Disclaimer: Querer não é poder. (Ele pertence à Rumiko Takahashi.)

O trabalho a ser cumprido era fácil. Difícil seria conseguir completá-lo trabalhando em parceria... sendo que ambos odiavam essa idéia.

oOo

Os policiais já estavam fartos. Aqueles tiros em sintonia com a risada feminina, completamente estridente já havia virado uma rotina, descontente.

Suspirou, então, aquele onde em sua camisa jazia uma estrela dourada. Tragou fundo o cigarro, fundo até demais. Logo, soltou toda a sua fumaça, como se pudesse soltar aquele ódio que o completava.

Apertou as mãos com força. Aquela imprudente tivera a coragem de levar até mesmo seus preciosos charutos.

O cabelo moreno percorria toda a extensão de suas costas, e o olhar violeta encontrava-se completamente contrariado.

Era a terceira vez naquela semana. E simplesmente ela não deixava de aparecer. Socou a mesa, estreitando o olhar.

" É a terceira vez que mando a capturarem!" falou mansamente, antes de encontrar alguns guardas, completamente assustados. " Vocês estão aqui de ENFEITE por acaso?" Bradou, arqueando a sobrancelha.

Um de seus homens ousou se aproximar. A barriga saliente pulava por causa da calça apertada em sua cintura. Mascava um chiclete, tentando diminuir o nervosismo.

" Senhor Naraku, já fizemos tudo o que podíamos! Ela usa armas bem mais sofisticadas que simples revolveres!" Em um ato inesperado, agarrou o youkai pela gola da camisa.

" Eu sou o xerife deste local, e até agora não soube de uma vez que vocês ousaram ATIRAR, então não culpe as armas que portam... estão de bom tamanho para a insignificância de vocês." Aproximou as faces, apertando ainda mais a camisa do outro. " Será que fui claro... Hiten?" Perguntou, uma única vez, soltando o youkai, que se afastou.

"Claríssimo." Gaguejou. "Senhor Naraku." Abaixou o olhar, quando notou que o xerife iria dar mais uma de suas crises, ao puxar fundo o ar em seus pulmões.

Mais alguns tiros foram ouvidos antes do moreno sair da cabine onde estava. Completamente furioso, se colocou em meio aos mais sofisticados de sua equipe.

" E então?" Perguntou, os encarando curioso.

" Nada." Suspirou o outro. Apontou para cima de uma casa. " Ela está ali, mas sempre que algum de nossos homens sobe... bam, bam, bam." Gesticulou como se estivesse com uma arma.

" E então porque não mandam mais de um homem por vez?" Satirizou o xerife, como se fosse a coisa mais óbvia a se fazer. " Não lembro de ser tão burro, Hakudoushi!" O outro deu ombros e acendeu um cigarro.

" Tentamos essa tática, mas estamos sem reforços... sempre que mandamos um número maior, ela consegue escapar." Os ombros caíram, pesadamente. " Não acredito que o assunto se trata de uma mulher."

"Maldita!" Naraku começou a se desesperar. " Como ousa simplesmente aparecer, e roubar todos os bancos dessa cidade! As pessoas estão em desespero! Não podemos ter concorrência nessa lugar.." Colocou a mão na cabeça, e respirou regularmente.

Era dor de cabeça demais.

oOo

Pulou do muro alto, encontrando o impacto do chão. Bateu suas mãos, no intuito de limpá-las. As botas de couro por cima de sua calça davam um belo contraste com seu cinto. A blusa branca, justa, mostrava bem seus seios bem avantajados, e estava rasgada em sua lateral direita.

Usava uma máscara, simples. Os cabelos negros e ondulados caiam por seus ombros.

Arqueou a sobrancelha encarando os homens amarrados. Abriu um largo sorriso ao notar que havia feito aquilo, sozinha.

Claro que havia negociado com os mais fortes. Algumas pérolas dariam alguns meses de salário, não é mesmo?

Aproximou-se deles, abaixando-se. Ficou frente a frente com aquele mutirão.

