Nota da Autora: Bem, aqui está! O último capítulo...Eu mal posso acreditar...Bem, espero que vocês tenham gostado dessa minha fan fic, eu certamente adorei escrever ela...Esse capítulo foi com certeza muito difícil de escrever, mas estou feliz que depois de tanto tempo eu finalmente consegui terminar. Espero que gostem, e muito obrigado por ler! E muito, muito obrigado mesmo para todos que deixaram suas opiniões, elas foram muito importantes para mim!

Capítulo 10 – Adeus

Harry não podia explicar a sensação que estava sentindo...Sentia frio, mas estava quente como o sol...O que estaria acontecendo? Ele virava os olhos procurando algo em que se prender a realidade...Não lembrava onde estava.A última coisa que vinha a sua mente era as frias palavras "Avada Kedrava" mas ele não conseguia lembrar o que elas significavam, quanto tempo estava assim? Por que estava lá? Ele sentia que deveria ir embora dali.

Então algo...Uma mão...Tocou seu ombro direito, mas Harry não a sentiu...Uma voz então chamou sua atenção, era fria, mas mesmo assim tinha um tom de compaixão:

— Você não vai morrer, Harry...Não pode. Ela precisa de você, todos precisam.

Harry levantou os olhos para ver quem falava...Mas sua visão agora estava toda embaçada e a única coisa que conseguia ver eram borrões e manchas coloridas, avermelhadas. A voz continuou:

Ouça ela! Veja ela! Sinta ela tocando você Harry! Ou se não nunca mais vai ver Hermione!

— Hermione?

Hermione? Quem era Hermione? Quem era ela? Uma fraca lembrança veio, uma amiga dele, cabelos castanhos, um sorriso lindo, mais inteligente que todos os bruxos da Terra...Bruxos? Ah, sim, bruxos. Ele era um...não é? Podia fazer mágica...Estaria fazendo uma agora? Avada Kedrava...Essa palavra parecia ser algo mágico...Algo terrível...Algo que matava!

Harry fechou os olhos...Ele estava morto. Hermione! Iam se separar depois de tantos anos de amizade...Ela era sua família...Os Weasley, Sirius...Lupin...Nunca mais ia ver eles, nunca mais ia ver Hermione!

— NÃO!!!

Seu grito ecoou em sua própria mente. Ele não podia morrer! Ele não ia morrer!

Agora sim...Agora sim você deu uma de Harry Potter! Estava na hora! Abra os olhos!

Ele abriu os olhos, estava de volta ao hall, o teto aberto mostrava um céu estrelado mas não havia sinal da lua cheia. Ele olhou para seu próprio corpo...Ele estava caído no chão.

Harry ouviu então uma voz triste falar com ele. Hermione estava em cima dele, chorando:

— Harry...por favor não morra! Não me deixe sozinha!

— Mione...Eu...

Mal ele tinha falado a primeira palavra e ela já o olhava surpresa, mas claramente feliz:

— HARRY!!

Ele se sentou, e ela pulou em seu pescoço, chorando mais do que nunca:

— Eu achei que você tinha morrido! Eu fiquei tão... – ela parou para soluçar – Nunca mais ia te ver! Eu – mais um soluço – Ah Harry!

Ela beijou suas bochechas, duas, três, quatro vezes:

— O que aconteceu? – foi o máximo que ele conseguiu falar.

Hermione o soltou e olhou séria para ele, enquanto lágrimas ainda escorriam:

— Voldemort...Ele...Ele estava no corpo de Arcantos...Ele pegou você, apontou a varinha...Não tivemos tempo de fazer nada! Ele usou o Avada Kedrava...e...e você caiu...

Então, ela foi interrompida por um bruxo, e Harry se deu conta que eles dois estavam rodeados por várias pessoas, todos estavam ou com bocas abertas de surpresa ou com olhos abertos e admirados:

— Você...Meu rapaz, você sobreviveu um Avada Kedrava! Isso é impossível! – o bruxo que falava tinha uma longa barba preta, e nariz curvado.

— Um Avada Kedrava de Voldemort! – falou admirada uma outra bruxa

— Não dele...Do espirito dele, Tamia. – corrigiu um outro.

