Título: WHO´S THAT CHICK?

Autor: Fabianadat

Betagem: Topaz Autumn Sprout

Pares: Harry & Draco

Classificação: NC-17

Gênero: Romance/Drama/Universo Alternativo/Non-Magic

Disclaimer: Os personagens e situações pertencem à JK Rowling, esta fic não infringe direitos autorais nem gera lucro.

AVISO: A fic trata de temas polêmicos como relacionamento homoafetivo, androginia e uso de substâncias ilícitas. Se não for do teu agrado, clica naquele X lá no canto direito da página do browser e tenha um bom dia.

Reviews e críticas construtivas são sempre bem-vindas, baixaria e falta de educação serão respondidos à altura e os comentários deletados (sim, foi Topaz a bruxa malvada que escreveu isto).


Capítulo 1 – Um turista nada acidental

Junho, meio do ano, no ar morno do final da tarde a fragrância do verão paira no ar, os passos de mais um caminhante se confundem aos da multidão em final de expediente, o burburinho de vozes e sons encobre o individual, neste momento do dia o que reina é o som da coletividade.

A figura que caminha despreocupadamente chama a atenção mesmo daqueles eternos apressados e desatentos, que passam quase correndo pelas calçadas, conferindo a hora certa e falando ao celular, totalmente absorvidos por seus compromissos. O rosto é marcante, mas os olhos brilhantes de uma nuance quase impossível, nunca passam despercebidos, embora mantenham uma expressão completamente impassível aos olhares atraídos. Num passo quase preguiçoso, porém elegante, atraía olhares sem se dar conta, caminhando uma curta distância da estação do metrô de Vauxhall até o Hotel Plaza On The River Club And Residence, cuja janela da suíte lhe propiciava uma boa visão da cidade, matando a saudade dos anos em que morou fora do país e enchendo os olhos com a saudosa mesmice do cotidiano londrino.

Havia passado mais um dia vagando entre as árvores e recantos, aproveitando o calor e curtindo as lembranças. A atmosfera de verão ainda parecia a mesma guardada em sua memória, o som de risos flutuava pelo ar, as crianças ainda corriam escapando de seus pais, as pessoas ainda se deitavam na grama ou sob as árvores para desfrutar do toque dourado dos raios do sol, cachorros passeavam com seus donos, namorados trocavam juras de amor sobre mantas estendidas no chão ou se agarravam pelos cantos, alguns praticavam esportes e outros simplesmente desfrutavam a estação na sombra, pontilhando os extensos gramados de cadeiras coloridas. O verão havia chegado com toda sua glória, e alguns cidadãos mais animados se banhavam no lago bem no meio do Hyde Park enquanto outros se deliciavam com sorvete.

Depois de uma noite de trabalho, nada melhor que um pouco de ar puro e sossego para recarregar as baterias. Dormir estirado na manta macia sob aquela frondosa arvore, a preferida de seus tempos de adolescente, provou ser uma boa ideia.

Percebia os olhares curiosos em sua direção, não estava vestido de maneira chamativa; afinal bermuda, camiseta, tênis e a indefectível mochila eram trajes bastante comuns por mais descolados que fossem, mas sabia muito bem o motivo dos olhares surpresos: o cabelo até a cintura de um preto absoluto num corte levemente repicado que acentuava o leve ondulado das mechas e emoldurava um rosto de aparência quase angelical, onde olhos de um tom verde inacreditável causavam certa perturbação, lábios rubros e sobrancelhas negras marcantes, somados a uma estatura que também chamava a atenção, 1.75m, combinando perfeitamente com o corpo delgado sem ser magro demais e a pele clara que ostentava um saudável tom rosado nas maçãs do rosto, formavam um conjunto impressionante. A surpresa era mais por causa das roupas, pois a grande maioria das pessoas o confundia com uma moça por conta da figura graciosa. Nem sua voz colaborava, já que o timbre era rouco e suave, longe de ser masculino. Se procurassem por pelos em lugares onde comumente homens os tinham, leia-se peito, abdômen, pernas e rosto, achariam alguns fios muito finos e quase invisíveis.

