Fanfic escrita para o Challenge dos Clichês, então é meio óbvio que haverá clichês aqui. E como clichês são sempre meu fraco, me liberei nessa fic! IUASHDIUHASD Mas enfim, queria agradecer a linda da Ferfa que me deu todo o apoio na hora do parto da fic, e ainda por cima betou. E um último aviso: a fic é M por causa da grande quantidade de palavrões que garotos de 17 anos falam e pelo fato de que sexo é grande parte do plot principal da fic, mesmo que ela não contenha uma lemon.

Drunk Night.

Sabe aquele dia que você acorda com uma dor de cabeça tão filha da puta que até respirar dói? Pois então, esse era eu na manhã do dia primeiro de janeiro de 1978.

Eu estava deitado com o rosto enfiado no travesseiro há pelo menos dez minutos e não sentia a mínima vontade de me mexer – até por que meu cérebro estava brincando de pular corda dentro da minha cabeça. Não sabia sequer onde estava; o cheiro do travesseiro não me era estranho, e ainda era gostoso. Provavelmente de uma mulher, eu esperava.

Depois de tentar lembrar de alguma coisa da noite passada por cinco minutos, desisti. Só me lembrava de estar com os caras na casa de Remus, bebendo umas coisas estranhas que a gente tinha achado do Sr. Lupin.

Peter, James e eu fomos pra casa de Remus nas férias de inverno. Não era a nossa ideia inicial (que seria ir pra casa de James, porque o Natal lá tem um mundo de comida), mas quando soubemos que o Sr. e a Sra. Lupin iriam visitar uns parentes no interior, mudamos de plano na hora.

Não que a gente fosse, de fato, fazer alguma coisa errada, mas era libertador saber que estaríamos sozinhos na casa. Nós só não pensamos que o Natal seria uma grande porcaria, já que o único que levava algum jeito pra cozinhar era Remus, e mesmo assim só sabia fazer macarrão com frango (que era até gostoso, pra falar a verdade).

Então depois de passar o Natal à macarrão, nós decidimos que pelo menos o Ano Novo seria bom. Combinamos de beber e comer um pouco até dar meia noite, e depois irmos para o centro da cidade, para a festa que Remus disse que teria. E, tirando o fato de que estávamos no meio do inverno, a ideia era boa.

James e Peter prepararam alguns sanduíches e eu e Remus fomos procurar as bebidas. É aí que entram as bebidas estranhas que a gente achou. Moony disse que eram de quando o Sr. Lupin tinha parado de beber, há muito tempo. Elas estavam no sótão, totalmente empoeiradas e os rótulos estavam em uma língua que eu não conhecia – apesar de Remus ter dito que achava que era russo.

Nós comemos e bebemos pelas próximas horas, e minhas memórias vão sumindo a partir daí. Eu me lembro de termos subido pro telhado - ideia de James para ver os fogos -, de estar um frio do capeta e eu ter abraçado Moony porque ele estava tremendo e com as mãos geladas. Demoraria mais ou menos uma hora pros fogos, mas nós estávamos lá em cima com três garrafas e uma disposição monstruosa pra enfrentar o frio.

Agora, o que aconteceu entre esse momento e a manhã, eu não sei. Sei, aliás, que beijei alguém na virada, e esse alguém era provavelmente a pessoa dona da cama em que eu estava deitado – é o mesmo cheiro do travesseiro, e tenho a impressão que conheço esse cheiro de algum lugar. Talvez se me esforçasse mais, eu lembraria, mas já mencionei que minha cabeça estava me matando? Pois é.

Provavelmente fiquei deitado – quase sufocando no travesseiro – por uns vinte minutos. E teria continuado ali se não fosse uma pessoa se mexer na cama bruscamente e exclamar um "Puta que pariu, caralho" em alto e bom som.

Demorei um segundo pra perceber de quem era aquela voz, e me virei tão rapidamente na cama que senti todos meus neurônios guincharem de dor. Ver Remus sentado me encarando com os olhos umas trezentas vezes maiores que o normal só confirmou minhas suspeitas. "Puta que pariu, puta que pariu, PUTA QUE PARIU", ele repetiu, puxando o cobertor – que só tampava suas pernas até o momento – para cima e consequentemente me deixando descoberto.

O problema é que eu estava pelado, e Remus também.

"Puta que pariu", foi minha vez de exclamar. "Puta que pariu", repeti quando ele se levantou, ainda me olhando aterrorizado e colocando-se o mais longe de mim possível.

