Disclaimer: Naruto pertence ao Kishimoto!

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Por favor, não deixem de ler minha última nota de autora! Mas desde já agradeço a todos vocês, que acompanharam essa história até o fim!

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A pureza da Pérola e a escuridão do Ônix

Dark Temi

Fanfic Sasu/Hina

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Nós dois percorremos um longo caminho para chegar até este ponto: quando, finalmente, é possível ficar em paz.

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Capítulo XVIII: Rosas brancas

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Uma sineta tocou quando eu abri a porta da floricultura. Para o meu supremo azar, era Ino quem estava atendendo naquele dia. Apesar de que, sendo justo, ela tem sido muito mais tolerável desde que começou a namorar o Shino.

- Seja bem vindo, Sasuke-kun. – ela sorriu de lado, enquanto eu me aproximava do balcão. Eu já sabia o que viera comprar, e não me dei ao trabalho de percorrer os canteiros de flores. – O que eu posso fazer por você hoje?

- Um buquê de rosas brancas. – eu parei e pensei um pouco. Não entendia muito daquilo, afinal. – Um buquê grande. – Será que essa era a definição certa? Bem, que seja. Não ligo muito pra esse tipo de coisa.

O sorriso de canto da loira se alargou.

- São para uma garota especial? – ela perguntou, maldosamente. Será que eu passo uma imagem inconstante ou ela sabe do que está falando? Provavelmente a primeira alternativa.

- Estou indo para o cemitério agora. – respondi, com toda a frieza que consegui reunir. O sorriso de Ino morreu. Poucas coisas alegram tanto o meu dia quanto fazê-la se arrepender de ter dito alguma das suas mesquinharias.

- Ah, claro... – ela murmurou, e para minha grande alegria não disse mais nada enquanto recolhia as rosas e preparava o arranjo. Tenho que admitir que apesar de tudo, Ino faz o seu trabalho realmente bem. Eu paguei e ela não disse mais nada enquanto eu deixava a loja.

Não dei muitos passos na rua antes de encontrar o Shikamaru. Ele me cumprimentou, e seu olhar recaiu sobre as flores que eu carregava. Ele deu um leve sorriso, diferente daquele que Ino usara.

- Você vai...

- Ao cemitério. – Cortei. Não queria me prolongar naquele assunto. Uma das coisas que me faz ser amigo do Shikamaru é que ele entende as coisas rápido. Não insistiu e redirecionou a conversa como se nem tivesse me perguntado nada.

- É a Ino quem está lá?

- Sim.

- Isso vai ser problemático. – ele coçou a cabeça e suspirou, desanimado. Aquilo não era novidade nenhuma. – Vou contar a ela que vou para Suna. Ela vai arrumar um escândalo.

- Suponho que sim. – respondi. Sempre vou admirá-lo por sua imensa capacidade de suportar aquela criatura loira. – Quando você vai?

- Hoje mesmo. – ele sorriu novamente, e eu percebi que aquela ideia realmente o agradava. – E é exatamente isso que a fará dar escândalo. Bem, que seja. – ele estendeu a mão para mim. – É uma pena que não vou ter tempo para te derrotar no shouji mais uma vez, Sasuke.

Eu apertei a mão que ele me estendia.

- É só nisso que você pode me derrotar mesmo. – eu dei um sorriso quase imperceptível. – Mas isso irá demorar. Não vou estar aqui quando você voltar.

- Então você e o Naruto vão mesmo? – perguntou enquanto soltava minha mão. Parecia ligeiramente surpreso.

- Não tem nada me prendendo na aldeia nesse momento. – ele estreitou ligeiramente as sobrancelhas. – Mas eu devo estar de volta em dois ou três anos.

- Sakura deve estar furiosa.

- Ela está. – garanti.

- Prometa que não vai matar o Naruto durante esse tempo.

- Vou tentar.

Ele sorriu mais abertamente.

- Então adeus Sasuke.

- Adeus. – respondi, enquanto ele se arrastava até a porta da floricultura. Eu não pretendia me despedir dele ou de qualquer um dos outros, mas até que não fora tão desagradável quanto eu esperava. Shikamaru sempre foi uma pessoa fácil de lidar.

Meu olhar recaiu sobre o buquê em minhas mãos.

Só havia duas pessoas de quem eu realmente iria me despedir.

WoW -WoW – WoW -WoW – WoW -WoW – WoW

-Saaakura-chaaaaan… Não precisa ficar irritada desse jeito.

- Não estou irritada.

Mas a verdade era que eu estava irritada. Terrivelmente irritada, enquanto observava Naruto separando as coisas que ele levaria na viagem com Sasuke.

- Eu vou mandar notícias. Então não esmague nenhum sapo que entrar pela sua janela.

- O que você quer dizer com isso? Está insinuando alguma coisa?

- Na-nada, Sakura-chan. – ele respondeu, virando de costas e murmurando algo como "Sakura-chan assustadora". Eu preferi ignorar, e suspirei mais uma vez. Estava terrivelmente frustrada.

Sempre foi assim, sempre. Os dois sempre partiam e me deixavam para trás. É verdade que Naruto me convidara pra vir junto, mas eu sei que o Sasuke-kun prefere que eu não vá. E de qualquer forma, eu realmente não queria ir: meu lugar era no hospital. O que estava me incomodando não era realmente o fato de que eu ia ser deixada, mas sim o fato de que os dois tinham que ir.

Por que eles não podiam ficar aqui na aldeia? Por que eles não podiam simplesmente descansar?

Mas acho que se eles não fossem assim, eu não iria gostar tanto deles.

O que não muda o fato de que eu preferia ter passado mais tempo com o Naruto.

Bom, que seja. Não há nada pra se fazer a respeito. Suspirei mais uma vez, e Naruto voltou sua atenção pra mim. Aproximou-se e me abraçou.

- Não vamos demorar tanto assim Sakura-chan. E nesse tempo eu tenho certeza de que você vai se tornar uma kunoichi incrível como a Tsunade baa-chan.

Eu o abracei com força também.

- Eu vou me esforçar.

Naruto me afastou um tanto bruscamente, repentinamente animado e com um sorriso radiante no rosto.

- Hei, hei, Sakura-chan, eu acabei de pensar numa coisa!

- O que?

- Quando eu voltar... – ele fechou os olhos e o sorriso se alargou. – Nós já vamos ter idade suficiente pra casar!

...

Eu fiquei sem reação. Principalmente porque eu sabia que ele estava falando sério. Perigosamente sério.

- BAKA! Não diga esse tipo de coisa de um jeito tão imprudente!

- Mas é verdade Sakura-chan!

- E QUEM DISSE QUE EU QUERO ME CASAR COM VOCÊ? BAKA!

