Ele atravessou o campo com um sorriso satisfeito no rosto. Eles haviam ganhado o jogo (novamente) e ele havia marcado TRÊS touch-downs! Ele nunca pensou que diria isso, mas ele sentiu falta do futebol, desde o drama com o bebê e todas aquelas slushies diárias, sua mente estava em todo lugar, menos nos esportes. Mas depois da decimal quinta slushie, ele sabia que tinha que virar popular novamente, e que jeito melhor de fazê-lo do que se tornando o quaterback de novo?

Sua namorada estava dando gritinhos e fazendo as coreografias com o resto das líderes-de-torcida. Seu rabo-de-cavalo negro e encaracolado estava voando com o vento e sua mini-saia vermelha e branca estava balançando enquanto ela dava os pulinhos. Ela o soprou um beijo e deu-lhe uma piscadela. Santana não era a melhor namorada do mundo – na verdade, era uma das piores – mas cara, ela era gostosa. E se você quiser ser popular, você tem que namorar uma das cheerios, está nas regras.

Mas agora, nesse exato momento, ele não estava dando a mínima para Santana e suas saias curtíssimas, ou mesmo as lideres que estavam completamente despindo-o com os olhos, porque sua cabeça estava na garota morena que estava sentado nas arquibancadas, mandando-lhe, em um sussurro, as palavras "bom jogo". Finn retribuiu com um enorme sorriso em seu rosto, mas o sorriso rapidamente transformou-se em lábios compressos e tristes ao ver os braços de Jesse ao redor da cintura da garota. Ele abaixou a cabeça, passou pela multidão de pessoas que torciam e gritavam seu nome e foi direto para os vestiários, mas no meio do caminho, foi interrompido por sua namorada, puxando-o furiosamente para um beijo.

- Santana! O quê você acha que está fazendo? – Ele disse, puxando os lábios para longe dos da garota - Já conversamos sobre isso! Não gosto quando ficamos nos pegando em público. Me deixa... Desconfortável. – Ela arfou e rolou os olhos.

- Não seja idiota, Finnocência. Todo mundo já sabe que estamos namorando. – Ela pendurou-se de novo em seu pescoço e beijou-lhe a boca fervorosamente. – Mudando de assunto... Você arrasou no jogo hoje, sabia? Que tal repetir os melhores movimentos mais tarde, eu e você, depois da festa da Brit? Meus pais não vão estar em casa... – ela deu um sorriso malicioso e ele a tirou do caminho.

- Claro, tanto faz. Por enquanto, eu vou pro vestiário, você não quer transar com um cara que tem cheiro de suor e pé, não é? – Ele deu-lhe um breve beijo e foi pro vestiário, deparou-se com Puck e Sam, que já estavam amarrando seus sapatos.

- Aonde você tava, cara? A gente já tá quase pronto pra pós-festa e você nem tomou banho ainda? – Sam perguntou.

- Aposto que ele tava sugando a cara da Lopez – Puck falou enquanto soltava um risinho malicioso.

- Não que isso seja da sua conta, animal. – Finn disse antes de jogar uma toalha cheia de suor na cara do seu amigo. Ele e Sam deram boas risadas satisfeitas.

- Ha ha – ele fingiu uma risada – riam o quanto quiserem seus otários, mas hoje eu vou me dar bem, Puckzilla não é nada confiável numa festa cheia de garotas bêbadas e de mini-saia. – Ele balançou as sobrancelhas.

- Cara, de vez em quando você pode ser realmente assustador. – Sam adicionou, enquanto saia do vestiário. Logo atrás dele, vinha Puck, com sua bolsa nos ombros.

- E você, Finn? Não vem com a gente, bro ? – Puck o perguntou, ignorando o comentário de Sam.

- Vou estar com vocês em um minuto, eu tenho que tomar um banho, estou com cheiro de grama e cachorro-quente de estádio. – Ele riu.

