It came to the end, it seems you had heard
Cause we walked the city streets,
You never said a word.
When we finally sat down
Your eyes were full of spite.
I was desperate, I was weak
I could not put up a fight.
À medida que a comitiva avançava em direção ao sul, Jon sentia-se mais e mais incomodado. Passar boa parte da vida em Winterfell e sobreviver no Norte durante o longo inverno não o preparavam para o clima quente de King's Landing. As pessoas costumavam dizer como era agradável o calor do sul, mas tudo o que ele conseguia pensar era em como sobreviveria sem desidratar na metade do caminho.
Ele teria dado uma desculpa para não comparecer a capital. O Norte ainda enfrentava problemas graças ao inverno, Winterfell ainda precisava de reparos e após a guerra havia pouca gente para cultivar os campos. Mesmo assim a rainha sabia ser persuasiva em suas correspondências e foram dois os argumentos que levaram Jon Targaryen, o Guardião do Norte, Senhor de Winterfell e Príncipe de Dragonstone a atender ao chamado de sua tia.
Seu irmão, Aegon, estava se casando com Arianne Martell e haveria uma grande celebração em King's Landing. Isso já bastaria para tornar a viagem inevitável, mas foi a segunda parte da carta que o levou a deixar tudo pra trás e seguir em direção à capital.
Daenerys o chamava para fazer um reconhecimento. Uma jovem de passado misterioso serviu à rainha dragão durante a guerra, fazendo um serviço pouco honrado, mas de grande valor. Ninguém sabia de onde ela era, como se chamava, ou quais eram seus objetivos. Só podiam dizer que ela tinha bom nascimento pela forma que falava e por algumas coisas que ela sabia. Foi apenas quando Daenerys Targaryen ocupou o Trono de Ferro que alguém, mais especificamente Sandor Clegane, havia afirmado que aquela garota misteriosa era Arya Stark.
Corvos foram enviados para Winterfell e para o Eyrie, convocando os Stark para que pudessem confirmar a informação. Sansa estava em estágio avançado de sua gravidez para conseguir fazer a viagem. Bran havia se casado há pouco tempo com Meera Reed. Rickon mal se lembrava da irmã para poder dizer qualquer coisa a respeito de Arya. Coube então a Jon a tarefa de ir a King's Landing.
Era inevitável não pensar em quantas vezes ele foi ludibriado com a possibilidade de reencontrar a irmã. Jon se deteve naquele pensamento e o corrigiu mentalmente. Arya não era sua irmã, era sua prima. A mudança, entretanto, não afetava a forma como ele se sentia em relação a ela. Não queria ter falsas esperanças de que desta vez reencontraria Arya, mas era tão difícil não desejar fervorosamente que aquilo fosse verdade.
Lembrou-se de quando Melisandre teve a visão de uma menina cinzenta sobre um cavalo chegando à Muralha. Lembrou-se de como se sentiu quando avisaram a ele que Alys Karstark havia chegado e por um momento ele achou que era Arya quem vinha de encontro a ele. Jon se sentiu como um menino outra vez, desejou passar suas mãos pelo cabelo dela, desejou abraçá-la e ouvi-la terminar as frases junto com ele como fizeram tantas vezes no passado. Tudo aquilo tornou a decepção ainda maior e mais uma vez, apesar de suas ressalvas, ele se pegou desejando todas aquelas coisas durante toda a viagem.
Encomendou para ela uma adaga de presente. Algo fino e bem feito para fazer companhia a Agulha. Se aquela garota misteriosa fosse de fato Arya, ele não a reencontraria de mãos vazias. Ele lhe daria presentes, a vestiria em cinza e branco, e depois a levaria de volta para casa, onde ela poderia rever Rickon e Bran, quando este decidisse visitar Winterfell.
Ele já conseguia sentir o cheiro dela em suas narinas, a textura dos fios de cabelo embaraçados contra seus dedos e ouvir a risada dela. Fechava seus olhos a podia vê-la, ainda com nove anos, sorrindo para ele, com o rosto sujo e esfolado.
