Aviso: Twilight não me pertence.

Essa o/s pertence a uma brincadeira de amigo oculto entre as autoras: blueberrytree, Carol Venancio, Cella E.S, GiulyCerceau, Isa Vanzeler, Lali Motoko, Oh Carol e Tatyperry.

Algumas das meninas não conseguiram terminar hoje, mas durante a semana provavelmente todas terminarão. Tem uma comunidade com todas elas chamada "Amigo Oculto de Férias/Julho 2011", vocês as encontrarão no meu profile na parte de Community.

O tema da vez é "Férias" e cada uma de nós recebeu duas músicas e duas fotos da nossa amiga oculta para criar uma história, podendo escolher ao menos um desses itens.

Não deixem de conferir as outras ones no profile de cada autora.

Obrigada Lidia pelo apoio como beta, por aguentar meus 943878 e-mails e minha falta de responsabilidade com o prazo rs. Obrigada Dans, que além de amiga, está sempre pronta para me responder "Manda" quando eu falo "Quer ler um negócio que eu escrevi?".


No Caminho Certo

17 de julho. Portland, Oregon.

Isabella sabia desde cedo que essa viagem não era boa ideia. Agora, ouvindo as palavras de seu namorado, tinha certeza.

- Eu me formei. Não era óbvio que meu pai me colocaria como vice-presidente da empresa? Todos já estavam esperando por isso. Não se faça de inocente, Bella.

- Isso eu já sabia, mas jamais pensei que você fosse egoísta suficiente para dizer que eu devo largar a faculdade e ir viver com você em Santa Bárbara. Seu pretexto para ir para lá era visitar seus pais, agora, subitamente, você me avisa que está indo a procura de um apartamento para nós dois?

- Eu sabia que você ia dar ataque e se recusar a vir. De qualquer forma, também vim visitar meus pais, esse só não é o único motivo.

- Eu não vou largar a faculdade, Mike – a morena com longos cabelos castanhos falou indignada, como se abandonar a faculdade que tanto batalhou para entrar fosse a coisa mais insana que ela ouviu sair da boca do homem sentado ao seu lado.

- Então nós vamos ficar cada um morando em um estado. É isso mesmo que você quer?

- Sei lá – ela disse bufando.

Abaixou o vidro de sua janela e olhou os arredores, sentindo o vento batendo em seu rosto e fazendo com que seus cabelos dançassem no ar. Sua mão, que estava fora da janela, era empurrada suavemente pela brisa de um dia de verão.

Parando para pensar no que Mike havia dito, a menina notou que realmente não se importava de ficar longe do namorado por um ano. Talvez não se importasse nem se fosse por uma década. Ele havia se tornado uma pessoa totalmente diferente do que ela esperava. Vai ver esse foi seu erro: ter expectativas.

- Fecha essa janela – o loiro demandou rispidamente chamando a atenção de sua namorada. – Não vê que o ar está ligado?

- Desculpa – falou apertando o botão que fazia o vidro da janela subir.

- Então, Bella, é isso mesmo que você quer? Que a gente fique longe?

- Já falei que não sei. Única coisa que tenho certeza é que não vou largar a faculdade. Ainda mais quando só falta um ano para eu me formar.

- Para que você se importa tanto com isso? Só para ter um diploma? Nossa vida já está mais do que planejada. Não precisa ser um gênio para saber que daqui alguns anos nós estaremos casados, você tomando conta da casa e eu fazendo o dinheiro entrar graças a fortuna que a empresa de meu pai faz – falou como se Bella tivesse visto o futuro da mesma forma que ele. Grave engano. Vai ver esse foi o erro do loiro: ter expectativas.

- Mike, para o carro – ela disse impaciente e nervosa.

- Por quê? Ainda não estamos perto do posto. Eu falei que você não deveria ter tomado aquela quantidade toda de água.

- Para a merda do carro! – ela gritou.

- Que diabos... – murmurou estacionando o carro na beira da estrada.

A morena retirou sua mala de vaquinha do banco de trás e bateu a porta do carro. Mike ficou perplexo com a atitude da menina e após ter se recuperado do choque inicial, abriu a porta do automóvel e foi atrás de sua, até então, namorada. Ela seguia pela estrada de forma determinada, mesmo não tendo ideia para onde estava indo.

- Bella, aonde você vai? Meu Deus, para de ser tão temperamental! O que você está fazendo? - inquiriu. Sempre tão explosiva, pensou.

- Mudando meu futuro! Pode achar alguém para me substituir em seus planos.

- Vamos conversar.

- Eu não quero conversar! – Gritou e Mike agradeceu por serem os únicos na estrada naquele momento. Não queria dar vexame.

- O que você quer, então? – questionou e então a morena virou-se pela primeira vez desde que saíra do carro.

- Eu quero que você vá para puta que te pariu! – ela proferiu e logo em seguida deu uma risada, sentindo a ironia de sua frase. Ele realmente ia para a casa da puta que havia o parido, já que todos sabiam que a mãe de Mike, antes de casar-se com seu milionário marido, era na verdade sua amante.

- Você está nervosa, Bella. Vamos conversar dentro do carro.

- Eu não quero conversar, Mike. Vai embora.

- Te deixar aqui no meio do nada?

- Eu quem estou te deixando. Chega. Se não fosse hoje, ia ser amanhã ou depois.

- Por quê? Você não me ama mais?

- Não. Suas atitudes me fazem questionar como um dia eu fui capaz disso – falou com uma inquestionável honestidade.

Desta vez ela virou novamente, seguindo pelo lado oposto da estrada, e não ouviu mais as palavras de Mike, somente o baixo som do motor do carro sendo ligado e se afastando.

Após andar por 20 minutos na estrada, Bella resolveu admitir que não tinha ideia para onde ir. Parou e viu que a melhor opção seria pegar uma carona, mesmo que nos últimos minutos nenhum carro tivesse passado pelo local. De repente, ela viu um Volvo distante ficando cada vez mais próximo.

Merda, logo o primeiro carro que me aparece é um Volvo, pensou. Aposto que dentro está um velho em crise de meia idade pronto para seduzir meninas que acabaram de sair da adolescência como eu. Se havia uma coisa que causava repulsa em Bella, era velho que dava em cima de garotinha.

O carro passou e Bella estava certa. No volante estava um velhote que fez questão de abaixar os óculos - colocando na ponta do nariz de forma que achava sedutora – para olhar o corpo da morena.

- Pedófilo! – Gritou, mas só depois que o carro estava um pouco distante, pois não era burra de gritar uma coisa dessas para alguém numa estrada deserta. Imagina se ele resolve sair do carro e vir atrás de mim?, pensou.

Levou aproximadamente 14 minutos para o outro carro aparecer, mas quando era possível avistá-lo, Bella praticamente caiu dura no chão. Era um Camaro 73, ela tinha certeza, reconheceria em qualquer lugar. Bella admirava qualquer Camaro, não existia carro mais bonito para ela em todo universo. Sua paixão começou quando ela havia ganhado um Camaro 75 em seu aniversário de 16 anos. Ela tinha pedido tanto para seu pai a presentear com um automóvel desses que o pobre Charlie Swan sabia que sua filha não aceitaria nenhum outro. Um carro de personalidade, como ela gostava de dizer.

Ela estendeu seu braço ao vento, no típico estilo de quem está pedindo uma carona.

- Não é um velho xexelento, não é um velho xexelento – ela torcia murmurando.

Quando o carro parou ao seu lado, ela só faltou olhar para o céu e agradecer. Aquele realmente não era um velho xexelento. Ele tinha a pele branca e uma jaqueta de couro, seu cabelo estava um pouco ensebado, talvez pela falta de shampoo ou excesso de gel e... Uau, jamais viu olhos tão verdes.

- Pode me dar um carona? – Perguntou.

- Pra onde você está indo? – Ele questionou olhando a morena de cima a baixo.

Ela tinha cabelos longos, uma franja na testa e corpo pequeno. Sua blusa xadrez vermelha parecia ter sido roubada de algum lenhador e era absolutamente linda. O que diabos uma menina assim está fazendo no meio da estrada sozinha?, pensou consigo mesmo.

- Não sei exatamente. Para a próxima cidade?

- Como você não sabe?

- Não sabendo. Posso entrar ou não? – perguntou impaciente, ansiosa para sentir o conforto do couro do banco de passageiro depois de ficar quase uma hora parada no sol em pé.

- Entra – permitiu destravando a porta para ela e ao mesmo tempo achando a garota um pouco abusada.

- Ei. Calma aí, como eu vou saber que você não é um louco estuprador traficante de órgãos? – ela disse segurando a porta e hesitando pela primeira vez.

- Eu pareço um louco estuprador traficante de órgãos?

- A gente nunca consegue julgar pela cara – disse dando uma olhada no banco traseiro através da janela.

- Olha menina, ou você entra ou me deixa ir embora.

- Eu vou – ela falou entrando no carro. – Mas meu pai é policial e eu tenho uma faca comigo.

- Acho que eu quem deveria ficar com medo de você... – murmurou.

- Antes você com medo de mim do que eu com medo de você – concluiu sentando no banco de passageiro e puxando a mala para cima de seu corpo.

- Põe isso no banco de trás – disse apontando para mala.

A garota então fez o que ele havia dito e jogou a mala com toda força no banco traseiro.

- Qual seu nome? – Perguntou com a maior naturalidade do mundo enquanto o ruivo ao seu lado já estava pensando que a maior burrada que fez foi abrir a porta para ela.

- Edward.

- Edward o quê?

- Edward Cullen.

- Hmmm. Nunca conheci um Edward. Parece nome de velho.

- Eu tenho 22 anos, certamente não sou velho.

- Mas um dia você vai envelhecer. Aí você vai ver como seu nome vai se encaixar melhor.

- Garota, do que você está falando? – ele indagou olhando para a morena sentada ao seu lado, procurando por algum indício de drogas.

- Não me chama de garota, eu tenho nome. Me chamo Isabella, mas prefiro que use Bella. E eu estou falando de nomes que dão a impressão que você é velho. Vai falar que quando você escuta um nome tipo Joseph você não imagina um cara meio velho? Sei lá. Para mim faz sentido.

- Para mim tudo faria mais sentido se logo depois disso você me dissesse que antes de entrar no carro tinha fumado um baseado.

- Não. Isso eu só fazia no meu primeiro ano de faculdade. Hoje em dia tô mais careta, só tomo uns drinks.

- Onde você estuda?

- UBC. Univesity of Britsh Columbia.

- No Canadá? – Indagou. – Você veio do Canadá para ficar parada no meio da estrada?

- Sim, tenho o hobby de ficar perambulando por aí – disse sarcasticamente.

- Garo...Bella, eu estou fazendo o favor de te dar uma carona. O mínimo que você poderia oferecer é um pouco de educação.

