Olááááá!

Demorei, mas cheguei.

É muita cara-de-pau demorar tanto para postar, mas eu fiz o que pude. Não me xinguem! (risos)

O capítulo a seguir é bastante angustiante. Foi tenso escrever.

Boa leitura!

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Capítulo VI

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— A guerra se aproxima...

Kardia voltou-se para a janela. A mão, inquieta, subiu até a cortina e agarrou-a em um gesto brusco, os dedos marcando o tecido com firmeza. Calvera permaneceu inerte, observando-o. Sua inquietude beirava a excitação e a abalava sobremaneira, mas ela não sabia como expressar o que sentia. Permaneceu calada.

— Sabe o quanto estive esperando por isso? – ele fez uma pausa, insuficiente para que ela pudesse responder algo, e prosseguiu com o monólogo – Eu estive esperando com sede, com necessidade... E ela, enfim, veio.

Kardia virou o rosto para Calvera, e uma expressão absolutamente colérica tomava conta de seu rosto. Aquela expressão poderia assustar alguém menos acostumado ao seu gênio, mas não a ela.

Mas mesmo para um homem treinado para matar, um cavaleiro letal como Kardia, aquela era uma missão extremamente delicada. Principalmente se fosse considerado o seu estado de saúde, sempre tão instável.

Silêncio.

O quarto estava mergulhado na penumbra, com alguns filetes de alvorada entrando timidamente pelas frestas, ainda muito tênues para romper efetivamente as sombras.

Após mais alguns momentos de silêncio, Kardia fez uma breve caminhada até a porta, enquanto apanhava as peças de roupa que tirara há momentos atrás com urgência. O único som que se podia ouvir no quarto era o do farfalhar das roupas e a respiração inquieta de Calvera.

Quando Kardia apanhou a maçaneta da porta, fazendo menção de sair, Calvera o interrompeu com a voz embargada.

— Então é isso.

O cavaleiro de escorpião olhou para ela. Pareceu desistir de sair o quarto e se aproximou da cama. Depositou ali as peças de roupa e então passou a se vestir. Calvera voltou mecanicamente a cabeça para ele, acompanhando remotamente seus movimentos, sem parecer ligeiramente interessada. Completada a tarefa, Kardia olhou mais uma vez para ela. Seus olhos ganharam uma tonalidade cinza, pela parca luz do ambiente.

— Este vai ser o meu grande momento, Calvera! Eu vou abater todos que passarem pelo meu caminho, vou perfurá-los e mostrar a todos o alcance do meu poder. Eu vou esmagar até os deuses, se eles ousarem cruzar o meu caminho. Todos ficarão imobilizados, entregues a mim. Eu farei com que todos se ajoelhem diante do GRANDE KAR...

— CALE A BOCA! PELOS DEUSES, CALE A BOCA! – Calvera gritou e sua voz parecia rasgar-lhe a garganta. Kardia arregalou os olhos, surpreso com a interrupção.

O cavaleiro franziu a testa e uma veia saltou de seu queixo, que pareceu travar. Calvera estava enrolada nos lençóis da cama desfeita, momentos após se entregarem um ao outro, e parecia agora capaz de agredi-lo.

— VOCÊ JÁ PENSOU QUE PODE MORRER? VOCÊ JÁ PENSOU NISSO? QUER QUE EU REAJA COM ALEGRIA?

— ... – Os olhos de Kardia relaxaram a expressão, ainda observando-a.

— Você... Não entendo como... Como pode desejar morrer... Desejar abraçar a morte tão... calorosamente... Não tem medo? O modo como fala faz parecer que deseja não somente mostrar sua força, mas afundar junto com todo o pandemônio que ela irá causar... O seu coração, ele... – a taverneira começou a ficar sem fôlego de tanto falar e se sentiu cansada com toda aquela tensão.

— Calvera...

A morena subiu os olhos para encará-lo, mas foi surpreendida por um abraço. A voz controlada do escorpiano retumbou em seus ouvidos em um tom fatídico, que não lhe soou aconchegante, apesar da intenção.

— Será feito o que nasci destinado a fazer. Se eu tiver que morrer nesta batalha, esta será a minha sina.

— ...

— Eu não temo a morte. Quero encará-la nos olhos. Se eu perder esta chance, nunca terei oportunidade igual de testar até onde posso ir. E se eu sucumbir... — pausou — é porque não fui forte o bastante para suportar o desafio. É justo.

— ...

Ele se afastou lentamente de Calvera e ela permaneceu com o olhar baixo. Ele não podia ver seu rosto muito bem, pois o cabelo negro e pesado fazia sombras sobre ele. Não tendo resposta, decidiu deixar Calvera em silêncio. Ela tinha um gênio forte e não fazia sentido estender algo que já havia sido ajustado desde o dia em que ele tivera êxito em ser escolhido como o Cavaleiro de Ouro de Escorpião.

Mais nenhuma palavra foi dita. O silêncio no quarto só foi rompido com o baque surdo da porta. E, alguns instantes depois, outro baque distante, da porta de entrada no piso abaixo.