Sua androginia no inicio foi um carma e na escola sofreu muito com a crueldade das outras crianças. Franzino e delicado era objeto certo de chacota, inclusive de violência corporal. Naquela época era chamado de "implicância", hoje seria tratado como um caso sério de bullying.

Quando os pais faleceram num acidente de carro, ele mudou-se para um país onde essa qualidade natural que tanto problema lhe causava em sua terra natal, era vista como um ideal de beleza alcançado por poucas pessoas. Com o tempo acabou se aceitando, ele era diferente da esmagadora maioria dos garotos, porém cada pessoa tinha suas particularidades. O Japão era uma terra estranha, mas Sirius, seu padrinho e dono de negócios naquele país, o ajudou, e muito, na adaptação a nova vida.

Anos se passaram e agora retornava a sua querida Londres. Seu coração ansiava por aquela cidade de extremos: fria, chuvosa e cálida.

A entrada do hotel apareceu à direita. De arquitetura moderna e fachada discreta, o apart hotel tinha os confortos necessários para sua estadia sem ostentação, coisa que ele detestava. Perdido em pensamentos, ele subia as escadas e seu ombro tocou na moça que passava a seu lado, um acontecimento corrente numa metrópole como Londres, mesmo os britânicos sendo por natureza aferrados a seu resguardado espaço pessoal.

- Por favor, me desculpe. – sua voz soou num verdadeiro pedido de desculpas frente à indelicadeza cometida, ainda que não intencional. Recolheu a bolsa carteira que havia caído com o choque e sorrindo de forma educada, devolveu o pertence à senhorita a sua frente. A mulher era de uma beleza loura estonteante, com os esplendorosos olhos límpidos e azuis, muito bem vestida, exalando elegância e gosto apurado.

- Não foi nada. – as mãos suaves recolheram a carteira com um sorriso formal nos lábios com uma leve indicação de amabilidade denotando educação refinada.

Cada um seguiu seu caminho e ele dirigiu-se para a imensa porta do hotel.

- Boa tarde Sr. Potter. – o cumprimentou o porteiro sorrindo afável ao vê-lo no topo da escadaria.

- Boa tarde Zacheus. Como foi seu dia? – tinha por habito trocar algumas palavras com o pessoal do hotel.

- Ah Sr. Potter, foi quente, este verão promete. E o parque, com...

A frase do porteiro ficou a metade quando uma terceira voz se interpôs, quebrando a conversa dos dois.

- Eu sabia que te conhecia! – intrigado pelas palavras, ele girou nos calcanhares e fitou novamente a moça na qual tinha recentemente esbarrado. Ela o esquadrinhava de forma aberta, sorrindo cortês. Bem, ele não se lembrava de tê-la visto em absoluto, já estava há algumas semanas na cidade, e uma beleza como ela não passaria despercebida, ainda que seu gosto pessoal fosse outro, beleza é sempre beleza. – Eu me lembro dos seus olhos, nunca vi outros nesta tonalidade, sem contar que você ficou precisamente como eu havia imaginado! – completou a moça ainda o fitando.

Um tanto desconsertado, ele arrumou uma mecha do cabelo negro atrás da orelha enquanto ponderava sobre a estranha situação.

- Muitos anos se passaram Harry Potter, ou devo dizer Sr. Potter, mas eu ainda lembro-me de você. – disse ela num tom de sádica diversão muito bem ocultado pela civilidade.

A cena era mais que estranha, pensava ele, aliás, bizarra a descreveria melhor. E sentiu que a coisa ainda ficaria mais esquisita ao notar o sorriso ligeiramente maldoso que apareceu nos lábios pintados num curioso matiz de nude.

- Pansy Parkinson.

Demorou alguns segundos até o conhecimento o atingir como um trem descarrilado. "Ah, sim, grande merda!", pensou o moreno desgostoso assim que conectou o nome às suas antigas lembranças, "Um dos meus pesadelos da época da escola." Era impossível não se lembrar daquela loira, boa parte de seu inferno adolescente lhe fora brindado por suas "meigas e doces palavras".

