamente cada centímetro do meu corpo, causando deliciosos calafrios. Eu sentira falta disso. Eu sentira muita falta disso. Afinal de contas, seria a primeira vez desde que ele voltara para vila.

Sinto os lábios dele se curvarem num sorriso, contra os meus. Logo entendo o motivo. Sasuke-kun acaba de baixar o zíper do meu vestido.

- Quem imaginaria – começo, nossos lábios ainda muito próximos. – que Uchiha Sasuke é, na verdade, um grande pervertido?

O sorriso dele aumenta e nossas bocas se reencontram, num deleitoso contentamento. Os movimentos de nossas línguas são como uma dança entre dois saudosos amantes. Eu congelaria o tempo neste momento, se fosse possível.

- Eu te amo – sussurro. – Eu senti tanto a sua falta. Tanto.

E nós continuamos a despir o outro, sem jamais descolar os lábios. Dois minutos depois, estamos completamente nus, pele contra a pele, nossos corpos se misturando. Delicadamente, Sasuke-kun me carrega e eu abraço sua cintura com minhas pernas.

- Pronta para nadar, Sakura? – Ele pergunta, sorrindo torto.

Não digo nada. Simplesmente respondo com um beijo.


Aperto ainda mais meu corpo no dele. Arranho suas costas quase que inconscientemente e tento segurar o gemido preso em minha garganta. O prazer que sinto é tão grande que chega a ser difícil de controlar. Mordo os lábios e encolho os dedos dos pés. E a deliciosa sensação apenas aumenta porque sei que estou proporcionando o mesmo prazer ao Sasuke-kun.

- Eu te amo – repito num misto de sussurro e gemido.


Alguns instantes mais tarde, agora completamente satisfeitos, Sasuke-kun e eu ficamos em silêncio, ainda abraçados. Apenas observando as estrelas e flutuando sob a água, sentindo-a tremulando ao nosso redor.

Esta deve ser a definição de momento perfeito.

- Você poderia ficar, sabe – Sasuke-kun começa, a voz ainda mansa.

Afasto meu rosto e o encaro, franzindo o cenho.

- O que você quer dizer?

Ele suspira. Ficamos em completo silêncio durante alguns minutos.

- Você disse que conseguiu um bom dinheiro com a venda da casa dos seus pais – ele explica. Minhas bochechas queimam e eu desvio o olhar – Que poderia, inclusive, comprar um bom apartamento com ele. O que eu estou dizendo...

Sasuke-kun segura meu queixo e me obriga a continuar olhando-o nos olhos. Prendo a respiração, e sinto meu coração acelerar, enquanto meus ouvidos esquentam e pulsam.

- É que você não precisa fazer isso. – O olhar dele é penetrante e parece despir minha alma. – Guarde o dinheiro.

Abro os lábios e faço a menção de dizer alguma coisa, mas Sasuke-kun pousa o dedo indicador sobre eles e me cala.

- Você poderia ficar aqui – Ele diz, um sorriso minúsculo, porém sincero, em seus lábios perfeitos. – Você poderia ficar aqui para sempre.Fique.

Por um momento, fico completamente desorientada e esqueço até de quem sou. Mas o entendimento vai, lentamente, invadindo meu cérebro. Causando arrepios pelo corpo e fazendo meu coração palpitar em deleito. Antes que eu possa evitar, e até mesmo perceber, lágrimas quentes começam a jorrar de meus olhos, escorrendo por minhas bochechas.

- Esse – começo, tentando controlar os soluços. – Esse é o seu jeito de pedir minha mão?

Sasuke-kun ri e o som é como uma doce canção para os meus ouvidos.

- O que você acha, Sakura?

- Diga-me você – respondo, chorando ainda mais.

Ele revira os olhos e aproxima-se de meus ouvidos, finalmente sussurrando as palavras que eu sempre sonhara escutar. "Case-se comigo, Sakura. Nunca vá embora. Fique comigo para sempre".

Eu o abraço, não apenas suas palavras me alcançando, mas também, e principalmente, os seus sentimentos. Minhas lágrimas são de pura felicidade. Um sentimento maravilhoso preenche meu coração e corpo inteiros.

- Eu não acredito que isso está acontecendo – Confesso, chorando. – Isso não pode ser real. Eu devo estar imaginando... eu...

- O que vem a seguir? – Ele pergunta, sarcástico, embora enxugue delicadamente minhas lágrimas com seu polegar. – Você me agarra pelo colarinho e começa a me beijar? – Brinca ele, fazendo menção àquela noite no hospital, quando eu o beijara desesperadamente.

Eu o abraço mais forte, rindo e chorando ao mesmo tempo.

- Não tenho um colarinho para puxar, não é mesmo? – digo num sussurro. – Só me resta colar o corpo no seu, mais e mais. Dolorosamente.

- Isso soa bem.

Com um sorriso nos lábios, eu o beijo fervorosamente. Nós estávamos prestes a nos empolgar novamente, quando eu o empurro pelo peito e encosto a testa na dele. Respiro fundo.

- A resposta é sim. – Falo, os olhos fechados. – Sim. Eu ficarei para sempre com você.

Sasuke-kun sorri presunçosamente e voltamos a nos beijar em seguida.


Observo a luz das estrelas refletindo na água do lago e, com um sorriso satisfeito, passo os dedos por ela. Recordo-me sobre aquela noite no hospital, quando eu comparara a distância entre mim e o Sasuke-kun com a das estrelas no céu. Naquela época, eu achara que nunca seríamos capazes de alcançar ao outro. Felizmente, eu me enganara.

Continuo agitando as mãos sobre os reflexos das estrelas, tocando-os. Finalmente. Finalmente.

Sasuke-kun estava ao meu alcance, à uma distância possível de meus braços. Finalmente, meu amor.

Eu te alcancei.

Fim.


Notas da autora: primeiramente, PERDOEM-ME pelo atraso. Perdão, perdão, perdão! ;-; Tive um bloqueio criativo e tudo que eu escrevia me causava uma repulsa imensa. Mas, com algum esforço, acho que consegui. Acho que o capítulo não ficou tão ruim quanto eu imaginara que ficaria. Espero, sinceramente, não tê-los desapontado.

Enfim, termina aqui a fanfic. Muito obrigada por todo mundo que leu, que comentou e que me aturou até aqui. Sou muito grata a vocês, de verdade. Espero que nos encontremos de novo! *-*

/SPOILER tive dois palpites errados sobre a guerra, né? A morte do pai da Ino e a do Neji. Mimimimi. Sofrendo, ok. SPOILER/

É isso aí, gente. Espero que tenham gostado e muito obrigada por tudo! E mais uma vez, desculpem-me pelo atraso.

Beijocas e se cuidem!