Bônus - Proposta

Ela chegou cansada do trabalho. Eu podia ouvir o seu salto bater suavemente no assoalho da sala de estar rumo as escadas. Seus passos eram ritmados e a cena de seu caminhar era facilmente criada em minha mente. Seu corpo pequeno se movimentando passo após passo enquanto ela subia as escadas.

Distrai-me por um momento ao imaginar seu perfume invadindo o quarto que não deu tempo de acender a ultima vela antes que ela abrisse a porta. Sua face surpresa ao ver o que eu preparara para aquela noite me encheu de alegria.

-O que... – ela tentou pronunciar.

Mas já era tarde para qualquer palavra. Meus lábios estavam colados nos dela e nada desse mundo faria eles saírem dali. A musica tocava suavemente no fundo enquanto eu acariciava sua nuca. Como eu pensara, seu perfume doce e delicado penetrava meu corpo. Meus pulmões ansiavam por mais daquele aroma inebriante, inalando o ar de seu pescoço com urgência.

Sua boca macia acariciava a minha enquanto eu a trazia em meus braços para a cama grande. Como quem coloca uma criança dormindo em sua cama, eu a deitei sobre os lençóis claros me colocando quase imperceptivelmente sobre seu corpo delicado. Tudo estava planejado como uma coreografia criada com tempo de antecedência e executada com perfeição.

Minhas mãos alcançaram a flor na cabeceira da cama e a deslizou sobre sua pele igualmente aveludada até a altura do ventre. E o que se seguiria seria feito por meus lábios que com pesar inimaginável se separou dos doces e apaixonados beijos.

-Alice... – comecei, aspirando o fôlego que me faltava.

Três anos se passaram desde a primeira vez que meus olhos correram por ela. Trinta e seis meses que seu sorriso infantil e ingênuo espantava qualquer cansaço e irritação após um dia de trabalho. Mil e noventa e cinco dias que seu corpo pequeno cabia perfeitamente em meu abraço. E cada minuto de dia que meu coração ansiava para ouvir sua voz delicada próxima de meu ouvido passaram por minha mente naquele meio segundo que se passou desde que pronunciei seu nome, que corria por minha garganta com facilidade.

-Quer casar comigo? – perguntei olhando fixo para aquelas esmeraldas que brilhavam especialmente para mim. – Por todo amor que pulsa em meu corpo, você aceita ser minha mulher? - o anel que antes estava dentro da rosa, agora brincava nos meus dedos.

As batidas que eu sentia dentro de meu peito parecia se expandir pelo quarto a cada segundo que se passava. Seus gestos procederam com delicadeza.

Ela sorriu e aproximou seu rosto do meu. Sua boca colou-se na minha após ela colocar alguns fios dourados de meu cabelo para trás, tirando-os de meus olhos que estavam fixos nos seus.

-Eu aceito. – ela pronunciou. – Com todo amor que pulsa em dentro de mim, ser sua mulher!

Novamente meus lábios envolveram os dela, substituindo qualquer discurso que
precisasse ser falado.

Agora, seriamos eu e ela para toda eternidade. Como se fosse realmente possível viver um minuto se quer sem ter a certeza que ela era minha

FIM