Resumo: As atitudes de Rachel a colocam em desvantagem com seus colegas do Glee club. Será que um certo ex-namorado pode diminuir sua solidão?

Nota da Tradutora: Tradução autorizada pela autora, northstar61. O link para a história original está no meu perfil. Spoilers até 'Furt'.

Somebody to Love You

Capítulo 01

"Ela é uma aberraçãozinha ambiciosa que faria qualquer coisa pra manter o seu poder".

"O que você fez foi ruim".

"Você não fez isso porque ama o glee. Fez porque se ama mais".

Como um fluxo infinito que ela não podia purgar de sua mente, as palavras ásperas ditas por seus colegas de glee ecoavam sem parar na mente de Rachel. Claro que ela provavelmente não devia ter mandado aquela menina nova, a Sunshine, para uma boca de fumo abandonada, mas o que eles esperavam dela? Ela era Rachel Berry, a estrela do New Directions. Mesmo que eles pudessem não gostar, todos no grupo tinham chegado a aceitar que ela era a sua fêmea alfa – aquela destinada a cantar os maiores solos, fazer duetos com os vocalmente melhores parceiros, ficar sob o holofote mais forte. Eram seus direitos. Ela os ganhara, pela virtude do trabalho duro e uma abundância de talento dado por Deus. E não tinha chance de ela desistir de algo. Não por um de seus colegas de time, e com certeza não por uma aluninha de intercâmbio qualquer com problemas de altura.

Ela expirou alto, de frustração. Nada estava indo de acordo com o plano. Este deveria ser o ano dela. Onde ela e Finn, recém-chegados da vitória do New Directions nas regionais, se tornavam o casal mais poderoso de McKinley High. Bom, isso tinha ido pro beleléu quando o time fracassou em se classificar, e ela teve que ver o Vocal Adrenaline – e Jesse – erguer o cobiçado troféu. Agora que Finn fora expulso do time de futebol americano, com certeza que insultos e raspadinhas estariam na pauta do dia, em vez da adoração e dos elogios que ela buscava tão desesperadamente. O namorado dela certamente não parecia otimista sobre suas perspectivas – ou as dela, por sinal.

"Eu sou só mais um perdedor do glee agora".

Ela fez uma careta à lembrança, chocada pela escolha de palavras dele. Perdedor? Ele os considerava perdedores? Uma vez atleta, sempre atleta, era o que parecia. Apesar de apreciar o fato de que ele ter ficado no clube apesar da grande pressão sob a qual estivera previamente para sair, ela sabia que glee era apenas uma distração para Finn. Algo que o divertia, sim, mas não era de vida ou morte para ele, como era para ela. Como era para...

Jesse.

E lá estava ele, ocupando novamente espaço em sua cabeça. Apesar da traição dele, apesar da humilhação que ela vivera nas mãos dele, a imagem do belo ex-líder do Vocal Adrenaline continuava a aparecer, sem ser chamada, invadindo seus pensamentos de dia e seus sonhos à noite. E, ela tinha que admitir, frequentemente fazendo seu atual namorado parecer definitivamente de araque em comparação.

Apesar de qualquer circunstância, ela tinha absoluta certeza de que Jesse nunca se consideraria um perdedor. Sua autoconfiança, sua arrogância, seu ego... Tudo era parte do charme para Rachel. Em certos pontos, ela aspirava ser exatamente como ele – segura em seu talento e, portanto, capaz de suportar todo e qualquer insulto atirado para ela. Naturalmente, confiança era fácil de se ter como membro do maior coral da região. O clube era reverenciado em Carmel, onde praticamente dominavam a escola. As Cheerios e os jogadores de futebol estavam no topo da cadeia alimentar de McKinley, e eles nunca deixavam que alguém do New Directions se esquecesse disso. Pelo menos ela e seus colegas tinham uns aos outros, mesmo se todos os outros estavam contra eles. Bom, a maioria deles tinha...