- Ok, cara, você que sabe. Te vemos lá. – Puck acenou da porta e foi embora. Finn finalmente respirou aliviado: todos no vestiário haviam ido embora e ele poderia finalmente tomar um banho decente, na paz e tranqüilidade, com um único som da água do chuveiro caindo em suas costas.

Ele derrubou as bermudas suadas do futebol e jogou-as pro lado, junto com sua camisa, guardou suas roupas íntimas em sua bolsa e ligou o chuveiro. Finn gostava muito de tomar um belo banho sozinho – era o único lugar onde Santana não podia pendurar-se eternamente em seu pescoço, onde sua mãe não o encheria sobre tudo que aconteceu nos últimos tempos ou até mesmo onde Kurt não poderia ficar lhe dizendo como seus olhos eram bonitos – e isso era REALMENTE assustador.

Mas quando ele deixou-se relaxar, já completamente encharcado, ele escutou um ruído, um barulhinho reprimido. Ele rapidamente desensaboa o corpo completamente, desliga o chuveiro e enrola uma toalha ao redor de sua cintura enquanto enxuga o cabelo com outra. O barulhinho havia parado, mas ele continuava apreensivo, então andou até a outra parte do vestiário, mas parou quando ouviu o barulho de alguém derrapando no chão. Correu para ver o que era e ficou surpreso quando a viu deitada no chão: Rachel.

Sua saia havia subido um pouco pelo tombo que havia levado, mostrando um pouco de suas pernas, macias e longas. Para uma garota tão pequena, Rachel tinha longas – e lindas – pernas. Seu cabelo estava meio bagunçado e seus olhos arregalados, Finn honestamente achava que ela estava ridiculamente bonita. Ele olhou para suas pernas mais uma vez, fazendo-a corar furiosamente. Eles se encararam por mais alguns segundos até que ele a ofereceu a mão para levantar.

- Ah, eu agradeço. – ela sorriu gentilmente.

- Hum, então, Rach – ele começou, passando a mão por seus cabelos molhados – O que você está fazendo aqui? Você sabe que aqui é o vestiário dos meninos, certo? E você sabe que você, sendo uma menina, é proibida de estar aqui. – ela riu entretida.

- Por quê? Você não quer que eu esteja aqui? – Ela levantou a sobrancelha, fingindo ter segundas intenções.

- Uh, eu, hm – Ele tropeçara nas palavras, o que só a fez rir mais um pouco.

- Relaxe, Finn. Eu estou apenas brincando com você... Divertindo-me um pouquinho em suas custas – Ela mostrou-lhe um sorriso brilhante – Além do quê, eu só vim aqui para te dar os parabéns. Você foi realmente extraordinário, Finn. Deveria estar orgulhoso.

- Valeu, Rach. Significa muito pra mim, especialmente vindo de você. – Os olhos dela brilhavam.

- Mesmo? Sinto-me lisonjeada. – Ela sorriu novamente. – Enfim, eu só vim aqui para te parabenizar...

- Hm, você não poderia ter esperado eu ter saído?

- Eu poderia... Mas só Deus sabe quando Santana largaria do seu pescoço e deixaria eu me aproximar de você novamente... Além do quê, só aqui nós podemos conversar em paz... Sem Santana... – ela falou, tentando abrir um sorriso, mas desta vez falhou.

- Sem Jesse – ele continuou, com uma voz rouca ao perceber a proximidade de seus rostos.

- E, hum – ela limpou a garganta – Só aqui eu posso dar o seu presente... – Ela olhou fundo em seus olhos e se aproximou dele. Eles se olharam por um curto período de tempo, intoxicados pelo aroma que o outro exalava, Finn tinha um cheiro rústico, como grama molhada ou hortelã; enquanto Rachel tinha um cheiro doce de morangos e rosas. Ela aproximou-se mais um pouco dele, fazendo-o cambalear e apoiar as costas no armário.