- Sakura-chan...

Naruto coçou a cabeça e mexeu com os ombros, despreocupado, como quem diz "não importa, eu ainda vou convencer você", e voltou sua atenção para a mochila de viagem. Só alguém tão confiante quanto ele teria coragem de sugerir casamento depois de poucos meses de namoro. E eu sabia que ele não iria tirar essa ideia da cabeça.

É claro que eu não pretendo me casar tão cedo. Talvez daqui uns sete anos, sei lá. Mas eu não podia negar que por dentro eu estava imensamente feliz. Afinal, não é todo dia que uma garota é pedida em casamento.

Quem sabe, um dia, talvez.

WoW -WoW – WoW -WoW – WoW -WoW – WoW

Eu me ajoelhei diante do túmulo, e removi uma das rosas do buquê, depositando-a cuidadosamente sobre a lápide fria.

- Você esteve me esperando por um bom tempo não é? Me desculpe a demora.

Obviamente, ela não respondeu. Ela jamais me responderia novamente; não que ela fizesse isso com frequência, claro. Ela sempre guardou muita coisa dentro de si, e eu nunca tive muita certeza se a entendia totalmente.

- Acontece que as últimas semanas foram... bem... complicadas, entende?

É claro que ela não compreendia. Ela estava morta. Sasuke, sua mula.

E eu simplesmente não era bom em falar claramente e abertamente com ela. Ainda que ela já não estivesse ali para me ouvir. E havia tantas coisas que eu gostaria de ter falado e não falei, coisas que provavelmente ela esperava ouvir e eu nunca disse. Mesmo agora eu não me sentia capaz de dizer em voz alta. A verdade é que ela me intimidava.

- Eu estou de partida novamente, então eu vou ficar um bom tempo sem vir aqui. – meus dedos percorreram o pedestal de pedra com o seu nome. Eu queria poder sentir o calor do abraço dela novamente, mas tudo o que havia ali eram suas cinzas e uma lápide. – Mas não se preocupe, não vou fazer nada de ruim. – eu sorri. – Dessa vez.

Eu pensei se deveria dizer mais alguma coisa. Visitas prolongadas não eram a minha especialidade. Mas eu realmente iria ficar fora por um bom tempo, então talvez fosse apropriado dizer algo minimamente significativo.

- Eu não queria que você tivesse morrido. Gostaria que as coisas tivessem sido diferentes. – eu a perdera cedo demais. – Você ainda tinha muito que me ensinar.

Então não me culpe por eu ter me tornado o homem desagradável que eu sou hoje.

- Adeus, okaa-sama.

Eu me levantei e saí da cripta, sem sequer me dar ao trabalho de olhar para os outros túmulos Uchiha. Eles tinham pedido por aquele destino. Mas a minha mãe sempre esteve subordinada á vontade do meu pai. Ela sempre fez o que ele mandava. Ela era a única que eu não culpava por nada. Ou talvez o correto fosse dizer que era a única que eu não conseguia culpar por nada. Ela não era uma Uchiha. Ela não estava presa aquele ciclo de ódio tão antigo. Ela fora arrastada pra ele, por ser casada com o meu pai. Ela não teria colocado o clã em guerra e o Itachi sobre pressão.

Ela era apenas uma mãe. Eu não podia odiá-la.

Levantei o buquê que ainda segurava. Rosas brancas. Realmente combinavam com ela.

Eu sorri levemente.

Outra mulher precisava da minha atenção imediata.

WoW -WoW – WoW -WoW – WoW -WoW – WoW

-Você tem certeza disso, Kakashi?

Eu não tenho certeza de muitas coisas, mas tenho certeza que a Hokage não deveria se apoiar no balcão desse jeito. É uma visão um tanto indecente pra quem está na frente dela. Mas fazer o quê...

- Hokage-sama se refere a...?

- A essa viagem do Naruto e do Sasuke. – ela jogou a prancheta sobre a bancada, assustando algumas enfermeiras. Contornou o balcão e andou até os sofás no outro canto da sala. Eu a segui, naturalmente. – Não estou muito certa se é mesmo uma boa ideia.

- Diz isso por estar preocupada com o Naruto, ou por que ainda não confia no Sasuke?

Ela começou a roer o esmalte vermelho de uma das unhas. Eis outra coisa que nunca vou entender nas mulheres: por que se dar ao trabalho de pintar, se sempre arrancam depois? Como homem, sou obrigado a admitir que unhas não são uma parte do corpo que deveria preocupar as mulheres, pelo menos no que diz respeito a atrair homens.

- Pode-se dizer que as duas coisas. Naruto...

- Naruto sabe se cuidar, e sabe cuidar do Sasuke se for preciso. Eu não me preocuparia.

- Você nega que não é seguro pro Naruto deixar a aldeia?

- Também não é seguro ele ficar. – eu suspirei. – Se quiserem vir atrás dele, vão invadir de qualquer jeito, não? Já fizeram isso antes. - E eu MORRI nesse episódio, só pra deixar bem claro. – Talvez seja melhor a Akatsuki perder a pista de onde ele está. E sempre é possível chamá-lo de volta, caso algo aconteça.

Ela começou a roer outra unha, pensativa. Suponho que ela não concordasse exatamente, mas também sabia que seria impossível impedi-lo, uma vez que já estava decidido.

- E eu também não me preocuparia com o Sasuke. Se ele não pirou e nem jurou a aldeia de vingança depois de descobrir a verdade sobre o Itachi três anos atrás, duvido que algo o faça mudar de ideia agora.

Ela cruzou as mãos sobre o colo e me encarou.

- Eu me sentiria melhor se você fosse com eles.

- Eu? Eu não tenho mais nada pra ensinar pra esses dois. Tão pouco tenho fôlego pra acompanhar os jovens.

A Hokage sorriu.

- Ora, Kakashi. Se você começar a se sentir velho, o que eu vou pensar de mim mesma?

Que você é muito, muito mais velha?

- Godaime-sama, você parece jovem como sempre.

Ela iria responder alguma coisa, mas mudou de ideia. Acabara de ver algo que fez um sorriso divertido aparecer em seu rosto.

- Ora, ora. Veja quem está aqui.

Eu me virei de costas, e reconheci imediatamente o cabelo espetado como o rabo de uma galinha. Nunca pensei que um dia eu o veria carregando flores.

- Parece que o Sasuke veio visitar a namorada. – eu disse alto o bastante para que toda a recepção do hospital pudesse ouvir. Algumas enfermeiras soltaram risinhos. O Uchiha pareceu tremer por um segundo, e virou a cabeça em minha direção com um olhar maníaco nos olhos e um sorriso sádico nos lábios.