"Tudo bem com vocês?" Perguntou, sentando-se no chão. " Adoraria matá-los, mas não tenho tempo." Anunciou, em um suspiro. " Então, espero que estejamos entendidos. Da próxima vez em que eu disser para saírem do caminho, pois bem... saiam." Os lábios moviam-se de forma sensual. Levantou-se então, colocando um saco pesado em suas costas.

Observou os homens balançarem a cabeça em afirmação. Passou pela porta da casa onde havia conseguido adentrar. Encarou alguns policiais, parados do lado de fora.

" Foi um prazer." Disse ela, andando livremente por entre eles. Acenou de costas, continuando a seguir seu caminho.

Ouvia alguns gritos furiosos, certamente do xerife do local. Não se importou em se preocupar, já que não era uma real ameaça. Não passavam de simples ladrões, assim como ela. Corruptos, enganadores.

Com uma grandiosa calmaria tirou a máscara, e de dentro da bolsa tirou uma jaqueta jeans, a vestindo.

Acendeu um cigarro, o colocando no canto de sua boca.

Por semana, aquilo já estava ótimo.

oOo

" Você não pode estar falando sério!" Praguejou a mulher. " Sabe muito bem que gosto de trabalhar sozinha!" Ela gesticulava com as mãos, se negando a acreditar no que o velho dizia. "Totousai, me diga que está de brincadeira, sim?" O homem apenas a encara, sarcasticamente.

" Já é a quarta vez que me diz as mesmas coisas, Kagome!" Ela gemeu, insatisfeita. " Além de todos na região estarem em sua cola, assaltar uma mulher com tanta referência como Kikyou é uma tarefa complicada de se fazer sozinha." Ela suspirou, sentando-se no chão.

" Isso não é justo." Contestou. " Pensei que éramos amigos!" Ele apenas bufou, cruzando os braços.

" Não faça tanto drama. Nós somos amigos, mas você não é uma criança, muito menos mimada." Ela rolou os olhos. "Além do que você tem quilos de dinheiro, que conseguiu graças a minha ajuda. Pare de reclamar, sim?" A mulher apenas concordou.

Quando o senhor de retirou, ela mostrou-se completamente irritada. Tirou as botas desajeitosamente, puxando as meias logo a seguir, sem cuidado algum.

" Velho maldito." Sussurrou, abrindo os botões da calça. " Ele me deu o trabalho, mas sem mim não conseguiria metade do que conseguiu." Rangeu os dentes, agora retirando a camiseta branca. Apanhou o cinto, retirando as duas armas prateadas que ficavam presas a ele.

Despiu-se completamente, em seu quarto. Aquela casa onde morava desde os nove anos estava praticamente destruída, mas era o único lugar em que se sentia segura. Apenas Totousai tinha conhecimento de sua "toca", e era revoltante saber que seu "parceiro" passaria a saber de sua existência também.

"Droga, droga, mil vezes... Droga!" Repetia continuamente, enquanto andava com as roupas intimas, já colocadas, pelo local. " Não é possível!" Murmurou, se jogando contra a cama.

Ela ainda não conseguia acreditar.

oOo

Passadas algumas horas, Totousai alcançou seu destino. Do outro lado da cidade, tocava insistente a campainha de uma grande casa, diferente a de Kagome.

" Sou eu, Totoussai." Pronunciou, com a voz rouca. Ouviu um "clic", e logo após observou a porta se abrir.

Adentrou, cautelosamente. Encarou os cantos da casa. Haviam nesta, detalhes gritantes. Uma família completamente perfeccionista, ele tinha certeza.

" O que quer aqui, velho?" Não se permitiu assustar. Era acostumado com as aparições repentinas do hanyou.

"Tenho um trabalho pra você." Sentiu o outro sorrir. " Ganhará muito dinheiro, e é fácil... não lhe poupará muitos esforços e..."

" Qual o problema?" Cortou ele. " Se tem algum, me avise logo. Toda essa conversa mole me dá nos nervos!" Totousai colocou a mão enfrente a boca, fingindo uma leve tosse. Virou-se então, observando o meio-youkai, de longos cabelos prateados, e olhos dourados.

