Bom, não demorei tanto dessa vez. Boa diversão!

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-Então você apagou tudo. Muito inteligente, Itachi-san. Muito... mas não o suficiente. Kyuubi ainda pode se regenerar.

Um par de olhos espreitava na penumbra da noite, de dentro de um luxuoso Aston negro. Os faróis estavam desligados, assim como o motor. Invisível, como precisava estar naquele exato momento.

O olhar do motorista e único passageiro do veículo silencioso se fixava em sua vítima. Sua presa. Aquele jovem de vinte e cinco anos, cabelos compridos e olheiras profundas sob os olhos.

- Não sabe como sinto muito, Itachi-san, mas não é bom fazer essas coisas – sua voz mal ecoou no espaço vazio do veículo, dirigindo-se a um interlocutor invisível.

O Honda estava estacionado a três metros de onde ele estava e tão quieto e discreto. O motorista embarcou, seguido por uma garota de cabelo rosa que ocupava o banco do passageiro. Kisame, que estava em posição de guarda na entrada do prédio, desapareceu da cena dez minutos antes da saída do Uchiha.

Segurança em primeiro lugar. Um bom trabalho, Hoshigaki. Obito pensou deslizando os dedos na superfície do volante. Eu vou cuidar do resto. Eu. E então vou mandar os outros peões para fazer companhia ao velho Madara-sama... incluindo você, Hoshigaki ...

Sim. O tenente pagaria também, mas por enquanto, seu objetivo atual era mais importante.

O carro partiu. Sem ligar os faróis e a uma velocidade média. Obito ligou o dele até que Itachi estivesse a um quarteirão de distância.

Seu rosto insano mostrou um sorriso largo e estremecido.

- Mas primeiro, Tobi terá que repreender Itachi-san... porque Itachi-san não foi um bom menino... como Shisui-sempai ...

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Sabia exatamente o que tinha que fazer. Itachi havia planejado desde a formatação da Kyuubi. O destino pairaria seu manto cruel sobre a Akatsuki e Kisame garantiria isso em pelo menos uma fração da organização: Pein, Konan e agora Kakuzu e Hidan; caídos e devidamente marcados como criminosos. Justiça, merecida e sublime, tão doce quanto o som da canção de um pássaro que se levanta após ser trancado.

"Entregue isso, garoto esperto", havia dito Hoshigaki, antes de partir para quem sabe onde. "Entregue para a justiça e eu cuido do resto"

Ele duvidou de Kisame, e esse sentimento ainda relutava em desaparecer. Deveria entregar aqueles dados do seu bolso? A Nuvem Vermelha não havia se evaporado por completo. Ainda havia um pilar e duas estruturas: Obito, Deidara e Zetsu ... e, claro, o próprio Itachi.

O cerne da questão. Era isso que ele ainda argumentava internamente, o impulso de uma estratégia que não tinha em mente... até dez minutos atrás.

Nós todos vamos afundar no mesmo maldito barco. Eles vão me sentenciar como qualquer um deles. A cumplicidade, mesmo que fingida e hipócrita, também tem um preço..., Itachi refletiu. Eu já sabia, eu estava pronto para isso, mas...

Mas o quê?

As coisas mudaram muito desde o que planejei. Sakura e eu poderíamos ter superado isso antes, claro. Quanto tempo seria? Um ano? Dois? As acusações não são tão sérias... mas um ano... trezentos e sessenta dias mais o serviço comunitário.

Seus dedos agarraram um pouco mais o volante.

As coisas mudaram muito. Um ano, se me trancarem por um ano... eu não estarei com meu filho quando ele nascer. E os planos, tudo mais... terão que esperar.

Olhou para Sakura e voltou para a estrada antes que ela notasse sua atenção meditativa.

Ela precisa de mim. Eles precisam de mim.

Parecia ouvir a voz de Shisui como um eco distante. Tão precisa, pelo menos no sentido das coisas que Itachi sempre ignorou. E o "eu avisei" era recorrente.

"E o que você pode oferecer, homem? Fugindo da lei, ter truncado sua vida por uma negligência mútua e saindo agora com a expectativa de uma maternidade inesperada. Vocês só vivem juntos e o fato dela ser emancipada não a torna com mais idade ... vocês nem estão casa... "

A frase parou. Ele parou... e o mundo também.

O carro interrompeu a marcha, em uma das placas de parada. A rua estava quase deserta. Ninguém, exceto para alguma urgência, partia ou dirigia no meio da noite. Não era meia-noite, mas onze e meia na quinta-feira era uma hora incomum para caminhar pelas ruas centrais de Konoha.

Ela e eu, não estamos... Sakura e eu... ainda não, mas...

O tinha. Impulso ou não. Lógica ou arrebato.

Algo ainda poderia ser feito.

–Jiraya não ficou totalmente ferido - sua voz saiu quase inconsciente – Não chegou a ser hospitalizado. Foi?

Sakura se virou para ele.