- Que fantástica coincidência, não é mesmo Parkinson? – não deixou seu sorriso bem-educado morrer, muitos anos haviam passado e as palavras ácidas já não o afetavam.

- Alguns poderiam chamar de destino, Potter. – ela continuou olhando, esperando.

Ele suspirou mentalmente, era óbvio que ela esperava um convite e não iria embora sem mais nem menos. Olhou o relógio no pulso.

- Me acompanha na happy hour? – Não era preciso ser um gênio para saber que era justamente isso que ela queria.

- Depois de tanto tempo será um prazer, Potter.

A situação era um pouco forçada, mas pelo olhar decidido da moça não haveria escapatória.

Zacheus, o porteiro, depois de receber um breve cumprimento de despedida por parte do moreno pensava: "Mocinha arrogante". O homem não conhecia Pansy, isso era fato, e arrogância era algo que corria no sangue da iminente família, quase como um sobrenome.

No bar, preferiram sentar na barra em lugar de se acomodarem numa das mesas. O barman solícito, logo veio a eles. A carta de agua mineral foi requerida pelos dois: Finé, Elsenham, Evian, 420, Bling H2O, Veen, Karoo, Voss, Oxygizer e Chic. Uma seleção imponente e seleta.

- Bling H2O – se pronunciou a loira em poucos instantes.

- Duas, por favor – a seguiu Harry.

Pansy devolveu a carta o olhando veladamente, era raro ver um homem naquela hora deixar de tomar algo alcoólico, optando por uma, ainda que caríssima, água mineral.

- No fim, eu e Daphne tínhamos razão...

- Sobre?

- Sua beleza. – ele devolveu o sorriso de lado ofertado pela moça. – Queria ter acompanhado "a evolução".

- Bem, na época da escola eu acreditava exatamente no contrário, que vocês me queriam bem longe, especialmente após cada "brincadeirinha" da sua turma. – gracejou ele numa clara alusão ao passado de abuso.

A bebida foi servida pelo barman que logo se afastou em direção das novas demandas. Acompanhado de sua interlocutora, Harry tomou um gole do líquido gelado, cuja pureza era rigidamente controlada, fazendo valer o alto valor pago por meros 375 mililitros de água.

- Você não ouvirá um pedido de desculpas de minha parte.

- Nem eu estou pedindo. – rebateu ele de maneira civilizada, porém cortante.

Pansy estreitou os olhos, aquele não era mais o adolescente amedrontado que ela gostava de atormentar, pelo jeito agora Potter não deixava mais nada passar sem dar o devido troco. E era impossível não notar que ele atraía a atenção, do hall de entrada até o bar, ele ganhara mais olhares de admiração que ela. Demarcadas as barreiras de tratamento com as primeiras frases, para não dizer farpas, a conversa correu normalmente, falaram sobre vários assuntos ainda que de maneira superficial, como o término de cada um no ensino médio, antigos conhecidos da época de escola, os professores, a conjuntura mundial, o recente casamento real, não se atendo demais a nenhum deles. No final adentraram nas atualidades pessoais, ele formado em Analise de Sistemas e Tecnologia da Informação com especialização Marketing e Economia, trabalhando nas empresas do padrinho, e Pansy dona de boutiques espalhadas pela cidade, formada num bom curso de Moda com especialização em estilismo, com o capital da família ela abriu a primeira loja do que mais tarde se tornaria a rede da Diva´s Den, lançando moda e tendências para os londrinos endinheirados.

- Estou noiva de Zabini. – continuou ela – Lembra-se dele? Blaise Zabini?

Harry divertido meneou a cabeça numa afirmativa, como não se lembraria daquele garoto?

- Lembro sim, não só dele como também de Malfoy, Nott, Crabbe e Goyle – à menção dos dois últimos nomes ele viu uma sombra velada de pesar passar pelo rosto da loira. - Tenho "ótimas" lembranças de todos eles, com certeza.

