Mais uma fic quentinha para vocês. Nessa fic somente a Kagome narra. A fic também está disponível em um link que está no meu perfil. Nesse link, você pode ler rapidamente e com segurança, não corre o risco de vírus nem aparecem anúncios ou propagandas. Obrigada. OS PERSONAGENS SÃO DA RUMIKO.
Kagome Higurashi, esse é o meu nome. A porcaria do nome que me traz tanto prestígio sem que eu tenha feito coisa nenhuma. Meu pai é um homem de prestígio e a minha mãe é uma mulher da sociedade. Eca. Todos esperam que eu seja como a minha mãe e que o meu irmão mais velho, Souta, assuma os negócios da família como o meu pai. O único problema é que meu irmão não tem o mínimo interesse em qualquer negócio da família e que eu simplesmente detesto ficar com aquelas mulheres que se dizem amigas da minha mãe.
Suspirei alto. Era a última aula e estava simplesmente entediante. Suspirei novamente. Essa professora odeia isso. E se eu não quero ficar, vou fazer com que ela me expulse da aula. Estralei os dedos da mão preguiçosamente, me alonguei e suspirei novamente. Nada. Ela quer guerra? Hora de pegar pesado. Soltei um imenso bocejo e a professora se virou.
- Higurashi, para fora agora! – ela gritou.
- Obrigada. – falei sorrindo, juntei as minhas coisas e saí da sala.
Antes de sair, pisquei para a minha única amiga: Sango. Sango tinha olhos castanhos e cabelos pretos que costumava prender em um rabo de cavalo alto e um corpo que faz inveja em qualquer garota. Menos em mim, é claro. O fato é: estou pouco me lixando. Para o colégio, para os pais, para os garotos, para a aparência. Estou. Pouco. Me. Lixando. As pessoas costumam me criticar. Keh. Queria só ver elas no meu lugar.
Olhei em volta e o encontrei. Miroku é o meu único amigo homem. Ele é parecido comigo, uma versão masculina de mim. Ele é o meu "pretendente para noivo perfeito", como diz a minha mãe. O fato é que desde que nós nos conhecemos, a minha mãe sonha em nos juntar. Claro, por que não sabe como o Miroku é de verdade. Mas o Miroku gosta mesmo é da Sango. Eles ficam de vez em quando, mas não é nada sério. Se bem que com o Miroku, nada nunca é sério.
- Olá, Higurashi. – ele me cumprimentou – O que há de bom?
- Nada. – falei me sentando ao seu lado – E você?
- Aniversário do Inuyasha. – ele disse.
- O irmão mais novo do Sesshoumaru? – perguntei.
- Esse mesmo. – ele disse.
Essa ia ser boa. O Inuyasha é o oposto de mim: sempre ocupado em agradar tudo e todos. Não sei como uma pessoa assim vive. Melhor, como sobrevive. Por que viver assim não é vida. É sobreviver. Adoro irritar o Inuyasha. Mas legal mesmo é o irmão dele, Sesshoumaru. Aquele sim é uma cópia minha, mas ainda menos preocupado. Ele só se preocupa com uma coisa na realidade: infernizar a vida (ou sobrevida) do irmão mais novo.
- Eu vou. – informei.
- Você não recebeu o convite, recebeu? – ele perguntou, erguendo uma sobrancelha.
- Isso é um detalhe. – sorri de canto – Consigo rapidinho.
- Você vai mesmo querer ir? – ele me perguntou.
- Lógico, porque não? – perguntei.
- Pois a Kikyou vai também. – ele me informou.
- Keh. – falei torcendo o nariz.
Kikyou é a garota mais insuportável que eu conheço. Talvez por que ela se pareça com uma das "amigas" da minha mãe: bonita por fora, sem conteúdo nenhum por dentro. Talvez a burrice da Kikyou tenha sido causada por algum daqueles sete sprays de cabelo que ela usa por que né...
- Eu vou mesmo assim. – falei – Vou arrumar meu convite. – informei e subi a escada para a sala da faculdade.
O edifício em que eu estudo é um prédio dois em um: faculdade e escola. Ainda bem, pois assim o Sesshoumaru não fica muito longe. Olhem as suas mentes maldosas. Sesshoumaru é um irmão mais velho super, super, super legal. Bati na porta da sala e a entreabri.
- Tenho um recado da Sra. Taisho para o Sr. Sesshoumaru. – falei e o professor pediu que Sesshoumaru saísse.
- O que é que você quer? – perguntou ele saindo.
- Um convite. – falei sorrindo.
- Vai arruinar a festa? – ele perguntou.
- Talvez. – falei.
- Só espero que não vá vestida com esses trapos. – ele riu e me entregou um convite.
- Sesshoumaru, eu te amo. – falei.