- Não. Naruto disse que ele estaria em casa à noite. Por quê? - indagou sem entendê-lo.

Itachi levou alguns segundos a mais do que o permitido no semáforo, puxando o pen drive do bolso de sua capa de chuva.

- É fiscal, ele sabia algo sobre a Kyuubi e acho que saberá como resolver isso – disse olhando para o dispositivo por uma fração de segundo e voltou a guardá-lo – E é advogado...

Sakura olhou quase distraída para o exterior da janela do carro. Sua mente também incorreu em muitas lembranças. Muitas coisas aconteceram. Assimilá-las era exaustivo.

-Sim, Jiraya-sama efetuou o processo do meu ato de emancipação – enunciou a jovem Haruno.

Um comentário simples, que acabava de selar o balanço das equações silenciosas da mente de Uchiha Itachi.

Ainda não estamos, mas se algo acontecer comigo... se algo acontecer. Eu...

Em vez do combinado, o veículo mudou de curso, passando da avenida central para um entroncamento com o retorno ao leste. O caminho se tornou familiar para a garota de cabelos rosa. O apartamento de Naruto quase podia ser visto na parte inferior da estrada.

A um quarteirão de distância, Itachi estacionou o carro. O motor também parou e o silêncio encheu o interior. Ele pegou a mão de Sakura, com uma discrição e uma moderação incomum. Ela fixou os olhos nos do Uchiha, e ele não tinha intenção de perder o contato visual direto.

Ele se aproximou mais e a garota suspirou esperançosa.

- Sakura... – Itachi sentiu sua garganta congelar, nublada como na primeira vez em que a beijou ou na ocasião em que tentou expressar o que realmente sentia por ela. Palavras, malditas palavras, depois de tudo. E estas eram ainda maiores e, portanto, difíceis de pronunciar – Sakura-chan...

Ainda estava em tempo, não é?

Dizer ou não. Por fim, Itachi decidiu, ele tinha certeza e era o que importava. Pelo bem de ambos. Para os três.

-... Sakura, quer se casar comigo?

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A penumbra do quarto permitia uma visão parcial de seu rosto. Ele parecia muito bravo, apesar de não dizer uma palavra. Uchiha Sasuke estava lá, sentado na cadeira contra a porta e sua mão direita movia com um pulso estressado a alça de um canivete.

De um lado e do outro.

Deidara, que havia acabado de chegar de mãos vazias depois de procurar uma pista da Kyuubi, apenas olhou para ele de relance e foi para o canto mais distante da sala.

A máscara de concentração e fúria silenciosa na face do herdeiro mais jovem da companhia Uchiha estava longe de ser uma simples birra, raiva ou qualquer outra emoção vista antes. E, claro, o fato de tentar o destino não foi ignorado pelo linguarudo de cabelos longos e feições suaves.

-E "o olho de vidro"? Hum? Ainda não foi caçar as sobras de sua prestigiada família?

Zetsu sacudiu a cabeça, de pé e com os braços cruzados, como uma estátua silenciosa e sombria.

- Não, e você deveria trazer pelo menos as chaves que faltam – resmungou o cara de terno preto – O quão difícil é pra você pegar um simples rapaz?

- Bem, eu não vou sujar as mãos com merda. Se para Tobi é tão urgente, deixe-o fazer tudo. Uh! Eu já me cansei – Deidara ignorou o comentário e, sem cerimônias, examinou o jovem Uchiha da cabeça aos pés. – E este? Desde quando esta maldita organização se tornou uma creche? Tobi deve estar desesperado para precisar da ajuda de crianças inúteis como...

Suas palavras foram silenciadas pelo zumbido da lâmina. Lançada como uma pequena flecha e raspando na frente de Deidara. Três centímetros a mais para a esquerda e o loiro poderia ter perdido sua orelha.

A lâmina acertou com a precisão de uma flecha o alvo da parede.

- Meta-se com seus assuntos – foi tudo o que Sasuke disse, sem sequer olhar para ele.

-Puta que pariu! Moleque! Uh! – Deidara resolveu sair da sala, prestes a segurar a maçaneta da porta, quando esta se abriu e uma silhueta alta estava prestes a colidir com ele – Ei! Que diabos você está fazendo aqui?!

Kisame permaneceu em pé da porta. Zetsu se virou para ele e desembainhou a semiautomática. Deidara agarrou a dele. Sasuke nem se mexeu.

- Também estou feliz em vê-los – Kisame grunhiu, como se estivesse acostumado a tal explosão – Deixe de estupidez, Zetsu. Tenho a localização do arquivo.

Zetsu não abaixou a arma.

- Claro... e do que nos serve agora, idiota? Foi apagado. Tudo. - disse apontando para a cabeça do tenente – Agora... para o inferno com o seu teatro! Sei bem que você estava se escondendo por trás disso, Hoshigaki. Devemos assumir que você também não sabia sobre a maldita armadilha em que Pein caiu? – o cartucho da arma recuou - Nós também perdemos o Kakuzu, e o demente do Hidan parece ter caído em outra de suas malditas crises fanáticas. Você e o bastardo de seu parceiro cagaram com tudo!