Hei, eu te aceitei, alimentei, treinei, suportei, ocasionalmente espanquei e me decepcionei um bocado. Eu tenho direito de torturá-lo eternamente agora, a meu bel-prazer.

- Kakashi... – ele disse em tom ameaçador, mas a recepcionista feliz voltou nesse mesmo momento.

- Você pode ir ver a Hyuuga Hinata-sama agora, Sasuke-san. Tenho certeza que ela ficar feliz com a sua visita.

E foi nessa hora que eu vi algo que eu jamais imaginei. O todo poderoso Uchiha ficando vermelho. De vergonha. Por causa de uma garota.

Nunca estive tão feliz por não ter permanecido morto.

Ele se apressou em sair correndo resmungando pelo corredor. Esses jovens de hoje em dia...

A Hokage gargalhou.

- Sim, acho que eu não tenho que me preocupar com o Uchiha, afinal.

Eu sorri e concordei.

- Hinata-chan o domou bem, não foi?

WoW –WoW – WoW –WoW – WoW –WoW – WoW

Uma coisa pra colocar no topo da minha lista de prioridades: MATAR O KAKASHI. Da pior forma que eu puder imaginar. Estava divagando entre torturas terríveis e mortes dolorosas quando me dei conta de que já estava parado diante da porta do quarto de Hinata.

Certo, essa era a parte constrangedora. Hinata já havia saído da UTI e ido para o quarto há quase duas semanas e eu ainda não havia ido visitá-la. Essa seria a primeira vez. Eu não estava muito certo do que fazer. As flores haviam parecido uma ótima ideia, mas de repente eu não sabia o que fazer com elas. Sentia-me estúpido ao pensar que eu não sabia como entregá-las. COMO entregar flores pode ser difícil?

Mulheres. Sempre as mulheres. Transformando coisas fáceis em coisas difíceis desde... bem, sempre.

Nesse instante a porta se abriu e o Kiba saiu do quarto, com uma expressão infeliz no rosto. Eu me assustei. Será que Hinata ainda estava tão mal assim?

- Hei, Sasuke. – ele ergueu os olhos para mim, e me surpreendi por ele não estar com raiva. – É melhor você cuidar bem dela.

E então ele foi embora, sem sequer esperar por uma palavra minha. Bom, isso fora um alívio. Kiba não estava mal porque Hinata estava mal. Kiba estava mal porque Hinata provavelmente o havia rejeitado.

E eu repentinamente estava de muito bom humor. Me aproximei da porta, mas antes que eu pudesse bater, eu ouvi a voz dela, suave com sempre fora.

- Pode entrar.

Maldito Byakugan.

Eu abri a porta lentamente, e entrei no quarto.

Hinata estava sentada na cama, próxima a janela, perdida entre montes de travesseiros e lençóis brancos. Levando em consideração que sua camisola e sua pele também eram muito brancas, ela fazia uma cena impressionante, simplesmente sentada ali com a luz do sol incidindo sobre ela. Ou talvez eu me impressionara tanto simplesmente por estar há muito tempo sem vê-la, ou talvez porque não esperava que ela aparentasse estar tão bem.

Ou tão bonita.

Estar apaixonado é uma droga. Transforma seus neurônios em meleca, e te deixa incapaz de simplesmente descrever uma cena.

Que seja, deixa isso pra lá.

Eu me aproximei da cama e ela sorriu, e eu me senti mais a vontade diante do sorriso. Acho que estava um pouco receoso, pois talvez ela me repreendesse por ter demorado a vir vê-la. Mas era a Hinata, e ela entendia que eu precisava de tempo pra fazer coisas com que não era acostumado.

- Hinata. – eu levantei um pouco o buquê, e estupidamente o balancei de um lado para outro. – Ah, bem...

- São lindas, Sasuke. – Ela sorriu ainda mais, enquanto se inclinava pra pegar as flores. Cheirou as rosas e brincou com suas pétalas. – São as minhas favoritas, obrigada.

E mais uma vez, ela me salvava de uma situação desconfortável. Hinata sempre parecia saber a hora certa de fazer isso. Era uma das qualidades que eu apreciava nela. Puxei um banco e me sentei ao lado da cama. Seus grandes olhos perolados não desviavam dos meus. Eu estava surpreso com isso, já que ela não era muito boa pra encarar pessoas.

- Vocês está melhor. – afirmei. Mas na verdade esperava mais informações, e ela sabia disso.

- Vou ter alta em pouco tempo. – ela confirmou. – Não há mais com o que se preocupar. Os remédios curaram a doença e a operação recuperou o meu corpo. Estou finalmente saudável de novo.

Era tudo o que eu precisava ouvir.

- Que bom. – foi só o que eu respondi. E ficamos em silêncio por um tempo, apenas nos encarando, até que ela finalmente não aguentou sustentar o meu olhar e corou, voltando a brincar com as pétalas das rosas.

- O-ouvi dizer que você está i-indo embo-bo-ra. – fazia tempo que eu não a ouvia gaguejar, e isso foi uma surpresa pra mim. Percebi que agora ela parecia menos feliz.

- Naruto te disse isso? Ou o Kiba? – porque se for o caso, talvez eu tenha que matar um dos dois.

- Kakashi-sensei. Ele veio me visitar com a Sakura-chan ontem.

É uma sorte o Kakashi já estar no topo da minha lista negra, então eu não preciso modificá-la.

Eu resmunguei alguma coisa.

- Então é verdade? – ela parecia realmente triste agora. Ah, por favor, me diga que você não está com os olhos marejados, por favor. Ainda assim, eu confirmei com a cabeça, sem dizer uma palavra. – Eu... Eu pensei... Talvez... Nós...

- Hinata. – eu chamei e ela me encarou, com o lábio inferior tremendo. – No que você acha que isso vai dar?

- Isso...? – ela não parecia ter certeza do que eu estava falando.

- Isso. – eu repeti, apontando pra ela e depois pra mim. – Nós dois. Você realmente achou que nós dois tínhamos algum futuro?

Eu achei que ela ia começar a chorar agora, me xingar de uma porção de coisas e me expulsar daquele quarto. Era tudo o que eu queria, pois tornaria as coisas bem mais fáceis. Eu não teria que lidar com sentimentos. E eu sou muito bom em não lidar com sentimentos. Mas ao invés disso, ela abaixou a cabeça, e a vasta franja me impediu de ver seus olhos. Mas ela não parecia estar chorando. Parecia pensativa.

Depois de alguns instantes, ela levantou a cabeça e me encarou, com uma expressão vazia.

- Me diga você, Sasuke. Você acha que nós não podemos ter um futuro?