Não havia uma palavra para definir o sentimento que ele tinha. Não era apenas sentir falta dela, era algo mais profundo, mais intenso e ele duvidava que houvesse uma palavra capaz de abranger todo significado aquele sentimento que era tão constante dentro dele, aquele sentimento que provocava uma dor difusa. Era algo feito de lembranças e nostalgia, mesmo assim era suave e sempre acompanhado do desejo de revê-la, de ouvir o som de sua voz e sentir os fios de seus cabelos entre os dedos.
Durante a viagem ele parou diante de todos os bosques sagrados e ofereceu suas preces aos deuses antigos dos Stark. Todas às vezes ele pediu para que fosse mesmo Arya, para que ela estivesse viva e bem, pra que ela encontrasse o caminho de casa, o caminho de volta para ele e fizesse parar aquela sensação melancólica de estar incompleto de alguma forma.
Aquele ritual se repetiu por um mês inteiro. Quando chegaram à King's Landing pelos Portões do Rei, a população o saudou como um herói, como o príncipe que ele era. Jon ainda não estava habituado àquele tratamento. Defender a Muralha e lutar contra os White Walkers não pareceu um ato de heroísmo, ou coragem. Na verdade, ele não teve escolha. Ou lutava e vencia, ou morreria como tantos outros morreram em meio à neve.
A rainha Daenerys Targaryen, sua tia e também bem feitora, foi recebê-lo pessoalmente, ao lado de Aegon. Ela sorriu para ele e o abraçou diante dos olhos atentos da multidão, beijou-lhe o rosto e chamou-o de "querido sobrinho". Apesar de terem a mesma idade, ela sempre agia de forma maternal com ele e Aegon, um reflexo de alguém que viveu sem uma família de verdade e se esforçava para fazer dos dois irmãos sua fonte de afeto e segurança.
Ele gostava de Daenerys e de seu coração gentil, arriscaria dizer que a irmã de seu pai era de longe a pessoa mais agradável que ele já conheceu. Seu meio irmão, por outro lado, era mais reservado em sua relação com Jon. Aegon apreciava a ideia de ter um irmão e de ser parte de uma família, mas havia sempre aquele toque de desconfiança por Jon ser o filho da mulher responsável por toda tragédia da família Targaryen.
Aegon parecia mais receptivo daquela vez. Enquanto seguiam em direção a Red Keep o príncipe de Summerhall contou tudo o que sabia a respeito de sua noiva e disse o quanto estava ansioso pelo casamento. Aparentemente ele gostava da futura esposa, ou estava enfeitiçado por sua beleza exótica.
- Quando eu for a Dorne, gostaria que me acompanhasse. – Aegon pediu – Dizem que é um lugar fascinante e que tem o poder de tornar até o pior dos humores em um sorriso. Além do mais, os Martell pretendem recebê-lo em sinal de boa vontade para com o trono.
- Seria muito divertido, imagino. – Jon disse de forma polida – Mas eu vim para levar Arya de volta para casa e mais do que ninguém ela deve estar ansiosa para voltar ao Norte.
- Se ela for mesmo Lady Stark, ela será bem vinda também. Uma garota pode fazer bom uso de outras companhias femininas e se divertir em Dorne. Não fique tão ansioso para escondê-la naquele ermo congelado.
- Meu irmão não possui nenhum carinho pelo Norte, mas eu não posso dizer o mesmo. Se for mesmo Arya, então ela desejará voltar pra casa, rever o bosque sagrado, as fontes termais, se aquecer junto à lareira e sentir o calor que emana das paredes de Winterfell. – Jon disse num sorriso esperançoso – É o lugar dela, de onde ela jamais devia ter sido tirada.
- Você nortenhos gostam de esconder suas mulheres. – Aegon disse em tom divertido – Dizem que em Dorne elas são tão ativas e poderosas quanto seus homens. Dizem que elas não possuem modéstia.
- Fala como se as nortenhas não possuíssem qualquer atrativo. – Jon disse de forma impertinente – Eu posso garantir que está enganado quanto a isso.
- Eu não quis sugerir isso. Se nortenhas não possuíssem qualquer atrativo nosso pai não teria perdido a cabeça pela senhora sua mãe. – Aegon respondeu – Só acho que o frio do Norte congela seus corações e seus corpos. O clima de Dorne poderia fazê-lo se lembrar de como é se sentir vivo. Nós somos do sangue do dragão, meu irmão. Apreciamos o fogo, o calor e as mulheres que incendeiam nossas camas.