- Faça o que quiser, Tobi tem a localização da doninha – Kisame jogou o celular para Zetsu. – Confira. Em menos de meia hora teremos o respaldo.

- Uma merda que eu vou!

Ele deixou o artefato cair na mesa surrada. A direção da arma continuava com o crânio de Kisame como alvo.

- Vá em frente, me mate... idiota – Kisame o desafiou - Mate todo mundo e o plano vai pro inferno...

O próximo clique era do detonador de Deidara, ao lado esquerdo do Tenente Hoshigaki.

O telefone tocou antes mesmo que alguém pudesse dar uma olhada de advertência, embora essa não fosse a intenção. Zetsu deu um clique coma mão desocupada e a linha o comunicou de imediato com a voz fina de Obito. As instruções foram limitadas a um par de "Arram" por parte de Zetsu. Cortou em menos de dez minutos.

Olhou ao redor e a atenção de todos estava fixa em seu rosto irônico.

-Avenida central. Um circuito fechado seria o mais prudente. - sua expressão cautelosa ainda estava presa no rosto envelhecido de Hoshigaki Kisame- Será melhor irmos todos.

Mesmo sem considerar como uma ordem, o mais novo dos Uchiha já havia saído seguido por Seigetsu, andando relutante atrás dele. Zetsu, Deidara e Kisame foram logo atrás. E, embora o tempo não estivesse o pressionando, pelo menos a distração produzida pelo telefonema deu uma ligeira vantagem, e ninguém, ao sair, notou o frágil comunicador escondido no bolso da capa de chuva de Kisame.

O botão único piscou com ritmo, visível apenas pela lâmpada vermelha no alto.

Aceso.

- Espero que com isso você se dê por satisfeito, Morino... - Kisame murmurou -... o resto do bando em uma bandeja de prata. Está faltando apenas o prato principal.

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-Vocês o quê?!

Meia-noite. Além do imprevisto de tê-lo despertado e invadir a paz de sua casa a altas horas e a declaração dos fatos como tal, Jiraiya não pôde deixar de soltar outra exclamação.

Após o confronto com Pein (quem diria que seu melhor aluno se tornaria semelhante crápula?), a efusiva mortificação do próprio Naruto e tudo que desabava sobre Konoha, o mesmo Jiraiya não tinha certeza se queria abrir a porta. Foi o seu afilhado que, sem pensar duas vezes, atendeu ao chamado, reconhecendo sua melhor amiga e o irmão mais velho do "teme".

Jiraya ouviu as acusações anteriores do Naruto, os esclarecimentos sobre a situação na Akatsuki – nas palavras de Itachi – e a elaboração dos planos concebidos não por Pein, mas por Madara originalmente; e agora, nas mãos de Obito, o assassino do ex-contador e primo do Uchiha.

E de repente, o argumento se voltou em outra direção.

- Uma certidão de casamento – Itachi declarou sem a menor cerimônia ou dúvida diante da pergunta estrondosa do padrinho do Naruto – Sakura e eu queremos nos casar. Agora.

Mesmo com uma ridícula faca de cozinha na mão – uma precaução como antigo agente da lei e um senso mínimo de proteção urgente para algum possível ataque –, Jiraiya permanecia em dúvida junto com uma expressão de perplexidade.

- Cês vão se casar? Já? Dattebayo! – estourou a voz de Naruto no pequeno silêncio da sala de jantar.

Jiraya olhou para o garoto com uma careta. Você rala toda a vida para lhe dar uma boa educação e ele continua falando como um boçal... Esse menino não tem conserto, pensou com um suspiro.

Dirigiu os olhos para a rosada.

- Eu ainda não entendo... – Jiraya murmurou. – Não faz nem dois meses que providenciei toda a papelada para sua emancipação e agora...

- Nós... – quem completou foi Sakura. Segurava firme a mão de seu namorado sobre a mesa da sala de jantar. Olhou para Itachi, que apenas assentiu. – Nós acreditamos que é necessário... e...

- E uma completa loucura! –Jiraya se levantou, deixando a faca na cozinha de novo – Sei de tudo que está acontecendo. Sobre Akatsuki, o que Pein estava prestes a fazer, até Anko foi afetada, mas isso... Você ainda é menor de idade e ele... – apontou para Itachi e de novo para Sakura. Balançou a cabeça –... não. Isso não tem a menor lógica.

Itachi olhou para ele. Suas feições estavam apaziguadas, assim como o tom de sua voz.

-Eles ainda não capturaram toda a Akatsuki, mas irão em breve. E eu junto com eles. – murmurou e sua mão se entrelaçou mais firme entre os dedos delicados de Sakura – Sei que vão me prender também, e eu... – seus orbes pretos se fixaram na superfície marrom da mesa, retomando o contato visual com Jiraiya – Se eu não puder estar com Sakura durante esse tempo, quero pelo menos que nosso filho tenha meu sobrenome.