Mesmo que o comentário tenha sido feito num tom leve, percebendo o terreno perigoso Pansy mudou de imediato o rumo da conversação.

- E você, o que faz na cidade? Vai voltar para Inglaterra depois de tanto tempo no Japão?

O moreno meditou sobre como responder, mas resolveu optar pela verdade nua e crua. Escondendo um sorriso travesso, ele soltou a pérola como quem não quer nada.

- Na verdade estou aqui para o campeonato de Flair Bartenders na RoadHouse, sou um dos finalistas. Como estava com saudade da minha terra, resolvi tirar uns dias de férias e andar por aí. Sirius fez alguns contatos com amigos e clientes donos de boates e clubes noturnos na cidade, me indicando para trabalhar algumas noites, assim não perco o ritmo e continuo treinando.

Pansy que levava elegantemente o copo de Bling aos lábios parou antes de tomar o gole, completamente surpresa, para não dizer chocada, com a notícia. Ela conhecia aquele concurso e sabia como era difícil obter uma classificação para a grande final.

- Como? Mas você não acabou de dizer que trabalha com seu padrinho no ramo empresarial?

- Faço as duas coisas, ser bartender é quase um hobby. – respondeu enquanto displicentemente arrumava as melenas negras da franja.

Uma caixa de surpresas era pouco para descrever este novo Harry Potter; foi o que pensou Pansy enquanto via a mão quase tão feminina quanto a sua ajeitar os cabelos negros. No tempo que passaram conversando Pansy tinha percebido que ele era educado e bom conhecedor de etiqueta, dialogava com ela de maneira amena e articulada, suas manobras evasivas de determinados assuntos eram sutis, mas muito eficientes, sua voz era modulada e a dicção perfeita, mesmo depois de anos morando no Japão, o sotaque britânico estava presente em cada frase pronunciada. Resumindo, ele tinha o mesmo nível dela e de seus amigos. Ainda que se vestisse de maneira bastante despojada e usasse brincos de argola prateados, ela mentalmente completou em seguida.

- Acho que seu celular está chamando Parkinson. – a voz dele trouxe-a de volta de seu devaneio, seu olhar preso nos olhos de esmeralda que a fitavam sem nenhuma demonstração de rancor pelo passado dos dois.

No visor o nome do noivo piscava insistentemente, mas na verdade ela não queria ir embora, estava fascinada por aquela pessoa diante dela, e sua batalha interior ficou clara para o moreno que parecia divertir-se com seu dilema.

- Atenda ao telefone, ainda estarei aqui por algum tempo, então você poderá matar toda sua curiosidade sobre mim.

Pansy não se aborreceu com a percepção dele e com um pedido de desculpas atendeu o noivo. Consternada, ela finalizou a ligação.

- Tenho que ir, Blaise me espera.

- Tudo bem Parkinson.

Mas era patente que a moça não queria sair e Harry deu um suspiro interior pensando em quando havia ficado tão fácil ler uma moça com a criação de Pansy Parkinson? Simples, era só ter tido umas "aulinhas" com Sirius Órion Black, descendente de emproados, e como diria o padrinho, imbecis nobres ingleses; na fina arte do traquejo social e manipulação, que incluíam: leitura corporal, exímia articulação verbal, abalizada manipulação do entorno e um completo conhecimento de etiqueta social.

- Não faça essa cara Parkinson, pode acabar com rugas de expressão – disse ele brincando e por fim se rendendo ao mudo pedido nos olhos da loira – Pegue o meu cartão e me contate quando quiser conversar.

Com esta atitude ele sabia que seria apenas uma questão de tempo até se encontrar novamente com seus antigos colegas de escola, mas muitos anos haviam se passado e ele já não era mais o adolescente franzino e amedrontado de 13 anos.

Despediu-se dela com um educado beijo de bochecha e a mimada Pansy Parkinson saiu flanando do bar, lhe deixando a certeza de que brevemente teria notícias dela.

A água exorbitantemente cara ficou por conta dele, claro.

Nos dias que se seguiram sua rotina não mudou, ele vagou pela cidade em ritmo de verão, curtindo o clima como um legítimo turista.

