n/a: Eu escrevi esse capitulo enquanto ouvia "Quando a chuva passar" da Ivete Sangalo, acho que vocês gostariam mais desse se ouvissem ela também.

-x-

EPILOGO

Eu sentia o vento gélido do começo de outono entrando no meu quarto, fazendo meus cabelos se agitarem e soltarem aquele cheiro de jasmim que ele tanto gostava. Apertei mais forte o caule da rosa amarela em minha mão, pude sentir os resquícios do que um dia foram os espinhos dela, machucarem minhas mãos.

Mas eu não dei bola para a dor e nem para o vento frio que entrava acariciando minha pele, era tudo tão reconfortante. Eu estava sentada sobre a escrivaninha do meu quarto, com o rosto encostado no vidro da janela olhando fixamente a esquina com o beco escuro que dava quase de frente para o meu apartamento. O dia lá fora estava ensolarado, mas continuava frio. Prendi o soluço na minha garganta e olhei a flor novamente.

Eu recebia uma toda semana, e eu sabia o que elas significavam. O problema era que eu nunca consegui prever quando ele estaria ali, deixando-a. Eu queria tanto poder vê-lo e pedir desculpas por tudo que eu fiz sua família passar, tudo que fiz ele passar. Por ter partido o seu coração.

Meu coração martelou fortemente contra minhas costelas quando eu lembrei de seu rosto compreendendo que minhas palavras significavam um adeus. Eu odiava lembrar daquilo, preferia sonhar com o fogo me consumindo quando fui mordida a lembrar a expressão de dor e traição no rosto dele.

Sacudi a cabeça levemente para tirar aqueles pensamentos da minha mente. Eu tinha tanta coisa para pensar, não precisava daquilo. Eu tinha todos os nossos momentos perfeitos. Eu tinha os braços dele envolta do meu corpo quando acordei assustada em sua cama após tentar assistir Cidade dos Anjos; seu nariz roçando o meu sempre que fazíamos brincadeiras bobas; sua mão tocando a minha, mesmo que casualmente; seus olhos cor de topázio cravados no meu; a maneira que seus lábios tocavam os meus...

Meus olhos voltaram a ter foco e eu voltei a observar o beco escuro. Estaria ele ali, escondido? Eu havia saído apenas dois minutos até a cozinha. Quando saíra meu travesseiro estava vazio, e ao voltar ele possuía aquela rosa amarela, como toda semana ela aparecia. Eu podia jurar que sentia seu cheiro no meu quarto, aquele cheiro de chuva delicioso.

— Allie, precisamos correr antes que você se atrase. — a voz de minha irmã vinha da porta do quarto, mas eu não me dei ao trabalho de virar para encará-la.

Pisquei algumas vezes para afastar a sensação de úmido que meus olhos tinham e dei um ultima olhada para o beco na esquina. Suspirei ao me levantar da escrivaninha e tocar o vidro com uma de minhas mãos, machucadas pelos fragmentos de espinhos que o caule possuía.

Adeus meu amor. Até a próxima semana.

Pensei só pra mim. Deixai a flor sob o meu livro Os Sete, que agora eu lia sem parar no parque, meu subconsciente falando que assim eu o encontraria novamente. Achava isso improvavel, já que Zara fora a responsável por nosso encontro e que, assim como ele, ela não estava mais comigo.

— Mais uma? — Cynthia me olhou arqueando as duas sobrancelhas. Acho que ela estava começando a fica com medo. — Já faz quase um ano e você continua a recebê-las?

Dei de ombros, as rosas começaram a chegar depois que eu sai do hospital, e era a maneira dele me dizer que iria cuidar de mim, mesmo que eu tivesse cedido ao meu egoísmo de não querer abandonar tudo que eu conhecia. Ele ainda me amava.

E eu ainda o amava a ponto de doer o coração quando pensava nele.

— Eu gosto delas. — falei simplesmente, pegando a beca de suas mãos.

Cynthia respirou fundo e também deu de ombros.

— Vamos logo ou não chegamos a tempo para a sua formatura.

Assenti com a cabeça e sai do quarto logo atrás dela. Antes de fechar a porta olhei uma ultima vez para a rosa.

Às vezes esmagamos nossa própria felicidade pela felicidade dos que amamos. Isso doía dentro de mim, mas doeria mais ainda saber que todos estariam tristes se eu tivesse partido. Eu pensei que nosso amor fosse aquele romance de verão adolescente, que fosse desaparecer quando eu não mais o visse. Mas talvez eu estivesse errada... Ou talvez não. Dizem que o tempo cura tudo, mas se ele não curar, pelo menos ele desloca a dor do centro das atenções.

Eu ainda estou esperando ele deslocar a dor do centro das atenções. E enquanto espero, eu tenho as rosas, as lembranças e a própria dor para me lembrar que um dia eu fui amada, que um dia fui feliz.

FIM

-x-

n/a: Então gente, muito obrigada por tudo. Por me acompanharem e por me darem apoio e nunca me abandorem mesmo quando eu demorei três meses para postar. Espero que tenham gostado, porque eu adorei rir, chorar, amar e sentir raiva com vocês nessa história. Espero vê-las em minhas próximas fics.

Obrigada por tudo! Adoro vocês.

ps: pra quem gosta de The Host, acabei de traduzir uma one-shot Peg/Ian muito linda. Ela chama "Have Heart, my dear" e você pode encontrar o link no meu perfil.

xo . xo