" Você não fará isso sozinho." Inuyasha arqueou a sobrancelha.

"Keh!" Balbuciou. "Nem se cortar minhas orelhas eu trabalharei em parceria..." Virou-se. Começou a caminhar e notou que o outro não abriu a boca. Normalmente quando Totousai fazia disso, grandes oportunidades estariam perdidas.

" Suas orelhas, não... acho que não seria nada perto de alguns milhões de ienes." Virou abruptamente. " Mas bom, você não trabalha em parceiras. Milhões seriam pouco pra você." Suspirou, dando ombros. " Uma pena... vou me retirando, então." Deu passos certos, ultrapassando Inuyasha.

Logo, sentiu uma mão em seu pulso puxá-lo com força para trás.

" Tem certeza de que não dou conta disso sozinho?" Rosnou. Aquele velho não mudaria de opinião tão cedo.

"Se não tivesse, não perderia meu tempo falando com você." Respondeu simplesmente.

" De quanto exatamente estamos falando?" Ele riu.

" De muito mais zeros que você pode imaginar..." Pareceu instigá-lo. " Mas você pareceu bem certo de sua resposta, acho que não é correto e sofisticado ficar a lhe torrar o saco." Riu. "Até mais.." Inuyasha rosnou.

" Quem é ele?" Perguntou. Totousai abriu um sorriso imenso. " Quem é o grande idiota que terei de suportar durante a missão?" Relaxou então, sentando-se em um cadeira, perto do "subordinado".

" Bom... não seria elE." Inuyasha arqueou a sobrancelha. " Ao menos, a vejo como uma mulher e..."

" Puta merda, velho!"exclamou, socando o ar. " Não acredito que vai me fazer engolir essa." Totousai o encarou.

" Não vou fazer, você vai apenas se quiser." O hanyou estremeceu. " E de toda a forma, o trabalho terminará rapidamente, e ambos os dois apenas se encontrarão durante a missão." Procurou na mala em que levava algo, que deixou o meio-youkai curioso. " É esta!" Apontou o dedo para a mulher.

" Não acredito que seja ladra!" Apanhou a foto, analisando bem. " Olhe as roupas que está vestindo, velho." O outro bateu na própria testa.

" Está é a vitima, Inuyasha." Ele abriu um pouco os olhos. " Kikyou.. vitima."

" Oh!" Analisou um pouco mais. " Tudo bem, então." Jogou a foto de volta para o novo chefe. " Não venha com ladainhas para o meu lado com essa mulher, já aviso." Estreitou os orbes. "Quando atacaremos?" Ele guardou novamente a foto na mala.

" Daqui há três ou quatro dias." Anunciou. " Então, já temos o trato feito. Te telefono quando for a hora. Até mais, Inuyasha, foi muito bom negociar com você." Ele pareceu confuso.

" Mas você ao menos me explicou o plano..."

" Apenas a assalte. Caso não contribuir, ou não estiver com todo o dinheiro que queremos, a seqüestre." Olhou em deboche para o ancião. " É apenas o começo, do plano, imbecil. Não me olhe dessa forma." Inuyasha apenas deu ombros.

"Tudo bem... até o dia!" Caminhou ao lado de Totousai até alcançarem a porta. " Até mais, velho." O outro consentiu, voltando para o vilarejo.

Quatro dias eram suficientes para ele capturar a mulher, antes de ter que agir em dupla com uma qualquer.

Ao menos, era isso que ele planejava enquanto fechava a porta de sua casa.

oOo

" Eu já disse, vou apenas comprar alguns mantimentos." Suspirou ela. " Eu não vou tentar atacá-la, Totousai, eu já disse que concordo com esse seu plano estúpido!" Fechou a bota marrom, calmamente. "Estou sem balas, sem armas decentes e sem comida." Arqueou a sobrancelha. " É difícil acreditar que tenho tanto dinheiro em casa e sou proibida de usar por pelo menos dois meses."

"Bom, já disse que pode usar..."

"Disse que poderia e me encheu de várias idéias e formas que eu poderia ser presa, pega, descoberta, e blá blá blá." Torceu o nariz. " Você é extremamente persuasivo, deveria parar com isso."