— Mas e daí? A simbologia continua! – continuou Tamia – Você parece ser imune a ele, Potter!

— Na verdade, o feitiço veio de Arcantos... – outro bruxo falou.

— Quanta bobagem, seus velhacos! O que importa é que ele está vivo! – gritou outro

Enquanto a discussão entre eles continuava, Hermione sussurrou para ele, sorrindo, enquanto secava as lágrimas do rosto:

— Você está vivo, e isso que importa.

— E Voldemort? – perguntou Harry, agora mais atento.

— Não sabemos...Mas ele saiu do corpo de Arcantos.

Harry não gostou do que ouviu...Isso significava que Voldemort ainda estava livre, e ainda poderia voltar:

— E o resto?

— Estão todos presos, e Augustus e Tamia tiraram as mascaras deles. Não sei como...Estava do seu lado...

— Quanto tempo eu...eu estive morto?

— Eu não sei...Alguns minutos.

Harry se levantou por completo, acompanhado por Hermione. Estava meio confuso ainda, mas tinha que descobrir exatamente como Voldemort podia encarnar em alguém. Os dois passaram pelos bruxos, que os seguiram de longe. Harry foi em direção a Nevin, logo que o viu amarrado e amordaçado perto da parede, arrancou a mordaça e perguntou:

— Como vocês sabiam que Voldemort ainda estava aqui?

Nevin não respondeu:

— Responda!

Ainda nada. Ele se virou para outro, uma mulher...Harry a conhecia de algum lugar...Ah, sim...Ela era quem o tinha ajudado com os arquivos do Profeta Diário. "Local perfeito para pegar informações, Raymond era muito esperto"

— E você? Vai me dar uma resposta? – disse enquanto arrancava sua mordaça.

— Draco Malfoy contou para Raymond. – ela disse com nojo

Harry levantou suas sobrancelhas, mas mudou de assunto:

— E como funcionam as encarnações?

— O lorde das trevas consegue entrar no corpo de alguém desacordado, mas por pouco tempo. Por isso precisava de Raymond. Ele seria seu corpo hospedeiro para sempre.

— Ele entra no corpo de qualquer pessoa?! – perguntou Harry preocupado

— Entra. – ela disse sorrindo maldosamente – Cuidado quando dorme, Potter.

Um dos bruxos atrás de Harry, falou com uma voz desanimada:

— Acho que o Departamento de Espíritos, não vai gostar nada disso.

— Ah, cala boca, Augustus. – falou outra bruxa.

Harry ignorou a conversa, e se virou para Hermione:

— Onde está Arcantos?

— Ainda está desacordado.

— Como sabe que Voldemort saiu do corpo dele, então?

— Eu...Eu só sei.

Harry olhou para ela, desconfiado...Ela estava escondendo alguma coisa.

— Sabe como?

— Harry, eu sei, certo? Realmente, se Voldemort ainda estivesse nele, porque então ele estaria caído, e não nos matando?

— Por vários motivos, um deles é nos enganar. Se passar por Arcantos e depois arranjar um jeito para achar um corpo definitivo!

Hermione não respondeu. Harry então foi ao encontro de Arcantos, caído no chão, perto de onde ele mesmo esteve. Harry procurou sua varinha no bolso, sem certeza que ela estava lá, mas estava. Ele a pegou e cautelosamente disse:

Enervate!

Lentamente Arcantos abriu os olhos, mas eles não estava vazios, como Harry tinha observado quando ele tinha entrado no hall pela primeira vez. O homem parecia desorientado, mas Harry não lhe deu muito tempo para pensar:

— Arcantos?

— Sim? – ele falou com uma voz grave – Esse é meu nome...E você quem é?

Ainda com a varinha em mãos, Harry respondeu:

— Harry Potter. Sabe onde está?

— Não, Harry Potter, eu não sei. Mas tenho minhas suspeitas.

— Você foi capturado por um grupo...Que tinha como objetivo trazer Voldemort de volta. Seu corpo foi usado por ele.

Arcantos se sentou, colocando a mão na testa:

— Ah sim...Voldemort. Nunca vi um deles daquele jeito. Estava muito consciente do que era...Consciente demais.