- Desculpa – bufou. – Eu briguei com meu namorado, ok? Quer dizer, agora é ex.

- E ele te abandonou no meio da estrada?

- Não. Eu quem pedi para ele abrir a porta e fui embora.

- Por que eu não estou surpreso? – Edward sussurrou. – Para onde você estava indo?

- Para casa dos pais dele na Califórnia, mas ele estava me enganando. Mike se tornou alguém que eu nunca esperava que ele fosse se tornar. Nosso relacionamento já estava desgastado tem tempo – ela disse olhando através do vidro.

- Términos são sempre ruins – falou tentando preencher o silêncio que tomava conta do carro. – Mas você é do Canadá mesmo?

- Não. Sou de Forks, conhece? Ganhei uma bolsa de estudos depois de me dedicar muito no ensino médio e consegui ir para a UBC que eu tanto queria. Óbvio que o babaca do meu ex não sabe valorizar isso e queria que eu largasse tudo faltando apenas dois semestres para eu estar formada! – ela disse com raiva e o garoto já estava se arrependendo de ter feito muitas perguntas.

- Eu sou de Seattle. Já ouvi falar de Forks. O que você estuda? – questionou com curiosidade.

- Artes plásticas. Vou ser morta de fome, não precisa me falar.

- Eu não ia dizer nada do tipo.

- Chega de falar de mim – disse levantando os pés e colocando em cima do painel do carro. – Para onde você está indo? O que faz aqui?

- Eu também estou de férias da universidade. Estou fazendo uma road trip até Phoenix, Arizona.

- Sério? – ela indagou surpresa.

- Não. Quis apenas inventar isso porque achei que você ia ter a impressão que eu era um cara descolado.

- Achei irado, descolado é gíria de velho.

- Você tem algum problema com velho?

- Tenho só com velho tarado xexelento. Velho fofinho com cheirinho de lavanda que quer jogar xadrez e me apresentar para o netinho, eu gosto – ela disse fazendo com que o menino ao seu lado soltasse uma risada e não acreditasse na louca que veio parar em seu caminho.

- É a verdade – Edward disse. – Eu estou indo até o Arizona. Se você abrir o porta-luvas vai encontrar todos os lugares que eu marquei no meio do caminho. São pontos turísticos que sempre tive vontade de conhecer e nada melhor do que férias, dinheiro na carteira e um carro para fazer tudo acontecer.

- Que foda! – ela exclamou quando olhou o mapa do qual Edward havia falado. – Eu sempre quis fazer uma road trip.

- Eu também. Desde que assisti Easy Rider¹ me tornei fascinado por filmes desse estilo. Não demorou muito para essa ideia ficar plantada na minha mente.

- Nada é melhor do que Thelma e Louise².

- Easy Rider é.

- Eu não acho – ela disse com naturalidade, sem ao menos saber que por dentro, o menino ao seu lado estava se contorcendo para citar uma enorme lista de motivos do por que Easy Rider era muito melhor do que qualquer road movie que ela fosse citar. – Eu quero ir com você hoje.

- Ir comigo onde? – ele questionou.

- Até as Cataratas Multnomah – ela disse apontando para o mapa. – Já que estou aqui com você, não custa nada ir até lá.

- Hmmm... não sei – falou de forma duvidosa. Esses poucos minutos que havia passado com a maluca ao seu lado não tinham sido lá os melhores de sua vida. O combinado era deixá-la na próxima cidade, não que ela o acompanhasse durante seu trajeto.

- Desculpa, não quis me meter nos seus planos. Sei que você deve tá querendo realizar esse sonho de viajar pela estrada, sozinho, há algum tempo. Tudo que você não precisa é ter uma garota que acabou de ser largada pelo namorado te atrapalhando.

- Você pode ir – ele disse rolando os olhos ao pseudodrama que a menina estava fazendo. – Mas se comporta um pouco, pelo menos. Tira esse sapato sujo do meu painel. Deus, você não conhece sabão?

- Olha quem fala. Estou vendo seu cabelo todo ensebado – rebateu. – E All Star bom, é All Star sujo, nunca ouviu falar? Tô vendo que não é só nome de velho que você tem...

- Tá vendo aquele banco ali em frente?

- Sim.

- Se você me encher o saco novamente é lá que eu vou te deixar – ele afirmou e dessa vez a morena arrumou sua postura e sentou quietinha na cadeira de couro.

Claro que isso não durou por muito tempo.

- Não gosto desse silêncio – ela começou a dizer. Edward bufou. – É sério, você fica ouvindo minha respiração e eu fico escutando a sua porque você respira muito alto...

- Garota, alguém já te falou que você é muito irritante?

- É Bella.

- Bella, você é muito irritante!

- Vai dizer que o silêncio não te incomoda? E que road trip fajuta é essa sua que não envolve uma musiquinha?

- Tem um case com vários CDs aí dentro do porta-luvas – disse torcendo para que isso fizesse a garota aquietar-se.

Bella abriu o porta-luvas novamente e desta vez retirou a caixinha que continha inúmeros CDs.

- Que foi? Agora vai me chamar de velho porque tenho CDs ao invés de um iPod?

- Não. Eu coleciono CDs também – admitiu fascinada com a diversidade de gêneros sonoros que estava vendo.

- Escolhe algum CD aí.

Levaram apenas alguns minutos para que o som de "Red Flags and Long Nights", de She Wants Revenge, ecoasse pelo carro. Assim era muito mais fácil aguentar os 15 minutos restantes de viagem ao seu ponto de chegada.

As Cataratas Multnomah eram capazes de tirar o fôlego, afinal não era todo dia que Edward e Bella tinham a oportunidade ver uma cascata de 189 metros. Os dois pararam em frente à enorme queda d'água e ficaram em silêncio, apenas observando e escutando o som forte da violenta água.

- Dá uma vontade de pular, né? – Bella disse interrompendo o silêncio.

- Não – Edward disse olhando para ela como se fosse pirada. Essa menina definitivamente tinha um parafuso a menos. – Se você se jogar daqui a chance de sobrevivência é praticamente zero.

- Eu falei que dá vontade, não que eu vou me jogar. Não sou suicida.

- Sei lá...

- Tem um cheiro bom aqui... – ela falou fechando os olhos e inalando com força.

- É... – Edward respondeu observando a morena enquanto ela estava distraída com os arredores. Quando ela não está sendo irritante, é linda.

- Tira uma foto minha? – ela pediu. – Deixa eu pegar meu celular.

Bella pegou o aparelho que estava em seu bolso e o ligou, em seguida ignorou todas as mensagens e ligações perdidas. Clicou na câmera e entregou o celular para Edward.

- Calma, me deixa fazer uma pose legal.

Ela então abriu os abraços e um enorme sorriso. A mão de Edward chacoalhou um pouco, mas ele conseguiu capturar a morena muito bem na câmera. Quando viu o resultado achou tão belo que até cogitou pedir uma cópia, mas do jeito que a menina parecia ser meio maluca das ideias, era capaz de pensar que ele era um tarado por pedir algo do gênero.

- Mais uma – pediu juntando as duas mãos num típico gesto de quem vai pular numa piscina.

- Você é tão tosca – disse rindo e apertando o botão que tirava a foto.

- Gostou da minha ideia, né? – ela disse pegando o celular da mão de Edward e rindo de sua própria estupidez nas fotos.

- Ficaram legais – elogiou com um sorriso. – Eu vou tirar umas fotos também e depois a gente vai embora, ok?

- Tá bom.

Edward abriu a mochila e tirou de lá sua Nikon D-90, pronto para registrar mais um local que visitou nessas férias.

- Meu Deus, não precisa humilhar – Bella falou olhando o modesto aparelho com qual Edward iria fotografar as Cataratas. – Você é fotografo profissional ou coisa assim?

- Não, é apenas um hobby. Eu estou na UW, faço design gráfico.

- Legal, achei que você faria algo chato tipo... sei lá, economia.

- Por quê? Você acha que Edward é um nome que combina com economia? – perguntou sarcasticamente.

- Edward combina com aposentadoria – pronunciou baixinho.

Edward ficou tirando diversas fotos do local por 30 minutos, conseguindo até fotografar Bella 5 vezes sem que ela percebesse. Ele definitivamente não iria contar para ela. A menina, por sua vez, ficou sentada na passarela observando a água e às vezes cantarolando músicas que eram de seu gosto. Na verdade, os dois só foram embora porque a morena estava se sentindo um pouco entediada.

- Para onde a gente vai agora? – ela indagou enquanto ambos caminhavam até o carro.

- Eu achei que você só ia me acompanhar até aqui – disse parando inopinadamente.

- Meus planos de férias foram meio que por água abaixo, né? Eu iria passar a próxima semana inteira em Santa Bárbara. Me deixa ir com você, Edward...

- Para você ficar reclamando no meu ouvido?

- Não! Eu vou ficar quietinha. Eu prometo.

Claro que ela não ficou.

- Você já foi para lá? É bonito mesmo? – questionou.

- Já, é bem bonito – disse olhando para o relógio e vendo que só haviam completado 20 minutos da longa viagem de 2 horas e 40 minutos até a praia de Moolack, que ficava próxima a Newport.

- Ainda bem que eu trouxe meu biquíni. Tanto tempo que eu não sei o que é ficar deitada na areia pegando uma cor.

- Branca desse jeito o único bronze que você vai pegar é uma queimadura de terceiro grau.

- Ih, sai para lá. E você acha que é o quê? É tão branquelo quanto eu! Você vai ver como eu vou ficar linda queimadinha de praia – disse com um sorriso no rosto já imaginando a marca de seu biquíni.

Bella, como não gostava do silêncio, abriu mais uma vez o porta-luvas e retirou um CD dentre os muitos que Edward comprara. A banda escolhida da vez era Bombay Bicycle Club.

- Nunca tinha escutado isso – falou. – Legal.

Edward tentou suprir o sorriso que tentava se formar em seus lábios, mas não conseguiu. Poucas coisas na vida o orgulhavam tanto quanto seu gosto musical e toda vez que alguém distribuía um elogio a suas bandas favoritas tomava como equivalente a um elogio atribuído a ele.

- Eu tive a chance de vê-los ao vivo uma vez. Foi incrível. Aliás, minha próxima meta de viagem é ir pro Coachella³. Ano que vem com certeza eu irei.

- Eu sempre quis ir, também. Shows sempre me dão uma sensação estranha, de êxtase, nem sei como explicar.

- Eu sei como você se sente.

Os dois ficaram ouvindo o CD inteiro. Bella em certo momento abriu o vidro da janela e deixou o vento invadir o carro, tentando fazer com que o ambiente amenizasse um pouco da ansiedade que ela sentia para chegar à praia.