" Tentarei, Kagome, tentarei." Ela balançou a cabeça lentamente, em negação.

" De toda forma, vou indo, não tenho o dia inteiro." Disse, se levantando. " Com o cabelo preso fica melhor, não fica?" Perguntou, se virando de costas.

" Bom, fica mais difícil para te reconhecerem, caso alguns daqueles guardas cruzem seu caminho." Ela sorriu.

" Era essa a intenção." Arrumou algumas coisas em sua bolsa, apanhando algumas notas. " Vou levar uma boa quantia..." Ele estreitou o olhar. " Ao menos para as compras!" Ele concordou.

" Ficaram boas essas roupas. Nem desconfiarão que é você, afinal, uma assassina não se vestiria de um modo tão sofisticado." Ela o encarou.

" Acha que estou me vestindo assim para quê? Me divertir em alguma esquina, com esses cowboys?" Riu. " Seria muito chato se alguém apontasse para mim, me acusando. Seria muito chato mesmo." Ele sorriu, também.

" Não demore muito." Levantou-se do chão, caminhando até ela. " A missão será daqui há três ou quatro dias, senão menos. Não te quero cansada, rastejando por aí, entendidos?" Ela estendeu a mão para ele.

" Claro, Totousai." Ele apertou a mão dela. "Volto antes de anoitecer... vai ficar por aqui mesmo?" Ele assentiu.

" Sim, já disse que gosto daqui. " Respondeu com tranqüilidade. "Você é uma das únicas pessoas que prefere as recordações que o luxo." A morena o fitou.

" As coisas mudam..." Acenou para ele. " Vou indo então, antes que não haja de acordo com o trato que acabei de fazer." Respirou fundo. " Posso ser uma ladra, mas mentirosa, de fato, não sou." Passou a caminhar, arrumando as notas amassadas no fundo de um dos bolsos da bolsa. " Até a noite."

" Até a noite, Kagome." Ela não se virou novamente.

Ela iria fazer compras, é verdade. Não iria tentar nada contra Kikyou, o que também era verdade.

Mas não observá-la estava fora dos planos, no momento.

oOo

Encarou o movimento de cima do muro alto. Percorreu o olhar por todas as pessoas que passavam pela avenida principal da cidade.

Os cabelos morenos lhe chamavam total atenção, mas nenhum rosto era o que procurava. Murmurou algo baixo, irritada por não encontrar a mulher.

As garras batiam incansavelmente, e o olhar já se encontrava entediado. O velho havia lhe dito que a mulher era de grande referência, então porque não estaria andando por lá, justo em um dia tão movimentado? Afinal, o xerife havia dado uma crise gigantesca por causa dos crimes ocorridos pela semana, e colocara todos os polícias que tinha, em cada esquina possível.

Era exatamente o que fazia pessoas ricas como ela sentirem-se seguras.

Suspirou quando pensou tê-la encontrado novamente. Odiava estar enganado.

Rosnou quando viu que já haviam se passado duas horas. Aquele maldito Totousai não havia perdido tempo nem ao menos dizendo aonde o vitima morava. Sabia que tentaria agir sozinho.

" Droga." Gemeu. " Odeio ser tão previsível." Deu um longo suspiro, se divertindo com um pequeno youkai raposa, que espantava algumas idosas do local.

Era uma cidade pequena, mas também existiam mulheres belíssimas. E se havia algo que adorava era o estilo que elas adotavam. Algumas trajavam longas saias, e mantinham a expressão inocente. Algumas, até mesmo ousavam se vestir melhor que as outras, afim de demonstrar a nobreza. Mas, as que mais adorava, há, eram aquelas ousadas, que aderiam a cintos, botas, e ousados decotes. Dessas sim, ele gostava.

Molhou os lábios ao ver uma ruiva, desse exato estilo virar para onde ele estava, mesmo não o vendo. Possuía lindos olhos verdes, e um corpo extremamente tentador.

Foi quando notou uma morena passar por ela. Arqueou as duas sobrancelhas em espanto, e sentiu o coração acelerar.

