Extra: Mãos que se encontram
De onde é que vem esses olhos tão tristes?
Vem da campina onde o sol se deita
Do regalo de terra que teu dorso ajeita
E dorme serena, no sereno e sonha
Quando pensava no primeiro dia, na primeira noite, em como tudo havia mudado tão drasticamente em sua vida, o riso era inevitável. Ela estava dormindo tão serena ao lado dele, com seu braço sobre o tórax dele, fazendo suas peles formarem um contraste lindo de se ver. Canela da Índia e chocolate branco.
Teve que ouvir um bocado do pai quando apareceu na manhã seguinte na casa de Jacob. Amadeus estava furioso, o mínimo que ele exigia de um filho era respeito, ainda mais pela mãe de uma das suas crias. Confuso? Nem dá pra imaginar o quanto! Ela era sua o que? "Madrasta"? Pouco provável, Amadeus e ela tinha tido uma única noite e por acidente Harry nasceu. Então o que ela era? A resposta parecia tão fácil na mente e nos lábios dele. Ela era a mulher dele, com todo peso que o título tinha, no seu sentido mais puro e literal.
Ele olhava para o passado e mal reconhecia o homem que foi um dia. Vivia por uma nova paixão, por um desejo novo e quanto mais proibido melhor. Teve todas as mulheres que quis, teve além, já que nenhum homem normal poderia viver tanto quanto ele. E nenhuma nunca conseguiu prendê-lo. No dia do casamento do pai ele a encontrou por um acaso, outros diriam destino, mas a verdade é que ela o havia mudado por completo. Como uma força da natureza, uma tempestade de verão, a própria floresta em seus mistérios, não conseguia controlar o que sentia por ela, não queria controlar porque isso era ir contra tudo o que mais amava. Leah era a própria natureza indomável, era mar, terra, furacão, trovoada, incêndio, ela era a mais perfeita criação do mundo.
É claro que falaram em imprintig quando ele explicou o que havia acontecido. Aquela parecia ser a desculpa pra tudo na América. Não que ele duvidasse que o fenômeno fosse verdadeiro, o problema era aceitar que sua vida havia mudado pra sempre com base numa lenda. Lenda ou não, cada parte de seu corpo reconhecia que era a verdade mais simples, pura e clara. Clearwater, o nome não combinava com ela, não foi feito para compreender tudo o que ela era de verdade. Água clara, cristalina, era coisa que lembrava sossego, paz de espírito e Adolf sabia que ela estava muito longe de ter isso.
Depois de tanta loucura e tanto determinismo ele quis conhecê-la melhor. Queria saber o que era aquela sombra de dor que vivia no fundo dos olhos dela e aquele verniz de força que ela colocava em cada palavra e atitude. Ela estava na praia e ele já tinha passado horas a procura dela, era doloroso ficar longe daqueles olhos profundos. Ele se sentou ao lado dela junto ao mar enquanto enlaçava seus dedos nos dela. Leah não desviou o olhar do por do sol, mas sorriu quando ele se sentou ao seu lado. Uma expressão distante e controlada, ela parecia alguma divindade indígena contemplando sua criação.
Você me parece tão preocupada. - ele falou baixo, sem querer perturbar o momento dela, mas não podia deixar de ficar preocupado com aquela atitude – O que te incomoda? - ela então olhou para ele, encarando-o nos olhos de uma maneira tão intensa e verdadeira que ele por um momento perdeu as palavras.
Não estou exatamente preocupada. - ela disse sorrindo de leve – É que, depois de ontem, muita coisa mudou de um jeito tão brusco e imprevisível que eu acho que estou meio confusa.
Está arrependida? - Adolf a questionou meio temeroso. Se ela decidisse que não o queria então ele mesmo iria dar um jeito de por fim em sua vida sem sentido. Ela balançou a cabeça e sorriu de novo.
Não tem como se arrepender de uma impressão. - ela disse enquanto sua mão acariciava a dele – É algo que nasceu para ser perfeito, é o pote de ouro no fim do arco-íris.
Só que...? - ele questionou vendo aquela sombra tristonha rondar os olhos dela. Ela suspirou.
Só que eu vivi uma boa parte da vida culpando esse fenômeno por toda minha tristeza, todo meu ódio, todo meu fracasso. - ela falou pesarosa – Você precisa saber algumas coisas, já que agora nós somos...Nós somos um só. - ela disse e parecia preocupada e culpada em contar aquilo para ele, mas Adolf queria saber o que a machucava tanto e como curar aquela dor.
