Capítulo 01 – Raiva

Parecia um dia tipicamente normal. Passava das duas horas da tarde e eu estava sentado na minha sala minúscula, cheia de pastas mofadas e empilhadas por todos os lados. Apesar de ser o "menino-que-sobreviveu", o Ministério da Magia me deu um cubículo empoeirado e esquecido no fim do corredor dos aurores. Então me desculpe se eu não estou tão empolgado assim com essa função e ao invés de estar colocando as pastas em ordem, eu estava com as pernas em cima da mesa e com os olhos fechados, meditando sobre a vida, quando ouvi alguém batendo na porta.

Mais rápido do que se possa dizer "desempregado", tirei as pernas da mesa, pigarreei várias vezes para disfarçar a voz pastosa e disse:

"Entre!"

Megan, a auror-secretária do Departamento, entrou e falou:

"Harry, Kingsley quer falar com você." – e piscou.

Não diria que aquela piscadela era descaramento/enxerimento da Megan. Aquela piscadela significava missão! Uma missão!

"De verdade?" – levantei rápido, com um sorriso tão grande que era possível ver meus cisos.

"Sim!" – ela quase gritou de satisfação e eu corri para abraçá-la.

Antes de mais nada, deixo claro que Megan e eu somos apenas bons amigos. O motivo de tanta alegria é que nós dois somos aurores, nós dois somos desprezados pelo Departamento e por isso quando algum de nós dois consegue uma missão, ficamos assim, quase delirantes.

Depois de uma rápida tentativa para acalmar meus cabelos rebeldes, saí, em desabalada carreira, até o escritório do auror chefe, Kingsley Shacklebolt. Com as mãos trêmulas, bati na porta e ouvi um grave "Entre!".

"Sente-se." – ele disse quando me viu.

Depois de meses parado, preenchendo formulários, teria uma missão de verdade! Enfim poderia mostrar as minhas habilidades. Sentei, entusiasmado com minha futura tarefa. Já conseguia imaginar o perigo e adrenalina de uma missão super secreta do Ministério da Magia.

"Essa missão é um tanto peculiar, Harry. E resolvi confiá-la a você porque sei que é o único que poderá realizá-la."

Apenas com duas frases ele conseguiu acabar com o meu entusiasmo. Durante toda a minha vida me confiaram missões que, supostamente, somente eu poderia realizar. E posso afirmar que não foram missões fáceis, agradáveis e, muito menos, interessantes.

"É uma tarefa simples, Harry. Você terá que dar aulas a um auror um tanto... ahm... inexperiente."

"Aulas? Kingsley, eu não sou professor." – falei, chateado.

"Sei disso, Harry." – disse, paciente – "Mas também sei que, há alguns anos, você lecionou Defesa Contra as Artes das Trevas para um pequeno grupo de alunos rebeldes, que se chamava Armada de Dumbledore."

"Certo." – revirei os olhos – "Aquilo foi algo excepcional, não tenho formação de professor, só sei o que aprendi no curso de aurores."

"E isso já é o bastante, uma vez que você se formou com notas excelentes." – ele sorriu – "Então, podemos contar com a sua ajuda?"

Pensei um pouco sobre o assunto. Será que eu preferia continuar em uma sala minúscula no final do corredor, preenchendo relatórios OU lecionar para alguém totalmente despreparado?

Escolha difícil.

"Claro." – falei, por fim.

"Ótimo! Sempre soube que poderia contar com você." – então, por que perguntou? – "Esteja amanhã na Escola, às 08hs."

"Certo." – levantei e quando já estava saindo, lembrei de algo – "Quem é essa pessoa?"

"Ahm... Harry, não sei." – disse, totalmente desconfiado, o que só me fez ter certeza de que ele sabia quem era.

"Não é o Malfoy, é?"

"Não! Claro que não!" – ele deu uma risada/tossida sem graça – "Você sabe que o Malfoy está no Departamento de Esportes Mágicos." – vendo que continuava esperando sua resposta, ele completou – "Harry, entenda que as pessoas mudam. Sabe, a vida tem seus altos e baixos..."

Mais um pouco e ele estaria tentando me convencer de que Voldemort foi uma pessoa muito boa e caridosa.

"Então, Harry, acho que você não pode olhar para ela com certos preconceitos do passado." – finalizou Kingsley, sem me convencer nem um pouco.

"Quem é?" – falei, ainda calmo.

Ele me olhou e deu um suspiro derrotado.

"Pansy Parkinson."

Nesse momento pensei que estava precisando de um aparelho auditivo. Ou de um copo bem grande de whisky de fogo.

