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-Obviamente, obviamente. -Assentiu em concordância. Aquilo era tão estúpido! O que raios se passava na cabeça do diretor pra tomar uma decisão daquelas? Não importavam quantos bons e sólidos argumentos ela apresentasse Dumbledore sempre retorquia com uma distorção tão convincente do que era a verdade que só o que ela podia fazer era concordar. E ainda achar muito certo e lógico.

-Conto com sua cooperação Lily.

Com os lábios apertados para não gritar um bom e sonoro "Gárgulas galopantes!", ou outra coisa menos edificante, ela assentiu novamente e sorrindo com dificuldade se retirou da sala azul e circular onde o diretor abrigava a si e as suas estranhezas.

O pergaminho dobrado com a nova ordenança temporária de monitor chefe, já que Remo havia tido que abandonar suas atividades extracurriculares devido a problemas de saúde, pesava em seu bolso como um balaço.

Como é que ia passar aquele informe? Com que cara? Merlin!

Parou no corredor ao ouvir vozes tagarelas comentarem sobre a última peripécia dos marotos, um andar inteiro inundado com poção Do morto vivo e vários alunos desacordados na enfermaria. Uma dor de cabeça latejante se iniciou atrás de seus olhos e ela esfregou o rosto tentando minimizar a vontade de estuporar alguém.

O caminho até a sala comunal parecia curto demais para que Lily conseguisse decidir o que dizer, então, virando a direita, se encaminhou para o banheiro feminino do segundo andar, conhecido também como banheiro da Murta-que-geme, e ignorando as lamúrias da mesma começou a ensaiar se olhando no espelho.

-Você é o novo monitor chefe. -Argh! Não. Se visse pelo menos a sombra de um sorriso naquela cara ia cometer uma loucura.

-Contra tudo que é certo e justo no mundo você foi nomeado monitor. -Não também. Com certeza ele iria fazer aquele arzinho de superioridade que erguia os cantos esquerdos de sua boca e sobrancelha e ela, com certeza, teria de matá-lo.

-O diretor achou por bem nomeá-lo monitor e é bom que você esteja a altura de nossas expectativas. -A quem ela estava tentando enganar? As expectativas que ela tinha dele eram as piores possíveis. Aliás, eram nulas.

-Hum... James vai ficar tão feliz por ter sido nomeado.

Lily estreitou os olhos em direção a dois pontinhos luminosos que surgiam por cima da última cabine do banheiro.

-Como você já sabe disso, Murta?

-As paredes têm ouvidos. Hihihi! -A criatura fantasmagórica disse cantarolando enquanto dava várias cambalhotas no ar. -Mande ele vir me ver... Para que eu possa felicitá-lo. -E antes que Lily pudesse dizer qualquer coisa como "Sua coisa ectoplásmica enxerida e pervertida!", Murta já havia se jogado dentro do ralo da pia rindo.

Já com a pouca paciência que lhe tinha restado sendo tão duramente testada plantou as duas mãos no tampo de mármore e encarou o rosto irritado no espelho.

-É o seguinte, não sei por que cargas d'água o Dumbledore te nomeou monitor chefe substituto. Se você me aprontar alguma eu arranco sua cabeça fora. Na dentada!

Isso mesmo.

Ajeitou o cabelo e o uniforme bastante satisfeita com seu discurso. Saiu do banheiro e caminhou lepidamente, os primeiros dez passos. Andou mais devagar depois, afinal, ninguém ia sair dali, não é mesmo? Não havia porque ter pressa.

Nas portas da sala comunal estava se arrastando tão vagarosamente que três primeiranistas haviam apostado quantas horas faltavam pra ela chegar, e isso já fazia uns bons 45 minutos, e ela ainda não havia chego.

-Pomorim. -Grunhiu irritada ignorando o sorriso de boas vindas da Dama Gorda.

Entrou na sala apinhada de gente e não demorou muito para localizar o grupo. Pois eles eram assim, pior que meninas, nunca estavam sozinhos. Sirius estava sentado numa poltrona com uma loirinha, provavelmente quartanista, com cara de bebê, sentada entre seus joelhos, enquanto olhava fixa e arrogantemente para Marlene Mckinnon que fingia não perceber.