Diga. - ele falou com sua voz profunda e amorosa.
Antes de você, antes do seu pai até, eu tive um único homem na vida. - ela falou enquanto soltava a mão dele e abraçava as próprias pernas numa tentativa de se proteger de algo invisível. - Foi meu primeiro namorado e eu achava que seria pra vida toda. - a voz dela era meio sombria, meio dolorida e tristonha. Adolf quis abraçá-la, mas ela parecia frágil de mais até pra ser cuidada. - Então ele começou a ficar estranho, sumiu por vários dias e quando nos reencontramos ele parecia esconder alguma coisa. Sabia que ele estava sofrendo, queria ajudar, mas por algum motivo ele não me permitia. Então ele a conheceu, na minha casa. Bastou se olharem e tudo aconteceu. Não bastava ser deixada pelo homem que eu amava, eu tinha sido trocada pela minha prima e melhor amiga, além de descobrir que meu "namorado" havia se tornado algo que só deveria existir em histórias. Aquela era a primeira vez que eu ouvia falar em impressão.
Eu o conheço? - a pergunta saiu da garganta dele como se fosse um caco de vidro, rasgando sua carne de dentro pra fora. Ele não queria ouvir a resposta, mas precisa. Ele precisava ser a força dela.
Sam Uley. - ela falou como se tirasse um enorme peso das costas – É claro que quando eu me transformei também as coisas só pioraram. Ele era o meu alfa e a única chance que eu tive de me livrar daquele doloroso constrangimento foi me juntar à matilha de Jacob quando eles brigaram. Foi um alívio de certa forma, foi quando eu voltei a viver um pouco. - o tom da voz se tornou um pouco mais leve – Vivi uma "quase vida" por alguns anos até seu pai aparecer aqui. - os dentes dele trincaram e ele fechou os olhos sentindo a raiva queimar. Não queria imaginá-los juntos. Quando os tremores começaram ela voltou a segurar a mão dele e como muita serenidade ela o acariciou até que retomasse o controle – Sabe o que é engraçado? - ela falou tentando distraí-lo – Naquela época todo mundo achava que eu era estéril, até eu mesma. Quando seu pai apareceu eu descobri que ainda era capaz de desejar um homem que eu achasse atraente e as coisas aconteceram de uma maneira impensada. Eu não esperava que ele fosse o grande amor da minha vida, foi puramente físico, e eu serei eternamente grata a ele pelo que ele me deu. Harry foi a minha salvação, foi quando eu redescobri o meu coração e ele já não doía mais. Minha vida passou a ser o meu filho e não havia mais tempo pra pensar no passado, mas ocasionalmente eu sentia o peso dele em mim. - Adolf estava sério ao lado dela, como se ponderasse cada palavra.
Em toda essa história, Leah, o que eu sou? - ele perguntou grave – Sou o filho do homem com quem você teve uma aventura? O irmão do seu filho? O cara com quem você fez...amor na floresta? O que eu sou, Leah? - ela pareceu assustada. - Eu não entendo direito as histórias de vocês ou o que significa ter uma impressão. Essa coisa parece ter arruinado a sua vida várias vezes e eu não consigo deixar de pensar que o que está acontecendo entre nós também possa fazer isso.
Adof... - ela respirou fundo – Eu queria poder te dizer que tenho as respostas, mas eu não tenho. Eu estou com medo do que vem pela frente, só que eu nunca me senti tão completa, tão feliz com alguém ao meu lado. Você pra mim não é o filho de Amadeus, ou o irmão do meu Harry. Você é o cara com quem eu fiz amor no meio da floresta e que parece ter sido feito pra mim. O meu problema é ter vivido tantos anos na dor que eu estou assustada porque pela primeira vez em anos eu me sinto bem, me sinto curada. - ele levou uma das mãos ao rosto dela. Peles quentes e contrastantes que se encontrava e pareciam reconhecer ao toque uma da outra, como se fosse a coisas mais confortável e desejada. Leah fechou os olhos enquanto ele a acariciava.