E como ele havia imaginado, dois dias depois do encontro nas escadarias do hotel, Parkinson ligou para marcar um almoço. Convite aceito, o local indicado foi um restaurante chiquérrimo, o Les Trois Garçons. Na chegada o maitrê o olhou discretamente de cima abaixo, com o cabelo preso num rabo de cavalo alto, a calça e o sapato social em tons de marrom faziam conjunto com a despojada camisa de um vermelho escuro com as mangas dobradas e por fora do cós, arrematada por um colete preto com pequenos desenhos estampados e segurando a franja um par de óculos solar Dolce & Gabbana. Parecia, como sempre, uma moça trajada de rapaz. Na verdade, se ele estivesse usando um vestido, ninguém o notaria tanto.

À mesa uma surpresa, Pansy não estava sozinha, uma garota tão bonita quanto ela, porém de cabelos louros platinados e os olhos de um verde muito claro o fitava com estupefação.

- Não me lembro de você ter mencionado que teríamos companhia... - Disse ele.

- É por que eu não comentei Potter, e esta – indicou a moça a seu lado – é a Daphne Grengrass.

- Oh... – outra antiga colega - Era com ela que você disputava a atenção do Malfoy, certo?

- Touché, Potter! – disse a loira com um falso olhar magoado. – Cuidado para não babar, Daphne querida. – Pansy zombou da amiga.

A citada desviou rapidamente o olhar do moreno e a fulminou por alguns segundos.

- Pansy, sua descrição não faz jus a realidade, ele é muito mais que bonito. – e com um sorriso finalmente se dirigiu ao rapaz – É um prazer revê-lo Potter.

- Acho que posso dizer o mesmo Grengrass.

No final do almoço que ocorreu de maneira aprazível e amigável, o garçom deles aproximou-se com a conta, e Harry mais rápido que as moças a pagou mesmo diante dos airados protestos. Antes de sair do restaurante, um garçom de sorriso desagradável estendeu a ele um cartão estilizado e de aparência cara: - O rapaz no balcão – e com uma inclinação indicou a direção; na barra um castanho de olhos negros e profundos devolveu os olhares em sua direção – me pediu para entregar isto à senhorita.

Harry olhou novamente para o rapaz que o encarava de forma aberta, num convite explicito para que ele se aproximasse. Sorriu de volta e ainda olhando o rapaz disse ao garçom recusando o cartão: - Volte e diga a ele que a pretensa moça é na verdade um rapaz.

As duas loiras à mesa deram risadas contidas ao perceberem as bochechas do garçom ficar rosadas e o vermelhão se espalhar por todo o rosto; e com uma mesura de desculpas voltou ao emissário do cartão que após algumas palavras trocadas com o funcionário, o fitou de olhos arregalados e em seguida virou o rosto, arrancando mais uma sessão de risadinhas de Pansy e Daphne, que acabou por contagiar o moreno, já acostumado com equívocos como aquele.

Após aquele primeiro encontro, que mais serviu para quebrar o gelo entre eles, as duas moças dominaram seu tempo pelo resto da semana, o arrastando e sendo arrastadas pelos recantos da cidade que tinha muito a oferecer: pubs, feiras, museus, teatros, lojas, parques, restaurantes, mercados ao ar livre, antigas catedrais, sem contar que em algumas noites ele ainda trabalhava em alguma das inúmeras boates e casas noturnas londrinas. Pelo menos no trabalho dele as duas ainda não tinham aparecido, mas ele sabia que era somente uma questão de tempo até as duas doidivanas "se convidarem" para vê-lo atrás do balcão.

De um encontro improvável, brotava uma amizade considerada impossível. A Parkinson passou a ser Pansy, Grengrass tornou-se Daphne e Potter virou o Harry, numa amena transição durante a semana de convivência quase diária.

Hoje mais uma vez almoçavam os três no Nobu da Berkeley Street, próximos de uma das graciosas janelas panorâmicas desfrutavam um prato apreciado por Harry, o sushi, e apesar de Pansy ter torcido o nariz de inicio, logo deu o braço a torcer, e seu paladar apurado se rendeu ao delicioso prato oriental.