O dia amanheceu bonito e luminoso, mas não poderia haver mais tristeza dentro daquela casa.

No íntimo de Calvera, retumbava uma tempestade.

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Santuário de Atena,

Salão do Grande Mestre

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Naquela tarde de sol quente, convocações chegaram às casas do Zodíaco. Em resposta, todos os cavaleiros da elite dourada de Atena compareceram ao Salão do Grande Mestre. Em clima de solenidade, em formação padrão, aguardaram a aparição de Sage.

Quando o lemuriano enfim surgiu por detrás das cortinas vermelhas, com o elmo de Grande Mestre posto, seu tom era grave e de anunciação.

É chegada a hora.

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Em questão de dias, os conflitos foram iniciados. Os reportes de baixas no exército de Atena eram constantes. Com o avanço das tropas de Hades, ações mais drásticas tiveram de ser tomadas. Os cavaleiros dourados começaram a ser designados para investidas externas e para missões adjacentes ao povoado, com o objetivo de garantir frentes de ataque e defesa do Santuário. O dever principal era proteger a sagrada deusa reencarnada.

Nos confrontos que se seguiram, os guerreiros honraram suas armaduras e suas almas gloriosas, sucumbindo em batalha e derrotando vários inimigos ao longo do percurso estabelecido previamente por estratégia.

Albafica de Peixes foi o primeiro. Morreu agindo com generosidade: protegeu o vilarejo próximo ao Santuário, derrotando alguns espectros e levando consigo um dos juízes da morte, o cruel Minos de Griffon.

Asmita de Virgem teve seu cosmo drenado em um ato de sacrifício.

Hasgard, o Aldebaran de Touro, lutou contra o irascível Kagaho de Benu, um cão fiel do Imperador das Trevas, e acabou por sucumbir em uma batalha posterior contra o espectro de Kiew.

Manigold de Câncer morreu de forma inusitada, tal qual viveu a sua vida. Desafiou a um deus e conseguiu atingir seu recipiente mortal, levando-o junto consigo em uma autocombustão.

El Cid de Capricórnio sucumbiu com a seriedade e firmeza que lhe eram próprias. Mesmo com a perda de seus membros, continuou a lutar até que lhe faltassem as forças e lhe fosse extinta a última gota de vida.

O regimento ia ficando cada vez menor. Dohko de Libra e Shion de Áries haviam saído em missão. No Santuário, apenas o geminiano, o leonino, o escorpiano e o aquariano aguardavam ordens.

Logo veio a ordem para Dégel de Aquário e Kardia de Escorpião. Os dois deveriam partir, imediatamente, para Bluegraad.

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Calvera não havia visto Kardia desde aquela fatídica conversa.

Não podia acreditar como tudo havia acontecido. Os dois haviam partilhado momentos juntos e agora ele havia ido. Simplesmente ido. E para a guerra.

E talvez para sempre.

Ela aguardou por toda a semana, pelo menos por uma missiva.

Mas nada chegou às suas mãos.

Na taverna, já havia perdido a conta de quantas confusões de pedidos havia feito, quantas distrações infundadas tivera ou quantas louças quebrara.

E cada notícia que ouvia a respeito das baixas no sagrado exército de Atena só fazia deixá-la ainda mais abalada.

Mas era como se houvessem atado suas mãos e ela nada podia fazer, senão esperar por notícias.

E, em passividade, esperou.

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Continua...

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É isso aí pessoal. Estamos caminhando para a reta final da história.

Faltam apenas 2 capítulos para terminar. Êeeeeeeeeeeee!

Este capítulo ficou mais enxuto, porque foi mais emocional. Eu fiz com um tom de mais agilidade para dar a impressão de passagem atribulada de tempo. Sabe quando a gente está passando por um momento difícil e as coisas parecem tropeçar umas nas outras, em confusão, porque nosso estado de fragilidade não nos possibilita ver as coisas com a percepção normal? Pois então, eu nunca senti isso, mas imagino que seja assim. Hahahaha... [ Alguém entendeu o que eu quis dizer? É isso mesmo, produção? Kkkkkkk...]

Bom, eu tomei a liberdade para aparar umas arestas e não me prendi muito à alguns detalhes mínimos da história original para não ficar dando aqueeelas explicações redondinhas, extensas e cansativas. O que importa é que faça sentido. [E espero que tenha feito!]

Quero fazer um agradecimento MUITO ESPECIAL aos leitores, principalmente
àqueles que estão me dando uma força extremamente importante pelas reviews. Vocês são adoráveis! *-*

Lady Hyoko, Scarlett Mayfair, FullMetal Ikarus, Lannyluck, RenataThais, Girtab Scorpii, Hikari Nemuru e Notte di Luce, obrigada pelo incentivo! De coração! Espero que continuem acompanhando. Suas opiniões são super importantes para a "escritora" aqui.

* Update 11/03: Obrigada, Black Scorpio no Nyx! A cabeça de vento aqui esqueceu de agradecer a sua review do capítulo passado. Agradeço de coração pelos elogios e pelo estímulo, Juh!

Hasta la vista,

R.K.