Eu também estou confuso. - ele murmurou – Nunca me senti tão dependente de algo. Meu pai sempre foi meio distante, minha mãe morreu pouco tempo depois do dia que eu nasci e mulheres sempre foram coisas passageiras na minha vida. Minha identidade se resumia ao lobo que existe em mim e minha lealdade aos meus irmãos. Então eu vejo você e nada disso faz sentido. Eu sinto que só posso existir com você. - ele alcançou a nuca dela com uma das mãos enquanto suas testas se colavam uma a outra – Eu não consigo mais ficar longe de você e me pergunto se você sente o mesmo.
Eu sinto. - ela também alcançou a nuca dele com suas mãos – Eu sinto que você é algum tipo de sol que está mandando toda chuva, todas as nuvens da minha vida embora. Eu não existo mais sem você.
Queria ter te encontrado antes, então a essa altura Harry seria meu filho e não meu irmão, e esse vazio das nossas vidas já teria se tornado uma vaga lembrança. - ele fechou os olhos e inspirou o perfume dela.
Faz amor comigo, Adolf. - ela pediu num sussurro. Ele sorriu um sorriso largo e encantador.
Faço tudo o que você quiser, mas não na praia. - ele murmurou – Há sempre alguma chance de um turista aparecer. Gosto do seu corpo nu, contra o meu e só a floresta por testemunha. - ela sorriu também.
Acho que é fácil de explicar isso. Nós somos parte da floresta e ela é parte de nós. - ela respondeu sorrindo.
Parte de nossa selvageria. - ele debochou.
Não, parte de nossa natureza, de nossa humanidade. - ela retrucou.
De onde é que salta essa voz tão risonha?
Da chuva que teima, mas o céu rejeita
Do mato, do medo, da perda tristonha
Mas, que o sol resgata, arde e deleita
Há uma estrada de pedra que passa na fazenda
É teu destino, é tua senda. Onde nascem tuas canções
As tempestades do tempo que marcam tua história
Fogo que queima na memória e acende os corações
Eles caminharam de mãos dadas por toda praia. Rindo de qualquer coisa que pudessem achar graça, vendo o sol se pondo no meio do mar como se estivesse mergulhando. O céu era uma incomparável mistura de cores que se mesclavam com os rochedos e os pinheiros próximos a reserva. Aquilo parecia fazer parte dos dois, como o ar nos pulmões, como a necessidade que tinham um do outro. Aquele lugar onde Leah havia nascido e crescido, onde tinha raízes, parecia criar uma aliança com Adolf também. Pra quem viveu a vida contando os dias para o verão numa terra congelada, ali parecia um tipo de paraíso, mesmo com a chuva. Era como ouvir a natureza cantando para os dois, se comunicando com eles.
Entraram na floresta juntos, sentindo os cheiros, ouvindo os sons de vida que saiam de todos os cantos daquele lugar. Leah o conduzia sem vacilar no passo, conhecia cada arvore, cada pedra, cada pedaço daquele lugar como se ela fosse parte dele como eram as flores pelo chão. O murmurio gentil do rio cantarolava, pássaros voltando para seus ninhos nas arvores e ela estava bem diante dele como um espírito da floresta que ilude um viajante.
Então pararam numa parte bem distante da reserva, longe de qualquer pessoa que os pudesse perturbar. Com leveza Leah o alcançou se prendendo a nuca de Adolf enquanto buscava a boca dele com a sua. As mãos dele pousaram no quadril dela, trazendo-a pra mais perto, sentindo o calor das peles se fundindo em uma única chama. Sentir a textura da pele dela contra seus dedos era como tocas seda cor de chocolate. Tudo nela era tão natural, tão harmônico e tão forte. E o cheiro que ela exalava quando o desejava era enlouquecedor e poderoso de mais pra resistir.
Sem deixar de tocá-la, ele retirou a blusa de alças que Leah estava usando e a arremessou longe, deixando os seios dela a mostra. Suas mãos avançaram sobre os mamilos, massageando-os com habilidade e fazendo ela gemer contra a boca dele. Adolf a conduziu cegamente até que ela estivesse com as costas prensadas contra um pinheiro antigo enquanto desabotoava a calça dela. Leah permitiu que suas mãos fizessem o mesmo com a roupa dele e em poucos segundos estavam completamente nus.
A boca de Adolf desceu pelo pescoço dela, beijando, lambendo, mordiscando até alcançar os ombros e depois os seios expostos. A cor de chocolate dela era tentadora, como sentir todo sabor de um bombom único. Leah se agarrava aos cabelos dele, sentindo tudo aquilo que ele estava disposto a lhe proporcionar. Ele então beijou a barriga lisa dela, provocando um arrepio. Adolf a olhou no rosto por um momento, sorrindo.