- Só diz isso porque não sabe o que é ter uma selvagem. – Jon lançou a ele um sorriso malicioso.
Eles chegaram à Red Keep já no fim da tarde. Jon foi levado aos seus aposentos para se lavar e vestir roupas mais apropriadas. Em Winterfell ele usava cores Stark como uma forma de assegurar ao povo que seriam governados por ele como foram governados por todos os Stark do passado. Em King's Landing ele não era um Stark, ele era o filho de Rhaegar Targeryen e também o Príncipe de Dragonstone. Suas cores eram o vermelho e o negro.
Where are you now?
Where are you now?
Do you ever think of me
In the quiet, in the crowd?
You were strangely less than pain
Than you were cold.
Triumphant in your mind
Of the logic that you hold.
Ele estava ansioso para que a garota fosse levada a presença dele e toda aquela história fosse resolvida. Daenerys, entretanto, exigia que alguns protocolos fossem cumpridos antes que isso acontecesse. Naquela noite haveria um banquete em homenagem a ele e todos estavam ansiosos para por os olhos sobre o príncipe que cavalgou Drogon, que derrotou White Walkers e ressurgiu dos mortos.
Jon mal conseguia tocar na comida. Tudo parecia muito diferente de tudo aquilo que ele estava habituado em Winterfell. A cidade fedia, a comida tinha um gosto incomum e a música o deixava atordoado. Gostava de fazer suas refeições em silêncio, quando muito ouvindo as histórias de Rickon e um ou outro convidado. Gostava do Norte e quanto mais rápido resolvesse aquela pendência, melhor.
Ele ergueu os olhos de seu prato e reparou em uma imagem discreta no fundo do salão. Uma garota usando roupas masculinas observava tudo atentamente, sem falar com ninguém e sem ser notada. Os olhos dela encontraram os dele e Jon sentiu seu coração parar. Ela levava uma espada bravoosiana na cintura, seu cabelo longo preso numa trança malfeita.
Jon pediu licença e deixou a mesa, sem se importar com protocolo ou com os olhares estranhos que os convidados lançavam a ele. A garota sumiu nas sombras de um dos corredores e Jon correu para alcançá-la.
Ele pegou uma das tochas que iluminavam o corredor no momento em que sua outra mão conseguiu segurar a garota pelo pulso. Ela não tentou fugir, mas também não se virou para encará-lo. Jon podia sentir seu coração acelerado e a palma das mãos suadas. O cheiro daquela moça era tão familiar.
- Olhe para mim, por favor. – ele pediu e a garota se virou lentamente. A respiração dele ficou suspensa.
Os olhos cinzentos dela se encontraram com os dele mais uma vez. Ela mordeu o lábio inferior, enquanto esperava por uma palavra dele, mas Jon não conseguia pensar em nada. Foi como se o tempo tivesse parado ou retroagido. Como se ele tivesse voltado ao dia em que se despediu dela e lhe deu a espada de presente. Ele queria abraçá-la, queria rir e chorar ao mesmo tempo. Queria jogá-la sobre um cavalo e levá-la de volta pra casa naquele instante.
- Arya...- foi tudo o que ele conseguiu dizer. Sua voz parecia não ter sido usada por cem anos.
Ela não disse nada. Ela se curvou numa reverencia breve e deselegante e depois voltou a encará-lo.
- Vossa Alteza. – ela disse e aquelas palavras o magoaram mais do que tudo.
Jon a puxou para um abraço apertado e levou a mão aos cabelos dela imediatamente. Seu coração batia forte, seus olhos estavam úmidos, mas ele não conseguia se importar com nada daquilo. Aquela era Arya e ele a estava abraçando pela primeira vez em seis anos.
- Não me chame assim. Por favor, não me chame desta maneira. – ele implorou.
- E como eu devo chamá-lo? – ela perguntou retribuindo o abraço de forma insegura – Lord Stark? Lord Targaryen? Eu estou confusa.