" É ela!" Murmurou, quando ela se virou. Os cabelos presos em um alto rabo, lhe denunciavam, pois deixava toda a sua face à vista. Era a mulher da foto, tinha certeza agora! Lembrava-se dos olhos serem castanhos, e menos expressivos, mas talvez tivesse se enganado, já que tentava sempre demonstrar o menor interesse possível para Totousai.

Sorriu malicioso ao observar as roupas delas. Caras e ousadas. Não poderia ter erro, afinal, até onde sabia, Kikyou não tinha alguma irmã gêmea, ou algo do tipo. Era Kikyou mesmo que se chamava?

Piscou os olhos quando a viu entrar no meio da multidão. Não poderia ter a perdido, não naquele momento.

Desceu de onde estava em um único pulo. Por ter uma metade youkai era completamente rápido e habilidoso. Sofria menos impactos, e dificilmente era ferido.

Não passaram minutos para estar atrás da mulher. A encarou mais de perto, e teve a certeza que lhe faltava. Sentiu um aroma delicioso vindo dela, mas tentou não se descontrolar.

Inuyasha Taisho, com certeza não se tratava de um homem com hormônios a flor da pele. Seria ridículo de se imaginar isso.

Observou então a elegante mulher entrar dentro de um mercado. Continuou a seguindo, sorrateiramente. Arqueou a sobrancelha quando a viu apanhar vários pacotes de ramén. A todo o momento que havia a seguido, ela havia comprado diversos tipos de comida, mas não em grande tamanho quanto havia ousado comprar aquela.

A boca do meio-youkai salivou ao observá-la pegar seu prato favorito, e pensou que não roubaria apenas seu dinheiro.

Após um longo tempo, a viu chegar ao caixa, e timidamente pegar algumas notas. Sorriu largamente ao ver quanto dinheiro havia dentro daquela bolsa.

Esperou com que se distanciasse da multidão, então. A seguiu por todo o caminho, com passos de gato. Cuidadosamente, sempre que a mesma se virava, ele conseguia esquivar de sua visão, e achou até mesmo incrível a percepção que aquela mulher levava consigo.

Quanto se encontrou em um beco completamente vazio, não esperou por mais tempo. Pulou em frente à mulher, que, ao invés de gritar, tentou acertá-lo, fato que o deixou completamente surpreso.

" Sabia que estava sendo seguida!" Exclamou ela, deixando as compras no chão. " Olhe, eu não quero ficar brigando, já que tenho muita comida pra levar até minha casa. Então deixe para amanhã e nos encontraremos, tudo bem?" Apanhou novamente as sacolas e tentou passar por ele.

- Ousada!- Deduziu ele, ao notar que ela já estava atrás de seu corpo. Bufou, não esperando por mais um minuto sequer, apanhando os braços delicados da mulher e os pondo atrás de seu próprio corpo.

" Eu já disse que hoje não dá, tudo bem?" Ele aproximou os lábios do ouvido dela.

" Não é você quem decide as coisas aqui, docinho." Ela rangeu os dentes com o apelido. " Vai ser rápido, eu prometo." Não precisou mencionar mais nada para que a mulher tentasse chutá-lo, mesmo que estivesse por trás dele.

- E habilidosa para uma humana.- Pensou. Notando que não seria fácil levá-la embora, apenas a colocou em seu ombro, atitude que a fez socá-lo, e , por mais forte que fosse, não causou ao menos arrepio no meio-youkai.

Sorriu ao ver que estava perto de uma de suas tocas. Apanhou com a outra mão as sacolas, e pulou no muro de um antigo prédio, antes de entrar completamente no mesmo.

Os orbes da mulher estavam arregalados e a respiração descompassada. Nunca tivera uma viagem daquele modo.

" Me largue, maldito!" Ordenou ela, mas logo se viu sendo colocada no chão.

" Cale a boca!" Ela tentou novamente golpeá-lo, mas as fortes mãos uniram a dela antes de passar um pano nas mesmas. Deu um nó forte, a ponto de machucá-la, e fez o mesmo com os pés, em uma velocidade inimaginável.