Um dia vai ser o meu filho que você vai carregar. - e então beijou mais uma vez, fazendo as pernas dela vacilarem – Nosso filho. - foi a vez de Leah tomar as rédeas. Ela puxou Adolf pelos cabelos até que pudesse beijar-lhe a boca novamente. Imperativa, dominadora como um maremoto, ela o empurrou no chão. Adolf a encarou de baixo, maravilhado pela visão que tinha dela. Como uma loba preparando o ataque, ela engatinhou pelo chão coberto de folhas até que estivesse por cima dele.
Entre suas pernas ela podia sentir a excitação dele, latente, roçando contra sua entrada. Ela o beijou novamente e as mãos de Adolf agarraram as coxas dela com vontade. Então a boca dela alcançou um dos mamilos dele e sugou com vontade. Por um segundo a mente dele ficou totalmente turva. Ela era uma deusa, ela faria dele o que quisesse e de qualquer maneira ele estaria no paraíso. Sem agüentar mais, Adolf puxou o quadril dela contra o dele, penetrando-a de uma só vez e fazendo Leah gemer alto.
Então ela começou a se movimentar em cima dele, como se cavalgasse um cavalo selvagem, apoiando-se com as mãos sobre o tronco dele enquanto Adolf apertava suas nádegas e a estimulava a aumentar o ritmo. A visão do corpo dela era um combustível a mais, era como uma dança primitiva, sentia-se totalmente dominado e rendido a beleza dela. A mente já estava turva, era difícil resistir ao inevitável, mas ele queria ter o gosto de dominá-la também.
Num movimento rápido, ele inverteu o jogo. Com Leah em baixo dele ele poderia ditar o ritmo que queria e ele a queria gritando aos quatro ventos que era dele. Com força e lentamente ele se movimentava dentro dela, deixando-a louca de prazer. As unhas dela cravaram nas costas dele e ela gritou, ou melhor, uivou quando finalmente atingiu o orgasmo ao senti-lo se render dentro dela. Adolf desabou sobre o corpo dela, beijando o pescoço da garota, enquanto Leah arfava.
Sim, dos teus pés na terra nascem flores
A tua voz macia aplaca as dores
E espalha cores vivas pelo ar
Sim, dos teus olhos saem cachoeiras
Sete lagoas, mel e brincadeiras
Espumas, ondas, águas do teu mar
No dia seguinte ele já estava mais do que decidido. Wolfgang e Kriven estavam partindo para o Norte novamente. Adolf pediu aos irmãos que vendessem sua casa e que lhe mandassem o dinheiro o mais rápido possível. Ele respirou fundo, tomando coragem, e foi falar com o pai.
A esta altura, Amadeus erguia a própria casa nos arredores da reserva de La Push, onde ele, Adélia e a pequena Valkíria iriam viver. Encontrou o pai sentado num banco tosco de madeira, observando o resultado de um dia de trabalho. Assim que viu o filho Amadeus fez sinal pra que ele se sentasse também.
Está ficando boa. - Adolf começou.
Vou pintá-la de branco, e vai ter persianas azuis. - Amadeus comentou – Adélia escolheu uma bela cor pro quarto da Val. Mas não foi pra saber da pintura que você veio aqui, não é? - Amadeus olhou para o filho de relance. Adolf concordou.
Pai, você sabe o que aconteceu entre mim e a Leah. - ele começou – E eu decidi que vou me mudar pra cá. Eu e ela vamos ficar juntos. - Amadeus o olhou espantado por um momento.
Uau! Isso é ótimo, filho! - ele respondeu ao se recuperar do fôlego – Vai morar perto de mim, vai ver sua irmã crescer e vai ter uma grande mulher ao seu lado, só posso dizer que estou orgulhoso de você. - Adolf ficou sem graça.
É, vai ser ótimo ter uma família só minha e não atrapalhar os outros. - Adolf falou – Mas há um detalhe que pode ser um problema no futuro. Harry.
O que tem seu irmão? - Amadeus arqueou uma sobrancelha.
Exatamente ser meu irmão e filho da mulher com quem vou me casar. - Adolf concluiu – Imagine o quão difícil será pra ele lidar com esta idéia. Já é difícil pra mim!
O que está sugerindo? - Amadeus perguntou desconfiado.