- Quantos anos você tinha quando foi à praia pela primeira vez? – Ela questionou.

- Que pergunta aleatória é essa?

- Sei lá. Estou apenas tentando puxar assunto.

- Sei lá quantos anos eu tinha, era pequeno. Nasci em Chicago, mas meus pais se mudaram para Seattle quando eu tinha 2. A gente costumava ir muito para as praias de Oregon.

- Eu lembro até hoje do dia em que pisei no mar pela primeira vez. Tinha 5 anos e foi incrível. Eu não conseguia entender como podia existir tanta água junta – Ela falou com um riso infantil. – Naquela época eu achava que a banheira de casa era praticamente uma piscina olímpica. Eu sempre amei água. Em Forks chove bastante e eu passava horas sentada no alpendre de casa observando a chuva cair. Me acalmava.

- Sei como é. Minha primeira fotografia foi da minha rua molhada pela chuva. Eu adoro fotos de dias ensolarados, mas um dia chuvoso é tão belo quanto.

- Primeiro dia de escola? – questionou.

- O que tem?

- Como foi?

- Não lembro, eu era pequeno.

- Que memória de merda que você tem. Chorei tanto no meu primeiro dia de aula que seria impossível esquecer. Minha mãe também sempre faz questão de me relembrar do bendito dia, então fica mais difícil ainda cair no esquecimento. Demorou um pouco para eu me adaptar, mas depois disso eu passei amar a escolinha. Era tão bom ficar brincando de massinha, colorindo. Agora na faculdade, meu Deus...eu deveria ter aproveitado enquanto tudo era moleza.

- Você se forma quando mesmo?

- Ano que vem. Vou sentir falta, mas não vejo a hora – suspirou. - Primeiro dia de faculdade? Ou vai dizer que desse você também não lembra?

- Acho que esqueci – ele disse com deboche, mas resolveu compartilhar um pouco de sua história. – Foi diferente do que eu esperava, achei que todo mundo ia levar as coisas a sério porque era o primeiro dia, mas acabou sendo uma bagunça, ainda mais quando descobri que meu companheiro de quarto era um louco. O primeiro ano inteiro foi realmente fantástico. E o seu?

- Foi divertido também. As festas eram maravilhosas e foi logo no primeiro semestre que eu conheci Mike. Ele era tão divertido no começo, mas depois foi ficando um pé no saco. Eu consegui fazer bons amigos, não vejo a hora de encontrá-los e saber como foram as férias.

- Primeiro beijo? – ele questionou dessa vez pegando Bella de surpresa, pois ela achou que ele não estava curtindo seu joguinho.

- Jason Mitchell, sétima série. Ele me chamou para ir ao cinema e eu apaixonadinha do jeito que estava, topei. Ele já tinha beijado algumas garotas e então sabia exatamente o que fazer. Foi tão bom – confessou com saudosismo.

- O meu foi na sétima série também. Pamela Forman, a menininha mais cobiçada da turma, mas era uma porta. Na verdade eu a beijei só para ver se ela calava a boca. Valeu a pena – contou rindo.

- Primeira vez? – indagou e Edward só faltou engasgar com a própria saliva. – O que foi, velhinho? Eu só perguntei como foi a sua primeira vez, não perguntei o tamanho do seu pau.

- Seu vocabulário tão limpo me encanta – ele disse sarcasticamente. – Tanya Denali. Primeiro namoro, eu tinha 15 anos. Foi uma delícia.

- Hmmm... – ela murmurou sentindo os pelos de seu braço enriçarem pela palavra que ele havia usado. Delícia. Esse certamente era um adjetivo que podia descrever Edward, pensou.

- E você? Dessa vez vai ficar calada?

- 18 anos, uma semana antes de eu deixar Forks. Meu primeiro namorado, James White. Foi legal, mas o clima de despedida fez tudo ficar mais melancólico do que deveria ser. Ele era um cara legal, mas eu sabia que o namoro à distância não ia durar mais do que 2 meses. E não durou.

- Primeiro CD que comprou?

- Britney Spears: Baby One More Time – murmurou com vergonha.

- O seu?

- U2: All That You Can't Leave Behind – disse com orgulho.

O interminável jogo de primeiras durou até a chegada à praia. O relógio marcava 14h34 e os dois ainda tinham muito pela frente.

- É melhor a gente achar um motel para ficarmos. Eu conheço um aqui que fica apenas 10 minutos da praia. A gente deixa as coisas lá e depois podemos voltar para aproveitarmos o dia.

Por sorte, ainda existia uma vaga em um quarto duplo. O espaço era pequeno, tinha um frigobar, banheiro e duas camas, porém era o necessário para a curta estadia de apenas um dia.

Como combinado, os dois se trocaram e colocaram seus trajes de banho, prontos para curtir o modesto calor de 29°C que a praia oferecia.

- Faz cosquinha – Bella riu enquanto os dois caminhavam pela areia.

- Eu adoro esse cheiro de mar.

- É bom, né? E parece que penetra no corpo. Eu lembro que depois de mergulhar, sempre lambia meus dedos sentindo o gostinho de sal que ficava neles – Bella confessou e Edward não conseguiu deixar de achar a frase sutilmente erótica, imaginando a menina ao seu lado sensualmente lambendo dedo por dedo. – O que foi? Por que você tá me olhando assim? É nojento, né? Eu sei.

- Não, é... diferente – ele falou tirando a blusa e jogando na areia, ficando apenas com sua bermuda preta.

Bella o observou descaradamente. Nesse pequeno tempo de convívio, havia achado Edward deveras interessante – embora um pouco careta – e seria hipócrita se não dissesse que a beleza dele chamava sua atenção. Ele tinha um corpo bonito, sarado e uma tatuagem estava escondida em seu quadril, sendo apenas possível ver uma minúscula marca feita pela tinta, tornando impossível distinguir o que realmente significava. O cabelo de bronze parecia brilhar mais quando o sol batia em seus fios e sua barba provavelmente não era feita há dois dias.

- Você vai ficar vestida? – Questionou jogando a blusa em cima de Bella para despertá-la de um transe.

- Verdade – disse saindo de seus devaneios e tirando o vestido.

- Toma, passa protetor, por que você já é reclamona normalmente, se ficar queimada da cor de um tomate aposto que não vai me deixar em paz.

Enquanto Bella passava o cremoso protetor solar por seu corpo, Edward pôde observar livremente. Por que ela tem que ser tão irritante?, questionava a si mesmo. O cabelo ondulado e a franja que caía sobre sua testa a deixavam com uma aparência frágil e até mesmo infantil, mas ele sabia que era questão de segundos para a garota abrir a boca e mostrar que não era nenhuma criança. Seus seios eram modestos e tinha uma cintura fina. Edward sentiu estranhamente uma curiosidade de saber como era a maciez de sua pele. Seus olhos eram amendoados e tinha diversas sardinhas distribuídas por sua face e ombros. Ela era adorável, tirando a personalidade, é claro. Ao menos era o que ele achava até agora.

- Vamos! – ela disse correndo até o mar, xingando aos sete ventos o quão gelada a água estava gelada. – Mas que merda de água congelante!

- Xingar não vai melhorar as coisas – Edward falou olhando a menina saltitar na água.

O que ele não esperava era que ela fosse chutar a água em sua direção, o molhando por completo.

- Puta que pariu! – ele gritou sentindo as gotículas tocarem seu corpo como se fossem agulhas.

- Xingar não vai melhorar as coisas – repetiu com deboche.

- Você se acha muito espertinha, né? – indagou desta vez chutando sem piedade a água na direção da morena. Bella apenas ria e corria tentando se desviar – inutilmente – das pequeninas gotas d'água.

Embora fosse época de verão e férias, a praia contava com apenas uma dúzia de pessoas. Algumas os observavam brincar como duas crianças na água e ficavam com um sorriso no rosto, relembrando os tempos de infância ou até mesmo de um amor de verão.

- Eu adoro boiar – falou fazendo exatamente isso. – Eu me sinto como uma pluma sendo levada pelo mar.

- Eu prefiro ficar mergulhando – confessou submergindo no mar.

Bella estava quietinha - talvez pela primeira vez no dia -, mas agora era vez dela sofrer um pouco com Edward. Afinal, ele também sabia ser irritante.

Ele veio de mansinho, como quem não quer nada e beliscou a perna da menina. Esta, por sua vez, começou a gritar e afundou na água, crendo – nem que por apenas alguns segundos – que um tubarão havia se aproximado dela. Ou um peixe faminto qualquer, ela não entendia lá muito bem dos seres que habitavam o mar.

- Seu filho da mãe! – ela gritou saindo atrás de Edward no mar, mas era em vão, pois o garoto era muito mais rápido que ela. – E se eu tivesse problema no coração? Eu poderia ter morrido achando que era um tubarão!

- Se fosse um tubarão ia ter comido sua perna inteira – falou rolando os olhos.

- Mesmo assim! – resmungou.

- Para de besteira – ele falou se aproximando dela mais uma vez para apertar sua perna, só que dessa vez acabou errando a mira...

- Você por um acaso acabou de beliscar minha bunda? – indagou perplexa.

- Talvez?

- Seu pervertido!

- Era para ter sido a perna, prometo.

- Dá próxima vez olha bem aonde tá indo com essa mão, hein? Eu ainda tenho minha faca.

- Beleza, assassina.

- Não duvide de mim! – ela disse tentando fazer uma cara ameaçadora, mas Edward ao invés de temer a pequena garota, caiu na gargalhada.

- Desculpa. Não tocarei suas partes íntimas novamente – disse levantando as mãos para o ar.

- Acho bom – ela disse, mas na verdade tinha um pedacinho seu que estava torcendo para que ele a tocasse mais uma vez. Ou melhor, mais algumas vezes.

Claro que tudo não passava de um pensamento interno, pois Bella desacreditava que alguma coisa ia acontecer entre os dois. Ela via o jeito que ele olhava para ela, como se fosse uma doida varrida. Ele deve me achar uma babaca, pensou.

- Onde você está indo? – Edward perguntou.

- Vou pegar um sol – ela disse saindo do mar e caminhando pela areia fofa.

Edward permaneceu no mar durante mais alguns minutos, mas seus olhos involuntariamente cismavam em perseguir a morena que estava tranquilamente deitada sobre uma canga na areia. Não aguentando mais, saiu da água e foi para o lado da garota.

Ela estava com a blusa dele tampando o rosto do sol, mas ainda assim foi capaz de sentir alguém se aproximando.

- Desistiu de ficar no mar? – questionou sem ao menos tirar o pano que cobria seu rosto.

- Cansado. Quer água?

- Sim – respondeu e na mesma hora Edward chacoalhou os cabelos fazendo com que toda água que encharcava seus fios fosse parar em cima de Bella.