- Muito bem, agora você vai comigo até uma de minhas boutiques, - e já prevendo a negativa ela cortou – nem tente discutir Harry, você está se esquivando há dias e eu estou doida para te ver trajando alguns dos modelos que tenho expostos.

Com seu protesto brutalmente interrompido, o moreno sorriu desolado, sabendo que estava encrencado pelo resto do dia, e como felizmente não tinha compromissos se deixou arrastar pelas duas, mais uma vez. Não havia como negar, aquelas quase duas semanas estavam sendo inexplicavelmente interessantes. E embarcando na limusine de Pansy lá se foram, a loira se recusava terminantemente a dirigir, segundo ela, para isto é que existiam limusines e motoristas.

No Bairro de Mayfair eles desceram na New Bond Street. Diva´s Den, a boutique de Pansy, tinha um endereço nobre ao lado de outras tantas casas de estilistas internacionais. A fachada austera exalava classe e bom gosto, atraindo aqueles que não tinham necessidade de conferir etiquetas de preço; as peças eram todas de estilistas ainda em começo de carreira, futuras promessas do circuito mundial da moda e a loira tinha um faro especial para garimpar as escolas de moda e selecionar as peças que fariam a voga da estação. Entre taças de champanhe e roupas com preços que fariam muitas pessoas enfartarem, a tarde passou num piscar de olhos.

Quando o celular de Pansy tocou, ela o atendeu de maneira rápida, não dando tempo do noivo nem ao menos retrucar: - Blaise querido, agora estou muito ocupada, depois entro em contato, beijos!

E desligou despreocupada, vendo seus acompanhantes caírem na risada diante de sua atitude. Pobre Blaise! Aqueles dias deviam estar sendo uma provação para ele, a loira o havia praticamente abandonado. Ao redor deles, nas poltronas vestidos, ternos, calças, saias, casaquinhos, camisas, coletes, lenços, acessórios e sapatos se encontravam espalhados ao acaso, a tarde findava em tons de laranja e rosa do lado de fora, tingindo os modernos prédios espelhados e espalhando sombras coloridas nos prédios da antiga Londres.

Harry suspirou profundamente, precisava descansar por algumas horas, pois naquela noite trabalharia numa das mais badalas casas noturnas de Londres.

- Senhoritas, devo me retirar, essa noite tenho trabalho marcado. – disse ele batendo as mãos nos braços da poltrona.

- Onde você vai dar o ar da graça meu Belo?

Harry a olhou estreitando os olhos verdes. Pansy tinha encafifado com aquele apelido e ele resolveu não se incomodar.

- No Fabric. Vou atender a área VIP.

- Hum... Que chique! Sua cotação está alta, não é mesmo? – espetou-o.

- Talvez.

- Sempre modesto, Potter. – respondeu ela com falso nojo, jogando nele um longo lenço de diáfana seda negra – Tome, é um presente meu, mas quero ver você usando hoje à noite.

- Pansy...

- O que? Você realmente achou que iríamos deixar passar uma oportunidade destas? – Daphne entrou na conversa o fitando divertida. – Deixa de ser inocente Harry! Vou até deixar você escolher meu drink.

Inspirando e exalando com calma, ele fechou os olhos. Sabia que não teria escapatória, as meninas tinham passado aqueles dias todos coladas nele, e não se livraria delas tão cedo: - Certo, quando estiverem na entrada do clube procurem por Malachi, deixarei seus nomes com ele. – Nem bem fechou a boca as duas estavam em cima dele num acesso de gritinhos agudos e alegres. O "tempo de folga" não tinha durado muito.

Que os anjos e santos tivessem piedade da sua alma, rogou o moreno voltando os olhos para o céu, enquanto se punha de pé afastando as duas de si depois da comemoração. A noite prometia.