E isso me pegou de surpresa. Eu não queria pensar nisso.

- As coisas eram mais fáceis quando nós não falávamos sobre futuro, não acha? – eu comentei, azedo.

E ela não se intimidou.

- Mas estamos falando agora. - Hinata era realmente forte quando estava lutando por algo que ela queria. Eu me surpreendi ao ver o quão séria ela estava, mesmo que seus olhos tremessem ligeiramente e ela estivesse muito corada. – Eu acho que nós poderíamos ter um futuro, Sasuke. Por que você não acha o mesmo?

Hyuuga Hinata estava me pressionando. E eu acho que eu nunca me senti tão acuado na vida.

- É que... bem... – eu suspirei profundamente, recuperando o controle. – Hinata, eu não sou o cara mais legal do mundo.

- Eu não me importo.

Eu a encarei demoradamente, e percebi que ela não se contentaria com desculpas fracas e esfarrapadas.

- Hinata, eu não sei o que eu quero para o meu futuro. – eu respondi sinceramente. – Então eu não sei dizer se quero você nele.

Ela arregalou os olhos, surpresa, e não disse nada. Virou o rosto para frente, encarando a parede por um bom tempo, antes de virar-se pra mim.

- Eu também não tenho certeza do que quero para o meu futuro. – ela também estava sendo sincera. – Sei que todos esperam que eu herde o Clã, mas eu pretendo deixar isso pra Hanabi. Ela será uma líder melhor do que eu, tenho certeza.

- Mas e quanto a você?

Ela sorriu.

- Eu posso não saber exatamente o que eu farei, mas eu sei onde está a minha felicidade, Sasuke.

Acuado de novo.

- Mesmo?

Ela confirmou com a cabeça.

- Estar junto da pessoa que eu amo. Poder criar os meus filhos segundo as minhas crenças, não as crenças do Clã. Ser útil pra minha aldeia. Proteger meus amigos. Isso me faria feliz de verdade.

Filhos?

- Hinata... – eu disse com cautela. – Eu não sei se quero me casar.

Ela me encarou, confusa.

- Mas eu não disse que me casaria com você, Sasuke.

Ah, certo, muito obrigado. Eu acho que fiquei um pouco mais vermelho enquanto resmungava qualquer coisa para o colchão. E então o quarto foi preenchido por gargalhadas, e Hinata segurava a boca tentando contê-las.

- O que diabos é tão engraçado? – eu quase gritei, e ela limpou as lágrimas de riso do canto dos olhos. A resposta óbvia para a minha pergunta estava estampada nos olhos dela: você.

- Eu estava brincando, Sasuke. – Percebi. E não gostei. Ela se controlou e segurou uma das minhas mãos com força. – Acho que nós estamos tornando isso tudo complicado demais.

- Talvez não devêssemos planejar tão à frente. – eu sugeri, e ela concordou. E foi nessa hora que eu me dei conta de que estava mesmo fazendo planos com ela. Epa, nada bom.

Hinata sorriu serenamente pra mim.

- Eu amo você, Sasuke. – Eu me assustei com a repentina confissão, enquanto Hinata corava furiosamente até a raiz dos cabelos. Mas ela não gaguejou, nem desviou o olhar ou desmaiou, o que por si só era um avanço incrível mesmo. – E você, me ama também?

Eu fiquei um pouco atônito diante daquela pergunta, diante da expectativa nos olhos dela. É claro que eu sabia a resposta, mas ser capaz de dizê-la claramente era outra questão.

Eu não tinha certeza se eu deveria responder. Não tinha certeza se seria bom pra Hinata ouvir aquela resposta. Eu realmente estava indo embora, e nada alteraria aquela decisão. Não sei se valia a pena deixá-la pra trás cheia de esperanças, quando eu não podia prometer nada. Talvez fosse mais caridoso com ela dizer que não, impedi-la de criar falsas expectativas. Deixá-la seguir com a vida, e talvez até mesmo se apaixonar por outro homem.

...

OK, EU NÃO QUERIA QUE ELA SE APAIXONASSE POR OUTRO HOMEM. Sem essa de algum idiota querer colocar as patas nela. E colocando à parte essa estranha e repentina crise de ciúmes infundada, Hinata nunca me deu nada além da verdade. Ás vezes pedaços da verdade, mas nunca mentiras. Ela sempre fora sincera comigo, e acho que ela merecia isso também. Ela não precisava ser poupada, não precisava que eu fosse caridoso com ela.

A Hinata por quem eu me apaixonei era forte.

Eu apertei a mão que segurava a minha.

- Sim. – foi tudo o que eu respondi.

Um sorriso imenso se espalhou pelo rosto dela, e ela se jogou sobre mim, me abraçando. Eu a abracei de volta, afundando o rosto na curva do seu pescoço e sentindo o cheiro do seu cabelo, que para mim sempre cheiraria a rosas. Ela provavelmente queria que eu tivesse dito "Eu te amo", com todas as palavras e letras, mas ela também sabia que não arrancaria aquilo de mim facilmente. Eu sei que garotas precisam ouvir esse tipo de coisa, mas Hinata sempre aceitou aquilo que eu estava disposto a dar a ela, e jamais me pediu mais do que isso. Ela se parecia demais comigo. E nenhum de nós funcionava bem quando estava sendo pressionado. Por isso nos entendíamos tão bem, e ficávamos com o que nos era oferecido.

- Eu ainda vou embora, você sabe.

- Eu sei. – ela respondeu, se afastando de mim. Seus dedos delicados fizeram a curva do meu rosto, e eu a beijei. E até aquele momento, não tinha me dado conta do quanto eu sentira falta daquela sensação, de tê-la em meus braços.

Quando nós nos separamos, ela tornou a se encostar nas almofadas, e eu me lembrei que talvez ela não devesse estar pulando em cima de mim e me apertando.

- Ainda sente dor?

- Um pouco. – ela admitiu. – Mas então Sasuke, o que vamos fazer sobre isso? – e ela apontou pra ela e pra mim. Eu sorri.

- O que você sugere?

- Não é uma sugestão, é uma afirmação. – acho que ela está pegando algumas das minhas manias. – Eu vou esperar por você. Então prometa que não vai morrer.

- Eu não vou morrer. – eu sorri levemente. – Mais alguma coisa?

Ela já tinha recuperado a cor normal, mas voltou a ficar corada.

- Então... quando você voltar... Nós podemos tentar... Certo?

Eu percebi que ela estava com medo. Medo que eu dissesse não. Mas isso não estava nos meus planos.

Eu segurei suas mãos entre as minhas.