- Me chame de Jon, como sempre fez. Me chame só de Jon. – ele respondeu – Eu senti tanto a sua falta, irmãzinha.
- Oh, Jon. Eu não sou mais a sua irmãzinha. – a voz dela era dolorida – Até isso eu perdi.
- Não importa o que dizem. Você continua sendo minha Arya. – ele disse para ela – Eu vou levá-la de volta pra casa.
- Não sabe quanto tempo eu sonhei com isso. – ela confessou num sussurro.
You said no one would ever know
The love that we had shared.
As I took my leave to go
It was clear that you didn't care.
Where are you now?
Where are you now?
Do you ever think of me
In the quiet, in the crowd?
x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x
Como ela suspeitava, tentar manter Arya Stark longe de seu sobrinho havia sido inútil. Ao menos Jon havia confirmado com todas as letras que aquela era a filha mais nova de Eddard Stark e Catelyn Tully, o que era um grande alívio para todo reino.
A garota havia sido de grande utilidade durante a guerra, eliminando inimigos perigosos, limpando o caminho para que uma nova política fosse estabelecida quando os Targaryen retomaram o poder. Entretanto, durante toda guerra, a garota de muitos nomes ficou ao sul do Gargalo, enquanto os dragões voavam em direção ao Norte.
Foi apenas quando Daenerys reconheceu Jon como seu sobrinho e filho legítimo de Rhaegar e Lyanna Stark, concedendo-lhe todas as honras de um príncipe e nomeando-o como Guardião do Norte, que a garota deixou escapar pistas de quem ela realmente era. Sandor Clegane foi apenas o motivo derradeiro para convocar Jon à King's Lading, para que a confirmação fosse definitiva.
Arya Stark ressurgiu dos mortos como uma possível herdeira para Winterfell, mas por mais que ela fosse uma guerreira competente e uma Stark legítima, o Norte não poderia ser mantido por ela. Entretanto, a situação ainda era favorável aos Targaryen e talvez aquele assunto pudesse ser resolvido de forma pacífica e tanto o povo do Norte, quanto a rainha, ficariam satisfeitos com o resultado.
Jon foi chamado à presença dela logo após o almoço do dia seguinte. Quando ele entrou no solar, já vestia roupas mais leves do que aquelas que usava em Winterfell e levava o emblema do dragão de três cabeças em suas vestes. Seu sobrinho não parecia nada confortável na capital, tanto pelo calor, quanto pelo formalismo que devia seguir. Ele era sempre tão sério, tão severo consigo e sua honra. Talvez fosse hora dele aceitar uma esposa que lhe colocasse um sorriso nos lábios.
- Chamou, Vossa Graça? – Jon perguntou imediatamente.
- Chamei. – ela respondeu sorrindo de forma afetuosa para ele – Eu esperava que pudesse reencontrar Lady Stark em um ambiente mais reservado, mas imagino que este seja o sangue dos lobos falando. Nenhum dos dois aguentaria esperar mais, não é mesmo?
- Eu sinto muito por minha impaciência, minha rainha. – ele disse abaixando a cabeça. Daenerys abafou um riso discreto.
- Não sinta. É natural que estivessem ansiosos. – ela disse – E eu fico feliz que tenha reencontrado uma prima tão querida. Quantos anos se passaram desde que se separaram?
- Seis, Vossa Graça. – Jon respondeu – Ela ainda era uma criança de nove anos quando aconteceu.
- E agora ela é uma mulher feita. – Daenerys disse sorrindo – Ela se tornou uma moça muito bonita, não concorda?
- Eu nunca a vi de outro modo, mesmo que Arya nunca tenha sido conhecida como a irmã mais bonita. – ele disse discreto – Mas sim, ela se tornou uma bela jovem.
- Logo haverá um número considerável de pretendentes a mão dela. – Daenerys disse e notou como o sobrinho pareceu tenso – Edric Dayne, Lorde de Starfall chegou a falar comigo a respeito de um possível casamento, mas eu não poderia decidir nada sem a sua presença. Afinal, você é o Lorde de Winterfell e responsável pelos seus primos mais jovens, não é mesmo?
