Tutor
Parte Um – Como me tornei o Tutor
Tirei minha gravata enquanto Ruka ditava minha agenda da tarde. Sinceramente, tenho vinte e um anos e sou mais ocupado que muitos homens de meia idade! Fiquei das seis da manha até agora (dez da manha) na reunião resolvendo os problemas que os sócios da filial do México haviam provocado.
- E ás sete você precisa esta no aeroporto para buscar a Yuuki.
- Como?
- Yuuki. Kaname você não estava me ouvindo quando disse que ia ser responsável pela garota.
- Você não estava me ouvindo quando disse que não vou ser responsável por alguém?
Ela soltou um longo suspiro, massageando a testa com as pontas dos dedos. Não é que eu seja algum tipo de "homem sem coração e sem alma que não dá abrigo à uma pobre garota órfã", mas sou "homem de vinte e um anos de idade que herdou as empresas do pai e não tempo para bancar a babá".
Tinha dezessete anos quando meus pais foram assassinados, não precisei de nenhum tutor para cuidar de mim. Muito pelo contrario, eu assumi as empresas e hoje está tudo muito bem - ainda que confesse que não confio nas pessoas como antigamente, prefiro fazer tudo sozinho ao meu modo.
- Ela não tem mais ninguém, Kaname. – Ouvi Ruka me falar. – Você é o parente mais próximo.
- Primo de terceiro grau.
- Mas ainda é parente dela.
Soltei um suspiro, estou exausto daquela maldita reunião, Ruka sabe disso. Será que ela tocou no assunto agora para me pegar vulnerável e assim me fazer aceitar a menina em minha casa? Pois saibam que o meu desejo mais profundo é o de mandar Ruka calar a boca e me deixar descansar até a próxima reunião.
É um bom plano, devo admitir.
Ruka se sentou na poltrona de frente para mim.
- Ela estava na casa de uma tia, mas o advogado falou que recebia maus tratos. Kaname, eu sei que você não é frio o suficiente para recusar a ajudar uma pobre criança.
- Uma garota de quinze anos não é mais criança, Ruka.
Ela soltou um suspiro deixando uma pasta na minha mesa, pediu licença e saiu. Confesso que ela tem razão, não sou frio o suficiente para ser indiferente a uma garota que não tem para onde ir. Odeio admitir, mas vou ter que ceder dessa vez e ir buscar a garota no aeroporto. Só me pergunto qual o motivo para me nomearem o tutor da garota, nem sou tão mais velho que ela e nem mesmo era intimo da família.
† † † † † †
Olhei novamente a foto de Yuuki: cabelo comprido de um tonalidade bem escura de castanho, olhos castanho-claros, uma pele bem branca que fazia parecer uma boneca de porcelana. O único problema é que não encontro nenhuma garota igual a da foto nesse aeroporto.
Guardei a foto no bolso do sobretudo, voltando a andar pela plataforma a qual seria usada pelo avião dela, mas nada dela.
Estava preste a ligar para Ruka perguntando se ela não havia se enganado - o que não seria difícil, pois se o Akatsuki está com ela quando ela marcou o compromisso na agenda, ela simplesmente faz tudo errado e complica a minha vida. As vezes acho que é de propósito, mas como ainda não tenho provas...
Enfim, uma garota me chamou atenção. Ela não tinha o mesmo sorriso que a garota da foto e nem o cabelo comprido, mas eu eu sabia que era Yuuki, me aproximei.
- Yuuki Cross?
Ela ergueu a vista me parecendo curiosa.
- Sim?
- Kaname Kuran. – Estendi a mão para ela, que se levantou e limpou a mão na saia antes de apertar a minha. – E sua bagagem?
- É apenas essa mochila.
Tão pouca bagagem?
Resolvi não perguntar, se a memória não me falha Ruka avisou que a tia que cuidava dela e a maltratava.
Inclinei para pegar a mochila, mas Yuuki a apanhou antes de mim.
- Pode deixar. – disse, tentando pegar a mochila, mas ela se afastou alguns passos de mim.
- Eu levo. Obrigada.
Estranhei essa atitude, geralmente as mulheres imploram para que eu seja gentil com elas - o que, de fato, não sou sempre -, mas se ela não quer minha ajuda, só me resta respeitar sua decisão.
Fomos até o carro em absoluto silencio.
O caminho até em casa entraria no livro de recordes pelo maior tempo de silencio de duas pessoas dentro de um carro. Para ser sincero não é como se isso me incomodasse, apenas não estou acostumado com mulheres tão quietas - fiquei curioso sobre que houve na casa da tia dela, vou fazer uma investigação mais a fundo.
- Chegamos.
Ela olhou a casa, maravilhada... Bem... O termo correto é mansão, mas como é meu lar, fico mais a vontade chamando de casa.
Yuuki desceu do carro e me seguiu para dentro, sempre mantendo alguns passos atrás.
- Boa noite, mestre Kaname.
- Boa noite, Gendo. Por favor, mostre o quarto para senhorita Yuuki.
- Sim mestre. Por favor, senhorita.
Então ela se foi, passei a mão em meu cabelo, totalmente atordoado. Não sei como cuidar de uma garota. Aliás, eu nem tenho idade para cuidar de uma. Sinceramente, a vida me apronta cada uma.
Vou para meu quarto terminar de ler alguns relatórios. Afinal, se não há remédio, remediado está. Não é como se a garota tivesse culpa de algo também, ao menos o quarto dela é ao lado do meu.
† † † † † †
Nota da Autora: mais uma das muitas fic que estou fazendo para a Ladie O_o
Confesso, essa saiu um pouco do meu estilo, espero que gostem.