Contrariando todas as aparências e expectativas, Hinata e eu éramos muito parecidos. Nós entendíamos as limitações um do outro. Nunca haveria silêncios incômodos ou conversas vazias entre nós dois. Nunca haveria promessas que não podem ser cumpridas. Muitas verdades e nenhuma mentira. Nenhum tipo de cobrança estúpida. Um monte de aceitação mútua. Ela teria que conviver com um maníaco obsessivo controlador ciumento e possessivo, e eu teria que lidar com crises de insegurança e choro, e até excessos de bondade e virtude. Porém sempre que ela precisasse de mim, e eu estaria lá. Reciprocamente, é claro.

- Podemos tentar.

Eu sentei ao lado dela na cama. Hinata apoiou-se no meu peito e eu a abracei protetoramente. Uma de suas mãos ainda estava segurando a minha. E naquele momento eu percebi que já estava ansioso para voltar e tentar estar com ela.

WoW -WoW – WoW -WoW – WoW -WoW – WoW

-E eles foram mesmo, Hinata-chan. Aqueles estúpidos. – Sakura-chan não andava de bom humor desde que Naruto-kun e Sasuke haviam partido. Bem, eu não me sentia particularmente feliz também. – Eles deveriam ao menos ter esperado você ter alta.

- Não acho que faria diferença, Sakura-chan.

Ela terminou de medir a minha pressão e anotou os dados na minha ficha. Então sentou-se na cama pra conversar comigo. Nós havíamos ficado bem mais próximas nas últimas semanas, e mais ainda depois que nossos irresponsáveis namorados haviam partido. Essas conversas eram de certa forma reconfortantes, afinal ninguém convivera mais com o Sasuke do que Naruto-kun e Sakura-chan, então ela podia sempre me contar coisas que eu não sabia sobre ele. Pequenos detalhes que ela só percebera com o tempo, e tempo era uma coisa que sempre esteve em falta entre nós dois.

Por exemplo, mesmo que ele acabasse indo ao Ichiraku mais vezes do que ele escolheria, diante do vício... digo, preferência do Naruto-kun, Sasuke também gostava de rámen. Rámen com carne bovina. Ele fingia que não, mas costumava ler os mesmos livros que o Kakashi-sensei (e eu não sei dizer se fiquei muito chocada ou se ri muito diante dessa informação). Ele tinha uma grande tendência a não gostar da ANBU. Ele costumava jogar shoji com o Shikamaru-san e comprar uma nova revista de sudoku todos os dias. Sasuke não tinha nenhuma habilidade para cozinhar. Uma vez Naruto-kun, Kakashi-sensei, e ele haviam embebedado Yamato-sensei e o Sai-san, e Sakura-chan achou os cinco dormindo empilhados na porta dela.

Saber dessas e outras histórias me fazia sentir que eu estava mais próxima do Sasuke, e a entender melhor a sua personalidade.

- Eu não posso demorar hoje, Hinata-chan. – ela disse, levantando-se. – Tsunade-sama precisa de mim agora.

Eu concordei com a cabeça e ela se foi. O horário de visitas já havia terminado, e eu passaria o resto da tarde e a noite sozinha de novo. Mas eu já estava me acostumando, e usava esse tempo para pensar e divagar. Eu estivesse pensando muito ultimamente. Sonhando acordada também. E meus pensamentos e divagações sempre me levavam para o mesmo caminho.

A verdade é que eu precisava do Sasuke. Precisava dele no meu futuro. Não, a verdade é que eu não imaginava meu futuro sem o Sasuke. Apesar de ter dito pra ele que não faríamos planos tão à frente, eu sabia que queria passar o resto da minha vida com ele. Precisava dele ao meu lado pra ser feliz.

Então ultimamente eu ocupava o meu tempo imaginando como seria minha vida se nós realmente nos casássemos. Uma garota tem direito de sonhar, afinal. Na nossa infância, por motivos e circunstâncias diferentes, é claro, nós dois havíamos sofrido por causa dos nossos Clãs. Nós sabíamos como era viver sob um regime inflexível que tomava todas as decisões por nós. Tentaram moldar nossas personalidades desde que nascemos, e não posso dizer que os resultados foram bons. Esse era exatamente o tipo de coisa pela qual eu não queria que meus filhos passassem.

É assim que eu tinha certeza que seríamos capazes de construir uma família. Talvez não soubéssemos exatamente o que fazer de certo, mas éramos totalmente conscientes sobre o que NÃO deveríamos fazer. Já sabíamos quais erros não poderiam ser cometidos.

E além disso, é claro, havia o fato de que eu me sentia totalmente feliz perto do Sasuke. Eu sentia como se nenhum mal pudesse me alcançar enquanto eu estivesse nos braços dele. Ele me compreendia de uma maneira que eu jamais pensei que alguém pudesse me compreender. Em nosso muitas vezes mudo entendimento, ele jamais exigia nada de mim. Sem cobranças ou reclamações. Ele acreditava em mim. Acreditava na minha força, coisa que poucas pessoas fizeram ao longo da minha vida. Ele queria sempre ter certeza de que eu estava bem. Ele tinha um jeito meio brusco e impertinente ás vezes, mas eu também tenho os meus defeitos. E entender, reconhecer e aceitar que esses defeitos estarão presentes é algo que é necessário para manter um relacionamento. Se ele podia aceitar cada estranho e choroso detalhe da minha personalidade, eu podia lidar com o silêncio da sua fúria tempestuosa.

Provavelmente discutiríamos diante dos problemas sérios, e práticos como éramos, não perderíamos muito tempo com bobagens. Alguém precisava dizer para ele que não se joga amaciante de roupas no teto. Nós acabaríamos fazendo sexo em lugares inusitados da casa, e eu teria vergonha disso pra sempre. Sasuke não diria "Eu te amo" com muita frequência, mas mesmo que eu só o ouvisse dizer uma única vez, já seria o suficiente. Eu gostaria de poder ter um monte de filhos, e eu me pergunto se eles nasceriam com o Sharingan, o Byakugan ou se seria possível ter os dois. Eu podia imaginar o Sasuke possessivo e ciumento com relação as meninas, e absurdamente rigoroso com os meninos. Me pergunto se alguns deles seriam gênios, como Itachi-san e Neji-niisan. Há muita genética contribuindo com essa parte. Eu teria que impedir o Sasuke de estragar a personalidade deles.

Eu ri, ri abertamente, abraçando um travesseiro e rolando na cama, pensando em como aquelas imagens me agradavam. Aquele era exatamente o tipo de felicidade que eu imaginava. Como eu disse, uma garota tem direito de sonhar, e Sasuke passaria dois anos longe, talvez mais. Quando ele voltasse, eu me esforçaria, me esforçaria muito para tentar convencê-lo a ficar comigo pra sempre.