- Uh, Rach, eu – ele gaguejou, mas fora interrompido pelos dedos finos e macios de Rachel tocando-lhe os lábios.

- Shh – ela implorou, olhando para seus próprios pés e depois para o rosto do rapaz, que estava mais do quê rosado. – Eu sei. – Sua voz era rouca e falha. – Mas... Talvez um último momento de fraqueza. – Ela apertou os olhos o mais forte que podia, repensando sua decisão; mas seus impulsos foram mais fortes. Ficou na ponta dos pés, apoiou suas pequenas mãos nos ombros fortes de Finn e o beijou. Era um beijo doce, delicado e curto, mas ao mesmo tempo muito significativo e poderoso. Quando seus lábios se separaram, ela apoiou sua testa na dele e o olhou nos olhos novamente.

- Nós realmente não somos bons nisso, não é? – Ela riu baixinho, mas escondia um tom de tristeza na voz.

- Nisso o quê? – Sua voz estava baixa, em choque.

- Tentar manter as mãos para nós mesmos. Não somos muito bons nesse todo lance de amizade. – Ele deu de ombros e riu.

- É, realmente não somos. Talvez porque não tenhamos sido feitos pra isso... – Ela desencostou a testa da dele rapidamente e suas mãos ficaram trêmulas.

- Finn, por favor – ela pediu, baixinho – Não vamos nos complicar mais ainda. – Ao ouvir aquelas palavras, ele sentiu-se revoltado.

- Por que não? Que droga, Rachel! Eu esperei por você! Eu esperei e você não apareceu! E agora, você quer ficar beijando e fingir que nada aconteceu? – Os olhos de ambos mostravam enorme tristeza. Ela continuou, insegura.

- Eu estou ciente dos meus atos e sempre estarei... É só que... – ela inspirou profundamente e murmurou. – Eu tenho medo. – Ele entrelaçou o corpo dela com seus longos braços e apoiou o queixo em sua cabeça.

- Do quê? – Ele a via contrair os lábios, um sinal de insegurança.

- Disso. Finn, eu tenho medo do quê Santana fará comigo quando descobrir que nos beijamos, tenho medo de você e Jesse se meterem em uma briga pesada. – Ela gesticulava com as mãos nervosamente – Mas pior do que tudo, temo que nossa amizade acabe. – Ela virou-se pra ele e recostou a cabeça em seu peito. – Tenho medo de que você não me ature mais, que acabemos de uma forma violenta e nada amigável, tenho medo... Medo de você não querer me ver nunca mais. – Ele sentia as lágrimas quentes encharcando seu peito, mas não ligou. Beijou a parte superior da sua cabeça e sussurrara em seu ouvido que tudo ia ficar bem. Ela soltou-se do seu abraço delicadamente e afastou-se.

- Eu devo ir. Jesse provavelmente está me esperando lá fora. – Ela sussurrava enquanto enxugava as lágrimas. – Como você disse, eu não deveria estar aqui... – E saiu, deixando-o atônito e angustiado, sozinho no vestiário.

Ele chegou à festa de Brittany sozinho. Santana já tinha estava lá desde cedo, porque ela e o resto das líderes tinham saído direto do estádio para a festa. Ele encontrou com Sam e o cumprimentou, mas não conseguira falar com Puck, porque o amigo estava ocupado demais enfiando a língua na garganta de uma garota bêbada qualquer, então Finn foi até a cozinha, a procura de uma cerveja gelada que o fizesse esquecer toda a conversa que teve mais cedo com Rachel.

Infelizmente, ao chegar à cozinha, ele deu de cara com Santana; não só Santana, Santana E um cara do time de futebol americano. A garota estava sentada sobre a bancada e o jogador estava com uma mão alisando a coxa da latina enquanto a outra estava agarrando seu pescoço, puxando-a para um beijo; mas ao invés de lutar contra o beijo, Santana colaborava e estava prestes a por as mãos na calça do cara. Ao perceber a presença de seu atual namorado, Santana fingiu inocência e empurrou o rapaz, pulando da bancada e correndo para os braços de Finn, fingindo lágrimas.