- Eu sei, eu sei. – ele falou convencido e sorriu.
Sesshoumaru se acha. Mas bem que ele pode. Forte, alto e inteligente. Esse garoto é uma peste viva.
- Vou usar algo bem legal. – sorri sinistramente.
- Ih, eu vou querer ver essa de camarote. – ele riu.
- Como conseguiu o convite? – perguntei.
- O Inuyasha me deu dois: um para mim e um para a Kagura. – ele disse – Mas eu não vou levar ela. – ele deu de ombros.
- Sei... – falei me fingindo de desinteressada – Por acaso você sabe se a Rin vai? – perguntei.
- Ela é amiga de todo mundo. – ele deu de ombros – Deve ir.
- Sei... – falei maliciosa.
- Ah, vai pastar, sua vaca. – ele falou.
- Vou sim. – provoquei – Muu... – falei me virando.
- E vai logo! – ele riu me empurrando.
- Fuck you, fuck you very, very, much... – fui cantarolando e me abanando com o meu convite recém-adiquirido.
Esbarrei em alguém acidentalmente. Ops. Sorri meu melhor sorriso de desculpa a ver que era Rin. Ela era a única neutra da escola. Neutra = pessoa que se dá bem com todo mundo e entende a todos. Ela era a queda de Sesshoumaru. Eu sei, pois tenho muita prática em ler as expressões dele.
- Olá, Rin! – falei.
- Olá, Kagome! – ela falou.
- Sabe, acabei de falar com o Sesshoumaru... – falei fingindo descaso.
- E ele? – ela perguntou ansiosa.
- Ele me arranjou um convite para a festa do irmão dele. – falei – Você vai? – perguntei.
- Vou, sim. – ela sorriu – Vou com o Kohaku. Ele me convidou ontem.
- Uh, isso não vai prestar. – falei sorrindo – Adoro.
Depois desse feliz comentário, saí andando feliz para onde eu vira o Miroku. O avistei logo com o Inuyasha e a vaca da Kikyou. Andei até eles e dei um sorriso cínico. Sentei-me entre Inuyasha e Miroku.
- Olá, Inuyasha. – falei.
- Oi, Kagome. – ele disse inseguro.
- Obrigada pelo convite para o seu aniversário. – falei sorrindo ainda mais.
- Eu não te convidei. – ele disse.
- Na verdade, convidou. – falei mostrando o convite – Sabe como é, nunca perco uma boa festa. E a Rin vai com o Kohaku, então essa vai ser uma festa daquelas. – informei.
- Ah, droga! – ele disse – Não posso ter confusão na minha festa. – ele passou a mão pelas mechas loiras e lisas do cabelo.
- Então sugiro que só deixe as pessoas certas entrarem. – sorri – Te vejo lá, aniversariante. – falei e saí rindo alto.
- Ela não pode ir. – ouvi Kikyou gritar – Ela é problema.
- Esse é meu verdadeiro sobrenome! – gritei por cima do ombro.
Ah, essa vai ser muito boa. A Kikyou e eu, o Kohaku e o Sesshoumaru. Essa festa só pode acabar em uma coisa: confusão. A-d-o-r-o. Meu sorriso se desfez ao ver o motorista da minha mãe. Provavelmente ela teria vindo fazer uma visita para "saber como eu vou na escola". Explico o porquê das aspas. Pois minha mãe só vem até a minha escola para fazer visitas sociais. Quando me viu, seu sorriso também sumiu.
- Minha filha, o que está fazendo fora da sala? – ela perguntou.
- Não assistindo aula. – falei sinceramente.
- Vá logo para casa antes que alguém nos veja aqui. – ela ordenou – O nosso motorista vai levá-la. Sabe de uma? Tenho uma notícia ótima para você. Vou falar com você depois de saber sobre suas notas.
- Tanto faz. – falei, começando a andar para longe dela.
- Tanto faz? – ela perguntou se fazendo de ressentida e eu dei de ombros entrando no carro.
Fui balançando a perna todo o caminha até chegar em casa. Suspirei antes de entrar. Minha casa não era uma casa. Era uma mansão. Balancei a cabeça em desaprovação. Tanta gente querendo um barraco e o meu pai desperdiçando aquela área com uma mansão. Com certeza ele pode se livrar de alguma área, mas a minha mãe quem impressionar as "amigas". Chamaram-me de perturbada quando eu sugeri pelo menos doar a área da quadra de tênis.