Minha cabeça não estava colaborando em nada para me fazer entender que merda estava acontecendo ali e por que Remus estava pelado na minha cama - ou melhor, na cama dele. Não conseguia pensar em nenhuma outra situação que quis tanto evaporar da face da Terra quanto aquela; não conseguia decidir o que odiar mais naquele momento: eu mesmo, a bebida, ou todos nós por termos concordado em passar o Ano Novo bebendo.

Só comecei a me tranqüilizar quando percebi que Moony parecia tão horrorizado quanto eu.

"O que você 'tá fazendo aqui?" Fui o primeiro que conseguiu formular alguma coisa. Minha garganta estava seca como um deserto e minha voz saiu mais rouca do que eu imaginava. Pigarreei antes de continuar a falar. "O que está acontecendo aqui?"

Remus estava com os olhos ainda arregalados, me olhando com desespero. Eu quase podia ver os neurônios dele trabalhando, enquanto ele tentava me dar uma resposta plausível e que não fosse obvia.

"Moony, a gente..." Tentei mais uma vez, quando ele não respondeu. "A gente trepou, não foi? Puta que pariu, a gente TREPOU, caralho!"

Fiquei em pé também, meio porque eu não sabia mais o que fazer. Remus ainda estava lá, parado e sem se mexer. Passei uma das mãos no cabelo nervosamente, uma lista extensa e complexa dos mais variados palavrões passando pela minha cabeça.

"Porra, Remus, fala alguma coisa!" Exasperei, caminhando para perto dele a fim de fazê-lo pelo menos se mexer; ele, entretanto, apenas se afastou mais, olhando para meu pênis com ligeiro horror. Eu teria tomado aquilo como uma ofensa se o momento fosse outro.

"Sirius, você está pelado!" Exclamou, virando a cabeça para o outro lado, o que me fez rolar os olhos. "Eu... eu vou vestir uma roupa. E escovar os dentes. E tomar café. E... E morrer."

Dizendo isso, ele saiu do quarto, o grande filho da puta. Quis ir atrás dele e fazê-lo falar o que tinha acontecido na noite passada, mas eu conhecia Remus o suficiente pra saber que ele não era uma pessoa matutina, principalmente depois de uma situação daquela. Ele ficaria melhor depois de uma xícara de café, então nós esclareceríamos as minhas dúvidas – se é que haviam dúvidas para serem esclarecidas.

Me deixei cair na cama, massageando minha têmpora, em uma tentativa fraca de fazer minha cabeça parar de doer. Depois de ficar deitado por alguns minutos, eu reuni toda a coragem grifinória que ainda restava em mim para praticamente me arrastar para o banheiro, mijar e voltar para o quarto a procura da minha cueca, que parecia não estar em lugar nenhum.

Mas pelo menos encontrei minha varinha enfiada entre o colchão e a cama, então fiz um feitiço de higiene bucal – descoberta de Moony muito útil – e voltei a me deitar, com o rosto enfiado no travesseiro.

O silêncio pareceu abrandar a dor, mas os pensamento de que eu tinha transado com Remus continuava a martelar na minha cabeça – e eu nem sequer sabia exatamente como estava me sentindo sobre aquilo, algo como raiva, surpresa e... decepção de não lembrar, talvez.

"Porra, não dá nem pra vestir roupa?" Remus falou de repente, fazendo-se notar no quarto. Ergui a cabeça alguns centímetros para vê-lo parado perto da porta, vestindo um roupão vermelho feminino – que ele provavelmente tinha achado no banheiro e era da mãe dele -, que estava muito curto para ele, e segurando uma xícara. Seus olhos não estavam mais tão horrorizados, notei, mas continham alguma coisa de diversão que eu não entendi.

"Não achei minha cueca." Justifiquei displicente, antes de voltar a apoiar a cabeça no travesseiro, mas sem tirar meus olhos dele. Em silêncio, Remus puxou a varinha do bolso do roupão e fez um accio, minha cueca saindo das profundezas do quarto para ir parar na mão dele. Ele a jogou na minha cara sem piedade nenhuma.

Ele desviou os olhos sem disfarçar enquanto eu vestia a cueca. "Pronto, Moony, pode me olhar de novo." Brinquei, sentando-me na cama – mesmo que meu cérebro ainda estivesse pulando dentro da minha cabeça.

"Toma." Disse quietamente, me entregando a xícara e indo se sentar na ponta da cama, o mais longe possível de mim. Olhei para a bebida, com uma pontinha de esperança de que fosse café, mas a cor esverdeada acabou com meus sonhos. Eu sabia o que era aquilo e não estava nem um pouco a fim de beber. "Anda logo, Sirius."