- Perdoe-me, Vossa Graça, mas eu não creio que considerarei qualquer proposta de casamento à Lady Stark num primeiro momento. Talvez em um ano ou dois, mas não antes que ela tenha a chance de voltar ao Norte e reencontrar os irmãos. – Jon disse sério.
- E quanto a você, meu caro? Eu estou tentando entender o motivo pelo o qual ainda não encontrou uma esposa. – Daenerys disse se sentando e indicando uma cadeira para que Jon fizesse o mesmo.
- Há muito o que ser feito no Norte. – ele respondeu – Não creio que seja o momento ideal.
- Jon, você não é apenas o Lorde de Winterfell, é também o Príncipe de Dragonstone e talvez meu herdeiro. – Daenerys disse em tom ameno – É hora de pensar nisso e encontrar uma esposa jovem e que possa lhe dar muitos filhos saudáveis. Aegon vai se casar ao final deste mês e eu não gostaria de ver meu sobrinho mais novo voltando para o Norte sem ao menos uma noiva.
- Então imagino que Vossa Graça já tenha candidatas em mente. – Jon disse em tom austero, sem demonstrar agrado, ou contrariedade. Daenerys sorriu de forma gentil.
- Lembra-se do que me disse quando lhe dei Winterfell? – ela perguntou – Você se recusou a princípio dizendo que Winterfell deveria ser governado por um Stark e que você jamais foi um, apesar da criação e da aparência.
- Eu não estou entendendo, minha rainha. – ele disse sério. Daenerys sorriu.
- Estou tentando dizer que talvez haja uma boa solução para isso. – ela disse satisfeita – O casamento de um príncipe é decidido pelo rei, ou pela rainha. Dada a presente situação, eu decidi que encontrei a noiva perfeita para você, meu caro. E digo mais, estou inclinada a não permitir que volte para o Norte solteiro.
- Posso ao menos saber o nome da mulher com quem devo me casar? – Jon perguntou de forma contida.
Where are you now?
Where are you now?
Do you ever think of me
In the quiet, in the crowd?
And I hear of your coming and your going in the town.
I hear stories of your smile,
I hear stories of your frown.
- Você se casará com Lady Arya Stark. Este casamento colocará um fim a qualquer eventual conflito no Norte e ainda vincula três das casas mais poderosas dos Sete Reinos ao trono. – Daenerys disse sorrindo – Aposto que Lorde Tully e Lorde Aryn ficarão satisfeitos com a perspectiva.
- Me perdoe dizer, mas eu não acredito que Lady Stark concordará com isso, Vossa Graça. – Jon disse imediatamente – Ela sempre foi avessa à ideia de casamento. É uma mulher de temperamento forte e eu duvido que uma ordem real seja suficiente para que ela aceite o que minha rainha está determinando.
- Não será apenas uma ordem minha, Jon. Você é o responsável pelos jovens Stark, incluindo ela. – Daenerys disse firme – Ela tem de obedecer, meu caro.
- Não me peça para obrigá-la a isso, eu lhe imploro. – Jon disse exasperado – Eu e ela fomos criados como irmãos, Vossa Graça. Eu não posso simplesmente ignorar isso e tomá-la como esposa. Arya vai me odiar para sempre se eu fizer isso.
- Você é um Targaryen, meu sobrinho. – ela disse firme – Nossa família nunca sofreu com estas questões morais. Além do mais, ela é sua prima, assim como Arianne é prima de Aegon. Vocês passaram seis anos separados, obviamente o sentimento fraterno já não é tão forte. Você se casará com ela e consumará o casamento nem que pra isso eu tenha que colocar alguém dentro do quarto para ter certeza de que tudo acontecerá conforme a tradição, Jon. Estou considerando uma cerimônia única para comemorar o casamento de meus dois sobrinhos.
- Tão cedo...- Jon sussurrou. Daenerys encarou o sobrinho com um olhar piedoso.
- Alegre-se. – ela disse – Estou lhe dando uma noiva que você conhece e confia. Alguém de alto nascimento e grande beleza. Além disso, eu decidi que escolherei como meu herdeiro o sobrinho que tiver o primeiro filho. Lady Stark pode lhe dar uma coroa.