-Caralho! Isso não é tão fácil, estamos falando de um procedimento legal que... – Jiraya se deteve no meio de seu discurso parcimonioso. Sua mente ainda entorpecida pelo sono interrompido lentamente assimilou as palavras de Itachi. Sem a menor cerimônia, saltou da cadeira, arregalando os olhos e olhou incrédulo para o rapaz abatido e, em seguida, sua companheira – Ahm? Como? Então... Raios! Em menos de três meses e vocês já vão ser pais? – olhou para seu afilhado, com uma expressão de acusação – Você já sabia disso, Naruto?

O jovem loiro deu de ombros e sorriu efusivo como um menino descoberto em alguma travessura.

- É ... bem, eu não achei que fosse necessário te dizer, oji-san – argumentou Naruto.

Seu padrinho colocou a mão na testa. De novo, balançou a cabeça.

- Não ... De maneira alguma essa seria a melhor solução. Pelo menos não agora – disse com moderação – Sakura ainda é menor de idade, seus estudos estão incompletos e o registro de emancipação é de menos de seis meses – apontou para Itachi – E ele...

-Farei parte da lista dos mais procurados. Sei disso, mas se puder remediar alguma coisa, eu farei – Itachi sustentou o olhar para Jiraya.

- E fala nessa tranquilidade? – o lendário promotor de Konoha deu uma forte batida na mesa, ligeiramente alterado - As coisas não são assim tão fáceis! O que vocês vão fazer depois?! Fugir de Konoha e desaparecer do país? Sumir assim?!

Itachi assentiu.

-Provavelmente. Se não houver opção.

Jiraya suspirou como se quisesse libertar a alma.

- Foi uma pergunta retórica... – murmurou.

Claro, com os sobreviventes da Nuvem Vermelha em seus calcanhares, a polícia e as acusações levantadas pelos prisioneiros. E o fato de que o "gênio" Uchiha poderia ter desativado a Kyuubi, não significava que eles ficariam de braços cruzados. Ficar e encarar os fatos eram o mais adequado, mas...

Haviam dito que já estavam esperando um filho? Kamisama, era o cúmulo!

O que eles podiam fazer? Expor uma terceira vida era algo que ao velho Jiraya não lhe agradava em nada. E mesmo sabendo que essa não era a melhor solução, talvez pudesse ajudar. Além disso, não havia recebido uma grande colaboração de Itachi, que lhe trouxe por completo a Kyuubi, além de tê-la desativado?

- O diabo que me leve... não, mil diabos! – Jiraya exalou. Oprimido, cansado e mentalmente farto. Mas "farto" não significava que deixaria a profissão de lado, nem mesmo por ser quase meia-noite. Relutante, ele se levantou sem dizer nada, foi até uma das prateleiras da sala e procurou por seu material de trabalho. A mala de couro preto brilhante estava sobre a mesa, enquanto revia várias pastas e folhas. Ele ergueu uma, olhando a uma distância permitida do cotovelo para o rosto. Tarde da noite ou não, sua visão não era tão boa quanto antes. Ele se dirigiu para a Sakura – Podemos acrescentar o resto da documentação, mas a autorização de um pai ou tutor estaria faltando, porque é sobre um dos cônjuges em questão ser menor de idade.

A jovem de cabelo rosa assentiu, entendendo o significado da frase.

-Se minha mãe precisa assinar, acho que eu deveria...

Jiraya se opôs a um olhar dúbio de negação.

- Não, do que menos precisamos agora é que sua mãe tenha um ataque cardíaco ou um dos ataques de raiva por tudo isso - anunciou. – Pelo que conheço de Hanako, o assunto para ela não ficaria nem em "vou pensar". – seu rosto ficou um pouco tenso, denotando a experiência dos anos – Mas isso não significa que ela deva ficar sem saber, Sakura – a jovem suspirou com uma breve afirmação. Jiraya voltou seu olhar para Itachi – Suponho que você esteja na mesma situação, Uchiha... – o rapaz assentiu. Jiraya mordeu os lábios – Ninguém que você conheça que possa servir como testemunha?

- Ei, eu posso! Dattebayó! – Naruto levantou a mão com euforia, baixando na hora quando seu padrinho lhe dirigiu um olhar silencioso de repreensão.

- Nenhum parente, amigo, conhecido ou...?

-Ninguém – Itachi asseverou, sem abordagens sentimentais. Uma resposta curta e nada mais – Não há ninguém.

Parente, não. O pai dele não se importava. Nunca se importou. Quanto à sua mãe, também não podia associá-la sem a conivência e devoção que ela tinha em relação ao pai; além disso, não devia envolve-la em sua confusão. E Sasuke? Seria uma piada de mau gosto sequer mencionar seu nome. Um amigo? Tampouco. O único que ele teve estava enterrado a metros no subsolo e por sua culpa. Ninguém. Além da mulher com quem ele queria começar uma vida e com quem começava a formar uma família, Uchiha Itachi não tinha mais ninguém.