— Você é um iluminado, não?

— Sou. E fico feliz que saiba disso...Se não teria que dar muitas explicações.

— Elas já foram dadas por René. Acho que você conhece ela?

— Claro. Faz sentindo. Mas ela veio do Brasil, até aqui? Nossa, como ela convenceu o Ministério de lá? Realmente, uma jovem muito...

Harry interrompeu ele, estava com pressa:

— Você consegue ver ele, então?

— Sim. E ele não está mais aqui, felizmente. – respondeu Arcantos olhando para os lados.

— Como faço para evitar que ele volte?

Arcantos não respondeu até alguns segundos depois:

— Ele estava aqui nesse mundo, por uma razão, e apenas uma....Te matar.

— Ele conseguiu por alguns minutos. – respondeu Harry sério

Novamente, demorou um pouco até Arcantos responder:

— Você morreu? – ele fez uma pausa – Por alguns minutos?

Harry assentiu.

— Ah...E voltou como? – perguntou curioso.

Hermione agora estava olhando para Harry também com uma expressão de curiosidade:

— Acho que... – começou Harry, apenas para parar.

Ele não sabia exatamente como tinha conseguido...voltar. Não se lembrava de nada...Apenas de uma voz e de Hermione. Ele abriu a boca para tentar mais uma vez:

— Não sei.

— Eu acho que sei. – ele olhou para Hermione, como se a conhecesse há muito tempo – Foi ele?

Desta vez foi Harry que olhou para Hermione curioso:

— Eu...Eu não sei. – ela respondeu, claramente concentrada em não olhar para Harry.

— Ele quem?! – Harry perguntou a ela, mas foi Arcantos quem respondeu:

— Ronald Weasley, se não me engano. O caso de René. Ele estava aqui, observando vocês.

Harry estava...Definitivamente confuso. Ronald? Rony Weasley? Ali? Observando eles? Estaria Rony, na mesma situação de Voldemort?

Arcantos então se virou para Hermione como se a conhecesses há anos:

— Não pode mais ver ele?

Harry se virou para ver a reação de Hermione, ela apenas assentiu. Arcantos continuou a falar com ela:

— É melhor assim...Não devemos nos prender a uma ilusão.

— Nunca mais vou vê-lo? – ela perguntou em uma voz tremula.

— Provavelmente não. Seu dom não deve voltar nunca mais. – respondeu Arcantos.

Então ele se virou para Harry, ficando de pé ao mesmo tempo:

– Não se preocupe com Voldemort, Harry Potter. O espírito dele terminou. Foi embora, achando que você tinha morrido.

— Como assim? – perguntou Hermione. – Achei que eles ficavam aqui para sempre.

— Não ficam...São apenas espíritos, pedaços da alma, que ficam na Terra e criam razões para sua própria miséria. Nosso trabalho é descobrir essa razão e encontrar um meio de resolve-la. No caso de Voldemort, a razão era que ele desejava a morte de Harry mais que tudo...E Harry morreu...Por alguns minutos...Portanto Voldemort desapareceu, não havia mais uma razão para ficar.

Houve um longo período de silêncio...Harry estava dentro de sua mente, e Hermione dentro da sua. Quem os tirou desse estado foi Tamia:

— Oy! Vocês dois!O que vamos fazer com todos esses comensais jr.?

Harry voltou de seus pensamentos:

— Vamos avisar o ministério. – ele olhou a sua volta procurando uma saída, não havia nenhuma – Alguém precisa aparatar.

Mal ele tinha falado e vários "pop" ocorreram...Quase todos tinham aparatado. E mal eles o fizeram, mais "pops" e dezenas de agentes apareceram, todos confusos e surpresos.

***

Hermione observou de longe enquanto a Toca era esvaziada de sua última peça de mobília. Era triste ver a casa que carregava tantas memórias sendo abandonada.

Era uma manhã fria de novembro, e já havia sinais que a neva ia chegar. A família Weasley estava reunida no jardim, supervisionando a mudança...Hermione não sabia muito bem porque ainda estava lá.