- Ah, amor, ainda bem que você chegou! – ele sentia o tecido de sua camisa ser ensopado pelas lágrimas de crocodilo dela – Eu estava aqui, sozinha, tentando ligar pra você, quando do nada, chega esse cara e começa a me agarrar! Eu tentei separá-lo de mim, mas ele era muito forte, então eu simplesmente desisti! Eu não sei o quê faria se você não tivesse chegado! – Ele respirou fundo e tentou assimilar todo o mix de emoções que passavam pela sua cabeça agora: raiva, porque afinal, quem não teria? Traição – e esse era um sentimento que ele conhecera muito bem graças a Quinn; e é claro, tristeza – afinal, ele acabara de deixar a garota de sua vida escapar por seus dedos e Santana era seu prêmio de consolação, mas agora nem isso era dele.

Sua primeira reação fora empurrar Santana de perto dele, para que ela caísse nos braços do anônimo que há pouco tempo atrás, a beijava.

- É toda sua – ele disse, uma mistura de raiva e tristeza em sua voz – Divirta-se. – Santana levantou-se dos braços do jogador de futebol e agarrou-se as costas de Finn, tentando fazê-lo encará-la novamente, mas ele não se virou, sequer piscava.

- Finnocência, por favor! Você não vai conseguir ficar sem mim, eu sei que não vai! – Ele tomou suas mãos nas suas e jogou-as ao ar rudemente.

- Me solte, Santana. Está tudo acabado. – Ele falou, sua voz estava ríspida e rouca. – Olhe pelo lado bom, você finalmente pode transar com quantos caras quiser, sem sentir nenhum remorso. Isso é, se você já se sentiu culpada por fazer isso. – Ele disse, indo embora sem dar mais nenhuma palavra.

- Boa noite, princesa. – Seu pai disse, fechando a porta por trás dele.

- Boa noite, papai! Diga ao pai que eu lhe mandei boa-noite também! – ela o disse, com um sorriso no rosto, ajeitando-se sob as cobertas. Rachel sabia que ainda eram onze horas e que não precisava ir dormir tão cedo numa sexta-feira à noite, mas ela realmente se sentia cansada. Depois de tudo que aconteceu com Finn, ela precisava de uma boa noite de sono, para acordar renovada e disposta para os desafios que a segunda-feira de manhã a traria.

Ela recostou sua cabeça no travesseiro e fechou os olhos, tentando limpar sua mente de qualquer pensamento que ousasse invadi-la, mas as imagens do acontecimento anterior faziam-na rolar na cama sem conseguir dormir. Ela percebia o tempo passar, mas ainda sim, não dava à mínima, seu pensamento estava a mil por hora. Ao olhar para o relógio, percebeu que já eram duas da manhã e ela ainda não havia conseguido sequer um bocejo, então decidiu descer as escadas para pegar um copo de leite de soja quente.

Ela desceu as escadas na ponta dos pés, para não acordar seus pais. Enrolou-se em seu robe, abriu a geladeira e tirou uma garrafa de leite de lá. Pôs numa xícara e colocou-a no microondas. Enquanto esperava o leite ficar pronto, ouviu alguém bater na porta. A princípio, assustou-se com o barulho e correu para ver quem era.

"Pode ser um ladrão..." Pensou "Não seja idiota, Rachel Barbra Berry! Você acha mesmo que o ladrão vai bater na porta? No mínimo, pediria licença para entrar, não é?" Ela balançou a cabeça, tentando livrar-se dos pensamentos inúteis enquanto caminhava em direção a porta. Girou a maçaneta levemente e deu uma espiada pela pequena brecha da porta.

- Oi – disse a figura parada em frente a sua porta – Precisamos conversar.