- Você tá me fazendo pagar por ter pedido uma carona, né? – perguntou e ele apenas sorriu.

O resto do dia correu de uma maneira que ambos jamais esperavam. Bella, neste momento, deveria estar fazendo cara de boa menina na casa de Mike e ignorando o jeito que a Sra. Newton esbanjava dinheiro como se fosse água.

Edward imaginava que estaria fotografando o mar, conchas, pequenos animais e desconhecidos. Surpreendentemente, estar ao lado dessa estranha era muito mais interessante do que qualquer coisa que ele poderia registrar com sua máquina.

Eles montaram um castelinho de areia junto com um menininho de 5 anos – na verdade, Edward e Jake, o garotinho, somente observavam enquanto Bella fazia todo o trabalho e ambos ficaram abismados com o talento da menina -, brincaram de se enterrar, mergulharam até os dedos da mão e do pé ficarem enrugados e aproveitaram ao máximo tudo que o local tinha a oferecer, deixando todas as preocupações de lado e realmente entendendo, depois de muitos anos, o que significava curtir as férias.

Quando o sol começou a se pôr, Edward não se conteve mais e pegou sua câmera, registrando de todos os ângulos possíveis aquela bela visão. Ele gostaria de poder ter mais chances de parar somente para apreciar esse momento do dia. Bella estava do lado dele, elogiando todas as fotos que ele tirara e pedindo que ele também a fotografasse com o céu, num maravilhoso degrade que ia do amarelo ao lilás, de fundo.

A exaustão de um longo dia de praia parecia finalmente tê-los atingido. Eles jantaram em uma lanchonete perto do motel e partiram direto para a praia, ignorando a tentação de ir para uma das muitas festas que rolavam na cidade.

- Edward? – Bella chamou quando estava deitada em sua cama.

- Sim? – ele respondeu após cuspir a pasta de dentes.

- A gente pode deixar a luz do banheiro acessa? Tenho medo de escuro.

- Ok – falou vendo, pela primeira vez, certa fragilidade na menina que gostava de aparentar ser tão valente.

18 de Julho. Newport, Oregon.

- Eu estou louca para ver a Keiko – Bella disse animada no banco de passageiro.

- Uh, não é por nada, mas... A baleira morreu em 2003, Bella.

- O quê? – questionou. Sua voz saiu num tom tão agudo que Edward fez até uma careta.

- Você realmente achou que a gente ia ver a baleira de Free Willy?

- Achei – murmurou com desanimo.

- E ela saiu do aquário uns 5 anos antes de morrer.

- Será que eles têm outras baleias lá? Eu amo aquários! Meu sonho era ter um daqueles gigantes em casa, sabe? Apagar todas as luzes e ficar parada somente observando. Eu tinha vontade também de ser uma sereia. Costumava sonhar que vivia no mar e nós morávamos em casas tipo o Bob Esponja, sabe? Era tão triste quando eu acordava e notava que era apenas um sonho.

- Já estou vendo que você vai ficar que nem criança quando chegarmos lá.

O destino da vez era o Oregon Coast Aquarium, um dos melhores aquários da América do Norte. Edward tinha vontade de visitar o local somente para fotografar o rosto das crianças ao observarem os animais fazendo sua dança na água. Ele sempre adorou o brilho nos olhos dos pequenininhos e se orgulhava de conseguir capturar aquela típica fascinação infantil por algo tão simples. Já Bella era como as crianças.

Assim que chegaram, Bella só faltou começar a saltitar. Ela estava tão feliz, que a sua alegria era contagiante, deixando Edward o momento todo com um sorriso nos lábios.

- Aqui é tão bonito! – exclamou encantada com seus arredores.

- Aham – o rapaz concordou.

A garota saiu do lado de Edward e correu até o vidro mais próximo. Eles estavam em um túnel em que a sensação era de estar imerso num oceano, pois tudo era cercado de água e peixes.

O menino de cabelos cor de bronze aproveitou o momento e pegou sua câmera. Após um tímido flash, olhou o visor da máquina e não conseguiu suprir o riso baixo que deixou sua boca. A imagem era no mínimo cômica: três menininhas de aproximadamente seis anos observavam os peixes e bem ao lado estava Bella, com a semelhante expressão de fascínio.

Eles viram tubarões, leões-marinhos e até mesmo alguns peixes tão feios que Edward questionou se o pessoal que trabalhava lá gostava de exibir tais animais somente para dar um susto nos clientes.

- Bella, nós já estamos aqui há quase duas horas. Se planejamos chegar a Bandon antes das 16h, é bom que a gente saia agora.

- Mas eu ainda não vi as águas-vivas – resmungou.

- Bella, a gente tem uma vigem de três horas pela frente. Se gastarmos todo o nosso tempo vendo peixe, não vamos conseguir aproveitar os outros lugares.

- 10 minutinhos! Por favor, prometo que nada mais que isso – praticamente implorou.

- 10 minutos.

Assim que eles chegaram na parte da exibição dos curiosos animais, Bella puxou Edward pela mão e não o soltou, o forçando a deixar sua câmera de lado e observar as medusas fazendo sua dança.

- Você não precisa registrar tudo com sua máquina superpotente. Algumas coisas você pode guardar aqui – ela disse tocando a cabeça dele – e pode reviver sempre que quiser.

- Mas eu gosto de tirar fotos.

- Shhh! Fica quieto e observa.

E foi exatamente isso que ele fez. Naquele exato momento, o garoto tinha a mesma cara de bobo enfeitiçado que Bella. A morena puxou Edward mais para perto e encostou sua cabeça no ombro do rapaz.

- Tão lindas – suspirou. – Eles podiam colocar uma música aqui, né? Acho que é tudo que faltava.

- Pode irritar os animais – falou com confiança, mas na verdade não fazia ideia se isso era algo verídico.

- Ah! Já sei! – Ela praticamente gritou, atraindo olhares de todos que estavam no local. – Meu celular!

A garota tirou o aparelho do bolso e o ligou. Novamente ignorou todas as mensagens e ligações perdidas, indo direto para a pasta que continha algumas de suas músicas prediletas.

- Toma – falou o entregando um fone.

- O que você tem aí? – questionou.

- Só coisa boa!

Foi preciso somente 2 segundos da introdução da música para Edward saber exatamente que canção era aquela.

- Tiny dancer, Elton John – ele disse baixinho.

- Sim. Para combinar com nossa road trip, sabe? Eu choro toda vez que vejo aquela cena em Quase Famosos⁴, me vem uma melancolia e uma vontade de ter vivido aquilo, por mais estúpido que seja, porque eu sei que é apenas um filme. Aquele é um road movie do caralho!

- Com certeza.

Foi com apenas esse sutil momento de intimidade, em que os dois compartilhavam muito mais do que percebiam, que Edward notou ter dado carona para essa menina não foi lá a pior coisa que ele fez na vida.

Mas é claro que era só questão de tempo para ele mudar de ideia.

- Edwaaaaaaaaaaaaaaaaaaaard! – gritou com um gemido.

- Eu já falei que não tem nenhum posto por perto! Você vai ter que esperar!

- Mas eu quero muito, muito, muito fazer xixi.

- Espera.

- Toc, toc – começou com a típica piada infantil.

- Quem é? – Edward perguntou meio forçado.

- Meu xixi pronto para molhar o couro do seu banco!

- Eu falei para você ir ao banheiro assim que saímos do aquário! A gente está no carro tem uma hora só e você já tá enchendo o saco para mijar.

- Eu não estava com vontade aquela hora, agora eu estou! E com muita mesmo!

- Aguenta mais um pouco.

- Aiiii... – resmungou se balançando de um lado para o outro com a mão entre as pernas.

- O que você está fazendo? – questionou olhando para o lado.

- Tentando acalmar minha perereca.

- Você chama sua vagina de perereca? Quantos anos você tem? Cinco?

- A perereca é minha, eu chamo como eu quero! E você chama de vagina? Que coisa mais... científica!

- É o nome dela!

- Você vira para uma mulher e fala o que? "Eu estou louco para tocar sua vagina"?

- Eu não falo nada, eu toco.

- Ah, verdade. Eu esqueci como você é abusado. Tocou minha bunda sem minha permissão e tudo.

- Foi um acidente! E não vem querer me fazer de pervertido. Eu lá preciso falar que vou fazer alguma coisa com a vagina de alguém? Eu gosto de fazer sexo, não de narrar o que está acontecendo.

- Tem gente que gosta de um papinho de sacanagem na hora H, né? Bem estilo filme pornô, sabe? "Como a sua vagina está molhadinha e apertada". Meu Deus, como vagina é um termo feio – ela disse balançando a cabeça de um lado para o outro.

- Garota, você é muito estranha – foi a única coisa que Edward conseguiu falar depois dessa conversa.

- Meu nome é Bella. E só estou puxando assunto, já que a gente vai passar tanto tempo junto é bom que a gente comece a se conhecer melhor.

- Desde quando se conhecer melhor é saber que você prefere perereca a vagina?

- Você está conhecendo um gosto meu, ué. Eu prefiro perereca! Falando assim parece que eu sou lésbica. Quero deixar claro que minha preferência é pênis mesmo...

- Ah meu Deus.

- Viu? Pênis é um nome mais bonito que vagina.

- A gente pode mudar de assunto?

- Só se você me deixar fazer xixi. Esse papo foi capaz de me distrair apenas por alguns segundos, minha vontade voltou com força total. O xixi tá na portinha.

- Na portinha?

- Sim! Na portinha da minha perereca, pronto para sair! – Ela gritou e ele encostou o carro na estrada na mesma hora.

- Pronto, mija rápido.

- Na rua?

- No meu carro que não vai ser.

- Você tem papel?

- Não. Dá uma balançada que seca.

- Que nojo.

- Vai sair para fazer ou não?

- Ok. Não olha!

- Acredita, eu não tenho o mínimo de interesse em ver você mijando.

Bella saiu do carro e se agachou no cantinho, espiando os arredores para ver se tinha algum maníaco sexual a olhando esvaziar a bexiga.

- Tão booooooooom – gemeu.

- Você está mijando ou tá fazendo outra coisa?

- Idiota.

- Idiota é você que tá aí agachada mijando ao lado do carro.

- Só de sacanagem eu estou fazendo xixi na sua roda.

Quando Edward ligou o motor do carro novamente, eles pareceram ter esquecido o papo de que nome dão a suas partes intimas e engataram no mesmo joguinho de ontem.

- Primeira viagem para fora do país? – Edward perguntou.

- Canadá. Acho que tinha acabado de fazer 16 anos. E você?

- Com seus pais ou com seus amigos?

- Os dois.

- Com meus pais foi para a Espanha. Já com meus amigos foi para o México. Passamos 4 dias muito loucos em Tijuana no meu aniversário de 18 anos.