Batendo o pé irritada como sempre, entrei em casa e fui direto para o meu quarto. Meu quarto é o pesadelo de qualquer menina: todo preto e bagunçado, pôsteres de bandas espalhados por toda parte e as coisas trocadas de lugar: na sapateira colméia ficavam as minhas roupas, no guarda-roupa se encontravam livros de escola, na estante estavam os meus sapatos e mais outras variedades no chão. Olhei a minha cama. Ela tinha tanta coisa em cima... Gemi. Joguei a mochila no chão e me enterrei em baixo do cobertor, derrubando alguns presentes da minha mãe. Suspirei.
X-x-X
Acordei com um grito.
- Levante daí agora mesmo, mocinha! – gritava a minha mãe.
- O que você quer? – perguntei sonolenta.
- Você não ia à festa do Inuyasha? – ela perguntou.
- Quem te contou? - perguntei assustada.
- As minhas fontes. – ela sorriu – Comprei um vestido para você especialmente para essa festa.
- Vestido? – perguntei – Olha a minha cara de quem usa vestido. – falei e me levantei sonolenta, enchendo a pia do banheiro (meu quarto era uma suíte, quanto desperdício) e enfiando a cabeça lá depois. Fiquei o máximo que pude com a cabeça debaixo da água então tirei a cabeça de vez, jogando o cabelo para trás.
- Você deveria se cuidar mais. – ela disse horrorizada.
- Tenho mais o que fazer, obrigada. – falei.
- Vá se arrumar ou você irá para um jantar. – ela ameaçou – Com o seu novo pretendente.
- O que há de errado com o Miroku? – perguntei enquanto olhava na estante algum sapato – O quê... – meu queixo caiu e eu fiquei sem palavras.
- Você tem um sono pesado. – falou a minha mãe – Contratei sete pessoas para arrumar seu quarto e todas elas saíram daqui exaustas.
- Você o bagunçou todo! – falei – Agora eu não sei onde estão as minhas coisas! – resmunguei.
- Bem, agora vá se arrumar e use este vestido! – ela me estendeu um vestido e eu franzi o rosto.
- Tenho mesmo que usar isso? – perguntei.
- Logicamente, sim. – ela respondeu e deixou o vestido em cima da minha cama e saiu.
Resmungando, olhei a sapateira colméia. Ela não só bagunçou o meu quarto como confiscou todas as minhas coisas mais legais: meus tênis, meus casacos com capuz, minhas calças largas, minhas blusas xadrezes, meus elásticos para cabelo e o meu lápis de olho azul-marinho. Ela até acrescentou uma penteadeira com três estojos enormes de maquiagem! Xinguei-a mentalmente enquanto tomava banho.
Saí do banho enrolada numa toalha e vesti o vestido de mal-grado. Peguei o menor salto da sapateira e passei um lápis de olho. Resmunguei e xinguei até me sentir menos nervosa e saí. Tive uma ideia genial: vou fazer mechas no meu cabelo... Vou fazer verdes e roxas, deve ficar legal e amenizar o ar de santa que a minha mãe me obrigou a usar.
- Como está linda, a minha garota. – disse meu pai.
- Aham, acredito. – ironizei.
- Uma foto! – minha mãe falou e eu fiz careta quando ela tirou foto – Filha, dê um sorriso.
- Nem depois de morta. – falei e peguei o telefone fixo.
- Alô? – perguntou Miroku.
- Venha me buscar agora. – ordenei.
- Sim, senhora. – ele falou e eu ri.
- Imbecil. – falei soprando a franja que caia no meu olho.
- Eu também te amo, tchau. – ele desligou.
- Keh. – resmunguei – Convencido.
- Falando do Miroku. – minha mãe se intrometeu – Tenho uma novidade: não vamos mais casar vocês.
- Tomaram juízo? – perguntei ironicamente.
- Achamos um pretendente melhor! – ela anunciou batendo palmas – Kagome, conheça o Kouga.
- Olá. – disse um garoto.
Moreno, olhos azuis, cabelo longo e um sorriso cativante. Eca! Um mauricinho condenado.
- E aí, o que é que rola? – perguntei assentindo.
- Tudo bem, e você? – ele perguntou.
- Tudo rolando. – falei sem prestar real atenção e fui até a cozinha.
Abri a geladeira e vi uns lanches gelados. Hum, sorvete! Peguei um pote e duas colheres. Será que o mauricinho gosta? Ah, se não gostar sobra mais para mim.
- Quer? – perguntei sentando no sofá em posição de lótus.
- Claro, amo sorvete. – ele disse e sentou do meu lado.
- OK, lá vamos nós. – falei suspirando – Não quero receber flores, não gosto de anéis, detesto rosa e eu não estou nem um pouco a fim de falar com você, mas eu quero me livrar da minha mãe que se diz legal, então vai ser assim.
- Que bom, detesto patricinhas. – ele disse e eu sorri.
- Gostei de você. – falei.
- Senhorita, o Miroku a espera. – falou meu mordomo.