Rachel soltou outro suspiro, lembrando-se da gelada recepção que tivera no ensaio de hoje. Havia se contido, sabendo que o resto dos membros do clube estava furioso com ela, vagando do lado de fora da sala e observando em silêncio enquanto eles aqueciam tanto os corpos quanto as cordas vocais. Estavam brincando e rindo, divertindo-se, até que ela entrara. Imediatamente, como se alguém jogasse um balde de água fria no local, a sala ficara pesadamente silenciosa. Em vez de se defender, no que ela havia percebido que seria uma tentativa vã de aplacá-los, ela apenas moveu-se silenciosamente para sentar ao lado de Finn. Como uma punhalada no coração, ela notou que todas as cadeiras ao redor dele estavam vazias, como se ninguém pudesse suportar sequer estar perto dela. Desviando o rosto brevemente, ela esforçou-se para disfarçar a mágoa que estava sentindo. Divas não choram, lembrou a si mesma enquanto recompunha o rosto em uma expressão neutra antes de olhar para frente mais uma vez. Usando todos os truques de atuação à sua disposição, ela fez parecer estar perfeitamente bem, canalizando todas as suas emoções nas músicas que o Sr. Schue havia escolhido para eles naquele dia.

No fim do ensaio, a alma machucada de Rachel havia ansiado apenas uma coisa – o conforto e a segurança do lar. Quando Finn lhe disse que ele e Puck iriam à piscina local, ela deu um suspiro involuntário de alívio. Ela podia finalmente deixar de lado a sua showface. Seu queixo doía do sorriso insincero que mantivera na última hora. Só mais um pouco agora...


Sozinha em seu carro, ela olhou do outro lado do estacionamento, vendo Finn e Puck empurrarem-se de brincadeira. Rindo abertamente, eles estavam ignorantes da morena baixinha e das lágrimas que agora corriam livremente por seu rosto. Ele nem me deu um beijo de despedida, ela lamentou intimamente, dolorosamente ciente que mesmo seu namorado tinha ficado meio frio durante o ensaio. Bom, ela se preocuparia com isso amanhã. Enfiando a mão no porta-luvas, ela pegou o primeiro CD que tocou e, sem examiná-lo de perto, colocou o disco no som. Esperando achar consolo na música, como normalmente fazia, em vez disso ela sentiu o estômago apertar quando uma voz muito familiar saiu das caixas...

I've been alone with you inside my mind

And in my dreams, I've kissed your lips – a thousand times

Ela rapidamente colocou o carro no acostamento e desligou o motor. Sua respiração estava ofegante, e as lágrimas que ela apenas acabara de conter ameaçavam jorrar mais uma vez. Pegando a caixa do assento aonde ela casualmente a jogara poucos segundos antes, ela a olhou sem entender. A capa frontal estava vazia, não dando pista de sua origem. Abrindo-a, ela engasgou com a mensagem que continha.

Para Rachel.

De Jesse.

Por favor, apenas ouça. Isso diz mais do que eu poderia

Apenas cinco faixas estavam listadas. – 'Hello', 'Hard For Me To Say I'm Sorry', 'Sorry Seems To Be The Hardest Word', 'Sorry' e 'Forgive Me' – mas o tema estava abundantemente claro. Quando ele fizera isso? E como fora acabar no porta-luvas seu carro? Pelo mais breve momento, ela considerou quebrar o CD em dois e jogar sem cerimônia no lixo, mas a tentação de ouvir foi maior.

Dando play mais uma vez, ela recostou-se no assento, deixando o calor da voz de Jesse envolvê-la. Um sorriso fraco flutuou sobre seus lábios enquanto ela se lembrava de seu primeiro dueto na loja de música, há tantos meses. Fechando os olhos, ela pôde imaginá-lo como fora na época, envolvente e sincero e tão sexy, praticamente fazendo amor com ela via música. Um rubor subiu em seu rosto. Se pelo menos...

Um zumbido mudo a tirou de seu transe. Pegando o telefone do fundo da bolsa, ela o abriu, esperando ansiosamente por um torpedo de Finn. Sem dúvida, ele havia decidido se desculpar por ignorá-la durante o ensaio. Sua expressão murchou quando leu a mensagem que definitivamente não era de seu namorado.

Você foi longe demais dessa vez, Rachel. Não pode controlar essas suas tendências a diva? Honestamente tenho que questionar se podemos continuar amigos depois dessa arte que você fez.

Ressentimento borbulhou dentro dela. Isso vindo de Kurt, que lhe deu um terrível make-over na esperança de ela parecer ridícula diante de Finn. Um insulto egrégio, mas ela havia perdoado-o por isso. Por que ele não podia estender a mesma cortesia a ela? Por que seus supostos amigos não podiam aceitá-la como era, com todos os defeitos? Com um aperto furioso, ela deletou as palavras lesivas e foi para casa, enquanto a trilha sonora do pedido de desculpas de Jesse destruía suas defesas inconscientes, oferecendo um bálsamo para seu coração ferido e destroçado.