Harry e ela haviam brigado e quando ele chegou para ver a casa uma última vez nem sequer olhou para seu rosto e nem ela no dele...Ela não podia acreditar que tinha vindo.

A verdade talvez fosse que Hermione tinha alguma esperança de encontrar ele lá. Desde que Harry tinha voltado a vida milagrosamente, ela não tinha visto nem sentindo Rony mais. Queria tanto falar com ele...Tinha ainda esperança que Arcantos tivesse errado e que ela ainda era uma iluminada...Mas agora na Toca, toda a esperança tinha se destroçado.

O sr.Weasley então veio ao seu encontro, e disse solenemente:

— Hermione...Eu não sei bem se devia estar falando isso para você...Mas algo me diz que é por isso que você veio... – ele fez uma pausa para criar coragem de terminar – Agora só falta o quarto de..d-de Rony. Eles vão tirar tudo de lá, e...jogar fora. – havia muita dor nas palavras dele, mas ele continuou – Você quer ir ver uma última vez?

Hermione prendeu a respiração, surpresa com a pergunta. Mas a resposta foi firme:

— Sim.

O quarto estava exatamente como tinha estado na última vez que tinha estado lá. Bagunçado, alaranjado e muito pequeno para alguém do tamanho de Rony. O pôster dos Canhões ainda se movimentava, mas os jogadores nele estavam de cabelos brancos e voavam em uma velocidade muito mais lenta. A cama, que muitas vezes foi motivo de reclamações de Rony, já que ele não cabia mais nela direito, estava lá ainda intacta. A vassoura Cometa, que ele tinha ganhado no quinto ano, jazia no canto do quarto, corroída pelo tempo.

O pó acumulado da gaiola vazia de Pichi, o teto cheio de teias de aranha e o cheiro de mofo, fizeram Hermione voltar a realidade. Ele estava morto...

Não importava que já fazia 10 anos...A dor ainda estava lá, e agora muito mais forte do que antes.

Ela não podia mais ver ele...O que quer que seja que René tinha feito, já tinha desaparecido, e nunca mais ia voltar.

Ela nunca mais ia ver ele. E ele tinha amado ela. E ela amado ele. Eles nunca iriam ficar juntos. Era tarde demais para sonhos.

Era tarde demais para tudo.

Então dez anos de lágrimas não derramadas, caíram dos olhos de Hermione. Só havia uma coisa a fazer. Se despedir.

***

Harry olhou mais uma vez para a janela do quarto, na esperança de ver algo que pudesse explicar os últimos dias sem que parecesse impossível.

A vívida memória de ver, apenas alguns momentos atrás, a Toca ser esvaziada o deixou confuso e perdido. O que ele já estava bastante antes.

Após muitas explicações e testemunhos finalmente os agentes do Ministério aceitaram o relato de Hermione e dele. Não havia muito para eles fazerem a não ser prender todos os envolvidos...Harry estava certo de que ele seria chamado a qualquer momento para prestar seu testemunho em um julgamento próximo...Mas isso não o preocupava.

Tirando os olhos da janela ele suspirou alto. Estava preocupado...

O motivo não era ninguém menos que Hermione. Após a resolução dos seqüestros ela havia "tentado" explicar o que ela tinha visto...Quem ela tinha visto.

A conversa não tinha sido muito esclarecedora...E se não fosse pela amizade que os dois tinham, ele a tinha chamado de louca. Como ela podia falar tão naturalmente "Ah, sabe Harry...Eu falei com o Rony há algum tempo e ele me contou que tinha se arrependido de nos trair e por isso Voldemort mandou ele para uma missão suicida!"

Harry soltou mais um suspiro. Não tinha sido assim que ela lhe contara...Mas todas as palavras pareciam tão absurdas que Harry não conseguiu entende-las direito na primeira vez que Hermione as usou.

O problema maior infelizmente não tinha sido acreditar no que ela tinha lhe contado...Mas sim aceitar as conseqüências...Ele não estava preparado.

Como, após tanto tempo, ele podia...Agüentar algo assim? O seu melhor amigo...Tinha traído eles, mas se arrependeu depois e Hermione queria algum tipo de milagre fizesse com que Harry o perdoasse, sendo que ele já tinha morrido e estava da fora da vida deles. "Fora das nossas vidas? Talvez só da minha...". Ela queria que ele o perdoasse como se ele estivesse ali do lado. Como se nada tivesse acontecido além de uma briga boba entre os dois.

