PDV PANSY
É. Pois é. Eu, Pansy Parkinson, chorando miseravelmente no banheiro feminino, e por causa de uma Sangue Ruim. Hermione Granger. Eu não podia acreditar que estava chorando por ela. Me sentia cada vez mais ridícula á medida que as lágrimas caíam.
Alguém poderia imaginar que EU ficaria assim por causa dela? Obviamente não.
Eu era uma Sonserina. Não ia ficar chorando assim, sem dignidade, em um lugar onde qualquer um poderia me ver. Mas toda essa arrogância sumiu assim que lembrei de seus olhos. E a tristeza voltou. Será que só eu senti alguma coisa aquele dia? Será que ela realmente me odiava, pura e simplesmente me odiava?
-Não, Pansy, você vai tirar isso a limpo, e vai ser logo. - Levantei e abri a porta do banheiro. Não ficaria mais ali aquela manhã.
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PDV HERMIONE
Harry e Rony já tinham acordado a essa hora. Sentei, um pouco longe deles, pois era visível que ainda estavam irritados comigo. Respirei fundo e começei a comer. A comida tinha gosto de papelão, era horrível. Queria tanto poder parar de pensar na Parkinson. Mas não conseguia. Nesse momento, a vi entrando pela porta.
Ela olhou pra mim, os olhos frios e molhados se demoraram tanto nos meus que parecia que o mundo tinha congelado. Mas então ela se movimentou. Por um momento, pensei que viria até mim. Mas não veio. Sentou-se do lado de Malfoy, mas diferente das outras noites, não passou os braços por seu pescoço, nem falou nada para ele. Na verdade, ela se sentou por apenas 10 segundos, pegou algo que Goyle segurava e, sem dizer mais uma palavra, se levantou e saiu pela mesma porta que usara para entrar.
Quando levantou, mesmo a metros de distância, pude sentir seu cheiro invadindo minhas narinas. Olhei para os lados, mas ninguém parecia ter sentido a súbita fragrância aconchegante. Quando ela saiu, chequei os meus horários. Mais tarde teria Runas Antigas. Normalmente, eu nem sequer cogitaria a opção de matar aula. Mas, como estas não eram condições normais..
Me levantei e andei para a saída. Vi, pelo canto de olho, Harry me olhando torto. Saí rápido de lá, queria encontrar a Parkinson logo. Vaguei por um bom tempo na escola procurando-a, e de repente lembrei que ela devia estar na aula.. Deprimida, dei meia volta e permiti aos meus pés andarem sem rumo nenhum. Portanto, não estava prestando atenção quando virei um corredor e trombei com alguém.
-Cuidado, você pode se machucar assim. - Caramba, e não é que era a voz arrogante que eu tanto desejava ouvir? - O que está fazendo aqui, Granger? Sua aula já começou.
-A sua também, Parkinson. - Dessa vez, me permiti falar livremente, não ia mais tentar esconder. - Eu estava te procurando.
Ela deu um sorriso torto que me encantou, era lindo. Olhei para aqueles lábios..
-Me procurando? Mas o que quer comigo, Granger? - disse, interrompendo meus pensamentos.
-E-eu.. Não tenho c-certeza..- Não consegui formular uma frase que não mostrasse minha fraqueza no momento. Mas ela quebrou o encanto, revirando os olhos e voltando ao seu tom zombeteiro de sempre.
-Granger, você sabe bem que tenho mais coisas a fazer do que ficar conversando com você. - Fiquei com muita raiva, estava prestes a expressar meus sentimentos e ela disse isso! - Tchau, boa sorte fazendo.. o que quer que vocês nerds façam.
-Agora você vai ficar aqui e me escutar! - Minha voz saiu mais alta do que deveria, tremendo com a raiva. Agarrei seu braço e a puxei para mais perto, mas provavelmente usei força demais, pois um segundo depois nós estávamos praticamente grudadas.
Ela não falou mais nada, apenas mirou meu rosto e me empurrou contra a parede, dessa vez levemente, olhando em meus olhos.
-Hermione - ela suspirou, e se aproximou tanto, que eu poderia me afogar naqueles olhos meio cinzentos. Nossos lábios estavam quase juntos.. Só mais um pouco.. Mais um pouquinho..
-PARKINSON, SOLTA ELA. - ouvi um estampido e Pansy voou de meus braços. - Mione, você tá bem? - Era Rony, ele apontava a varinha para Pansy (depois do que aconteceu, fiz uma nota mental. "Chamar a Parkinson de Pansy."), que se contorcia de dor no chão.
-RONALD WEASLEY! Você não fez isso! - Saquei minha varinha, e, aproveitando o momento em que Rony me olhava confuso, lançei nele a primeira azaração que passou pela minha cabeça. Enquanto ele tentava correr, com as pernas descontroladas, para longe de nós, me abaixei para ver se Pansy estava bem.
Seu rosto estava queimado, em algumas partes. Não sabia como Ronald conseguira lançar algo desse nível em alguém, sendo que ele nem sabia transfigurar um pássaro em um cálice. Mas nada disso importava, porque sua expressão não era de raiva, nem dor, nem desespero. Ela sorria para mim, e enquanto eu tentava levantá-la, os braços tremendo, ela selou nossos lábios docemente e se segurou em meu pescoço.