Quer dizer, Pansy Parkinson?

Espera...

PANSY PARKINSON?

"Como?" – falei, apurando os ouvidos.

"Pansy Parkinson."

"Aquela mesma que quis me entregar para Voldemort?" – perguntei, só para ter certeza, afinal poderia existir outra, uma mais legal e simpática.

"Ahm..." – Kingsley se remexeu, desconfortável – "É... essa... mas, Harry..."

"Tudo bem." – falei, sério – "Amanhã estarei lá." – e saí da sala, soltando fogo pelas ventas.

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E a culpa é do Ministério da Magia!

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Dentre outras coisas sou conhecido pela calma e paciência. Afinal aguentei os Dursley por dezesseis anos e isso não é uma coisa que qualquer um consegue.

Mas existem momentos na vida em que você cansa de ser tão complacente e grita: CHEGA! PARA O MUNDO QUE EU QUERO DESCER!

E finalmente esse momento chegou para mim.

Tudo bem, eu não gritei por fora, mas por dentro com certeza...

Quer dizer, tudo bem me deixarem na reserva dos aurores só porque sou conhecido demais para andar disfarçado nas missões importantes. E tudo bem ficar em cubículo escondido, mofado e esquecido, catalogando pastas sem a mínima importância e preenchendo formulários idiotas.

Mas querer que eu ensine a uma pessoa que foi minha inimiga? Uma pessoa que passou todos os anos que estudei em Hogwarts azucrinando a minha existência sempre que tinha a oportunidade e que, até mesmo, tentou me entregar a Voldemort na última batalha?

Ah não! Isso enraivece qualquer um, por isso quando cheguei em casa saí quebrando tudo que vi pela frente e isso pode parecer um pouco infantil, mas não é.

Quer dizer, é sim, um pouco, mas por que eu?

Mesmo depois de enfrentar Voldemort várias vezes e sair (quase) ileso de todas elas, ainda me colocam nesse tipo de missão, que para mim parece mais com uma punição..

"Harry! O que houve?" – Rony perguntou, vindo do quarto, seguido por Hermione.

Divido um apartamento no centro de Londres com Rony. Ultimamente com Hermione também, já que eles ficam o tempo todo no quarto. Nem quero PENSAR no que eles estavam fazendo, se considerarmos os cabelos arrepiados dos dois.

"Nada. Desculpe, não sabia que vocês estavam em casa."

Há dois anos divido esse apartamento com Rony e até aqui me sinto deslocado, já que a Mione sempre está aqui e fica parecendo que sou candelabro.

"Harry, você está tremendo." – Mione falou, preocupada – "Sente-se."

"Eu não quero sentar!" – gritei, frustrado – "Desculpa, Mione, mas cansei! Não aguento mais ser tratado como criança! Caramba, eu já tenho 22 anos!"

"O que aconteceu?" – Hermione perguntou, me entregando um copo com água que eu recusei.

"Hoje recebi uma missão. Vou dar aulas para um auror inexperiente."

"Harry! Que ótimo!" – ela disse.

"Seria, se minha aluna não fosse Pansy Parkinson."

"O quê? A Parkinson auror?" – Rony falou, chocado.

"É, parece que sim..."

"O inferno deve ter congelado." – ele disse, baixinho.

"Harry, eu sei que é difícil, mas você tem que superar o passado." – Mione disse, em seu já esperado discurso sensato – "Ela deve ter mudado se quis virar auror."

"Por que eu sou escolhido para esse tipo de missão? Será que o Ministério não me acha bom o suficiente para trabalhar como vocês, em missões de verdade?"

"Ah Harry, você sabe que ainda chama atenção... é por isso que Kingsley não o designou para trabalho em campo. Você seria facilmente reconhecido."

"Então seria melhor se eles nem tivessem me aceitado no curso de auror. Seria mais feliz sendo atendente da Floreios e Borrões." – e saí, entrando no meu quarto e batendo a porta com força ao passar.

Depois disso me joguei na cama e ignorei os chamados de Mione. Não queria ver e nem falar com ninguém, porque tudo em que eu pensava era que Pansy Parkinson ia se arrepender do dia em que escolheu ser auror.

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E a culpa é do Ministério da Magia!

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Nota da Autora: Olá!

Primeiro quero deixar claro que essa é a primeira H/P que eu faço, então, calminha comigo, ok?

Segundo, que deabodenomedeficehesse? Não sei também. Depois de pensar por horas só me veio esse. Sorry.

Terceiro, espero que gostem, se divirtam, perdoem os erros (o cap não foi betado) e me mandem reviews! Hihi

Beijos,

Manu Black