O promotor exalou e antes de ler as cláusulas estipuladas – formalidade antes de tudo – ele se permitiu um suspiro de uma lembrança fugaz.

Ele não tem ninguém para apoiá-lo, e ela foge de casa mesmo sabendo do conflito que causou. Ambos tendo que lidar com as consequências loucas de seus próprios atos... e com uma criança a caminho! Que baita dèja vu!

E aqui estou eu mais uma vez... como facilitador de tudo...

Jiraya interrompeu o pensamento, prosseguindo com os trâmites.

Como há dezessete anos.

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Um estrondo sacudiu o fim do corredor. A entrada, para o chamado covil B, o escritório que costumava ser usado por Pein havia sido cercado em sua entrada. O som se intensificou. Vozes ao redor do exterior. Desconhecidas.

Os alarmes não diminuíram seu escândalo.

Merda...

Um aríete desmoronou na porta de metal que levava à guarita. O prédio aparentemente abandonado estava cercado. Forças de apoio e um contingente armado estavam estacionados por toda parte.

Zetsu havia se virado na direção do corredor que dava nas escadas.

- Porra, Kisame! – rosnou, batendo a porta condenada. Fechada.

Deixando a ele e a Deidara enrascados. O último correu grunhindo para a janela mais próxima; do outro lado, havia vidros grossos de acrílico reforçados com barras de titânio brilhantes, com pelo menos três centímetros de espessura. Ele bateu no plástico inquebrável com força.

Sitiada e trancada. Aquilo era uma armadilha.

- Maldito seja você, Hoshigaki! Filho da puta!

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Agora não haveria volta. Ambos sabiam... e a nem um nem outro lhes importava o contrário. Leis estipuladas pelo homem, afinal. Mas a afirmação destas e o significado que eram o importante. O que era realmente importante.

Marido e mulher... aceitação e apoio mútuos, na riqueza e na pobreza... na saúde e na doença... até que a morte os separe...

Fizeram mesmo a coisa certa? Ou apenas pioraram a situação?

Nem ele nem Sakura poderiam responder. Jiraya não discutiu mais nada, mas seu rosto era uma máscara de verdadeira mortificação por um futuro incerto. Tudo o que ele poderia ter dito já havia sido mencionado durante a breve leitura – em constante interrupção de Naruto – da certidão de casamento. Assinado por ele como testemunha do Uchiha e da jovem Haruno... e Kamisama tivesse pena dele por tal falta de profissionalismo em um documento formal, mas sabia que não era a primeira vez. A situação não poderia merecer ser outra.

Kyuubi também estava nas mãos do promotor; a pasta deletada e a completa. O que restava a fazer estava em suas mãos agora. E então... o que restava para Itachi e Sakura?

Esperar até que tudo estivesse resolvido? Esperar para que o Uchiha fosse capturado como os outros vermes da Nuvem Vermelha? O que eles fariam então?

Nós fizemos a coisa certa? Isso ainda o jovem continuava se perguntando enquanto com cuidado deslizava a chave pela fechadura de volta ao apartamento deles. A área permanecia sob investigação, Itachi o soube por Kisame que Hidan e Kakuzu foram parar lá em sua busca e uma vida inocente foi quem pagou os pratos quebrados: um professor do ensino médio que morava ao lado.

Eles o estavam seguindo, sabiam sua localização... e agora Itachi regressava?

A ideia abrupta de fugir, sem nem mesmo uma mísera mala era o mais prudente... se tudo isso fosse um daqueles romances onde o herói consegue escapar e, em menos de um mês a sua vida está resolvida. Mas esta era a vida real, cruel e impiedosa. Ele não queria e não devia voltar para lá, mas dirigir a noite toda num horizonte desconhecido, sem nada no bolso, ambos com uma única muda de roupa, sem os seus documentos pessoais – material perfeito se o departamento de investigação voltasse – e sem nenhuma gasolina no tanque era como ir à guerra sem uma arma.

Uma rápida parada e então o mundo entraria em colapso atrás deles. Por quinze minutos, nada devastador iria acontecer. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, certo?

Uchiha Itachi estava errado.

As luzes estavam apagadas, claro. Ele entrou, mal fazendo um som fraco com a porta. Sakura estava esperando por ele no carro. Itachi havia notado o jeito cansado da jovem. Uma da manhã e os dois não tiveram um único momento de descanso. Ela precisava disso, e mais agora em sua condição...

Não quero colocá-los em risco. Não mais... Só vou pegar o necessário... e então, Sakura-chan, você e eu ...

-Boa noite, Itachi-san...

A voz veio do fundo da sala. Escura como a entrada de uma caverna e silenciosa como um sepulcro. Uma mão se antecipou a de Itachi sobre o interruptor de luz.

A sombra desapareceu e as feições sombrias e insanas de um rosto mergulharam em uma careta de severidade trêmula, enviando a Itachi um sorriso enigmático.