Já de volta ao hotel, se pôs a pensar naqueles dias passados ao lado das duas moças. Acomodando-se no enorme sofá a fim de tirar um cochilo, analisou as mudanças de personalidade das garotas. Ambas haviam mudado bastante desde a época da escola. Claro que ainda eram arrogantes, prepotentes, orgulhosas e tinham línguas afiadas, porém estavam bem mais comedidas e afáveis, se permitindo demonstrar emoções, e a frieza total da época do Instituto estava bastante amenizada. "OK", ele suspirou, "o tempo também passou para elas", e com este ultimo pensamento, adormeceu.


PEDIDO DE AJUDA: alguém se habilita a me dizer como faço para que o espaço entre as linhas seja maior? Ou como faço para acertar as bordas do texto? Toda ajuda será muito bem vinda, por que eu juro que não desvendei este mistério ainda. :)

NOTAS EXPLICATIVAS:

Algumas pessoas confundem androginia com hermafroditismo, mas elas são diferentes. Abaixo estou colocando de forma sucinta uma pequena explicação sobre cada uma:

1 – Androginia: mistura de características femininas e masculinas em um único ser, ou uma forma de descrever algo que não é nem masculino nem feminino. O andrógino é aquele (a) que tem características físicas e, em aditivo, as comportamentais de ambos os sexos. Assim sendo, torna-se difícil definir a que gênero pertence uma pessoa andrógina apenas por sua aparência. Andróginos que prezam por sua androginia, mormente utilizam de adereços femininos, no caso de homens, ou masculinos, no caso de mulheres, para ressaltar a dualidade. Dado isso, tende-se a pressupor que os andróginos sejam invariavelmente homossexuais ou bissexuais, o que não é verdade, uma vez que a androginia ou é um caráter do comportamento e da aparência individual de uma pessoa ou mesmo sua condição sexual psicológica, nada tendo a ver com a orientação sexual (ou identificação sexual), ou seja, a atração erótica por determinado parceiro. Desse modo, pessoas andróginas podem se identificar como homossexuais, heterossexuais, bissexuais, assexuais, ou, ainda, pansexuais.

2 – Hermafroditismo: chama-se hermafrodita (do nome do deus grego Hermafrodito, filho de Hermes e de Afrodite – respectivamente representantes dos gêneros masculino e feminino) um ser ou animal que possui órgãos sexuais dos dois sexos, numa espécie dioica (ou seja, em que normalmente os sexos se encontram em indivíduos separados) podem aparecer indivíduos hermafroditas, mas geralmente por um processo teratológico, ou seja, por uma má formação embrionária. Existem três tipos de hermafroditismo humano: o hermafroditismo verdadeiro, o pseudo-hermafroditismo masculino e o pseudo-hermafroditismo feminino. Convém notar também que os hermafroditas são frequentemente estéreis (e que todos os hermafroditas verdadeiros são estéreis). No tratamento do hermafroditismo humano recorre-se muitas vezes a uma cirurgia para se definir o sexo. Segundo especialistas, a maior dificuldade está em se definir o momento correto da cirurgia. A opinião crescente é de que a pessoa hermafrodita possa escolher por si mesma se ela deseja a cirurgia e, nesse caso, qual o sexo desejado.

Para mais informações usem sites de pesquisas. Aqui eu só quis pontuar a diferença entre os dois.

NOTA AUTORA:

E bem, me digam o que acharam deste começo de fic?

Promissor? Mereço tomates?

Como podem ver é mais uma de parceria com a Topaz, e já aviso que ela não será grande, no máximo uns cinco capítulos se tantos. Mas prometo muitas emoções: um Harry feminino sem ser afeminado e um Draco lindo sendo ele mesmo. Ops! Falei demais. ;)

Vamos nessa!

Beijos!

Fabianadat

NOTA DA BETA:

Oi pessoal! Ói nóis aqui, traveiz!

A bruxa má do sul está de volta em mais uma deliciosa aventura Potteriana, desta vez betando a minha amiga e candidata a "Rainha das lemon" Fabianadat.

Espero que tenham gostado do cap., vem muito mais por aí!

See you soon! Bye!