- E eu trocaria tudo isso para ver Arya feliz. – Jon encarou a tia convicto – Eu não me importo com riquezas, com honrarias, ou terras. Eu viveria feliz no Norte como um simples servo de Bran se ao menos eu tivesse a certeza de que Arya seria feliz. O que está me pedindo é pra que eu traia a confiança dela, acorrente-a a uma vida que ela não deseja e acima de tudo arruíne a minha relação com ela depois de seis anos sem vê-la.
- Você é filho de seu pai, é um Targaryen. – Daenerys afirmou convicta – Seu dever é para com esta família e o reino. Este casamento selará a paz no Norte, garantirá a continuidade de nossa dinastia e impedirá o Norte de tentar outra rebelião. Eu o tirei da Patrulha da Noite e naquela ocasião você me prestou um juramento de lealdade e obediência, assim como ela fez antes do fim da guerra. Eu não vou voltar atrás em minha decisão e se tentar me desafiar, não vai gostar do resultado. O casamento será em um mês. – Jon abaixou a cabeça e fechou os olhos.
- Posso ao menos pedir para que a cerimônia seja realizada diante dos deuses antigos? – Jon pediu humildemente.
- A Fé não aprovará isso. – Daenerys disse séria.
- Septão pode realizar os ritos no bosque sagrado. – Jon pediu mais uma vez – O Norte não aceitará um casamento realizado longe do olhar dos deuses antigos, além disso Arya é uma Stark. São os deuses dela.
- E os seus também. – Daenerys disse serena – Muito bem. Eu concordo com os seus termos.
- Sinto que será melhor se Vossa Graça informar à Lady Stark pessoalmente. – ele disse sério – Arya pode escolher não me ouvir e ainda alegar que não me deve respeito, já que sou apenas seu primo, mas a senhora é a rainha. Ela não poderá ir contra uma ordem real.
- Muito bem. – Daenerys concordou – Acho melhor avisar os cozinheiros e músicos. Logo nós termos o anúncio de mais um noivado.
And the darkness can descend,
We can relish all the pain.
But I know that's what you love,
Cause you know I love the same.
Where are you now?
Where are you now?
Do you ever think of me
In the quiet, in the crowd?
Quando Jon saiu do solar real, ela teve pena de seu sobrinho e da forma como ele parecia arrasado pela decisão dela. Daenerys precisou respirar fundo e se convencer mais uma vez de que aquela era a decisão correta. Um lorde não podia ficar solteiro pra sempre e um príncipe precisa de herdeiros o quanto antes.
Talvez fosse apenas uma questão de tempo. Jon era inteligente e estava ciente de seus deveres. Por mais que ele não apreciasse a ideia de se casar com a prima voluntariosa que por muito tempo considerou como uma irmã, ele não desobedeceria uma determinação real. No fim das contas ele era um Targaryen, ele se casaria com Arya Stark mesmo que ela fosse sua irmã de verdade.
Aquela era a última peça do jogo. A chave para acabar de uma vez com a guerra que assolava o reino por anos. Daenerys fechou os olhos e respirou fundo, lembrando-se de como se sentiu quando foi prometida ao Khal Drogo. Apesar do medo e de todo sofrimento, no final ela acabou encontrando amor. Desde a morte de Drogo o mundo dela era mais pálido, sem um sol e sem as estrelas.
Talvez Arya Stark acabasse se tornando a lua da vida de Jon e talvez os dois tivessem um final feliz mais duradouro.
Where are you now?
Where are you now?
Do you ever think of me
In the quiet, in the crowd?
Where are you now?
Where are you now?
Do you ever think of me
In the quiet, in the crowd?
Where are you now?
Where are you now?
Do you ever think of me
In the quiet, in the crowd?
Nota da autora: Mais uma fic e essa está sendo bem melancólica, como já devem ter sacado pelo título. Não me perguntem o que eu pretendo fazer com ela, eu não faço ideia. Isso está saindo do nada e indo para lugar nenhum e com sorte eu vou achar um rumo para seguir. Espero que gostem e comentem. Música Where are you now, do Mumford & Sons, que provavelmente dominará todos os capítulos desta fic.
Bjus
Bee