Pobre Marlene, Lily pensou, se apaixonar por um maroto já era ruim, mas se apaixonar por Sirius Black era pedir para sofrer. Peter jogava xadrez de bruxo com Olaf Mintchin e James estava sentado apenas observando. Estranhamente quieto. Ele estava muito quieto ultimamente, boatos rolavam de que nem tinha se envolvido no desastre da inundação.

Ele ficava bem quieto. Era mais fácil notar seus traços regulares e seus olhos sorridentes... Argh!O que estava pensando? Olhos sorridentes?

Respirou fundo e se dirigiu resoluta a eles.

-Tome. -Disse de supetão esticando o pergaminho amassado e fingindo não notar o olhar de estupefação que os marotos, e Olav, lhe lançavam.

-Hum... Bilhetinho de amor, Evans? Como caíram os valorosos. -Ironizou Black se levantando e indo se sentar ao lado de James na tentativa de arrancar o pergaminho da mão dele.

-Vê se cresce Black! -Ralhou zangada. A mocinha loira, se sentindo deslocada, foi se sentar com uma garota morena perto da lareira.

Os dois rapazes lutaram por alguns segundos, mas James saiu vencedor. Empurrando Sirius longe rasgou o lacre e começou a ler o conteúdo da nota.

-Não!-Disse por fim. -Isso não pode ser sério!

-É eu também acho. Mas o diretor insistiu que... -Lily começou muito agradada da reação Potteriana, mas foi brutalmente interrompida.

-Finalmente reconheceram o meu valor como membro nobre, ajuizado e extremamente gostoso desta escola.

-O quê?-A ruiva perguntou em choque. -Me dá isso aqui. -Arrancou o bilhete das mãos de James e começou a ler. Ali realmente havia coisas elogiosas a respeito dele, mas também ressalvas e pedidos de um comportamento, se não exemplar, pelo menos aceitável.

-Bem... Aqui não diz nada sobre você ser... Gostoso. -Acrescentou com um vinco de frustração, que quase beirava o desespero, entre suas sobrancelhas ruivas.

-Mas você sabe que isso é verdade. Você só não quer admitir. -James disse e voltou sua cabeça para reler o bilhete, ignorando a careta estupefata de Lily. -Hum... Inteligente, de caráter, bom amigo... Blábláblá, justíssimo. Sou tudo isso, embora tenham faltado algumas coisas.

-Como metido, presunçoso, pavão aparecido e insuportavelmente arrogante?

-Eu ficaria ofendido se não soubesse que você só diz essas coisas para esconder todo o amor que sente por mim. -Lily ficou tão embasbacada que não conseguiu se mover quando ele levantou de um pulo, depois de jogar o bilhete para que Sirius pudesse ler, e lhe deu um beijo na ponta do nariz. -Não se preocupe ruivinha, você é amplamente correspondida. Vou trocar uma palavrinha com o Dumble, já volto.

Após alguns minutos de desconcerto Lily conseguiu se mover e se virou pra Sirius que a assistia divertido.

-Não me olhe assim, é ele quem corresponde não eu. Não querendo desmerecer suas inúmeras qualidades. -Acrescentou com um sorriso maldoso ao reparar que Marlene havia se aproximado e subia em direção ao dormitório feminino.

-Você é um idiota sabia? Ela gosta de você. -Sabia que não devia se meter na vida amorosa de outrem, ainda mais quando esse outrem era Lene "Não se meta comigo" Mckinnon, mas precisava mudar de assunto.

-Foi o que me disseram. -Sirius retorquiu friamente fitando a lareira.

-Não, não foi o que te disseram. Você sabe por que ela te disse, mas você é tão imbecil que vai fazer ela deixar de gostar loguinho.

-Hey!-Deu um chute no pé de Sirius, que reclamou mal-humorado, e subiu zangada pra ver se Lene "Não se meta comigo" Mckinnon, que era uma garota muito legal, estava bem.

Lene estava bem, foi o que ela disse pelo menos, com a voz embargada de dentro do banheiro.

-Bah!Esses garotos são uns imbecis. -Foi à última coisa que Lily pensou antes de dormir. -Bah!