-Obito...

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Hoshigaki Kisame descia o corredor de emergência e o som de suas botas ecoava abafado no chão de cascalho. Ele inspecionou a distância atrás dele pelo canto do olho. Ninguém o seguiu. Um bom sinal ou a razão mais preocupante de todas.

Ele já havia pagado parte da dívida. Morino pararia de incomodar... e Pein o deixaria em paz também. Uma brilhante estadia na sala de interrogatório, cortesia do bom tenente Hoshigaki.

Que noite mais agitada! Eu trabalhei bem mais do que nos quinze anos em que estive na chefia. Quem disse que encobrir não é um bom negócio?

O pensamento se afastou de repente. Um detalhe veio à luz.

Zetsu, Deidara e...

Sasuke

Merda! O "júnior".

Kisame parou, recapitulando a última cena. Não, Sasuke não estava lá. O garoto saiu antes dos outros, ao lado do lacaio que o acompanhava. Eles saíram, minutos antes de Kisame alertar Ibiki e o resto da guarda.

Olhou para uma das escadas que se conectavam ao metrô de novo. E a partir dali uma fazia o caminho para o exterior.

... e o rato repugnante tem uma mente própria. Merda! Isso eu não tinha pensado!

Ele apressou o passo. Mil alternativas possíveis e todas terminariam no mesmo lugar.

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- Não... – Suigetsu pisou o mais fundo que pôde. O pedal do acelerador estava em pleno vigor e o carro gasto que pertencia a ele rodava com uma tremenda estabilidade na rua. Ele fitava o passageiro ao lado com os olhos tão arregalados que pareciam sair de suas órbitas –... isso ... isso já é demais, Sasuke.

- Vamos todos sim! E eu não dou a mínima se você se acovardar, Suigetsu. – murmurou o líder teimoso do extinto grupo de três (deveria haver quatro, mas os idiotas e os mortos não contavam mais). A arma apontada para uma têmpora do motorista – Vocês vão aonde eu digo, entendeu?

O jovem de cabelos cor de prata assentiu de leve e sem sustentar o contato visual com Sasuke. Olhava para frente, sem perder nenhum detalhe da estrada, mais do que qualquer outra coisa, porque achava que se encarasse seu chefe podia ser fulminado por ele. Karin estava no banco de trás, tão silenciosa quanto Suigetsu. Não foi nenhum prazer passar a noite acordada em busca de um sujeito que nem conhecia pessoalmente e nem se importava, mas em se tratando de Sasuke e sua atitude atual, negar-se era o mesmo que ingerir cianeto.

- Tem ainda essa maldita polícia... – cochichou Suigetsu em uma vaga tentativa de raciocinar. Uma tentativa inútil – Há patrulhas em toda a cidade de Konoha... Sasuke, todos nós temos acusações e mandatos de busca nas nossas costas e esses malditos desgraçados não cansarão até...

O cano encostou em sua pele. Sasuke apenas proferiu uma palavra.

- Entendeu?

-Como quiser... chefe ... – Suigetsu quase cuspiu a última palavra e continuou dirigindo. O cano da arma havia baixado e voltado para as mãos de seu novo proprietário.

À sua direita, com o ar sombrio de um inquisidor da Idade Média, Sasuke examinava o exterior com expressão concentrada. Sua mão direita estava sujeita ao toque seguro daquela ferramenta imponente e confiável. O peso de uma arma de tal calibre parecera estranho em suas mãos durante os primeiros segundos, até que seus dedos se acostumaram com o material ergonômico e detalhado. Seus dedos e mão se ajustaram com uma facilidade que o fez pensar que foi feito especificamente para ele. Obito, que era seu possuidor anterior, deixou-o na posse, com a recomendação vaga de usar apenas com um determinado propósito.

Havia três balas no cartucho. Apenas um tiro era do que precisava. Uma bala que Sasuke com alegria gravaria em um nome particular, independentemente de representar o próprio sangue em suas veias. Não.

Para o diabo com a fraternidade.

Ele me humilhou. Eles zombaram de mim. Os dois.

Segurou com mais força a arma quando viu o fim da rua se aproximando.

Eles me humilharam, mas vão pagar. Os dois.

A parte de trás da arma brilhou sob a luz do refletor, revelando a gravação das letras esculpidas no lado esquerdo.

Kusanagi.

E Kusanagi seria o meio de proliferar sua vingança.

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As órbitas negras de Uchiha Obito se fixaram como garras nas feições de Itachi.

-Me dê a Kyuubi, se sabe o que é bom pra você, Itachi-san ...

Itachi estava em pé na entrada. Boquiaberto. Bateu a porta com força.

- Você... – disse com cautela – Sabia que só podia ser você que...

- Quem estava por trás de tudo? – Obito ampliou o sorriso – Muito bem, priminho. Que inteligente... como Shisui-sempai. – o riso foi curto. Um gesto autêntico e sinistro - E você se lembra do que acontece quando se é inteligente demais, Itachi-san?