- Hum, minha carona! – falei me levantando – Eu pareço a Kikyou. – gemi.
- Está linda. – Kouga falou.
- Valeu manolo. – falei sorrindo – Fui.
- Espero te encontrar depois. – ele me propôs.
- Provavelmente vai, a minha mãe e psicótica. – falei e acenei saindo.
- Uau, quem é essa? – perguntou Miroku.
- A senhora sua mãe. – falei entrando no carro sorrindo e mostrando o dedo do meio.
- Minha mãe ficou uma tentação. – ele falou.
- Nem pense nisso. – disse pondo os pés no painel.
- Ah, Kagome, tira os pés do painel, vai... – ele tentou me persuadir.
- Tentou Miroku. – falei.
- Garota-macho. – ele resmungou.
- Sou mesmo. – falei – Tem algo contra?
- Nada, mas você deveria ter. – ele comentou.
- Estou pouco me lixando para a sociedade. – falei estalando a língua – Recebi um pretendente hoje, cancelaram nossa sentença.
- Uhu! – ele comemorou.
- Não, volta. – falei – Você deve ficar triste. – expliquei – Recebi um pretendente hoje, cancelaram a nossa sentença.
- Mesmo? – Miroku disse se fingindo de triste.
- Ótimo. Agora pergunte "Quem era?". – ordenei.
- Quem era? – ele obedeceu.
- Sei lá manolo. – eu ri.
- Idiota. – ele falou rindo.
- Oba, confusão. – falei avistando Kohaku brigando com Sesshoumaru.
- Vai logo. – ele disse e eu ri, saindo do carro.
- Seu imbecil, é por isso que não tem amigos! – Kohaku disse para Sesshoumaru.
- Epa, epa, epa! – falei entrando no meio – Eu existo, sabia? – perguntei pondo uma mão na cintura.
- Kagome? – Kohaku perguntou assustado.
- Não. – falei – Sou a embaixadora dos Estados Unidos. – falei sarcástica – Ah, qual é. Vai procurar o que fazer, Kohaku! – peguei a mão de Sesshoumaru e o arrastei para longe.
- Nossa, você tem seios! – Sesshoumaru falou atrás de mim admirado.
- Não, a minha bunda foi para o meu tórax. – falei assentindo.
- Imbecil. – ele riu.
- Enfim, eu quero sorvete. – falei me sentando numa mesa com o nome "Kagura" escrito.
- Não tem isso. – ele informou enquanto eu rasgava o papel com o nome Kagura.
- Ah, é uma pena. – falei – Quieta essa bunda na cadeira antes que eu mesma te dê um chute.
- Sim, senhora! – ele riu e me obedeceu.
- Bem, e agora? – perguntei.
- Nós devemos conversar civilizadamente esperando algo para comer e depois conversar mais e depois ir embora.
- Já estou morrendo de tédio. – informei jogando a cabeça para trás.
- Que roupa é essa? – ele perguntou.
- A louca da minha mãe bagunçou o meu quarto. – informei – Está parecendo o seu quarto agora, mas ela se livrou de todas as minhas roupas legais e me deixou umas de patricinhas.
- Nossa, isso vai ser bom de ver. – ele sorriu.
- E tem mais: me arranjou um pretendente com o nome de Kouga que eu jamais tinha visto.
- Kouga? – Sesshoumaru gritou – Ele é o pior inimigo da nossa família, você não vai se casar com ele!
- Fale isso para a minha mãe. – falei calma.
- Aquele imbecil é mais esperto do que eu pensava... – ele raciocinou – Querendo ficar rico às suas custas...
- Ele vai se ferrar, por que eu vou trabalhar voluntariamente o resto da minha vida às suas custas. – falei sorrindo.
- Vai mesmo! – ele riu.
- Bem, acho que essa festa está muito chata. – falei – Vou procurar o Inuyasha e ajudar as garçonetes.
- Por quê? – ele perguntou.
- Por que eu quero. – falei sorrindo e saí.
Depois de um bom tempo procurando, ouvi o riso (se é que se pode chamar esse relinchar de riso) da Kikyou. Encontrei-a com Inuyasha e Miroku.
- Olha a minha amiga que era chata e virou linda! – Miroku me gritou.
- Linda? – perguntou – Estou parecendo uma vaca. – virei para o Inuyasha – Onde é a cozinha? Vou ajudar as garçonetes.
- Por quê? – ele perguntou.
- Mas você é uma cópia do Sesshoumaru, viu? – perguntei cansada – POR QUÊ. EU. QUERO.
- O.k. – ele falou franzindo a testa – Fica ali. – ele me apontou uma porta branca.
- Valeu, Inuyasha, te amo. – disse saindo em direção à cozinha.
