HIPÓCRITA
Uma surpresa para Neffer-tari
Através da janela, podia observar-se a geada que passava raivosa, castigando a quem ousasse adentrar nela e mesmo os que estavam escondidos e aquecidos no interior de seus lares não permaneciam ilesos, pois através da janela, assistiam temerosos à fúria dos ventos gélidos.
"Nana, estou indo para Tóquio..."
No entanto, tudo isso parecia imperceptível para Nana, ela já enfrentava uma nevasca em seu íntimo. Ren iria para Tóquio no dia seguinte, apenas com sua guitarra e a roupa do corpo, e deixaria para ela a casa em que moraram juntos com todos os pertences, porém acima de tudo, ele a deixaria novamente do jeito como a encontrou da primeira vez.
Sozinha.
Agora, retornara o vazio, que só ia embora quando Ren adentrava seu corpo gélido e trazia-lhe calor, impedindo que a neve continuasse a cair e transformasse seu coração em um cristal de gelo, a primavera renascia em sua existência e sentia uma pequenina flor de esperança desabrochando no fundo de sua consciência.
Nana sabia muito bem o motivo pelo qual Ren não queria levá-la: Simplesmente, ela não queria ir. O moreno conhecia Nana melhor que ninguém e o sonho dela em ser cantora, se fosse com ele, acabaria se tornando uma simples dona-de-casa e estaria sempre à sombra do marido.
Se o Trapnest conseguisse internacionalizar sua música, Nana ficaria longe dos holofotes e seria conhecida pelo mundo apenas como a 'esposa do guitarrista Ren'.
Ela era Nana Oosaki, vocalista do Blast.
E mais ninguém.
"Por isso, viva sua vida como quiser."
Na estação de trem, a hora da despedida. Nana sentiu a imagem de Ren desfazendo-se aos poucos em sua mente, fechou os olhos e pôde visualizá-lo, nunca o esqueceria, pois ele trouxera um novo sentido para sua existência e a ensinou a batalhar por seus sonhos. Abriu os olhos novamente e o viu bem próximo, não hesitou e deram um último beijo apaixonado.
Permaneceram abraçados ainda por alguns instantes, foi quando Ren sussurrou em seu ouvido:
"Parece que o nosso amor é o único obstáculo para a realização de nossos próprios sonhos."
O trem apitou e Ren afastou-se correndo sem olhar para trás enquanto Nana caiu no chão de joelhos e começou a chorar. Nobu tentou inutilmente correr atrás do trem, mas parou ao ver, através da janela, Ren derramar lágrimas silenciosas, pois não conseguira ouvir o que o outro sussurrava:
"Perdoe-me, Nana... Se eu dissesse que te amo mais que minha própria vida, estaria sendo hipócrita."
Nota da autora:
Eu sou sádica e adoro ver os outros sofrerem... Pelo menos é isso que eu acho, pois não consigo escrever uma única fic com final feliz :P
Bem, espero que tenha gostado, Neffer-Tari, é para compensar o atraso dos fanarts XP Vou ver se até o fim de semana, eu os entrego todos, ok?