Eu não sei como conseguir isso, mas eu definitivamente não irei desistir.

Eu peguei uma rosa no vaso da mesa de cabeceira. Já havia se passado quase uma semana, e as flores já estavam murchas. Eu teria que me livrar delas em breve. Era um pensamento triste, me livrar do primeiro presente que ele me dera, mas as enfermeiras ficariam malucas se eu deixasse flores apodrecendo no meu quarto.

Eu girei a flor entre os dedos.

E desejei que o tempo pudesse passar mais depressa.

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Dois anos depois

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- Já faz um bom tempo. – Naruto disse, olhando para as gigantescas portas duplas da vila.

- Sim. – foi tudo que eu respondi, me arrastando ao lado dele. Cansado. Absurdamente cansado, é tudo o que eu tenho a dizer.

- Mal posso esperar pra ver a Sakura-chan... – entendo a sua dor, amigo. – Sem querer ofender Sasuke, mas passar dois anos em companhia de outro marmanjo...

- Eu sei, eu sei. – eu resmunguei. Como eu disse, entendo a sua dor. A minha sorte é que quando eu deixei essa aldeia, eu e Hinata não tínhamos nenhum compromisso fixo. Então não me culpem ok? Eu não tinha obrigação nenhuma de permanecer fiel. Por outro lado, o coitado do Naruto esteve na seca nos últimos dois anos. E vai por mim, não é engraçado quando você divide o quarto com ele. Eu o ouvi dizendo várias coisas constrangedoras enquanto dormia. Pra não comentar o que eu vi...

- E então Sasuke-kun? Vai correr pros braços da Hinata-chan? – Naruto deveria aprender que não é saudável irritar um cara que pode mantê-lo preso numa dimensão paralela, torturando-o infinitamente a bel-prazer. – Eu deveria contar pra ela o que você andou aprontando...

- Nem se atreva. – eu sussurrei entre os dentes, enquanto chegávamos mais perto da entrada. Pretendia soltar outras ameaças, mas nós avistamos uma certa testa gigante refletindo a luz do sol, então Naruto me largou pra trás enquanto corria gritando algo que parecia com "Sakura-chan!". Não tenho certeza. Me pergunto de onde ele tirou fôlego pra dar essa corrida. Se o Yondaime não tivesse enfiado aquele bicho dentro dele, Naruto não teria tanta energia. Aposto que essa Kyuubi sofre.

Quando eu finalmente cheguei perto deles, a parte da agarração já tinha acabado, felizmente. Sakura havia deixado o cabelo crescer de novo, e parecia que finalmente tinha ganhado um pouco de peito. Maldade, eu sei. Agora ela estava repreendendo Naruto por causa de uma cicatriz gigante no pescoço dele. Acho melhor ela nunca saber que a culpa é minha.

-Sasuke-kun! – ela exclamou quando finalmente percebeu a minha presença, e me abraçou. Certo, certo, não estou bom pra isso agora. Estou cansado.

- Hey, Sakura. – ela me soltou, pra poder me olhar dos pés á cabeça.

- Você também não está todo machucado, eu espero?

- Eu não, mas Naruto está. – ela ergueu as sobrancelhas, em desaprovação. Acho que ela não vai mudar nunca. Ainda bem. – Você devia levá-lo imediatamente pra casa e resolver o problema dele.

- Sasuke, maldito... – Naruto estava com vergonha, que engraçado.

- Então não seria melhor o hospital?

- Só se você quiser se expulsa de lá. – eu resmunguei. Estava realmente com vontade de ir pra minha casa e tomar um banho. Apesar de que preferia nem imaginar o estado de sujeira que ela deveria estar. – Até mais.

E sai me arrastando até em casa, deixando os dois se entenderem. Tudo o que eu queria era chegar em casa, tomar um banho quente e dormir. Quando eu acordasse, eu procuraria a Hinata. Mas primeiro eu queria voltar a parecer um ser humano.

Apesar de que eu admito que estava um pouco decepcionado. Naruto mandara uma mensagem avisando que chegaríamos hoje, e não era difícil imaginar que a Sakura estivera a manhã toda parada naquele portão esperando a nossa chegada. Eu supus que Hinata também sabia, então era um pouco frustrante não tê-la visto de imediato.

Talvez ela nem lembrasse da promessa. Talvez ela tivesse mesmo me esquecido.

E com essa ideia animadora embalando meus pensamentos e ignorando todas as pessoas que me cumprimentaram na rua, eu finalmente cheguei em casa. Doce canto da solidão.

Arrastei a porta da entrada e percebi que havia algo errado. Terrivelmente errado. Perigosamente errado.

Minha casa estava limpa. E não estava cheirando a amaciante.

Sinal catastrófico.

Larguei os sapatos e a mochila de qualquer maneira na entrada, e entrei na casa. Perfeitamente limpa, e arrumada do jeito que a deixara. Mais perturbador do que isso, havia um cheiro delicioso de comida no ar. A última vez que algo comestível fora feito naquela casa foi antes da minha mãe morrer. Silenciosamente, eu fui até a cozinha, abrindo a porta sem fazer barulho.

Hinata estava de costas pra mim, com o cabelo preso em um rabo de cavalo alto, e usando um avental de cozinha. Cantarolava uma música qualquer. Desligou o fogo e continuou mexendo uma sopa no fogão. Havia um almoço magnífico preparado na mesa. Se ela estava tentado me amarrar pelo estomago, estava conseguindo.

- Se isso faz parte do seu plano diabólico para me obrigar a casar com você, está funcionando.

Ela pulou de susto e se virou na para mim, as mãos sobre o peito.

- Sasuke, você me assustou!

E então nós paramos e nos encaramos, demoradamente, tentando perceber tudo o que estava diferente no outro. Eu só consegui pensar que ela estava bem mais bonita, e irritantemente longe demais. Eu em senti aliviado em vê-la tão perfeitamente bem e saudável. Acho que uma parte de mim tinha medo que ela pudesse ter uma recaída. Mas Hinata estava radiante como sempre fora, e eu me assustei ao ver o quão feliz eu me senti ao vê-la ali. Eu poderia me acostumar com isso.

Epa, nada bom.

Eu venci aquela distância em poucos passos e a abracei pela cintura, jogando ela contra uma parede e a pressionando com o meu corpo. Delicadeza não é uma característica minha. Ela me abraçou pelo pescoço e afundou a cara no meu peito.

- Senti tanto sua falta, Sasuke.

Eu não respondi. Apenas a beijei. E tentei deixar várias coisas que não seriam ditas na intensidade daquele beijo. Ela iria entender.

Quando nos separamos, sem fôlego, ela sorriu, com as bochechas muito coradas.