- Sim? – perguntou um homem vestido de chef francês.
- Posso ajudar as garçonetes? – perguntei.
- Claro. – ele franziu a testa – Circule com isso, quando ficar vazio traga de volta e pegue outra cheia. – ele me apontou uma bandeja de sei lá o quê.
- Obrigada. – falei pegando e bandeja e saindo.
- Olha a Higurashi! – disse um garoto que eu reconheci como o "pegador" da escola.
- Ninguém é cego, não precisam do seu aviso. – falei sorrindo cinicamente.
- Você está linda. – ele continuou.
- Valeu. – falei me virando.
- Hei, vem aqui, fica comigo? – ele me perguntou.
- Tenho alergia à merda! – falei – Que pena.
- Olha aqui sua v... – ele começou.
Fui até ele, deixando a bandeja com um garoto no caminho e lhe apliquei um golpe de judô.
- Posso parecer uma patricinha, mas ainda sou eu. – falei – Cuidado com o que fala. – sorri cinicamente – Tenha uma ótima noite, imbecil.
- Sua bandeja. – falou o garoto rindo.
- Obrigada. – falei e saí feliz.
- Amei o escândalo. – falou Sango ao meu lado.
- Vaca! – falei a abraçando com um braço.
- Olá, como está? – ela perguntou.
- Olhe para mim e me diga você mesma. – falei dando uma volta.
- Morrendo de vontade de matar um? – ela sugeriu.
- Exatamente! – falei – Dez pontos para a Sango!
- Eu sei que arraso demais! – ela falou e eu ri – Por que está dando uma de garçonete?
- Me deu vontade. – dei de ombros.
- Você estava entediada e queria rondar para ver escândalos, não é? – ela perguntou.
- Na mosca. – eu ri.
- É, eu tenho esse dom! – ela se gabou.
- Não vai dar os parabéns do Inuyasha? – perguntei.
- Já dei, o que foi o seu presente? – ela perguntou.
- Sei lá. – dei de ombros – Não comprei nada, mas a minha mãe deve ter comprado.
- Kagome! – gritou Inuyasha indo até mim – Amei a guitarra que você me deu, obrigado.
- Mistério resolvido. – falei com Sango.
- Mas como vai você? – ele perguntou.
- Bem. – falei.
- Não vai perguntar como eu vou? – ele perguntou.
- Não. – respondi.
- Bem... – ele pareceu sem graça – E como estão as coisas na escola?
- Chatas. – falei.
- Não vai me perguntar como vão as minhas coisas na escola? – ele perguntou.
- Não. – neguei.
- Ah, bem, sendo assim... – ele falou sem graça – Eu vou tomar algo, quer?
- Não. – falei – Estou de boa.
- O.k. – ele disse e eu dei de ombros para Sango que riu.
- Você deveria pelo menos dar crédito a ele. – ela tentou me convencer – Não é todo garoto que tenta se aproximar de você.
- E só dois conseguiram. – sorri e pisquei.
- Ah, deixa essa bandeja, vamos dançar, vai! – falou ela já se mexendo ao som da batida.
- Eu não danço. – falei – E você sabe disso.
- Ah, Kagome, uma vez só! – ela tentou me persuadir.
- Vai com o Miroku, vou ficar bem. – falei.
- Não sei não... – ela me olhou desconfiada.
- Eu prometo. – prometi.
- Está bem. – ela disse indo procurar o Miroku.
Sorri de canto e continuei andando entre as pessoas. Logo a bandeja já estava vazia. Entrei na cozinha e sabe com quem eu dou de cara?
Sr. Taisho.
Minha mãe
Kikyou.
Parabéns a você que chutou a C. Eu encontrei a Kikyou. Com a minha sorte, eu não deveria me surpreender, mas é sempre uma desagradável surpresa lembrar da existência da Kikyou.
- Oras, Kagome, trabalhando? – ela perguntou falsamente interessada.
- Voluntária. – falei – Mas perdi a vontade quando te vi. Tchau.
- Até mais. – ela gritou estridentemente e eu tapei os meus ouvidos.
- Olá. – pude ouvir baixinho e destampei os ouvidos.
Olhei para trás e não acreditei no que vi. Minha mãe e o meu pai estavam com Kouga, que se vestia ainda mais socialmente. Meu queixo caiu. Tudo bem, eu posso não me importar com aparências, mas ainda sou mulher e convenhamos, o Kouga estava tudo de bom naquele terno.
- Oi. – falei ainda pasma – Mãe? Pai? O que vocês fazem aqui?
- Viemos dar feliz aniversário ao Inuyasha e ele pediu que nós entrássemos. – meu pai explicou.
- Todos vocês? – apontei Kouga.
- Hum, descrição zero. – ele comentou.
