Esta fanfiction é um agradecimento à minha querida amiga Unk-chan (em outras palavras: uma das melhores ficwriters que já conheci) pela história "Lost in Lust" :)Você não sabe como me emocionou essa tremenda demonstração de carinho por mim e eu não aguentei esperar até a minha próxima "KyoHaru" para te homenagear. Espero que você goste :)


Snow

Fazia um frio quase insuportável naquela noite em Tóquio. O céu stava encoberto e indicava neve até o amanhecer; as poucas pessoas que ainda encontravam-se nas ruas da cidade tentavam proteger-se do frio e aceleravam seus passos para chegar à tempo na estação e não perderem o trem.

Fora um dia exaustivo e longo para Nana. Seus pés doíam e amaldiçoou a hora em que resolvera comprar – e usar – aqueles lindos – e desconfortáveis – sapatos vermelhos de salto. Pegou o embrulho verde-musgo de sobre o balcão e guardou com cuidado em sua bosa Dolce&Gabbana, apagou as luzes e fechou a loja, tendo o cuidado de certificar-se de que havia trancado todas as portas e janelas. Guardou as chaves em sua bolsa e suspirou aliviada por finalmente estar livre daquele lugar e poder comparecer ao ensaio de Blast.

-Fazendo hora-extra, Hachi?

Encostada em um poste de luz, Nana tragava pacientemente um de seus cigarros. Seus grandes olhos negros, que miravam o céu, foram voltados para a outra, que aproximou-se alegre.

-Nana! O que você faz aqui? Essa semana o Blast não ensairia até tarde todas as noites? - sua voz demontrava curiosidade, mas estava estranhando mais era o fato de Nana estar frente à loja em uma noite fria de inverno.

-Nobu estava completamente bêbado, – colocou a mão esquerda no bolso – não conseguia nem tocar "Jingle Bells". - tragou novamente o cigarro e jogou a bituca no chão, pisando-a com o coturno. - E você?

-Eu ia até lá agora mesmo! - aproximou-se de Nana colocando o punho fechado sobre o peito e mirou-a. - Agora meus planos acabaram...

-Que tal ir para casa beber cerveja? - deu de ombros

Hachi sorriu e aceitou o convite. Seria uma boa caminhada até a estação e o caminho foi preenchido por conversas triviais e bobas, – a maior parte vinda de Hachi, claro – mas fora um percurso leve e alegre.

Quando chegaram à estação, esta estava praticamente vazia (um senhor cochilava em um banco próximo às jovens, aguardando o último trem) e optaram em permanecer de pé. Hachi fez mais alguns comentário irrelevantes, mas Nana respondia a todos com o mínimo de ironia que conseguia, embora risse.

-Você já sabe quando será o próximo show?

-Dentro de duas semanas. – fez uma pausa – Você vai estar lá? - perguntou casualmente.

-Sempre! - sorriu e ouviu o trem se aproximando. Olhou para o homem no banco e correu para acordá-lo. Este lhe agradeceu e embarcaram.

Nana ignorou os cartazes de "proibido fumar" e acendeu seu cigarro. Hachi já estava acostumada com tal odor a ponto de estranhar quando não o sentia na amiga. Ficaram em silêncio por algum tempo pois Hachi recbera uma mensagem de Jun-chan e precisava urgentemente responder a ela. Chegaram em sua estação em menos de vinte minutos.

A temperatura havia caído muito desde o anoitecer, mas a sensação térmica era muito inferior aos 2,4ºC que os termômetros marcavam.

Hachi olhou de relance para Nana e analisou-a por um tempo. Não se podia dizer que ela andava bem agasalhada para o inverno japonês: saia curta, regata, sobretudo e coturno não era o suficiente para proteger-se. Nana estranhou aquele olhar sobre si. Sabia que Hachi faria algo, mas não queria saber o que.

-Sabe, Nana... Você não sente frio, não? Anda tão mal-agasalhada! Assim vai ficar doente e...