- Quer dizer que funcionou?

- Vai precisar de muito, muito mais do que isso pra me arrastar pro altar, Hyuuga. – respondi, soltando o cabelo dela. Eu o preferia solto.

- Vou continuar me esforçando.

- Espero que sim. – eu respondi, e num gesto rápido eu a peguei no colo. Ela se assustou, porém riu.

- Pensei que você gostaria de tomar um banho e comer alguma coisa... - Ela me conhecia bem. Mas não parecia conhecer minha lista de prioridades. – Você não está cansado?

- Não, - eu respondi, enquanto a carregava até o meu quarto. – Não estou cansado.

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Fim.

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N/A: Era uma vez uma menina que sonhava ser escritora, mas não sabia como começar. Naquela época, essa menina só tinha doze anos, e ela conheceu, pelo SBT, um "desenho" chamado Naruto. E ela se apaixonou. Foi quando ela procurou saber mais sobre mangás e animes, e abriu as portas para um vício incontrolável. A otaku/nerd/geek/gamer que ela se tornaria um dia deu seus primeiros passos naquela época. Graças ao Naruto. Pois é.

Mas não vamos avançar tanto na história. Nossa protagonista só tem doze anos por enquanto, e naquela época, Orkut era uma coisa muito legal. Comunidades eram coisas legais. E foi entrando em comunidades de shippers de Naruto, que ela conheceu algo chamado "fanfic". Ela se lembra, até hoje, da primeira fanfic que leu. E foi quando ela finalmente achou seu caminho para escrever.

Começo desastroso. Plot? Que Plot? Formato de script. Erros de português. Uma melação interminável e personagens OC. Mas ela estava feliz em escrever. Até que ela conheceu um site chamado FanFiction ponto net, e conheceu autoras incríveis e histórias mais incríveis ainda. E ela ficou com vergonha das fanfics que escrevia. E ela prometeu que só voltaria a escrever quando fosse pra fazer algo minimamente aceitável.

Dois anos depois, e agora com quatorze anos, eu comecei a escrever "A pureza da Peróla e a escuridão do Ônix".

Antes de concluir esse capítulo final, eu reli a fanfic inteira. Até mesmo as respostas aos reviews. Para mim, é quase surreal acreditar que, quatro anos depois, eu finalmente concluí essa história.

Hoje eu tenho dezoito anos. E relendo essa história, eu consigo me enxergar nela. Consigo lembrar como eu era quando comecei a escrever. Vocês sabem, dos quatorze aos dezoito muita coisa muda. Personalidades mudam. E eu mudei. Eu consigo enxergar a mudança em cada linha que eu releio. A minha mudança no modo de pensar. No modo de encarar essa história. Eu comecei com uma ideia inicial e mudei totalmente os rumos lá pelos meios. Minha escrita amadureceu. Acho que até o modo como eu conversava com vocês ao final de cada capítulo amadureceu.

Foi uma fanfic cheia de altos e baixos. Capítulos gigantes, capítulos pequenos, confusão com os narradores. Atualizações frequentes e esperas intermináveis. Desde que eu comecei até hoje, o mangá sofreu tantas reviravoltas que foi impossível mantê-la totalmente fiel. Meu computador explodiu. Eu prestei um exame de admissão pra escola na qual eu formei. Passei no vestibular. Fiquei sem tempo pra escrever e tive crises de pane mental. Foi a primeira fanfic coerente que eu fiz, e ela cresceu de uma forma inesperada. Tive muitas dúvidas sobre como continuar, e como terminar. Mas eu consegui concluir. Eu consigo ver algumas das partes mais importantes da minha vida nos comentários finais de cada capítulo.

Obrigada por terem participado disso, mesmo sem querer.

Porque o motivo pelo qual eu nunca abandonei essa fanfic, mesmo com todos os altos e baixos, são vocês. Todas vocês que leram. Eu devia uma continuação pra vocês. Eu amadureci como escritora para fazer o melhor para vocês.

Eu sinto muito orgulho disso. Essa fanfic não é meu trabalho favorito, assim como Naruto não é mais meu anime favorito. Mas ambos sempre vão ser os mais importantes pra mim. Porque foram o começo de tudo. "A pureza da Pérola e a escuridão do Ônix" – por os deuses, DE ONDE EU TIREI ESSE TÍTULO HORRÍVEL? Suponho que meninas de 14 anos achem legal (chora um rio) – foi como um desafio pessoal. Eu me desafiei a sempre fazer melhor, até finalmente ter o estilo de escrita que eu tenho hoje.

Eu vou sentir falta dessa fanfic. Vou sentir falta de odiar o Sasuke. Droga.

Vou parar com a nostalgia por aqui. Eu espero que vocês tenham gostado do final. Espero que tenham entendido a ideia que eu quis passar. Dá pra entender que os dois vão ficar juntos, mas que a Hinata vai ter que se virar pra dobrar o nosso Uchiha orgulhoso, não é? Eu sei que talvez algumas de vocês gostariam que eu continuasse até os dois se casarem mas, honestamente, não. Prolongar demais, querer mostrar TUDO é um erro que eu não vou cometer mais. A Hinata já divagou sobre a vida de casados dos dois. Vou deixar que vocês façam isso agora.

Fiquem felizes, ela não morreu :D

Eu não costumo pedir pra que vocês deixem reviews, porque eu tenho uma preguiça absurda para fazer isso, então não cobro de ninguém. Mas dessa vez eu gostaria mesmo que vocês comentassem. Eu gostaria de saber o que vocês acharam da fanfic. Estou aceitando todo dia de crítica, isso ajuda no crescimento e no amadurecimento e tudo mais. As reviews deste capítulo também serão respondidas, via PM.

Então, é isso. Acabou mesmo. Até a próxima. Sim, é bem provável que haja uma próxima. Estou cheia de ideias amadurecendo.

Vocês sabem que eu não fico feliz se não puder torturar o Sasuke, não é?

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Eu agradeço a vocês que acompanharam essa história até o fim. Vocês me fizeram infinitamente feliz.

Dark Temi

11/07/12

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Resposta aos reviews:

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Luciana Fernandes: O seu entusiasmo com os capítulos me emociona, é sério. Eu tentei fazer o mais rápido que pude, mas eu suponho que você já me conheça, haha. Bem, não aconteceu nada trágico nem nada, então você deve estar feliz não é? Fico feliz que você tenha gostado dos capítulos. Obrigada por acompanhar essa história até o fim. D.T.