- É que um amigo meu disse que você era meio que arqui-rival da família Taisho. – expliquei.
- Meus pais sim, eu nunca os conheci. – ele deu de ombros.
- Bem, então está tudo esclarecido! – falei.
- Falta uma coisa: porque você estava com essa bandeja dando uma de garçonete, Kagome Higurashi? – minha mãe perguntou.
- Por que eu estava com tédio. – falei.
- Aí você vai dar uma de garçonete numa festa dessas? – minha mãe perguntou horrorizada.
- Basicamente isso. – falei.
- Porque você não é uma filha normal? – a minha mãe choramingou.
- Por que você é uma mãe louca. – respondi sinceramente.
- Está dizendo que é minha culpa você ser assim? – ela perguntou horrorizada.
- Isso foi por sua conta. – falei.
- Tudo bem, garotas, agora chega! – meu pai falou.
- Garota e velha. – comentei.
- Chega, Kagome! – meu pai me censurou – Vá ficar com a Sango. – não me mexi – Agora. – ele falou ameaçador.
- Ah, está bem! – falei – Vamos, Kouga. – o chamei e saímos da cozinha.
- Então, você não quer dançar? – ele perguntou.
- Sinto muito, eu não danço. – falei sorrindo de canto.
- Ah, tudo bem. – ele falou.
- Kagome! – ouvi me chamarem e sorri.
- Ah, é o Sesshoumaru! – falei me esticando para vê-lo.
- Ali! – Kouga me levantou um pouco pela cintura.
- Ah, vamos vê-lo! – falei sorrindo e o puxei pela mão até chegarmos a Sesshoumaru.
- Oi. – ele disse para mim – Porque você está com ele?
- Por que ele foi legal comigo. – falei.
- Eu sou o Kouga. – Kouga estendeu a mão educadamente.
- Sesshoumaru. – Sesshoumaru apertou a mão de Kouga contrariado.
- Ouvi falar muito de você, muito bem na verdade. – Kouga tentou socializar.
- Já eu não ouvi falar nada de bom, mas muita coisa de ruim. – Sesshoumaru falou.
- Sesshoumaru... – falei em tom de censura.
- Ouvi dizer que é mulherengo, mauricinho e que gosta de gastar dinheiro até com o ar. – ele continuou.
- Se você acreditar em tudo o que dizem, vai morrer sem saber de nada. – Kouga falou.
- Fala como um mauricinho qualquer. – Sesshoumaru falou de mau-humor.
- Ora, vamos, Sesshy. – falei me sentando ao seu lado – Aparências enganam.
- Vou dar a ele uma chance por sua causa, Kagome. – ele enfatizou – Por sua causa.
- Eu sei que você me ama. – comentei sorrindo cinicamente.
- Imbecil. – ele revirou os olhos.
- Senta aí Kouga. – falei.
- Esse lugar é para tal de Inuyasha. – ele disse olhando a placa.
- Era. – falei rasgando o papel – Senta aí.
- Muito bonito, Kagome. – falou Inuyasha atrás de mim.
- F**a-se. – falei sorrindo.
- Mais bonito ainda o seu vocabulário. – ele disse.
- Eu sei. – ironizei e mostrei a ele o dedo do meio.
- Eu deveria parar de tentar te educar. – ele disse.
- Também acho. – falei assentindo.
- Você é uma figura. – ele riu.
- Engraçado, sempre achei que fosse uma humana. – dei de ombros – Sempre fui esquisita mesmo.
- Muito bom, Kagome! – ele riu – Parece mesmo que você nem gosta de festas e está entediada.
- Eu estou. – afirmei e ele riu.
- Já pensou em ser atriz? – ele perguntou.
- Não sei mentir. – falei sinceramente.
- Você não quer dançar comigo? – ele perguntou me estendendo a mão.
- Eu não danço. – falei.
- Então venha beber algo comigo. – ele falou.
- Não estou afim. – recusei sinceramente.
- Você está me evitando? – ele perguntou confuso.
- Possivelmente. – respondi bocejando – Bem, isso aqui está muito legal...
- Sério? – perguntou Sesshoumaru.
- Não. – falei – E eu vou embora.
- Eu vou com você. – Kouga falou.
- Obrigada, Kouga! – falei sinceramente abrindo um sorriso.
- Kouga? – perguntou Inuyasha.
- Kouga, Inuyasha, um fardo que eu carrego. – falei gesticulando impaciente – Inuyasha, Kouga, o meu pretendente para casamento.
- Não era o Miroku? – ele franziu a testa.
- Era. – falei – Minha mãe mudou de ideia.
- Hum. – ele resmungou.
- Ah, qual é Inuyasha? – perguntei – Parece até o Sesshoumaru, vocês são mesmo irmãos. – resmunguei.