Com um balanço da varinha ele flutuou suas roupas para dentro de sua mala, observando o progresso com tristeza. Hermione tinha insistido em tanta coisa...Isso assustou Harry, ela lhe passou a impressão que ela realmente acreditava que ele voltaria da morte. E que tudo iria terminar bem. Mas não ia.

Harry tinha tentando faze-la voltar a realidade, mas sem sucesso.

"Harry...Você precisa entender..."

Ecoou a voz dela em sua mente.

"Hermione, ele está morto...Mesmo que o que você me disse seja verdade..."

"Você ainda não acredita em mim? Não acredita que eu tenha conversado com ele? Acha que eu estou louca?!"

Ele suspirou novamente. A conversa tinha se tornado uma discussão, algo raro entre os dois...O final não tinha sido feliz. Harry tinha falado coisas que não queria...E ouvido também.

Ele fechou a mala, agora lotada de seus pertences. O quarto de hotel estava vazio novamente. Harry tinha tomado uma decisão, ia viajar novamente.

Não sabia para onde, nem por quanto tempo...Só sabia que não havia mais razão para ficar ali. A briga com Hermione tinha sido decisiva, ela preferia ficar ao lado dele, ao lado de uma ilusão.

Harry pegou a mala de cima de sua cama e ia em direção a porta mas alguém bateu antes que pudesse o fazer:

— Harry? – era a voz de Gina – Posso entrar?

Harry ergueu as sobrancelhas, surpreso, mas abriu a porta deixando a mala no chão novamente. Gina entrou devagar, depois parou olhando para a mala:

— Vai viajar? – desta vez foi ela que levantou as sobrancelhas – Agora?!

— Vou.

— Agora? – ela repetiu.

— Algum problema?

— Sim! Hermione...

Harry interrompeu:

— Hermione está bem.

— Bem? Você chama aquilo de bem?

— Como assim, aquilo?

— Harry, você devia ter visto...Ela...Estava chorando muito quando saiu do quarto do...do..Rony.

— E o que você quer que eu faça? É problema dela.

Pelo rosto de Gina, ela estava perplexa:

— Harry...Não importa o que aconteceu entre vocês dois, você devia estar apoiando ela! Você não pode simplesmente fugir do problema! Aliás, é só isso o que você faz há anos!

— Há anos? Eu?

Ela não disse mais nada, apenas cruzou os braços, e murmurou ao sair do quarto:

— Eu preciso ir, vir aqui foi um erro...Harry...Ela precisa da sua ajuda...Mas você que precisa dela mais do que tudo.

Harry parou confuso enquanto a porta fechava a sua frente. Mas ele logo entendeu o que Gina queria dizer.

Agora, ele tinha se arrependido de ter sequer pensado em ir embora. Não importava o que Hermione acreditava ou queria, Harry tinha que estar lá ao seu lado, sempre.

***

O cemitério estava vazio, e havia um ar sereno e frio nele...Já não havia folhas nas árvores, o silêncio era apenas quebrado por um eventual pássaro.

Caminhando lentamente entre lápides, Hermione segurava uma rosa.

A lápide de Rony era curta e fria. Não havia nenhuma mensagem de carinho, apenas seu nome e data de morte.

Hermione sentiu uma brisa fria em seu rosto, havia ainda tantas coisas a serem ditas, e mais uma vez elas nunca sairiam daquela boca.

Por que ela não podia mais ver ele? Que pecado tinha cometido para sofrer tanto assim?

Lágrimas escorriam livres agora, ela caiu no chão e colocou as mãos no rosto, deixando cair a rosa que segurava.

— Não chore por mim, Mione. Quero ver você feliz. Quero ver você casar, ter filhos...Não chore por mim.

Seria aquela a voz dele?

— Por favor.

Hermione olhou a sua volta...Nada...Devia ser apenas o som do vento querendo aumentar sua tristeza...

Por favor.

