Sete letras mentirosas

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- Somente meu namorado pode tocar em meu cabelo – disse, empurrando os braços do garoto com o qual se sentava à mesa de estudos.

Ela se recusava a acreditar que, com apenas nove anos de idade, aquele menino ousasse acariciar as garotas ao redor. Se não pudesse evitá-lo, por causa dos deveres de casa em grupo, ao menos não permitiria que ele se aproveitasse de sua companhia e tomasse algumas liberdades. Jamais se envolveria com ele, pois sua vida toda já estava planejada: Viveria um perfeito conto de fadas, ao lado de um príncipe cheio de virtudes e não um boêmio que provavelmente não a valorizaria como dama e não chegaria a declarar o seu amor para ela, nem como mentira.

Enganara-se nessa última parte.

- Vamos! Você tem de aprender a conjugar! Senão a professora tira ponto do grupo inteiro! – Ela o repreendia cada vez mais.

- Eu já sei conjugar – Ele sorriu com o canto dos lábios. - Eu te amo; amo você; amá-la-ei.

Ela instantaneamente ficou atônita e deixou os lábios entreabertos. Amor. Homens têm de se sentir muito seguros ao revelar tal sentimento. Acreditou que era impossível uma criança conseguir mentir tão bem. Mas não demorou muito e pôs em sua cabeça que aquilo não passara de uma brincadeira de muito mau gosto, da qual sua mente se tratou de logo esquecer.

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N/Agatha: Hiei, só para constar: ainda a amo, demais.