- Eu te levo em casa. – ele se ofereceu.
- Eu já tenho carona, você não vai querer parar a festa por minha causa. – revirei os olhos.
- Tente algo com ela, e eu arranco isso que você chama de cabeça. – falou Sesshoumaru ameaçador para Kouga.
- Urgh, vocês estão drogados hoje? – perguntei arrastando Kouga.
- Seus amigos são legais. – comentou Kouga rindo enquanto abria a porta do carro para mim.
- Normalmente eles são mais legais. – franzi a testa.
- Eu os entendo. – ele falou e deu a volta no carro, abriu a porta e sentou do meu lado – Eu não daria bobeira com uma amiga como você. – ele sorriu de canto.
- Você é tão romântico e galante que me dá nojo. – falei sinceramente.
- Achei que garotas gostassem disso. – ele franziu a testa.
- Garotas normais, na maioria, gostam. – falei – Mas para mim, é só você ser você mesmo.
- Legal. – ele disse – Você está parecendo uma vaca nisso.
- Eu sei! – falei – Minha mãe me obriga a usar essas coisas. – franzi a testa – Saudades das minhas roupas legais.
- Como... – ele perguntou.
- Blusas xadrezes, calças jeans folgadas, meus tênis, meus elásticos de cabelo, meu skate... – choraminguei.
- Bem... – ele riu – Acho que você deveria saber: minha mãe me transferiu para a sua classe.
- Minha escola? – perguntei.
- Exatamente. – ele confirmou acenando com a cabeça.
- Nossa, coitado de você... – falei.
- Mas eu vou estar com você. – ele sorriu.
- Mas eu durmo a aula toda. – informei.
- Como você passa de ano? – ele perguntou estranhando.
- Eu escuto enquanto durmo, é como escutar música dormindo. – dei de ombros – Eu gravo.
- Nossa. – ele falou surpreso.
- Pois é, eu tenho sorte. – eu falei sorrindo.
- Eu não. – ele falou e eu me irritei.
- Você tem duas pernas que funcionam, enquanto pessoas vivem sem elas. Você tem dois braços em perfeito estado, enquanto outras ainda tiveram que amputar. Você tem cabelo de sobra, enquanto crianças com câncer não tem nem um fio sequer. Você enxerga, enquanto tem não sei quantas pessoas cegas no mundo. Você escuta enquanto tem uns milhares de surdos no mundo. – falei e ergui a sobrancelha – Quer que eu continue?
- Não, obrigado. – ele disse – Eu retiro o que disse. Tenho muita sorte.
- Pois é. – falei cruzando os braços.
- Você é diferente, Kagome. – ele disse.
- Diferente bom ou ruim? – perguntei.
- Diferente incrível. – ele disse sorrindo – Tenho sorte de sobra por ter você como pretendente à minha esposa.
- Você grudou foi chiclete na cruz, isso sim! – falei sorrindo – Até, Kouga.
- Até. – ele segurou a minha mão que ia para a maçaneta do carro – Te levo amanhã para a escola, O.k.?
- O.k. – falei sorrindo e saí do carro.
- Até amanhã, sete horas. – ele sorriu e deu a partida.
- Até. – gritei acenando.
- Hum, vejo que se deu bem com o novo pretendente. - minha mãe falou maliciosa atrás de mim.
- É, ele disse que eu pareço uma vaca vestida assim. – afirmei sorrindo – Sabe, ele ganhou o meu respeito.
- Mas... – minha mãe falou, o queixo caído.
- Boa-noite, mãe. – falei entrando em casa.
x-X-x
Acordei super disposta. A dormir de novo. Resmungando, levantei e tomei um banho rápido. Olhei para o meu guarda-roupa e gemi. Hoje, um dia de frio, eu teria usado o meu moletom masculino gigante e uma calça jeans folgada. Mas agora as minhas opções eram: casaco rosa ou jeans e blusas decotadas ou de manga 3/4. Coloquei a blusa menos rosa que pude encontrar e um casaco jeans. Olhei para as partes de baixo: jeans colado ou saia de um palmo e meio? Jeans.
Desci a escada correndo e vi que faltavam vinte minutos para as sete. Comi algumas torradas, tomei um suco de laranja e peguei a minha bolsa surrada (que graças a Deus minha mãe não trocou por uma bolsa de patricinha) e escovei os dentes. Olhei para o relógio. Sete horas. Desci a escada novamente e fiquei esperando Kouga no portão.
- Bom dia. – disse alguém atrás da direção para onde eu olhava.
- Olá! – falei sorrindo.
Kouga estava com uma camisa de abotoar listrada e um jeans claro e sorria como se estivasse ganhando o dia.