Ela sentiu uma brisa tirar seu cabelo do rosto molhado...Relutantemente ela abriu os olhos, lá estava ele. Ela abriu mais os olhos:

— Rony?

Seu rosto estava muito perto do dele...Mas ela podia ver a lápide atrás dele.

— Você veio me ver. Você não devia.

— Rony eu...

— Eu não vou voltar Hermione... – ele apontou para a lápide – Ele não vai voltar.

Não...Tem haver um jeito...

— Não há...Ele morreu, você precisa aceitar isso...Eu não sou nada...

— Eu te amo. – ela disse em uma voz fraca, e as lágrimas começaram a escorrer novamente – Eu te amo, quero você de volta...Você vai voltar...Precisa.

Ele não respondeu por um momento.

— Eu...Hermione, você precisa entender...Você passou dez anos da sua vida sem mim...

— Não...Você sempre esteve em mim...Eu nunca parei de pensar em você...Eu preciso de você. Minha vida...é vazia sem você...

Novamente ele não respondeu.

— Você está aqui...Tão perto...E eu não posso te tocar...Abraçar...

Hermione parou em meio a lágrimas. Ela sentiu uma brisa passar por seu cabelo novamente, era ele a confortando.

— Você veio aqui para se despedir de mim, para me esquecer...Precisa fazer isso...Precisa continuar com sua vida...Precisa ser feliz...

— Não posso sem você!

— Pode...E vai. Por favor...Por mim. Seja feliz.

Ela olhou para ele, desejando tanto que não pudesse ver através de seu rosto pálido...Desejando que ela pudesse tocar ele...Beijar ele. Mas seu desejo nunca ia se realizar. Era tarde demais.

— Você me promete que vai casar e ter muitos filhos? Se for o Harry, melhor...Afinal com a sua inteligência e a habilidade dele...Seus filhos vão ser os melhores de Hogwarts.

Hermione ouvia ele, soluçando fortemente...Ele estava sorrindo, tentando animar ela...

— E não vai obrigar eles a fazer lição todo o dia, ok? Você vai ter que deixar eles jogarem Quadribol ou eu vou lá e te assombro!

Ela abriu um sorriso fraco. Ainda soluçando.

— E...Será que podia visitar meus pais?Deixe eles brincarem com as crianças, certo? Como se fossem netos deles...

— Rony...

— Promete, Hermione? Por favor...Quero ver você feliz.

— Eu não posso, Rony...

Ele se aproximou dela...Estava tão próximo que seus narizes estariam se tocando...Suas bocas estariam uma na outra...Se eles pudessem ao menos sentir um ao outro, ele fechou os olhos, ela também...Por um momento ela sentiu os lábios dele nos seus:

— Eu te amo, Hermione...Sempre vou te amar...Adeus.

Ela abriu os olhos...Não havia mais ninguém. Hermione lentamente parou de soluçar, continuava caída no chão, seu coração batendo rápido:

— Achei que você estaria aqui.

Ela se assustou com a voz, mesmo que a reconhecesse. Ela sentiu a mão de Harry tocar seu ombro.

— Hermione...Eu sinto muito. Não devia ter falado com você daquele jeito...Me desculpe.

Hermione não respondeu, apenas tocou de leve seus lábios, como se tentasse buscar os de Rony. Ela viu Harry se abaixar ao seu lado, olhando para a lápide:

— Faz muito tempo que eu não venho aqui. – ele disse secamente.

— Você nunca veio aqui...Só uma vez. – ela disse em voz baixa e fraca.

— É verdade. Só no enterro dele.

Houve um longo silêncio.

— Sinto falta dele – disse Harry finalmente, como se revelasse um grande segredo.

Aquilo pegou Hermione de surpresa, mas ela continuou olhando fixamente para a lápide, sem falar nada. Ambos não falaram mais nada...Não havia necessidade de palavras.

Lentamente Hermione se levantou, pegou a flor do chão e colocou na lápide de Rony:

Ela sentiu Harry abraça-la.

— Eu sempre vou te amar Rony.

Lentamente ela e Harry deixaram para trás a lápide. O tempo passou, a flor voou com o vento frio, neve caiu e o cemitério voltou ao seu silêncio gelado.

FIM