- Deve ter sido legal.

- Definitivamente foi.

Eles chegaram ao Bandon Beach Motel por volta das 17h10 e estavam morrendo de fome. Por isso, antes mesmo de tiraram a bagagem do carro e verificar se existia algum quarto vago, correram para a lanchonete mais próxima que avistaram.

- Melhor cachorro quente da minha vida – Bella falou enquanto mastigava.

- Eu estou com tanta fome, que nem o fato de eu ter acabado de ver a comida mastigada rodar na sua boca está me dando nojo.

- Nem me fala – disse dando mais uma mordida. – Você tá com um pedaço de alface grudado no dente tem uns 5 minutos e eu nem parei para rir ainda porque se eu rir, não vou conseguir comer.

Ao retornarem para a porta do motel, tiraram suas respectivas malas do carro e torceram para que tivesse algum quarto vago. Para sorte deles, ainda tinha um quarto vago no estabelecimento, mas como nem tudo é perfeito, o quarto não era duplo. Os dois foram, então, obrigados a dividir um quarto com uma cama de casal.

- Esse motel é mil vezes melhor que o outro! – Bella exclamou olhando a cama que parecia deveras macia. Ela saiu correndo.

- O que você está fazendo?

- Subindo na cama para pular? – disse como se fosse a coisa mais óbvia do universo.

- Você quis dizer estragar a cama em que nós vamos dormir?

- Para de ser chato, Edward! Vamos fazer todas as coisas clichês que as pessoas fazem em road trips! Permita-se! – Ela disse dando o primeiro pulo,

- Por um acaso você está querendo reviver um dos momentos de Crossroads⁵? Me recuso a acreditar que você está querendo imitar um filme de Britney Spears.

- Ah, fala sério. Para de preconceito, só porque é a Britney. O filme é legal! E vem cá, como você sabe que tem gente pulando na cama no filme da Britney?

- Sabendo...

- Edward Cullen! Você assistiu o filme!

- Claro que não!

- Assistiu, admite.

- Ok, eu vi. Uma ex-namorada minha era fã de Britney, tá bom?

- Sei, sei. Essas desculpas esfarrapadas. Vamos lá, para de ser um velho chato e sobe aqui comigo.

- A gente precisa realmente fazer isso? – questionou tirando o tênis e subindo no colchão.

- Só um pouquinho.

- Ok, então calma aí – falou descendo e pegando sua câmera fotográfica. – Se eu vou fazer papel de babaca, ao menos seria interessante registrar.

Ele posicionou a máquina estrategicamente em cima de um móvel e ligou o timer. Correu para cima da cama junto com Bella e ela puxou sua mão. A câmera registrava exatamente o que Edward havia presumido. Dois idiotas se divertindo como crianças.

- Vamos ver o que está passando na televisão – ela disse pegando o controle e apertar o botão power.

A imagem era em preto e branco e Bella reconheceu imediatamente o que estava passando. Casablanca.

- Eu adoro essa cena – ela disse sem tirar os olhos da TV.

Quando a personagem de Ingrid Bergman começa a cantarolar no ritmo de "As time goes by", Bella a acompanhou e sentiu uma mão em seu ombro.

- O que? – perguntou rindo.

- Já que a gente está sendo idiota... Me concede essa dança? – perguntou tentando conter o riso.

- Sério?

- Vamos antes que a música acabe!

Ambos dançaram ao som da canção que Sam, personagem de Dooley Wilson, tocava no filme. Agora toda vez que eu ver esse filme irei lembrar-me dele, Bella pensou. Tola foi ela ao imaginar que somente isso a faria recordar do menino.

- Tem uma festa mais tarde – Edward comentou enquanto Bella estava trocando de roupa no banheiro. – É aqui perto, o que acha se nós formos?

- Que horas? – gritou.

- 22h. A gente ainda tem tempo para andar um pouco pela praia e jantar.

- Beleza!

Como planejado, os dois foram até um restaurante próximo que vendia frutos-do-mar e comeram um apetitoso siri. Em seguida desceram até a praia e caminharam um pouco, conversando sobre o futuro e os planos após o tão sonhado diploma da faculdade.

- Eles sempre falam que você tem que aproveitar esse tempo o máximo que pode – Edward comentou quando os dois haviam se sentado na areia. – Mas como eles querem que a gente aproveite e se dedique ao máximo nos estudos?

- Eu sei! E depois tem toda a pressão de arrumar um emprego – ela suspirou.

- Acho que o que nos resta mesmo é aproveitar as férias da maneira mais louca que a gente pode – Edward concluiu.

- É... – disse e de repente, um sorriso travesso surgiu em sua boca.

- O que foi? – Edward indagou já sabendo muito bem que Bella deveria ter uma ideia nada boa em mente.

- Eles falam que a gente tem que aproveitar e fazer certas loucuras – disse se levantando. – Eu sempre quis fazer algo, sabe Edward?

- Não sei e tenho medo de perguntar o que é – ele falou e quando menos esperou, a menina tirou o vestido, ficando apenas de calcinha e sutiã na frente dele. – Seu sonho era fazer strip-tease?

- Não – negou virando-se de costas para ele e tirando o sutiã. – Nadar pelada.

- Você é louca? – disse perplexo ao ver a menina correndo e assim que chegou perto do mar, ela tirou a calcinha e jogou para trás.

Louca. Definitivamente louca, ele pensou.

- Vem, Edward! – gritou rindo. – Não tem ninguém aqui! A praia tá deserta!

- Eu não vou ficar pelado! A água deve estar congelando!

- Não está tão fria! Sério, está até um pouco quentinha. E para de vergonha, eu prometo que eu não vou olhar para o seu piu-piu! – gritou e em seguida soltou uma espalhafatosa gargalhada.

- Idiota! – Ele retrucou, mas se levantou.

- Isso! Vamos! Vem! É a sua chance de fazer essa a melhor road trip do universo!

Aquela foi toda a motivação que ele precisava. Em questão de segundos ele já havia retirado sua roupa e juntado com o monte de Bella e corrido em direção a sua companheira de viagem.

- Está gelada pra caralho! – ele falou depois de entrar na água.

- Eu sei. Só não falei a verdade porque sabia que você não entraria.

- E eu ainda perco meu tempo confiando no que você diz – falou balançando a cabeça de um lado para o outro.

- Edward?

- Quê?

- Eu vi seu pau – falou e riu ao mesmo tempo.

- Não tem problema, eu estou vendo seus peitos tem uns 5 minutos.

A festa que Edward havia visto o flyer, acontecia num clube noturno cerca de 20 minutos a pé de onde os dois estavam hospedados. Após o inesperado banho de mar, eles tomaram um banho e se prepararam para o que a noite prometia.

O local estava cheio e a música era tão alta que os dois sentiram uma dor no ouvido assim que entraram. Edward foi direto para o bar e buscou duas cervejas. Alguns minutos depois essas duas já tinham se transformado em dez, cinco para cada um.

Eles dançavam animadamente ao som das músicas mais populares do momento e pareciam estar curtindo bastante, mas talvez essa última parte tenha sido patrocinada pelas bebidas alcóolicas.

- Você está sozinha? – um homem perguntou a Bella quando ela foi ao bar buscar mais uma cerveja.

- Não, estou com meu amigo – respondeu apontando para Edward.

- Vamos dançar essa música – ele disse a pegando pela mão.

- Estou lisonjeada, mas não. Fica para a próxima, gato – recusou tentando se livrar, mas o cara parecia ter outras ideais.

- Por que não hoje, morena? Só essa música. Já tem uma loira dançando com o seu amigo.

Bella foi conferir para ver se era verdade e realmente, uma loira estava parada na frente de Edward dançando empolgada com ele.

- Só uma música, ouviu?

- Ok.

E uma música nunca pareceu tão torturante assim. Bella não tinha o mínimo de interesse no rapaz que estava dançando com ela, por mais atraente que ele fosse. Se cogitou trocar beijos com alguém nessa viagem, ela imaginou que seria com Edward.

- Pronto, você já teve sua dança, agora eu tenho que buscar meu amigo – falou deixando o cara ao seu lado a ver navios.

Ela caminhou até onde Edward e a loira estavam praticamente enroscados e cutucou o garoto no ombro.

- Eu quero ir embora – falou.

- Ok. Você vai sozinha?

- Não, vou com você.

- Ele já está dançando comigo – a loira interrompeu.

- Te perguntei alguma coisa, garota? Não se mete!

- Quem você acha que é para falar comigo assim? Invejosa.

- Inveja do quê? – Bella perguntou com deboche e Edward estava dividido entre observar a briga e tirar sua companheira do local no mesmo minuto.

Foi somente tempo de ele notar o olhar de fúria no rosto da loira para tirar Bella pelo braço do local antes que as duas caíssem no tapa.

- Você é maluca? Não se arruma confusão assim, de graça! A menina não fez nada para você.

- Ela se meteu na nossa conversa! Foda-se também, se quiser pode ficar com ela! Eu vou para o motel.

- Para de pirraça. Já sei que bebida e você não combinam muito bem.

- Não precisa vir atrás de mim.

Óbvio que ele foi atrás dela.

Eles fizeram o caminho de volta para o motel completamente calados. Ambos trocaram de roupa e deitaram-se na cama que eram obrigados a compartilhar. O quarto era iluminado somente pela TV e cada um estava virado para um lado. Edward não entendia o mau-humor repentino de Bella e ela estava tentando conter as palavras que pediam para sair de sua boca. O problema é que Bella já deveria se conhecer bem o bastante, para saber que não ia conseguir dormir enquanto não colocasse para fora tudo que estava a corroendo por dentro.

- Você queria beijar aquela garota? – perguntou.

- Sei lá – ele respondeu sendo pego de surpresa. – Não precisa se preocupar que a gente foi embora antes de eu conseguir alguma coisa.

- Por que você ficou dançando com outra garota e não comigo?

- Você estava dançando com outra pessoa.

- Mas eu queria ter dançado com você – ela admitiu e os dois ficaram em silêncio. – Não sei se é porque a gente tá vivendo tudo isso juntos e imaginei que podia acontecer algo entre nós, mas sei lá...Esquece o que eu estou falando, acho que o álcool me venceu por hoje.

- Bella?

- Quê?

- Se você quer que eu te beije, você só tem que se virar.

- Agora vai parecer que eu fiquei de draminha e você vai me beijar só por piedade.

- Claro que não.

- Vai sim.

- Juro que não é por piedade. Você é muito irritante e fala cada merda que me faz ter 99% de certeza que te deixaram cair quando bebê, mas sei lá...

- Sei lá o quê?

- Acho que sua excentricidade acabou me conquistando um pouco.