-Aonde quer chegar, Hachi? - apoiou o cotovelo sobre o ombro da outra, segurando o maço de cigarro entre os dentes, fazendo-o se mexer de cima para baixo.

-Tenho algo para você.

Tirou o pequeno embrulho que havia guardado anteriormente em sua bolsa e entregou à Nana, que demontrou-se supresa. Havia uma fita branca envolvendo o embrulho. Nana desfez o laço e retirou de dentro do pacote um cachecol vermelho.

-Eu queria ter feito um, mas eu não levo jeito para isso! - riu e coçou a nuca sem graça.

-Me ajuda a colocá-lo? - Hachi olhou-a alegre e afirmou com a cabeça, pegando o presente da mão de Nana e enrolando-o em seu pescoço.

-Combina com você. - sorriu e sentiu pequenos flocos de neve caírem sobre sua face. - Olhe! Está nevando!

Olharam o céu sorrindo e Nana segurou delicadamente a mão de Hachi, que olhou para ela encabulada.

-Obrigada, Hachi... - aproximou calmamente seu rosto do dela e selou-lhe os lábios.

O beijo fora uma grande surpresa. Estava acostumada a ver Nana beijando fãs, mas aquilo estava fora dos padrões da cantora. A vocalista de Blast passou suavemente a ponta de sua língua sobre os lábios rosados – e com gosto de cereja – pedindo passagem. Hachi entreabriu-os e a outra abraçou-a pela cintura, aprofundando o beijo. O ar faltou algum tempo depois, forçando-as a se afastarem. Hachi estava completamente corada, sua respiração tava pesada e evitava a todo custo olhar diretamente para Nana. O sabor do tabaco ainda era forte em sua boca, mas não podia dizer que tornara o beijo desagradável. Aquele era o sabor da Nana.

Negava-se a voltar seu olhar para a outra, tamanha vergonha que sentia naquele momento. As maçãs de seu rosto pareciam estar em brasa e sabia que estava com a maior cara de boba. Nana riu e segurou o pequeno queixo com os dedos.

-Hachi... - sua voz era suave, o que fez os olhos castanhos lhe fitarem.

Outro beijo foi iniciado, calmo como o primeiro porém mais profundo e curto. Ao separarem-se, Nana sorriu à Hachi – que ainda parecia um pimentão -, que retribuiu o gesto entrelaçando os dedos de suas mãos.

Nenhuma palavra fora dita até a chegada ao apartamento, não era preciso. Hachi sabia que aquele beijo não era igual aos beijos que Nana dava em outras garotas. Havia uma intimidade nele que era apenas delas.

Existe gente que acredite que objetos unem as pessoas mais do que podemos imaginar. Naquela noite, as garotas descobriram que nem tudo o que diziam era uma grande bobagem.

A neve fora a única testemunha daquele gesto e em todas as vezes em que voltar a cair, trará consigo o mesmo sentimento doce, quente e – acima de tudo – puro que sentiram essa noite.

"Ryoute hirogete kagayaku yuki atsumetai dake na no ni ne

(Eu abro meus braços bravamente, só quero encontrar a neve brilhante)

Ima nara shiroi yukitachi mo subete yurushite kureru deshou

(A neve branca me perdoará por tudo)"


Querida Unk, eu amei "Lost in Lust". Ficou perfeita, hipócrita e sexy ;P

Eu sempre acreditei em ti porque eu sei que você é uma guria capaz de conquistar seus objetivos e foi uma imensa honra ter te conhecido ano passado :)

Sempre que precisar de algo, pode contar comigo.

Bem, essa foi a minha primeira tentativa (frustrada) de um shoujo-ai, espero que tenham gostado :P

Completei-a às 23h50min do dia 13 de abril de 2010, O DIA INTERNACIONAL DO BEIJO! Por isso, mesmo que eu a tenha postado no dia seguinte, ainda vale a intenção, né? :)

Me desculpem qualquer erro de digitação, mas é que o teclado do notebook do meu namorado não está muito bom :P

Abraços, D.S