" O que você quer?" Perguntou, em desistência. "Eu só queria fazer compras, está legal?" Ela estava completamente furiosa. Sua voz aumentava tons a mais, devido à irritação.

" Pare de falar." Disse ele. Ela começou a tentar se soltar, se debatendo. Inuyasha mexeu na bolsa dela, tirando várias notas da mesma. " Não acredito que finalmente vou sair da antiga casa de meu irmão." Os olhos brilharam. " Ei, pare de se debater, humana!"

" Parar de me debater? Você é idiota por acaso?" Rangeu os dentes, ainda se debatendo. Ele suspirou.

" Olha, sinceramente... você parecia bem mais educada na foto." Ela bateu os pés com força no solo.

" Que foto, seu demente?" Ele aproximou-se dela, levantando seu rosto.

" Uma aí." Ela bufou. " É apenas uma missão, Kikyou, não vou matá-la, então, sem crises.." Ela arregalou os orbes de prontidão. " Porque a cara? Pensou que não sabia seu nome?" Ela engasgou, antes de voltar a encarado com a face destorcida.

" Você só pode estar brincando!" Ele a encarou completamente entediado, como estava antes. Negou com a cabeça. " Eu não sou a Kikyou, seu imbecil!" Ele abriu a boca, antes de gargalhar.

" Não sei porque, mas eu realmente imaginei que fosse dizer isso?" Riu ainda mais, antes de soltar o rabo dela, deixando com que os seus cabelos caíssem. " É impossível que um clone esteja a solta por aí, não é mesmo, Kikyou?" Ela estreitou o olhar perigosamente. Agora tentava se soltar com mais ênfase, se arranhando e batendo, vez ou outra.

" Você não consegue nem reconhecer as pessoas?"

" Ora, me desculpe então. " Ela pareceu relaxar. "É normal as pessoas saírem com tanto dinheiro apenas para ir ao mercado." Ela gemeu. Não havia ouvido Totousai, agora estava em uma grande enroscada, com um homem completamente maluco.

" Olha..." Ela proferiu calmamente. " Está acontecendo um engano..." Pausou as palavras, tentando convencê-lo. " Eu sou Kagome, não Kikyou." Ele bateu na própria testa.

" Se for inventar um nome fictício, ao menos invente algum que não se pareça, mulher!" Ela apertou as palmas das mãos com força.

" Os cabelos dela são mais curtos... e lisos. Sem contar a cor dos olhos." Ele pareceu duvidar.

" Bom, nada melhor para se sentir protegida, eu entendo. Deve ser lente de contato." Ela bufou.

" Quando notar seu erro e me soltar, vai se arrepender amargamente." Ele riu.

" Como eu me arrependi no beco... Kikyou?" Ela rolou os olhos.

" Kikyou está bem longe uma hora dessas." Ele ensaiou um bocejo. " Só volta daqui há três ou quatro dias... creio que está desligado do mundo, ou será que não lê jornais? Nessa cidade miserável ela é praticamente a única que tem tanto dinheiro para viajar. E acho que não é o tipo de pessoa que se aventura em mercadinhos tão... públicos." Por um momento pareceu pensar.

" Você é bem inteligente, mulher." Ela fechou os olhos, contando mentalmente até dez. " De toda forma, se não for ela, conseguirei uma boa quantia para esses dias." Contou o dinheiro que antes jazia de dentro da bolsa. " E receio em dizer, mas o ramén fica comigo." Ela arregalou os olhos.

" O QUÊ?" Berrou, praticamente. Ele abaixou as orelhas. " VOCÊ SÓ PODE ESTAR LOUCO!" Se sentiu tão prejudicada que conseguiu, em um pulo, se levantar. Ele a observou, um pouco atônito, mas não assustado. " ME DÊ ISSO!" Gritou, ao vê-lo remexer na sacola.

Ele apenas mostrou o dedo indicador, o balançando.

" De forma alguma. Você tem dinheiro pra comprar uma fábrica disso." Ela pulou, em direção a ele.