- Sério? – ela perguntou virando-se. – Você sempre faz umas caretas quando olha para mim, pensei que você achava que eu era idiota.

- As vezes você é bem idiota, mas é divertido.

- Estou me sentindo parcialmente ofendida – ela falou, mas mesmo assim se esticou e beijou Edward.

Ela não beijava uma pessoa diferente há 2 anos e meio. Era novo. Era fantástico. Ficou feliz por ter sido com Edward que compartilhou esse momento.

- Só uma coisa – ela falou separando seus lábios dos do menino que parecia estar curtindo demais aquilo. – Não vai achando que só porque eu deixei você me beijar que eu vou deixar você tocar minha perereca.

19 de julho. Redding, Califórnia.

- Eu não acredito que você me convenceu a mudar meus planos. – Edward disse com rabugice.

- Ai, para de reclamar. O que eu coloquei agora é muito mais legal.

- Você mudou a nossa passagem pela Califórnia inteira.

- Mas eu deixei a porcaria do parque de dinossauros que você quer tanto ir.

- Se tirasse já ia ser muito abuso, né?

- Só não mudei porque também estou curiosa para conhecer o lugar e porque sabia que caso contrário você ia ficar me enchendo o saco mais ainda.

- A gente tem que ir ao museu? – Indagou.

- A gente não é obrigado a ir, mas eu queria – disse com um bico. – Se for muito incomodo deixa para lá, um dia eu talvez tenha a chance de passar por Sacramento e visitar.

- Agora, depois que eu estou 6 horas com a bunda nesse banco no caminho de Sacramento, você me fala isso?

- Você que questionou e ficou reclamando que nem velho.

- Porque você mudou minhas férias inteira.

- Você não ia tá se divertindo tanto assim se não fosse por mim, Edward. Pode admitir.

- Não vou admitir nada.

- Viu? – disse com um sorriso. – Encosta o carro, eu vou dirigir o resto da viagem.

- Eu não vou deixar meu carro na sua mão.

- Claro que vai. Você já tá dirigindo tem 6 horas, não é justo deixar você fazer o caminho inteiro.

- Não, meu carro você não vai dirigir.

Edward tinha medo que toda loucura de Bella se manifestasse enquanto ela dirigia e por isso tinha receio de deixar a menina no volante. Ele temia não só por seu amado Camaro, mas como também pela vida de ambos. Claro que foi em vão bater boca com a garota, pois 10 minutos depois, quem estava sentado no banco de passageiro era ele.

- Me diz quando eu tenho que virar, ok? Eu não sei lidar muito bem com as placas. Quando consigo finalmente ler o que está escrito nelas, já passou do lugar onde deveria entrar. Cacete, que cara mole é esse aqui na frente? Anda logo, meu senhor! Se for para dirigir assim pega um taxi da próxima vez! – ela gritava.

As duas horas restantes de viagem foram um pesadelo. Bella jamais voltaria para o volante. Não importa o quão cansado Edward se sentisse, ele ia fingir que estava mais disposto do que nunca só para não ter que ouvir os escândalos que Bella fazia enquanto dirigia.

- Você pinta? – Edward questionou baixinho ao lado de Bella enquanto ambos observavam o quadro Les Iles à Port-Villez, de Claude Monet, no Crocker Art Museum.

- Pouco, mas não é nisso que sou boa. Eu gosto de fazer esculturas.

- Eu não gosto de quadros assim – ele falou. – Desculpa se é uma ofensa a sociedade, mas sei lá, não me enche os olhos.

- Tudo bem. Cada um tem um tipo de arte que o encanta.

Após 10 minutos no local, Edward já estava entediado. Passou então a observar Bella, que era mais interessante do que qualquer pintura famosa que ele viu no local.

Quando Bella finalmente se contentou que havia observado cada obra-de-arte do museu, os dois foram até uma sorveteria que Edward havia avistado no caminho.

- Me dá um pedaço do seu? – pediu.

- Você já tem o seu.

- Mas eu pedi de chocolate e de baunilha. O seu é de menta com flocos e eu quero provar.

- Até na hora de comer você tem que ser irritante, né?

- Não fala assim comigo – fingiu estar magoada.

- Toma – Edward esticou uma colher com uma modesta porção de seu sorvete.

- Obrigada – respondeu após comer o que lhe foi oferecido e retribuiu dando um beijo em Edward.

- Sua língua tá congelada – ele disse rindo.

- Porque eu estou comendo sorvete. Você que fica aí amolando deixando o seu derreter.

- É mais gostoso quando ele derrete. Depois eu mexo e bebo o que tá no copo.

- Mas a graça de comer sorvete é a textura dele.

- Claro que não, é o sabor.

- O sabor e a textura – Bella concluiu e para dar mais ênfase ao que estava falando, retirou um enorme pedaço do sorvete de chocolate e comeu com um gemido de prazer.

Ela virou para Edward novamente e o beijou, deixando um pouco de sorvete ainda descansando em sua língua.

- Nada melhor do que beijos de chocolate – ele falou com um sorriso no rosto.

- Nada melhor que os meus beijos – afirmou.

Ele concordou internamente.

- Eu descobri um barzinho de blues aqui perto, a gente pode ir lá mais à noite. O que acha? – questionou quando ambos estavam deitados na cama do motel.

- Pode ser – ela respondeu, mas estava um pouco distraída observando a mão de Edward e brincando com seus dedos.

- Estou ficando um pouco assustado com o quão entretida você está com meus dedos.

- Você tem uma mão bonita, grande. Odeio homens que tem mão pequena, não é a mesma coisa quando te tocam – falou colocando sua palma em cima da de Edward e comparando a diferença de tamanho. - Quantos anos você tinha quando se masturbou pela primeira vez?

- Sério que você está me perguntando isso?

- Aham.

- O que isso tem relacionado ao fato de minha mão ser grande?

- Nada, mas fiquei olhando sua mão e a questão veio na minha mente.

- Você viu minha mão e imaginou eu me masturbando?

- Não no momento, mas agora que você tá falando disso a imagem passou pela minha mente.

- Depois eu quem sou o pervertido.

- Você está fugindo da minha pergunta.

- 12 anos. Você?

- 13.

- Foi bom?

- Sim, não esperava por aquilo, mas eu também não me conhecia tão bem quanto me conheço hoje em dia.

- Você sempre compartilha essas coisas, digo, suas intimidades, segredos, pensamentos, com estranhos?

- Não. Você é meu primeiro.

O Torch Club era um dos mais bem-conceituados bares de blues da Califórnia. O local estava lotado, mas eles acabaram tendo a sorte de achar uma mesa vaga. Pediram logo uma caneca de cerveja para cada um e uma porção de coxinhas empanadas.

- Primeira vez que você bebeu cerveja? – Bella indagou.

- 14 anos. Meu pai me deixou provar e odiei. E você?

- 16. Que merda, porque você sempre faz as coisas antes de mim?

- A gente ainda vai descobrir alguma coisa que você conseguiu fazer primeiro, relaxa – ele disse dando um tímido riso. – Eu tenho uma curiosidade.

- O quê?

- Por que você sempre pergunta a primeira coisa? Por que não a última ou alguma que tenha marcado mais?

- Porque eu sempre acho que a primeira é a que você pode me responder de forma mais sincera. A última nunca é realmente a última, a não ser, claro, que você morra agora.

- Esqueci que você tem uma faca e um lado meio psicopata.

- Bobo! Eu não vou te matar, agora eu até simpatizo com você – ela falou rindo e parando para dar um beijo no garoto. – Enfim, voltando para eu concluir meu pensamento. A última nunca é realmente a última, a mais marcante você sempre vai ficar em dúvida, já a primeira é aquela que você não tem absolutamente nada para comparar, para especular, para pensar.

- Você já está bêbada?

- Para de me zombar! Estou falando sério.

- Ok, ok. Eu gosto do seu joguinho de perguntas. Acho que tem coisas que eu compartilhei com você, que ninguém mais sabe.

- Idem. As vezes a gente tem mais facilidade em se abrir com um estranho, do que com alguém que temos mais convívio.

- Há três dias eu não fazia nem ideia de quem você era. Hoje parece que eu conheço bastante de você e você de mim.

- Uhum. Tudo está sendo tão incrível e minhas expectativas eram tão baixas ou quase nenhuma. Não sei se é por isso que eu sinto que tudo está tão perfeito. Eu nunca senti tanto na minha vida que eu estava aproveitando o melhor dela, como nos últimos dias. Dá para entender o que eu estou falando?

- Sim. Perfeitamente.

- Aqui está a comida de vocês – a garçonete falou deixando o prato com petisco em cima da mesa. Ambos agradeceram.

- Eu sentia tanta falta de fazer isso – ela disse passando o pedaço de frango no molho de queijo. – Quando eu saia com Mike, ele nunca queria dividir um prato com essas coisas gordurosas.

- Você sente falta dele?

- Não. Isso me torna uma pessoa cruel? Foram dois anos e meio de relacionamento. Durante dois anos tudo era legal, sabe? Depois acho que os sentimentos foram se retraindo ou ele mudou, não sei como explicar. Talvez eu tenha mudado, minhas vontades, meus gostos, minha visão de futuro. Não digo que a culpa de tudo tenha sido dele ou minha. Chega uma hora que relacionamentos acabam simplesmente porque as duas pessoas estavam em lugares diferentes e era isso que aconteceu com Mike e eu.

- Você o amava?

- Eu o amei. Tinha um tempo já que eu não falava isso para ele. "Eu te amo". Eu jamais falaria isso se não fosse algo que eu sentisse. Acho que já tinha algum tempo que aquele relacionamento era só por comodismo. A melhor coisa que eu fiz foi acabar aquele namoro e um dia Mike irá notar isso, se é que já não percebeu. Eu jamais poderia ser a mulher que ele esperava. Eu sou impulsiva, falo besteira e muitas vezes tô cagando para o que os outros vão pensar. Não é assim que a futura Sra. Newton deveria ser.

- Entendo.

- Entende? Você já passou por isso?

- Não, mas seus argumentos me fazem acreditar que se eu fosse posto nessa mesma situação que você, entenderia a maneira que você agiu.

- Você já namorou por um longo período, Edward?

- Um pouco mais de um ano.

- E como você ficou depois disso?

- Devastado – ele falou rindo sem graça.

- Ela era uma filha da puta?

- Ela foi.

- Te traiu?

- Sim, com meu colega de quarto. Ela depois veio me dizer que tinha nos confundido.

- Que filhos da puta! – Bella disse indignada. Como alguém poderia fazer isso logo com Edward? Ele era uma pessoa tão legal.

- Muito.

- Você a amava?

- Sim. Foi a primeira e única mulher para quem eu disse "eu te amo".

- Eu sinto muito.