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Misha yanata: Sabe, você tocou num ponto interessante. Eu classifiquei a fanfic como drama (pelo enredo e tudo mais) mas quando eu fui escrever, não aguentei e tive que por o Sasuke pra falar/pensar besteira. Acabou que ficou as duas coisas, e eu não tenho certeza se foi uma boa combinação. Bem, mas é fato que acabou. A Hinata sofreu mas não morreu, e o Sasuke continuou... bem, Sasuke, até o fim. Hahaha. Mas aí você tocou em outro ponto interessante: apesar de eu ter perdido um pouco o controle sobre a história, o que eu realmente me esforcei pra fazer foi mantê-la coerente e sem atropelação até o final. Fico feliz se você diz que eu consegui isso : ). "Parabéns pela fic, é realmente muito boa" me deixou com uma cara de boba feliz aqui. Obrigada mesmo. E obrigada por acompanhar essa história até o fim. D.T.

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Tifa Lockhart Valentine: Sinto pela demora nas atualizações, mas acho que agora isso não vai mais ser um problema, né? Hahahah, maldade. Ok, sinto pelo aviso repentino, mas eu senti que era a hora de acabar. Eu tentei dar uma enrolada no início desse capítulo pra vocês acharem que a Hinata tinha mesmo morrido e manter a tensão pelo máximo de tempo possível, mas não sei se eu consegui. Mas não se preocupe com essa parte de achar que você é psicopata: eu sou a autora, lembra? AMO FAZER ELES SOFREREM! MAHUSHUASHAUS! Shikamaru é muito lindo, amo ele. Não podia faltá-lo no final, não é? Apesar do Shika/Tema no início ter sido meio enrolado. Mas fazer o que. Adoro reviews grandes, então não se preocupe com isso. O desenvolvimento da fanfic me assustou também. Sério O.O. Obrigada pelos elogios, e por acompanhar essa história até o fim. D.T.

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FranHyuuga: Ver uma autora tão incrível com você me elogiar tanto me deixa até constrangida, sério. Você sabe que eu sou sua fã, né? Mas vamos lá. Depois que eu postei o capítulo eu parei pra lembrar daquela coisa que em Konoha eles só acreditam na tal "Vontade de Fogo", ou algo assim, mas aí já era. Eu acho que foi uma coisa interessante, porque o Sasuke passou a fanfic inteira dizendo coisas como "Tá de sanagem, né Kami-sama?" ou "Eu mereço isso?" ou coisas assim, então acho que colocá-lo pra rezar foi uma mudança interessante. O outro lado da moeda, sabe? Mas então, Hinata não morreu, apesar de que eu tentei enrolar vocês no começo desse capítulo pra ver se alguém acreditava que ela morreu mesmo. Não sei se consegui XP. O Sasuke faz o que pode por ela, e espero não tê-lo deixado muito OC nesse último capítulo. Mas ele tinha que mostrar algum sentimento, não é? HyuugaCest é bom, eu gosto, até, mas daí a saber fazer é outra coisa completamente diferente. De qualquer forma, todas as ideias atuais que eu tenho pra Naruto (além de um Hina/Kiba que eu estou devendo), são Hina/Sasu, mas pra um futuro meio distante. Eu até pensei em fazer os sentimentos do Neji em relação a ela serem amorosos e tudo mais, mas mudei de ideia com medo de deixá-lo OC. Já fiz muita descaracterização de personagem na minha vida, não quero voltar a fazer XD. Obrigada pelos reviews sempre muito incentivadores, e obrigada por ter acompanhado essa história até o fim. D.T.

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LemuriaHime: Suponho que o Itachi seja mesmo algo como um santo padroeiro ou um anjo da guarda pro Sasuke, hahaha. Eu gosto de fazer o Sasuke sofrer, apesar do final ter sido legal pra todo mundo. Obrigada por acompanhar a história até o fim. D.T.

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Haru x3: Pois é, eu também não acredito que acabou. E a Hinata não morreu, olha que legal. Mas vou sentir falta de fazer o Sasuke pensar/falar besteira. O Sasuke passou a fanfic inteira reclamando com Deus coisas como "Tá de sacanagem, né?", então eu achei que seria interessante mostrar o outro lado da moeda, um "conversa" séria, por assim dizer. Pois é, acabou que a encrenca do Sasuke foi o personagem que eu mais me identifiquei, e também é o que eu mais gosto de escrever. Deve ser porque a minha personalidade é um pouco parecida com a dele. Usar a Hinata como narradora, por exemplo, foi um sofrimento. Kkkkk. Então, como eu disse eu tenho algumas ideias para outras historias torturando o Sasuke, mas são planos beeeeeeem futuros. Não garanto nada. Obrigada pelos elogios, e obrigada por acompanhar essa historia até o fim. D.T.

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Jusamurai: Ah, valeu mesmo, isso me deixa feliz. Obrigada por acompanhar essa história até o fim. D.T.

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Hina Yagami: Pois acabou. Quatro anos depois. Que coisa, isso até me assusta. Parece que eu comecei ontem. Mas então, pro bem de todos e alegria geral da nação, Hinata não morreu. Acho que eu ser vítima de um atentado se tivesse matado ela, porque o nível das ameaças tava só subindo, hahaha. Obrigada por ter acompanhado a fanfic até o fim. D.T.

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Karolyn Harumi: Que bom que somos pessoas normais e gostamos tanto dos personagens, não? huhahaha. Bem, odeio todos e quero todos mortos, mas apesar disso eu não matei ninguém. Deveria, mas não fiz. Haahaa. Mas então, como eu amo o Shikamaru, é um dos poucos em Naruto que eu quero vivo '-'. Bem, Sasuke não é obrigado a guardar nome de ninguém. Na verdade foi uma tentativa de humor fail, mas deixa pra lá. Na verdade a Sakura não errou: o turno dela tinha acabado e a Shizune ia substituir. Foi nessa hora que teve a complicação. Mas tudo acabou bem, no final. Eu já desisti do anime Naruto, eu to acompanhando só o mangá, é só porque o Itachi tava ressuscitado. Agora que ele morreu (de novo) acho que vou parar de ler, não sei. Bem, obrigada pelos elogios, e por acompanhar a historia até o fim. D.T.

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Mrs. Loockers: Olha eu ficando toda feliz com os elogios. Não repare, eu sou extremamente perfeccionista e insatisfeita, vou reclamar do meu trabalho sempre. Mas fico feliz pela fanfic ter te emocionado e por você gostar tanto. O final foi feliz, olha só. : ) Obrigada por ter acompanhado essa história até o fim. D.T.

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Miiih: Own, você! *-*. Obrigada pelo carinho e pelos elogios. É muito importante pra mim : ). Mas infelizmente acabou. Obrigada por ter acompanhado essa história até o fim. D.T.

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Obrigada também todos que leram e não deixaram reviews! D.T.