Life as we know it.

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Prólogo

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20 de outubro de 2009, Chicago – Illinois

Meu tornozelo doía, e eu tinha uma grande desejo de deixar que aquela dor perturbadora passasse logo, meu pé esquerdo quase não agüentava mais o peso de meu corpo, e minhas pernas estavam quase sem vida, pois a caminhada que eu fazia a quase mais de uma hora nunca chegava ao fim.

Eu tinha a leve vontade de gritar, mas minha garganta estava tão seca que eu acreditava que ela se arranharia de dor no momento em que eu falasse qualquer palavra, e por conta disso permanecia apenas calada, desejando que as luzes que eu enxergava ao longe ficassem mais próximas, e que eu finalmente tivesse alguma sorte e encontrasse alguém ou algo que pudesse me ajudar.

A rua escura e fria que eu andava não era absoltamente nada familiar, mas isso não era algo de extrema preocupação, pois eu sabia que o estado de Nova York era grande suficiente para que eu não tivesse conhecimento de todos os becos e ruas que existiam na área.

Meus olhos, no entanto, vagavam pelo desconhecido a procura de qualquer sinal de familiaridade, como se eu tentasse encontrar algum ponto que pudesse servir de referencia, e assim eu pudesse chegar a algum lugar seguro e conhecido.

Um vento de repente abraçou meu corpo e eu tremi em resposta, não tendo então a mesma força que tinha para caminhar. O cansaço e toda a dor que sentia em meus músculos, cresciam à medida que eu dava m passo rumo ao que parecia a liberdade, e eu sinceramente não queria acreditar na idéia que iria desistir da minha vida quando eu estava tão perto da liberdade.

''Só mais um pouco''

Pensei comigo mesmo, tentando lembrar-me de tudo o que poderia está me esperando em casa quando eu finalmente alcançasse o lugar que parecia iluminado.

Foi quase difícil de acreditar quando finalmente meus passos lentos e torturantes finalmente me fizeram chegar ao fim do beco escuro. A luz branca que piscava em poste próximo de onde eu estava, e um pouco de luz neon que vinha de um painel de um bar, irritaram um pouco meus olhos, mas pelo menos fizeram que eu enxergasse a cabine telefônica que ficava a alguns metros de onde eu estava.

Olhando para todos os lados antes de sair completamente do beco, eu tive certeza que a rua estava completamente deserta, e até o bar com a luz neon estava fechado. Aquilo era estranho, Nova York City era um lugar onde você raramente encontrava uma rua deserta, e um bar fechado era bem mais milagroso ainda.

Meus passos pareciam mais dolorosos ao meu corpo quando caminhei em direção a cabine telefônica, mas usei minhas preces para que o telefone não estivesse quebrado como maneira de distração. Quando finalmente cheguei à cabine, usei o pouco resto de minha força para discar o número da policia, e então ficar em pé, procurando alguma maneira de pronunciar as palavras de socorro presas em minha garganta.

- Atendimento de emergência da policia de Chicago. Boa noite, eu sou a oficial Cameron Miller, como posso ajudar? – Uma voz feminina respondeu. O tom era calmo e ao mesmo tempo soava quase como desinteressado. No entanto, eu pouco me importava com a voz da oficial que havia me atendido, meus pensamentos logo estavam focados no pequeno detalhe de que eu havia acabado de descobrir que estava em Chicago, não onde eu deveria está.

- Meu nome é Isabella Marie Cullen – Respondi com a voz rouca, minha garganta de fato se arranhou, e eu mais que nunca desejei pelo menos uma gota de água.

- Como posso ajudá-la senhorita Cullen?

- Eu preciso de ajuda – Falei, percebendo que estava sendo redundante, uma vez que não havia outra razão para ligar para o plantão da policia ao que parecia ser de madrugada. Percebendo que a mulher não respondeu, respirei fundo e procurei coragem para falar – Eu estava presa em uma casa há muito tempo, e nem sabia que estava em Chicago. Eu estou ferida e com medo de que me encontrei novamente. Por favor, me ajuda.

- Certo, a senhorita pode dizer onde está? – Perguntou a mulher, e algo me dizia que ela estava desconfiada daquilo ser um trote.

- Eu não sei. É uma rua deserta com um bar nomeado de Beco Insano, eu estou em uma cabine telefônica que fica há uns sete metros desse bar. Por favor, eu preciso de ajuda.

- Ok senhorita, sua posição está sendo rastreada por nosso sistema nesse minuto, acha que pode esperar mais um pouco?

- Por favor... Não demora – Sussurrei, deixando meu corpo escorregar pela parede da cabine, eu escutava a voz da mulher ao longe, mas agora que tinha a percepção que estavam vindo me ajudar, meu corpo já não tinha mais a força de antes, e aos poucos a noção das coisas ao meu redor iam desaparecendo.

No fundo rezava que dessa vez eu havia conseguido meu passaporte de volta para minha vida, de volta para minha família.


E então, continuo?