"Bleh." Resmunguei, antes de virar a xícara toda de uma vez. A Poção Anti-Ressaca desceu ardendo pela minha garganta e deixou um gosto de meia velha na minha boca. Pelo menos eu sabia que a dor de cabeça iria parar logo. Entreguei a xícara para Remus. "Será que agora dá para me explicar que merda aconteceu ontem?"

Ele pigarreou e desviou os olhos para a xícara vazia, um sorriso pequeno nascendo em seu rosto. Um sorriso. Sorriso. E se eu conhecesse bem Remus – e acho que conheço -, ele estava rindo porque estava achando algo engraçado, porque ele não é do tipo que ri quando está nervoso. Eu só não sabia o quê, dada à situação.

"Anda, Remus. 'Tá rindo de que?"

Ele engoliu em seco e me olhou. "Você lembra até que horas?"

"Não sei, cara. Só lembro da gente estar no telhado, você todo congelando, e depois só uns relances." Forcei mais a memória, constatando que, felizmente, minha dor de cabeça diminuía.

Remus começou a falar rápido e tive que prestar atenção para não me perder. "Peter apagou antes mesmo da meia noite, acho que por causa de uma dose dupla que ele tomou de uma vez só. Você ficou enchendo o saco para ir para a cidade, mas alguém tinha que ficar com Peter. James trouxe ele para baixo e disse que ficava aqui, então nós dois fomos andando para a cidade. Só que deu meia noite quando estávamos no meio do caminho e..."

Foi a minha vez de engolir em seco. Eu me lembrava de ter beijado alguém à meia noite, e visto que eu estava sozinho com Remus no caminho para a cidade, esse alguém era ele. Claro que beijar em vista do fato que nós tínhamos trepado não era muito coisa, mas porra. Eu tinha beijado o Remus.

"... você disse que queria beijar alguém durante os fogos, e como dava para ver os fogos mesmo no chão, você meio que... me agarrou."

Ele ficou vermelho enquanto falava isso e apostava que eu também tinha ficado. Depois de pigarrear, ele continuou. "Você já estava bêbado, e eu também, porque eu retribuí, então a gente desistiu de ir para cidade e voltou para casa. A gente veio pra cá e- Sirius, você 'tá bem?"

Remus me olhou meio preocupado, meio querendo rir, acho que pelo fato de que pela minha expressão parecia que eu ia ter um filho de tanta ansiedade. "'Tô, 'tô, continua." Resmunguei, puxando o ar.

Ele ergueu uma das sobrancelhas, me olhando desconfiado, antes de continuar. "A gente veio para cá e continuou se beijando. Daí você tava todo apressadinho, praticamente arrancou a minha roupa e- Porra Sirius, não acredito que eu tenho que te contar isso tudo." Ele resmungou a última parte, escondendo o rosto entre as mãos pelo avermelhado que surgiu em suas bochechas.

Eu grunhi, sem saber muito que fazer. Queria sumir, mas pelo menos precisava saber o que de fato tinha acontecido – preferencialmente como tinha sido, se tinha sido ao menos bom, e outros detalhes que eu sabia que Remus nunca me daria.

"Remus, continua!" Pedi, me arrastando pela cama até estar mais perto dele. Ele me olhou com aqueles olhos cor de âmbar antes de falar tudo de uma vez, sem sequer respirar.

"Porra, Sirius, você me chupou! Eu não resisti, a gente 'tava bêbado pra caralho e você me chupou. Porra, porra, porra, eu não devia ter deixado aquilo acontecer! Então daí fui retribuir, mas..."

Ele engasgou e parou de falar. Não pedi que ele continuasse dessa vez, porque ainda estava digerindo as novas informações. Primeiro eu tinha chupado Remus, então ele me chupou e a gente trepou, eu não precisava nem que ele terminasse a história. Mas quando olhei de novo para Remus, ele parecia ligeiramente mais calmo, e aquele sorrisinho ameaçava voltar para seu rosto.

"Tem mais?" Ele balançou a cabeça afirmativamente. "Porra, a gente trepou mesmo, né Moony." Falei enquanto esfregava o rosto com uma das mãos.

"Pára de falar que a gente trepou."

Eu quase ri. Mesmo em uma situação daquela, Remus ainda era cheio de eufemismos. "Desculpa. Agora continua."