Eu quero assumir Harry como meu filho. - Adolf falou por fim – Eu pretendo ter meus próprios filhos com Leah e não quero que o garoto tenha uma crise de identidade por não saber o que é dentro da nossa família. Será mais fácil pra ele entender que o marido da mãe dele é seu pai biológico, mas pra fazer isso eu quero a sua aprovação.
Você mudou mesmo, garoto. Acho que virou um homem a final. - Amadeus falou – Acho que tem razão. Talvez quando ele for mais velho entenda a coisa toda melhor, até lá, tenho certeza que será um pai muito melhor do que eu. Acho que vou ser avô, de novo! - Amadeus riu.
Não está chateado? Mesmo!? - Adolf perguntou chocado.
Mesmo. Você sabe o que está fazendo e acho que o garoto já vai ter problemas com a idéia de ter um "avô" tão novo. Vamos polpar Harry, ele não poderia ter um pai/irmão melhor.
Há uma estrada de pedra que passa na fazenda
É teu destino, é tua senda. Onde nascem tuas canções
As tempestades do tempo que marcam tua história
Fogo que queima na memória e acende os corações
Acordar com ela ao seu lado, discutir com ela por qualquer bobagem, vê-la sorrindo quando Harry fazia alguma gracinha, ouvi-la chamar por ele quando estava dormindo. Coisas tão pequenas! E cada uma delas reafirmava que toda aquela lenda de impressão, de amor eterno, era muito mais forte, muito mais lindo do que qualquer história antiga. Ela valia a pena, ela valia cada momento, cada decisão, cada sacrifício que fez ao longo da vida.
Harry demorou um ano para conseguir chama-lo de pai, até conseguir aceitar uma presença nova dentro daquela casa, mas quando o menino baixou a guarda não teve como não se encantar pelo garoto. Adolf amava o menino como se fosse seu. Levava-o na escola, caminhavam juntos e passava, horas brincando na praia, colocava-o pra dormir, jogavam bola. Tornaram-se cúmplices e aquilo fez Leah encarar o relacionamento com outros olhos. Adolf era sem sombra de dúvida seu porto seguro.
Anos se passaram, Harry cresceu absurdamente, se formou, conseguiu uma bolsa de estudos na faculdade. No ano em que ele sairia de casa, já sabendo que todas as lendas Quileute eram verdadeiras por experiencia própria, Leah e Adolf sentiram o desespero de ter a casa vazia. Mesmo tendo um ao outro, não seria a mesma coisa sem o garoto.
No dia em que Harry se mudou, Leah passou o dia amuada e tristonha pela casa. Dava um certo desespero nele não conseguir fazer nada a respeito. As vezes ele a via alisar a barriga, quase como um gesto involuntário. Quando se deitaram aquela noite ele a abraçou mais forte que o normal, como se quisesse ter certeza de que tudo estava no lugar.
Lee, ele vai ficar bem, amor. - ele sussurrou – Sabíamos que aconteceria uma hora.
Não consigo evitar. - ela falou com pesar – Acho que fiquei sentimental de mais.
Não, amor. - ele beijou o pescoço dela – Só não dá pra ser forte o tempo todo. Você não é de ferro.
Não, eu estou mais sentimental mesmo. - ela falou convicta – E mais comilona, e preguiçosa e tudo mais. - Adolf levou um segundo pra processar o que ela estava dizendo.
Lee, está dizendo que... - ele perdeu a fala.
É, acho que estamos grávidos. - ela sorriu para ele, ainda com os olhos marejados. Sem mais palavra, Adolf a beijou com toda devoção do mundo, enquanto acariciava a barriga dela.
Nove meses depois, Loki nasceu. Ou como Seth dizia, veio ao mundo o capeta em forma de guri. O garoto era uma bateria de longa duração e com uma criatividade infinita pra traquinagem. A aposta era que a matilha ganharia um novo corredor. Foram cinco anos de muito estresse e correria pra conseguir botar o menino nos eixos e mesmo assim ele tinha uma memória muito seletiva para as coisas que queria aprender. Só não dava pra negar que Harry, o irmão mais velho, era o herói de Loki.
Tinha deixado uma nota pra Seth buscar Valkíria na escola aquele dia. Odiava pedir isso ao cunhado, mas era o único jeito já que Loki tinha quebrado o braço, de novo! Foi até a casa de Amadeus para ver se Seth e Val estavam lá, Leah esperou dentro do carro enquanto Loki dormia no colo dela com a tipóia ao redor do braço. Nem sinal deles!