- Tudo bem, já tem quatro meses que isso aconteceu.

- Você ainda pensa nela?

- As vezes. A cada dia menos. Na verdade, desde que eu saí de férias, essa é a primeira vez que eu falo dela.

- Desculpa.

- Não. Tudo bem. É bom quando depois de muito tempo você para e nota que não pensa mais em uma pessoa que te fez algo ruim com tanta frequência.

- Vem cá – ela falou o chamando mais para perto.

- O quê?

- Eu vou te fazer esquecer ela.

E ela fez. Eles se conectavam de uma forma que talvez nem eles mesmos soubessem explicar, mas era como se quando estivessem juntos, não se importassem muito para o que estava acontecendo no mundo ao seu redor ou até mesmo dentro de suas cabeças. Era simples. Era Edward e Bella, sem expectativas.

20 de julho. Cabazon, Califórnia.

- Bella, se você cantar o tema de "Família Dinossauros"⁷ mais uma vez, eu juro que não me responsabilizo pelos meus atos.

A viagem de Sacramento até Cabazon durava quase 8 horas e eles já estavam perto do parque de dinossauros que Edward queria visitar. Quanto mais próximos eles ficavam do lugar, mais claro ficava que Edward não era o único animado para observar as enormes criaturas que foram construídas.

- Desculpa, é que eu realmente era fã desse seriado!

- Eu também gostava, mas você cantarolando no ritmo da abertura está me fazendo ficar um pouco irritado.

- Ok, eu vou tentar ficar quietinha.

Ela ficou. Por 10 minutos.

- Olha! – gritou praticamente colocando o rosto no para brisas. – Dá para ver eles daqui! A gente está tão perto!

- Senta direito – ele falou puxando ela pela calça jeans.

- Edward, você está tocando a minha bunda – olhou para trás vendo onde a mão dele estava.

- Eu sei. Dessa vez eu tive plena consciência.

Edward e Bella tinham total noção que os dinossauros eram enormes, mas quando ficaram frente a frente com os animais construídos, mal conseguiam abrir a boca de tão impressionados que estavam. Quer dizer, Edward ficou calado, porque Bella...

- Querida, cheguei! – ela gritou para o dinossauro e alguns pedestres que estavam ao seu lado riram de seu comentário. Aquele era o clássico bordão que o dinossauro Dino da Silva Sauro, da "Família Dinossauros", falava quando chegava em casa do trabalho para sua esposa, a dinossaura Fran da Silva Sauro.

- Você é tão ridícula – ele disse, mas estava se contendo para não rir.

- E você é um chato! Tira uma foto minha com o Dinny – ela falou entregando o celular para ele.

- Pronto – ele disse após apertar o botão.

- Mais uma. De novo, de novo – falou imitando a voz do Baby, também personagem do seriado.

- Você vai ficar perturbando o dia inteiro? Se bem que você tem que imitar o Baby mesmo, porque tá para surgir um personagem mais irritante do que ele.

- Para de reclamar e tira logo minha foto!

Edward fotografou não só Bella, como os dois dinossauros do local – Dinny e Mr. Rex. Ele ficaria por lá durante mais algumas horas, tirando fotos de todos os ângulos possíveis, mas sabia muito bem quem era sua companheira de viagem.

- A gente está tão perto de Palm Springs...

- Aham.

- Poderíamos aproveitar e visitar...

- Nem vem com essa.

- Por favor, Edwaaaaaaaaaaaaaaaaaard.

- Você acha que alongar a quantidades de "a" que tem no meu nome vai mudar alguma coisa?

Ela não achava. Ela tinha certeza.

- Essas palmeiras são tão bonitas – Bella comentou tirando fotos do local com a câmera de Edward.

- Aqui está tão quente.

- Tira a camisa.

- Você ia adorar, né?

- Ia mesmo – ela falou e ele, sorrindo, tirou a camisa e jogou em cima dela. - Eu esqueci de te perguntar. O que é isso? – falou tocando em cima da tatuagem de Edward que estava semi exposta.

- Uma âncora. Meu avô era da marinha e morreu tem dois anos, quis fazer em homenagem a ele.

- Posso ver?

- Aham – ele falou abaixando um pouco a calça, mas tentando não perder o foco na direção.

- É linda. Eu quero fazer uma tatuagem.

- É legal. Eu tenho vontade de fazer mais algumas.

- Legal, vamos fazer uma agora.

- Você está falando sério?

Como se fosse preciso perguntar.

Os dois encontraram num estúdio de tatuagem em Palm Springs e, como toda a viagem, tiveram sorte, pois o tatuador estava desocupado.

- A gente quer fazer uma tatuagem.

- Vocês têm algo em mente?

- Não – responderam ao mesmo tempo desanimados.

- Por que não sentam ali e pensam no que querem fazer? Tem algumas revistas, vocês podem ter alguma ideia.

Ambos se sentaram no sofá e ficaram olhando as revistas, mas nada parecia bom o suficiente para ficar eternizado no corpo dos dois. Uma vez que tatuado, era para sempre.

- Eu quero algo que simbolize essa viagem – Bella falou.

- Seria legal se a gente conseguisse pensar em algo.

Os dois pararam e tentaram pensar em alguma coisa, mas estava difícil. De repente, do nada, Edward se recordou de algo que um dia cogitou marcar em seu corpo e agora, mais do que nunca, fazia sentido.

- Você viu "Na Natureza Selvagem"⁸?

- Sim. Outro road movie do caralho!

- Aham. Se lembra do final? Quando ele escreve no livro a frase "happiness only real when shared"?

- Claro – ela falou sorrindo. – É isso.

- Aham.

Um pouco depois, os dois estavam com a frase marcada permanentemente em seus corpos. "A felicidade só é verdadeira quando partilhada".

- Sabe o que eu queria muito? – ela perguntou enquanto estava olhando o mapa para seguir para o próximo local que visitariam.

- O que?

- Ir para Tijuana.

- Você tá maluca?

- Edward, você já me fez essa pergunta tantas vezes, que imaginei que por agora, depois de quatro dias juntos, você já saberia a resposta.

- E você acha que é fácil assim? Algumas horinhas e puft, a gente tá no México.

- Claro. Nos filmes os criminosos vão parar lá fácil, fácil. Por que a gente não conseguiria? E por favor, faz a parte do puft de novo? É tão fofo quando você fala.

O caminho para Tijuana era relativamente curto – eram 2 horas e 40 minutos de viagem -, levando em consideração tudo que eles já haviam percorrido.

- Eu sinceramente não consigo imaginar que a gente está no México. – Edward falou.

- E eu? Você ao menos já conhece o lugar.

- Não sei como você conseguiu me convencer disso.

- Eu sou boa. Vamos sair hoje à noite, né? Tem tanta gente da Califórnia que vem para cá aproveitar a vida noturna.

Eles não fariam diferente. Por sua chegada tardia em solo Mexicano – já se passava das 20h – eles tiveram chance de somente ir para o albergue que Edward havia ficado anos atrás quando visitara a cidade com seus amigos, trocar de roupa e sair para uma boate famosa do local que Edward também já conhecia.

- Eu gosto desse tipo de música – Bella falou no ouvido de Edward enquanto eles dançavam ao som do ritmo local. – Parece que seu corpo se move sozinho, não é um esforço que você faz para acompanhar. Quase que involuntário.

Edward preferia descrever isso como algo hipnotizante. O balançar dos quadris de Bella, o jeito que ela passava a mão pelo corpo, a maneira que jogava a cabeça para trás ao tomar um shot de tequila, a careta que fazia logo em seguida, seu sorriso perverso. Hipnotizante, definitivamente era essa a palavra que ele usaria.

- Vamos tomar só mais um – Bella disse pedindo mais um shot de tequila para os dois.

- Você já bebeu o suficiente – ele disse, mas também já estava meio alegre.

- É o último. A gente dança mais um pouquinho e depois vamos para o albergue dormir.

Eles tomaram mais uma vez o líquido que queimava a garganta e foram para a pista de dança. O casal estava enroscado de certa maneira que muitos se perguntavam se eles não sentiam falta de ar. As suas mãos vagavam pelo corpo do outro de uma maneira nada cautelosa e estavam dando um belo show para todos os praticantes de voyeurismo da boate. Nada importava para eles. A probabilidade de ter um conhecido era quase zero e a ajuda do álcool não fazia com que eles se tornassem pessoas inibidas.

Quando chegaram ao albergue, Bella puxou Edward pela camisa e o levou para a cama com ela. Embora o álcool tivesse correndo em suas veias, ambos não fizeram nada mais do que se beijarem e tatearem de olhos fechados o corpo do outro.

21 de julho. Buckeye, Arizona.

Eles nunca pensaram em uma despedida ou qualquer coisa assim.

Eram 9h46 da manhã, quando Renée Swan telefonou para sua filha e desta vez, Bella não foi capaz de ignorar.

- Eu estou tentando falar com você há dias – disse num tom acusatório para sua filha.

- Desculpa, mãe. Eu estava ocupada.

- Com Mike que não foi, né? Ele ligou aqui para casa, disse que vocês tinham brigado.

- Sério que ele fez isso?

- Sim. Você está bem, meu amor?

- Sim, mãe. Foi uma escolha mais minha do que dele. Não dava para continuar. Depois eu te explico melhor tudo que aconteceu nos últimos dias.

- Você teve tempo de ao menos ler as mensagens que te mandei?

- Não, me desculpe.

- Eu queria te avisar que Harry estava no hospital.

- Tio Harry? – Bella questionou sentindo uma pontada no peito. Harry era irmão de seu pai e o melhor tio do universo.

- Sim.

- O que aconteceu?

- Ele sofreu um enfarte.

- Ele está melhor agora? – questionou preocupada.

- Sua tia ligou aqui para casa tem uns 15 minutos. Eu sinto muito, Bella – Renée informou sabendo que suas palavras iriam partir o coração de sua filha.

- Como está o papai?

- Mal. O enterro vai ser amanhã. Você tem que voltar para casa, amorzinho.

- Eu estou a caminho de Phoenix. Eu vou tentar pegar o primeiro voo.

- Você tem dinheiro? Qualquer coisa eu deposito na sua conta.

- Eu tenho mãe, pode deixar.

- Me liga se tiver algum problema, ok? Mamãe te ama.

- Também – disse desligando o aparelho.

Assim que desligou o celular, Edward olhou para o rosto de Bella e viu lágrimas caindo de seus olhos.

- O que houve? – Questionou.

- Meu tio faleceu – contou limpando as lágrimas. Edward encostou o carro.

- Eu sinto muito – falou puxando-a para seus braços e depositando um beijo em sua cabeça.

- Eu vou ter que ir embora. Você tem que me deixar no aeroporto, tenho que ir para Forks o quanto antes.