- Alguém viu um passarinho verde. – comentei entrando no carro.
- Melhor. – ele disse sorrindo – Vi você.
- E isso é bom? – perguntei estranhando.
- Não existe ninguém no mundo igual a você. – ele disse sorrindo e começando a dirigir.
- Sorte do mundo. – resmunguei e ele riu alto.
- Você é muito legal, Kagome. – ele disse sorrindo.
- Você tem um gosto esquisito, Kouga. – falei.
- Mas e então, posso lhe fazer um interrogatório? – ele perguntou sorrindo.
- Claro, se não for morrer de tédio... – falei dando de ombros.
- Qual é a sua cor predileta? – ele começou.
- Depende. Essa semana eu gosto de roxo. – falei sincera.
- O que você gosta de fazer para ficar feliz? – ele continuou.
- Dormir. – falei bocejando.
- Qual é o seu livro predileto? – ele perguntou.
- Harry Potter e as Relíquias da Morte. – respondi automaticamente.
- Qual é a sua cantora predileta?
- Lady Gaga. – respondi.
- Por quê? – ele ficou confuso.
- Por que ela está pouco se lixando para o que as pessoas falam das roupas dela e ela canta bem. – falei dando de ombros.
- Mania irritante.
- Morder o lábio inferior.
- Um sonho. – ele falou estacionando.
- Que o mundo parasse de ser tão egoísta. – falei saindo do carro.
- Uau. – ele disse.
- O quê? – falei sem entender.
- Você é perfeita. – ele falou se aproximando de mim.
- Ninguém é perfeito. – falei e me virei para encontrar Sango.
- Bom dia, amiga! – gritou Sango vindo até mim – Bom dia, Kouga.
- Olá. – falei.
- Bom dia. – Kouga disse.
- Qual é a primeira aula? – perguntei para Sango.
- Matemática. – ela me informou.
- Quem é o sem noção que põe matemática no primeiro horário? – perguntei para ninguém.
- O diretor. – fala uma voz masculina atrás de mim.
- Bom dia, Sesshoumaru. – falei.
- O que é que há de bom? – ele perguntou passando para o meu lado.
- Tem razão. – falei.
- Vocês são tão pessimistas. – falou Sango revirando os olhos.
- Não, somos realistas. – falei – Tem uma grande trincheira entre os dois.
- Eca, isso me fez lembrar de história. – Sango estremeceu.
- Onde está o Miroku? – perguntei.
- Provavelmente agarrando alguém. – Sesshoumaru falou.
- Dito e feito. – falei ouvindo um grito e um som de tapa.
- Bom dia, Kagome! – Miroku falou – Kagome?
- Não, a primeira dama dos EUA. – falei.
- Você tem algo com o EUA. – Miroku falou massageando a bochecha.
- E você tem algo com rabos de saia. – falei sorrindo.
- Mas eu sou homem. – ele tentou se explicar.
- Isso não justifica você ser imbecil. – falei e mostrei o dedo do meio.
- Boas maneiras, Kagome. – falou Inuyasha vindo até mim sendo seguido por Kikyou.
- Quem inventou as boas maneiras? – perguntei.
- Como? – ele franziu a testa.
- Exatamente. – falei sorrindo.
- Não liga, meu amor, ela é maluca mesmo. – falou Kikyou.
- Ninguém perguntou a você sobre a minha sanidade. – falei.
- Ouch. – falou Sesshoumaru rindo alto.
- Sesshoumaru, não devemos rir da Kikyou só por que ela é metida, fica pisando em cima de todo mundo, acha que todos devem ser seus criados... O.k., pode rir. – desisti.
- Obrigado. – falou Sesshoumaru rindo.
- Vocês são malucos. – disse Kouga observando eu balançar a cabeça negativamente enquanto Sesshoumaru ria.
- Só veio perceber isso agora? – perguntei.
- Boa. – ele riu.
- Eu sei. – falei assoprando as unhas e Miroku riu.
- Já está quase na hora, é melhor irmos para a sala. – disse Sango olhando o relógio.
- Até mais, Sesshoumaru. – o abracei.
- Até, Kagome, venha me ver mais tarde. – ele falou me dando um beijo no topo da cabeça.
- Pode deixar. – falei e ele se foi.
- Ele não é da nossa sala? – perguntou Kouga confuso.
- Ele faz faculdade de direito. – informei começando a andar e sendo seguida por todos – O que é que todo mundo quer atrás de mim?
- Te perturbar. – falou Miroku abraçando a minha cintura.
- Miroku, desça essa mão e eu arranco isso que você chama de braço. – falei ameaçadora.
- O.k.! – ele ergueu as mãos.
- Vamos, pessoal, temos que estudar. – diz Sango sorrindo e abrindo a porta da classe.