Leah sugeriu que procurassem na casa de Seth, que ficava nos limites da aldeia. Adolf trincou os dentes só de pensar no que aquele pervertido podia estar pensando em fazer com Val em sua casa. Seguiu o conselho da mulher e foi até a antiga casa dos Clearwater. Ele estacionou o carro e foi até a porta. Estava trancada, mas o carro de Seth estava na garagem. Estava esquentando! Adolf entrou pela porta dos fundos sem fazer barulho. Caminhou com cuidado se guiando pelos sons que vinham da sala, a tevê estava ligada.
Ele saiu da cozinha e caminhou cuidadosamente até a sala. A primeira coisa que ele viu foi a televisão ligada e quase caiu sentado. FILME PORNÔ! Aquele cara estava MUITO enrascado! Então ele reparou em pequenos detalhes. Duas calças jeans jogadas no chão, uma regata no sofá cama aberto, uma blusa feminina rasgada e roupas intimas atrás do sofá. AQUELE FILHO DA PUTA!
Adolf reparou que a porta do quarto de Seth estava entreaberta. Com duidado caminhou até lá e através da fresta ele pode ver aquele fedelho abusado, totalmente nu, com bunda de fora e tudo, abraçado, ou melhor, agarrado com Valkíria no que parecia ser um belo momento "pós sexo selvagem". Fato: estava aberta a temporada de caça ao lobo tarado!
Ele saiu da casa o mais rápido que pode, tremendo de cima a baixo, prestes a explodir. Leah notou a agitação assim que ele saiu da casa. Ela colocou Loki no banco de trás e foi até Adolf.
O que houve? Parece que você vai ter um ataque ou qualquer coisa assim. - ela perguntou num tom calmo.
Ele... - Adolf trincou os dentes – ELE ESTÁ COM A MINHA IRMÃ! - Leah pareceu não se importar muito com aquilo – Lee, eles estavam... - ele passou a mão pelo cabelo, furioso – NUS! TEM NOÇÃO DO QUE É ISSO! EU VOU MATAR AQUELE FILHO DA...Droga! Filho da minha sogra. Que Odin a tenha.
Você não vai fazer nada com eles, Adolf. - Leah falou cansada.
Como não?! É MINHA IRMÃ!
E ele é meu irmão também! Além do mais, ele sente por ela o que sinto por você, não posso censurá-lo por isso. - Leah beijou o rosto do marido e o abraçou – Além do mais, com a sua ficha você deveria ficar caladinho.
Nem vem, Lee! - Adolf reclamou – Você não tinha quinze anos quando nós...Você sabe!
Não, não tinha. - ela riu – Mas era a mãe do seu irmã na época, então acho que isso é ter a ficha suja sim. Deixe os dois serem felizes como eu estou agora! - ela deu um selinho nele.
E posso saber por que está tão feliz assim? - ele perguntou retribuindo o beijo. Ela riu contra os lábios dele.
Porque Loki vai ter um irmãozinho, ou irmãzinha e eu absurdamente feliz porque eu amo o homem mais lindo, mais carinhoso, mais tesão do mundo. São motivos suficientes pra você? - ela perguntou enquanto Adolf deixava seu queixo cair no chão. Ele a abraçou mais forte enquanto entrelaçava seus dedos nos dela, sorrindo.
Eu acho que já disse isso, mas eu te amo mais do que tudo nessa vida. - ele sussurrou ao ouvido dela, vendo o belo contraste da pele de suas mãos unidas. Mãos que se encontravam assim como as almas que habitavam seus corpos.
Sim, dos teus pés na terra nascem flores
A tua voz macia aplaca as dores
E espalha cores vivas pelo ar
Sim, dos teus olhos saem cachoeiras
Sete lagoas, mel e brincadeiras
Espumas, ondas, águas do teu mar
Nota da autora: É eu disse que tinha acabado, mas também falei que sou uma caixinha de surpresas! Esse extra tava na minha cabeça, mas foi a KaoriH que me empolgou a escrever. Achei fofo escrever sobre esses dois, adorei escrever! Espero que gostem e comentem! A música do capítulo se chama Jeito de Mato (é da novela Paraíso) achei que combinou com os dois. A música do outro extra era Falling Away With You, do Muse.
Bjux, comentem. E agora eu acho que acabou mesmo XP.