O olho de vidro, Itachi se lembrou. Shisui mencionou isso... um olho de...

A luz projetou um brilho peculiar no olho esquerdo de Obito. A pupila brilhava com uma textura semelhante à porcelana fina. Um globo ocular falso. Morto. Artificial

-Foi você! – fechou o punho direito e projetou-se no rosto de Obito – Você o matou! Seu miserável de merda...!

Um golpe o pegou de lado. Obito se adiantou ao seu gesto, tomando o antebraço de Itachi, puxando-o para frente e dando-lhe um joelho estrondoso nas costelas.

Cuspindo sangue e com um baque nos rins, Itachi caiu de joelhos.

- Pare de bancar o herói! – a voz de Obito se elevou em um grito agudo e estridente - Onde está a Kyuubi?

Itachi levantou o rosto ligeiramente. Um fio de sangue ainda escorria pelo queixo. Não lhe deu mais atenção do que merecia a dor que ainda machucava seu torso.

Seu rosto mostrava um olhar desafiador. Seguro e conciso.

-Eu o deletei . Para sempre…

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Os minutos passavam com uma tremenda lentidão para Sakura.

O veículo estava devidamente estacionado e não havia luz no interior. Como a escuridão ao redor.

Quinze minutos, desde que Itachi entrou no apartamento. Ela contou. Suas mãos tremiam, entrelaçadas no cabo da 45 com o peso do estranho objeto.

-Estarei de volta em menos de vinte minutos. Mas se você tiver que se defender, não hesite em usá-la. – foi o que Itachi disse, deixando-a com a arma.

Seu coração batia descompassado, e embora seu corpo e suas pálpebras clamassem para se recostar sobre o assento, simplesmente não conseguia parar de sentir preocupação. Olhou distraída para o baú, para a pasta que estava no interior. O selo do Registro Civil de Konoha foi impresso nos dois lados.

E, em vez de alívio, ao ver a ata dobrada ali, suas preocupações apenas triplicaram.

Meu companheiro... meu marido...

Seu olhar caiu sobre o ventre ainda plano... e lentamente, muito lentamente, ergueu a mão para o lugar, tocando quase com medo.

Seu pai…

E onde ele estava agora?

Voltou sua atenção pela centésima vez para o edifício onde abrigava o apartamento que compartilhou com Itachi, a luz, o quarto em silêncio... até que viu o flash de um foco que parecia vir do quarto.

Vinte minutos. Vinte e cinco já haviam passado. A luz distante ainda estava acesa.

E você vai ficar aí? Insistiu em sua voz interior. Sem fazer nada?

Não.

Mas não havia alternativa. Havia?

Tinha que ficar. Para proteger a si mesma e ao bebê.

E Itachi que não voltava. Havia sido capturado? Ele não era do tipo que adotava o conceito de tempo como mera formalidade. Dizia uma hora e àquela hora estava.

Quase trinta minutos desde que chegaram. Algo não estava certo.

Não... não, Itachi...

Sua mão esquerda agarrou a parte de trás da arma e a direita sem a menor cerimônia abriu a porta.

Nós estamos juntos nisso... e estaremos juntos ... até que a morte nos separe.

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- Claro que você o deletou – o timbre de Obito emulava um tom doentio de inteligência. – Mas vou reativar, vou explodir toda essa porra de cidade.

A voz de Itachi era uma respiração ofegante.

-Imbecil... primeiro vão te prender...

Obito caminhou até o local onde seu primo estava de joelhos e deu-lhe um pontapé nos rins. A dor estampada em seu rosto era um sinal alarmante de agonia.

- Ninguém me ameaça. Assim que eu terminar com você, cuidarei do resto daqueles peões de merda. Pein e os outros... ah, claro ... e da sua namoradinha também ...

Ele agarrou Itachi pela gola do casaco em um gesto forçado por erguê-lo. Um lapso de segundos, e o jovem de olheiras profundas se aproveitou da ligeira vantagem.

Itachi observou seu braço esticar. Viu como a manga da roupa preta descobriu o antebraço. Seu punho era algo atado a seu braço e fez contato com a boca de Obito. Sentiu os lábios dele esmagarem e se espalharem. Era uma sensação nauseante, talvez como uma mão se esfregando em uma lesma. Não envolveu nenhuma satisfação. Sob a carne dos lábios de seu primo, ele percebeu a regularidade severa da dentadura.

-Ugggh!

Não foi uma exclamação, mas um grunhido de surpresa. Obito tropeçou para trás. Seu braço bateu na mesa de jantar, derrubando-a. Uma pilha de folhas, livros e roupas caiu no chão. Itachi se levantou, sentindo cada respiração como ferro fundido em sua garganta.

-Eu vou te matar, seu nojento saco de merda! – Obito explodiu bruscamente, indo em direção a Itachi. Sorria através de uma boca cheia de sangue.

