Noites

Adriana Swan

PRÓLOGO

Não havia uma forma de simplificar aquilo: eu daria tudo para não ter sido a escolhida. Sei que metade das mulheres de meu país (aliais, de muitos outros também) se sentiriam mais que honradas se tivessem sido escolhidas, então eu me perguntava "porque eu"? Porque justo eu, criatura sem imaginação nem vocação para contos de fada, alguém que queria ter o prazer de casar com meu noivo sem festas nem luxos, sem pagar dote, sem ter nenhum grande futuro pela frente além da garantia que meu jovem e belo noivo seria bom para mim? Será que era demais querer viver no anonimato?

Quem sou eu hoje? A jovem mais linda das Ilhas Solitárias. Não, não estou me gabando. Maldito o dia em que nasci assim. Minha irmã era bonita também, acabou casada com um comerciante rico que lhe daria um futuro digno, o resultado foi um monte de hematomas, uma semana de tortura por aquele velho pervertido que se tornou seu marido e uma fuga desesperada para o Templo das Estrelas, único lugar a receber mulheres desonradas. Por isso meu pai escolheu meu noivo com cuidado, jovem e bonito. Como eu. Certo, ele não poderia me oferecer um grande futuro, mas havia a possibilidade de me fazer feliz.

Eu sou Liz. A pobre e infeliz Liz.

Eu sou a virgem que será oferecida ao Rei de Nárnia, quando ele chegar aqui nas Ilhas Solitárias. É a primeira vez que um Rei de Nárnia vem aqui, desde que o Rei Furação, Narniano, libertou as Ilhas do grande dragão mais de um século atrás.

Hoje meu pai recebeu a carta da realeza. Prezado Sr. Linton, entre todas as jovens de nosso país, sua filha teve a honra de ser escolhida para ser aquela que servirá ao Grande Rei de Nárnia em sua estadia em nosso país.

Honra? Servir?

Oh, Estrelas, que ei de ser eu? Um brinquedo para o bel prazer de um velhote tirano e depravado? O prazer dele pode valer todo meu sofrimento? Ele é Rei de Nárnia, quem sou eu além de uma escrava a ser torturada por ele? Meu pai, meu noivo... como irei encará-los depois que for desonrada?

Essa noite chega o navio de Nárnia.

Sou a jovem mais infeliz do mundo.

Essa noite, virarei concubina do Grande Rei Peter, de Nárnia.

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N.A.: Minha visão de Nárnia na Golden Age é bem medieval. Reis, concubinas, casamentos arranjados (e vestidos lindos e cheios de saias). Essa fic vai mostrar a visão de Liz dos acontecimentos, então não me batam se ela não ver Peter como nós o vemos, afinal, ela só sabe sobre os Reis de Nárnia as poucas histórias que cruzaram o mar até a ilha em que ela vive.

Quero oferecer essa fic a Lily, do blog Twilight Haters Brasil. De tanto falar em Nárnia e por tanto tempo (de maneira insistente e irritante) ela me convenceu a ler. Hoje sou uma fã irritante de Nárnia igualzinha a ela.