"Você não vai gostar muito dessa parte." Ele avisou, o que me fez levantar as sobrancelhas em confusão. "Sirius, eu não sei como te falar isso sem... você sabe, acabar com sua auto-estima..." Meu estômago afundou. O que poderia ser tão ruim assim? Talvez James tinha nos pegado no flagra, ou Peter... "Eu ia te chupar, mas você... não subiu."

Fiquei olhando para ele sem entender, enquanto ele visivelmente segurava o riso, já passada toda aquela vergonha que ele teve ao me contar a primeira parte. Eu honestamente não entendi, e Remus abriu a boca várias vezes para tentar me explicar e disse por fim do jeito mais simples.

"Sirius, você broxou."

Meu mundo acabou e vi um buraco se abrir no chão e me puxar para as profundezas do inferno, onde eu iria conseguir apagar aquelas palavras da minha cabeça. Ou pelo menos era isso que queria que tivesse acontecido.

"Sirius?"

A maior lista de todos os tempos de palavrões e maldições estava passando pela minha mente naquele momento, mas nenhum era o suficiente pra expressar o que eu estava sentindo.

"É sério, fala alguma coisa."

Acho que fiquei parado lá por uns cinco minutos, com Remus me olhando, sem ao menos ter a decência de fingir que não estava rindo. Eu queria definitivamente sumir. Quando Remus tinha começado a me falar o que tinha acontecido, eu não esperava que terminasse tão ruim assim. Diabos, se Você-Sabe-Quem em pessoa tivesse aparecido aqui e mandando uma Avada Kedavra na minha cabeça não seria tão ruim assim.

"Como isso aconteceu, porra?" Foi tudo que eu consegui falar. Remus, ao ter certeza de que eu estava bem, tripudiou mais ainda.

"Não se preocupe, Sirius, isso acontece com todo homem..."

"Porra nenhuma! O que aconteceu de verdade? Me conta, porra!"

Eu usualmente não falava tanto palavrão assim, mas devida a situação, acho que usar uns oitenta palavrões em cada frase ainda não seria o suficiente. Remus disfarçou o riso antes de responder.

"Não sei muito bem, Sirius. Eu te beijei e quando tirei a sua calça, o seu pau estava... não estava... você sabe." Ele não falou, mas nem precisava. Era como sentir uma facada dentro do meu coração, atingindo em cheio a minha virilidade. "Não deu tempo nem de você perceber, porque no instante seguinte, você caiu na cama roncando."

Talvez fosse isso. Bebida demais. Não que isso já tivesse acontecido antes, mas eu também nunca tinha bebido aquela bebida russa do Sr. Lupín. Era isso. Culpa dos russos!

"Talvez... você sabe, você não estava a fim de mim." Remus falou, soando mais sério do que queria.

Balancei a cabeça. Eu sabia que o problema não era aquele. Apesar do fato de Remus ser meu amigo e de toda aquela coisa de não querer estragar a amizade, etecétera e tal, sempre tive um puta tesão nele. Balancei mais uma vez e deixei meu corpo cair na cama. "Porra, não acredito que eu broxei."

Remus não falou mais nada e se levantou, andando pelo quarto e pegando as roupas dele que estavam espalhadas pelo chão. Eu queria, honestamente, que um buraco se abrisse para que eu pudesse me enterrar nele e nunca mais precisar encarar Remus e, acima de tudo, a mim mesmo.

Porque eu preferia mil vezes ter trepado com Remus e não lembrar, do que ter broxado e não lembrar. Fiquei algum tempo de olhos fechados, amaldiçoando o mundo, quando senti Remus jogar o roupão em cima de mim e abri os olhos. Ele já estava vestido, e seguia em direção da porta.

"Não se preocupe, Sirius, acontece com todo mundo." Ele disse, sua voz misturando ironia, diversão e pena. Eu senti ganas de mandar um travesseiro bem na cabeça dele, mas ele saiu do quarto e fechou a porta no momento certo.

Porra, eu tinha de arrumar um jeito de provar ao Remus que eu não era homem de... broxar.


Logo eu venho postar a segunda parte. Ao todo, serão quatro. *-* Um milagre eu escrever algo maior que uma onsehot, mas... Enfim, essa foi a minha tentativa (espero que não tenha sido fail) de escrever uma comédia clichê.

(E aos leitores de 1001 Things About Wolfstar: Eu não desisti de traduzir! Só passei por um preíodo tumultuado envolvendo a faculdade, depois veio o Carnaval e só hoje que eu vou poder voltar a traduzir, então esperem algo novo logo.)