Itachi se virou para ele e atingiu-o no pescoço. Foi um ataque torpe e seco, com o canto da mão, mas Obito não estava preparado. Uma dor paralisante trovejou na nuca e sua cabeça foi jogada para trás.

Algo metálico e pesado caiu sobre o piso.

A garganta de Obito produziu um gemido. A inércia não estava do seu lado, mas o "bom menino" conseguiu evitar a queda, inclinando-se com um forte murro sobre a mesa caída.

Uma fúria incendiária irrompeu no centro do olho direito. Uma mão foi para o bolso de sua jaqueta.

Vazia.

Obito olhou para um ponto no chão. Uma compacta AK-45 estava ao lado de uma das pernas da mesa. Sua mente não hesitou em pensar em nada que não fosse levantá-la, forçando o corpo a agir sem ceder à dor.

Seus dedos roçaram o dorso da arma ... e os de Itachi, o cano.

Dois pulsos, duas razões, duas vidas em defesa de seus próprios objetivos. A luta estava relutante em desaparecer. Ninguém desistiria.

Até que um tiro foi ouvido, como um estrondo semelhante ao trovão devastador. Apenas um tiro.

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Kisame imediatamente desceu da viatura policial que conduzia. Não usava mais o uniforme, mas sim as roupas de trabalho da Akatsuki, sem a capa de chuva.

Era apenas uma hora da manhã quando ele entrou no complexo residencial onde sabia que ficava o apartamento de Uchiha Itachi. Ele estacionou o carro na frente do Honda. Sem ninguém no interior e a porta do passageiro entreaberta.

Havia acabado de pôr os pés na entrada quando ouviu o tiro vindo do andar superior. Apenas uma luz no interior estava acesa.

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Foi apenas um tiro. A mão de Obito não tocou no gatilho e o cano apontava sem barreiras para o torso de Itachi.

A bala não havia surgido e o som da detonação tampouco. Não desse revólver.

A única coisa que Obito conseguiu durante a distração do misterioso disparo foi agarrar a arma em um movimento bruto e impactando o cano contra a bochecha de seu adversário. Se tivesse sido um golpe mais preciso, Obito poderia ter arrancado o olho direito de Itachi mesmo sem disparar a arma. O Uchiha de cabelos compridos caiu de costas.

-Itachi!

Ele olhou para cima, o pescoço latejando e o lado direito do rosto em um torpor dolorido, avistando-a na porta. Tremendo como a chama de uma vela sendo agitada pelo vento, Sakura ergueu a arma que Itachi havia deixado, segurando-a com as duas mãos da mesma maneira que uma criança pequena segura um copo de água.

Ela caiu de joelhos, ao lado de Itachi. O tiro, o tiro... foi disparado por ela. Preciosos segundos antes do próprio Obito tocar no gatilho.

Uma mancha avermelhada emergiu do joelho de Obito, que recuou com passos trôpegos. Derrubou por completo a mesa e buscando o apoio e empurrão do móvel para se levantar, o olho de vidro do Uchiha caiu. Seu pé ileso tropeçou contra a perna da mesa e seu quadril e parte superior do corpo colidiram e trovejaram contra a única janela do apartamento, explodindo como um torpedo. Fragmentos e cacos de vidro voaram ao redor dele.

Ele não caiu pela janela, o contrapeso de seu pé, ainda preso contra o pé da mobília, impediu a precipitação de Obito. Ele conseguiu erguer o torso. Seu rosto estava decomposto em um sorriso demente, seus olhos brilhavam como uma moeda entre o seu cabelo emaranhado e seus lábios formavam um sorriso aterrorizante de um louco que se livrou de todas as inibições. Ele os fitava.

- Vocês vão pagar por isso! Eu vou matar vocês! - ergueu a arma, o dedo no gatilho era firme e o alvo não lhe importava se seria Uchiha Itachi ou Haruno Sakura - Os dois! Vou enviá-los direto para o inferno, juntos com Shisui...!

Não completou a sentença. A frágil janela de vidro se partiu e caiu. O resto do vidro, afiado e irregular como as lâminas de algum instrumento de tortura medieval avançou.

Caíram, proferindo um assobio dúctil. A borda rasgou a camisa e as roupas de Obito. Com a prontidão de mil punhais, atravessaram este. Sua cabeça se torceu em um ângulo e ele bateu contra a borda da janela, os olhos fitavam o nada de uma maneira horrível. O sangue escorreu pelo rosto dele.

Estagnado ali, entre o peitoril da janela e o vidro quebrado, perfurado por completo. Com as lâminas... ou como as estocadas que ele arremeteu contra Uchiha Shisui.

Uchiha Obito havia matado com ferro...e com ferro foi morto.

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Fim de Obito! Aleluia!

Nos aproximamos do final dessa história. O próximo capítulo será o penúltimo. Penúltimo! Faltam apenas dois. Demorei, mas vou conseguir conclui-la para vcs, ainda que com vários anos de demora para postá-la. O importante é terminar, rsrsrsrs

Então até lá. E mandem reviews.