- Ok – ele concordou, mas por um momento ficou de coração partido igualmente a Bella. A viagem jamais seria a mesma coisa sem ela. – A gente chega ao aeroporto em uma hora.

Eles seguiram o resto do caminho de mãos dadas. Não como namoradinhos apaixonados, mas como amigos que já estavam sentindo a falta um do outro.

- Não precisa entrar comigo – Bella falou. – Eu volto aqui para falar com você, caso eles tenham alguma passagem para agora. Me espera aqui no carro, ok?

- Tá bom.

- Merda, será que fica feio se eu entrar lá assim? – ela questionou apontando para seus pés que estavam calçando um chinelo.

- Não, melhor do que esse seu All Star podre – falou apontando para o tênis que estava jogado no chão.

- Ok. Já volto – disse dando um beijo nos lábios do garoto.

Bella conseguiu comprar uma passagem para as 13h, dando a ela e Edward apenas um pouco mais de uma hora para se despedirem.

- O que você quer fazer? – ele questionou.

- Ficar aqui.

- Parados? Dentro do carro?

- Sim.

- Ok.

- Você não vai perguntar se eu sou louca?

- Não. Eu já tenho certeza.

- Eu não queria ir embora. Não queria que meu tio tivesse morrido.

- A gente nunca tem controle sobre as coisas da vida. Eu queria que você tivesse feito o caminho de volta comigo.

- Eu também. É estranho isso. Você vai voltar para a faculdade, eu vou voltar para a minha e sei lá...acabou.

- A gente ainda pode se falar pela internet, telefone.

- Mas não vai ser a mesma coisa, sabe? Acho que é melhor se a gente apenas falar tchau e quem sabe um dia a gente não se encontra de novo?

- Sério que você pensa isso?

- Sim. Esses dias foram fantásticos e eu me apeguei tanto a você. Eu não quero quebrar o encanto e muito menos me apaixonar. Se a gente continuar se falando, um dos dois vai acontecer – disse com honestidade.

- Não era o que eu esperava – ele disse um pouco magoado.

- Desculpa.

- Tudo bem. E as suas fotos? Todas que eu tirei...

- Guarda. Assim você não se esquece de mim.

- Nem que eu quisesse.

- Posso fazer mais uma pergunta?

- Alguma vez você precisou da minha aprovação para me perguntar algo?

- Primeiro amor de verão? – questionou e ele apenas olhou para ela com um sorriso nos lábios. Ela retribuiu.

- Obrigado pela companhia. Não teria sido o mesmo sem você.

- Obrigada pela carona – ela falou e ambos ficaram em silêncio observando o relógio.

Bella, sendo impulsiva como sempre, saiu de seu banco e foi para cima de Edward.

- O que você está fazendo? – perguntou assustado.

- Eu não quero ir embora com um arrependimento.

Bella havia dormido com apenas dois homens em toda sua vida. O primeiro fora James, o segundo foi Mike. Ela havia levado quase um ano para tomar a decisão de perder sua virgindade com seu primeiro namoradinho. Já com Mike, levou 4 meses. Com Edward, seu terceiro, foram 4 dias.

Ela cogitou isso em sua mente desde o primeiro beijo com ele. Não foi somente pelo fato de ela estar atraída por sua forma física, pois ela era muito mais atraída por sua personalidade. O simples fato de Bella ter tomado a decisão de estar presa num carro com Edward, fazendo sexo no banco de motorista, foi acima de tudo porque ela sabia que caso voltasse para casa e não tivesse vivenciado isso com ele, se arrependeria.

Essa não era uma viagem de arrependimentos, era completamente o oposto.

Quando ela estava suando, em cima do corpo dele, beijando lábios que em apenas dias se tornaram seus prediletos, teve certeza de que isso era certo. Que era assim que ela queria que fosse a despedida dos dois.

- Você é louca – ele disse rindo enquanto subia as calças.

– Você acha que alguém viu?

- Não sei se viram, mas com certeza foram capazes de escutar.

- Idiota! – ela disse rindo.

- Eu vou sentir sua falta.

- Não fala essas coisas, Edward. Se você me fizer chorar eu juro que eu vou te bater.

- Ok. Escuta, ano que vem eu vou estar no Coachella. Sem falta.

- Isso é uma indireta?

- Não. Isso é uma direta.

- Ok, eu entendi. Eu tenho que ir – disse observando o relógio e vendo que seu tempo era curto.

- Ok. Você quer que eu vá até lá com você?

- Não – disse enquanto trocava, afobada, o chinelo por seu All Star. – É isso. Tchau, Edward.

- Tchau, Bella – disse com um final beijo em seus lábios.

Ele observou ela passar pelas portas automáticas e ainda ficou parado por um tempo lá, tentando assimilar o vazio repentino que sentia dentro do carro.

Bella passou por toda aquela burocracia chata do aeroporto tentando segurar o choro. Era como se tudo que tivesse acontecido nos últimos dias passasse como um filme em sua mente e de repente, algumas lágrimas conseguiram escapar.

Sentada em sua poltrona, olhando através do vidro da janela quando a aeronave levantou vôo, se pegou observando os carros e querendo encontrar o de Edward. De repente, uma raiva começou a surgir. Que tola ela fora de não querer pegar nem o telefone dele. Talvez ela ainda o encontrasse no Facebook. Ela lembrava perfeitamente que ele se apresentou como Edward Cullen. Quantos Edward Cullen poderiam existir? E se existissem vários, era só ela procurar pelo mais novo, porque com esse nome – Edward – ela apostava que a maioria que ia encontrar era velho.

Ela cruzou as pernas e olhou para baixo, foi então surpreendida com algumas coisas que estavam rabiscadas em seus All Star:

Bella, obrigado pela companhia. Você saiu para comprar sua passagem e eu nem sei como vou fazer o resto dessa viagem sem você. Eu seria um tolo se falasse que planejo voltar em alguns lugares que a gente passou novamente e imaginar você do meu lado? Enfim, não é momento para sentimentalismo e eu nem tenho muito espaço. Aí embaixo está meu celular, o telefone da casa dos meus pais em Seattle e meu e-mail. Você pode me achar no Facebook com ele. Eu jamais vou esquecer. Quem sabe a gente não marca outra viagem? PS: Lava essa porra desse tênis porque só de segurar ele para escrever, eu sujei meus dedos.

Ela acabou de ler aquilo com um sorriso enorme no rosto e olhos marejados.

Ah, Edward, se ao menos você soubesse agora deu mais um motivo para a menina nunca, nunca mesmo, lavar aquele tênis.


¹ Easy Rider: No Brasil chamado de "Sem Destino". Conta a história de dois motociclistas que saem pela estrada atrás da tão almejada "liberdade" e pretendem chegar a New Orleans, para o Mardi Gras. É um clássico road movie.

² Thelma e Louise: Duas amigas saem para uma pescaria e depois de encontrar com um maníaco-louco-violento-estuprador, acabam o matando. As duas então saem fugindo da polícia, com o intuito de chegar ao México. Outro clássico, quem não viu tem que ver porque é bom mesmo. E ainda de sobra tem o Brad Pitt novinho (sem camisa).

³ Coachella: Festival de música que acontece na Califórnia, normalmente em Abril e tem duração de 3 dias. As melhores bandas sempre estão lá.

⁴ Quase Famosos: A cena mencionada é de fato uma das minhas favoritas. Eu vou incluir no meu profile, se quiserem podem dar uma olhada. Quem nunca ouviu falar desse filme, a história gira em torno de um garoto de 15 anos que sai junto com uma banda de rock por uma turnê pelos EUA. Ele possui uma das minhas citações favoritas sobre música e como o espaço aqui é meu, me permito citar hahaha. "Eles nem sabem o que é ser fã. Amar de verdade uma canção boba ou um grupo, tanto...que chega a doer". Confiram o filme, vale a pena.

⁵ Crossroads – Amigas para sempre a.k.a. "Aquele filme da Britney". São três amigas de infância que se encontram depois de 8 anos e planejam sair pelo sul dos EUA até chegar à Califórnia. Claro que no meio rola muito romance, clima de azaração e Britney cantando música. Ele é o típico filme que todo mundo fala que é uma merda (e eu adoro).

(Caso vocês não tenham notado até agora, eu só estou colocando isso para fazer propaganda de filmes/coisas que eu gosto...e eu pulei o 6 mesmo, problemas de formatação no ff, preguiça de explicar)

⁷ Família Dinossauros é um clássico infantil (ou ao menos era na minha época). Vou colocar no perfil a abertura para vocês assistirem e ficarem nostálgicos como eu.

⁸ Na Natureza Selvagem: As fãs de Kristen Stewart provavelmente sabem do que eu estou falando. Se você nunca assistiu esse filme...pode começar a fazer seu download ilegal, ir até a locadora mais próxima ou comprar na loja de DVD de sua preferência. É incrível. A trilha sonora, a fotografia, a atuação do Emile...tudo. É a história de um garoto recém-formado que sai sozinho pelos Estados Unidos e quer ir até o Alaska.

N/A: Pronto, agora acabei com a propaganda e posso falar quem eu tirei no meu amigo oculto hahaha: Taty!

A gente nem precisava fazer dedicatória nessa one, mas vou fazer mesmo porque já que eu escrevi uma one de 36 páginas, o que é mais uma ou duas?

A Taty foi uma das primeiras pessoas no fandom a ler uma fic minha/fazer contato comigo e eu já tive o prazer de conhecê-la pessoalmente. Não sei se vocês um dia já chegaram a conhecer uma pessoa que te faz pensar "Como alguém pode não gostar dela?", mas foi essa conclusão que eu tive depois de passar alguns dias com ela. A Taty é meio assim, quietinha na dela, falando com sotaque mineirinho e sempre fazendo ótimas colocações quando você menos espera. Um amor de pessoa, de verdade. Taty, aliás, é a razão de toda vez que eu piso num pub irlandês aqui perto, começo a rir apenas com lembranças (Já viu que essa história não vai perder a graça nunca, né?). Espero que você tenha gostado da one, caso contrário pode mentir. Desculpa ter escrito algo tão gigantesco (Viu? Pode ser que não tenha dedicação em CdM porque deve acabar antes do seu niver, mas arrumei espacinho aqui. Era o destino hahaha).

Então é isso pessoal. Coloquei foto de alguns lugares no meu profile, se quiserem conferir. Já aviso que a única road trip que fiz na vida foi no google maps, procurando esses lugares que eu nunca visitei, então pode ser que tenham alguns erros.

Obrigada quem resistiu e leu isso tudo. Adoraria saber o que vocês pensaram da o/s, então, se quiserem, deixem uma review que ficarei muito feliz!

Não se esqueçam de ler as outras!

Beijos,

Berry.