" Eu TINHA, antes de você resolver me atacar pensando que eu sou a Kikyou." Aproximou-se do rapaz, que ironicamente nem se moveu. " Aliás, não ouse relar essas garras sujas nela, pois ela é MINHA!" Ele então pareceu a notar.

" Ora, você e homossexual, então? Perdoe-me, prometo não fazer estragos." Ela tentou chutá-lo, devido a descarada ironia, mas quem a acertou foi a burrice, pois o esforço só fez com que o tecido a fizesse perder completamente o equilíbrio. Quando notou, se viu em cima do hanyou, que a encarava nervoso.

" Saia de cima de mim." Disse. A voz saiu completamente perigosa.

" Me solte antes!" Os olhares se cruzaram, e os corpos encontraram-se completamente unidos. Em um rápido gesto, ele se sentou.

" Bom, você me parece bem, aqui em cima." Ela o fitou apertando as mãos com força. " Pode ficar o quanto quiser, ao menos não como apenas o ramé..."

" Oh, fico feliz por vocês." Os rostos se viraram imediatamente para a voz rouca do homem. " É realmente contagiante saber que vocês já se conhecem." Totousai mantinha a expressão completamente debochada. Kagome sorriu.

" TOTOUSAI!" Fez força para que o corpo caísse para o lado. " Me tire de perto desse maldito!" Pediu, fazendo um nó nas sobrancelhas.

" O que foi, velho?" Perguntou o outro, se levantando. " Eu apenas queria roubar alguém, oras." Ele suspirou.

" Me chama de velho e me trata como se fosse criança." O ouviu rosnar. "Acha que sou idiota?" Ele ameaçou afirmar, mas logo negou. " Até um cego veria que você confundiu Kagome, com Kikyou." Ele então virou-se rapidamente, com a boca entreaberta.

" Seu animal!" Bufou ela, tentando se virar, como um besouro. "Você me paga por isso!" Piscou algumas vezes, antes de assimilar as informações.

" Você realmente se chama Kagome?" Sorriu amarelo ao homem. "Bom, enganos acontecem." Alargou ainda mais o sorriso ao notar o olhar severo do homem.

" Desamarre-a." Ordenou. Mesmo a contra-gosto o hanyou ajoelhou-se, e em segundos já livrara os tecidos de Kagome, com suas próprias garras.

" Pronto, velhote." Proferiu. "Me desculpe por atacar a não-sei-o-quê-sua." Kagome bateu nas roupas, olhando de maneira assassina para Inuyasha. Apanhou a bolsa com raiva, puxando um cigarro de dentro do maço e o acendendo. " Tire essa droga daqui, tenho olfato apurado, se é que não sabe." Ela sorriu maleficamente.

Aproximou-se dele, tragando fundo. Ele a encarou com susto, antes que ela soltasse toda a fumaça em seu rosto, o fazendo tossir continuamente.

" Cadela!" Ela rolou os olhos.

" Não sou eu a cachorra por aqui." Ele rosnou, ainda tossindo.

" Ao menos se conheceram." A voz do homem ainda continua séria. "Não perdoarei mais nenhuma desobediência de sua parte, Inuyasha." Ele concordou, sentindo um leve temor. " Esse é seu novo parceiro, Kagome." Foi a vez dela tossir.

As lágrimas pularam de seus olhos, antes de fazer uma careta de desgosto.

" Eu não vou trabalhar com esse imbecil! Ele me confundiu com Kikyou, Totousai, como posso confiar em uma anta dessas?"

" Ei!" Aproximou-se, apontando o dedo. " Não tenho culpa que se parece com ela, mulher!"

"Eu me chamo Kagome!" Retrucou. " Kagome, e não mulher!" Rangeu os dentes, batendo com força na mão do hanyou.

" Parem de brigar." Ordenou o velho. Ambos pararam, o encarando. " Podem se matar depois que a missão estiver completada. Isso é uma promessa." A mulher sorriu.

" Tenha certeza que farei isso." Encarou os orbes dourados do hanyou. "Com tanto prazer que não consigo nem imaginá-lo."

" Keh!" Cruzou os braços, ignorando a mulher, que até então parecia completamente frágil.

" Eu falei sério quanto as suas gracinhas, Inuyasha." Ele respirou fundo. "Não tente brincar comigo novamente. Você é tão previsível que eu soube até onde te achar. Até onde atacou, eu previ. Você pode até enganar sua mãe, mas a mim, não." Virou as costas, deixando os dois, completamente enraivecidos. "Me chamar, eu aturo, mas tentar me fazer de idiota, é um dos seus maiores erros." Passou a caminhar. "Nos vemos amanhã, Kagome. Volto pra casa hoje." Ela concordou com a cabeça, mesmo notando que ele não a observava.

O clima ficou duas figuras se encaravam mortalmente, um em cada canto do antigo edifício.

" Agora você vai me ajudar com essas coisas." Deu um nó nas sobrancelhas.

" Nem pensar." Respondeu ele. " Nada no mundo me faria te ajudar. Você me ferrou." Ela começou a bater o pé, em nervosismo.

" Eu te ferrei, EU? Eu apenas fui fazer compras!" Ralhou o olhar. "Eu não vou voltar tão tarde pra casa cheia de sacolas. Não que eu tenha medo, mas minha visão é terrível no escuro, e se algum engraçadinho quiser me roubar eu não conseguirei deixá-lo desacordado por causa da quantidade das coisas que estou levando, e sabe... não estou com vontade de perder os raméns que comprei." Ela aproximou-se dele, jogando o cigarro no chão. " Você é culpado por isso."

" Keh!" Resmungou ele. "Não tem que se preocupar com isso, depois de encerrada essa palhaçada, você estará morta." Ela então resolveu não perder tempo em discussões.

De toda a forma, nunca necessitará de homem algum para a ajudar, em tarefa qualquer que fosse.

" Que irônico, o defunto da história falando." Riu, baixo. "Não vou perder mais meu tempo com você." Suspirou, apanhando todas as sacolas. " Até mais, hanyou." Ele rosnou, mas observou ela se afastar. Notou que ela sentia alguma dificuldade para carregar as comprar, e tentou se segurar.

Ouviu ela respirar pesadamente, por estar cansada. Rolou os olhos, a seguindo, e assim que a viu saindo pelo portão - que não era mais um portão – apanhou as sacolas da mão dela, fazendo-a dar um pequeno grito afobado.

" Considere a primeira e última vez, humana." Ela estreitou os olhos. " Não quero que me dê problemas por estar cansada, no grande dia." A ouviu bufar, mas não tentou protestar, em momento algum. "Onde mora?"

" Shikon no Tama." Ele a olhou torto. " O que foi? Achou que eu morasse perto? Se eu morasse não pediria por ajuda, ainda mais pra você." Ele lentamente deixou as sacolas no chão.

" Não vamos andando." Pegou-a pelas pernas, colocando em seu ombro, como fizera da outra vez. A ouviu protestar pela maneira arrogante com que o fez, mas apenas apanhou as sacolas, começando a correr. "Tente não me deixar surdo, pirralha!"

O pedido completamente rude a fez gritar ainda mais...

Por todo o trajeto.

oOo

SIM, SIM E SIM. Eu cometi essa besteira. Sei que será um desafio dar fim a duas fanfics, sendo que faço faculdade e trabalho.

Mãããããããããs.

Eu vou fazer isso.

Tudo bem que eu poderia muito bem ter apenas escrito o capítulo, e depois escrito outro e outro até postar.


Mas eu sou uma idiota! Idiota, ignorante... uma besta.

Uma besta que simplesmente não agüentou não postar.

Enfim, continuarei com Gotas de Solidão. Não sei se demorarei pra postar o segundo capitulo ou não, depende de quanto tempo terei pra escrever. Por exemplo, essas duas semanas, bom...

Essas duas semanas vão ser completamente "ferradas" pra mim, por culpa de várias provas a qual eu nem sei o assunto. Mas tudo bem, as coisas passam, e eu poderei escrever, não é mesmo?

Espero que todos tenham gostado!

Até o próximo.

(E sim, Kagome e Inuyasha irão se odiar muito, ainda.)