N/A: Aqui está o último capítulo! Saboreiem com carinho ;)

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Capítulo 12: ...deixam escapar um final feliz

Evangeline espreguiçou fazendo suas costas estalarem.

-Merlin, eu nem acredito que o ano está acabando. –ela falou aliviada.

-Pois é, quem diria. –Kassio comentou enquanto terminava de escrever alguma coisa em um caderno –Um mês até a formatura...

-Quer saber? Eu fico feliz. –Lucianne falou –Não vejo a hora de acabar com essas provas.

-Eu ficaria aqui com prazer. –Lily falou –A situação não está muito boa lá fora.

-Infelizmente não tem como fugir do que está acontecendo la fora, Lily. –Elizabeth falou tranqüila –Nós não temos escolha nisso.

-Você vai mesmo fazer isso, Elizabeth? –Evangeline perguntou, preocupação clara em seu rosto.

-Sim, eu vou. –a morena falou tranqüila –Cada um com seus problemas e esse é muito meu.

Evangeline achou melhor deixar pra la. Já tinha alguns meses que ela tentava convencer Elizabeth a mudar de idéia e pelo jeito não ia rolar.

Kassio, muito diplomaticamente, ignorou a conversa inteira. Então a porta se abriu. E Remus entrou por ela.

-Boa tarde para todos. –ele falou com um sorriso.

-Oi Remus. –Lily sorriu –O que te traz até aqui?

-Lily, caso você não se lembre eu também sou monitor. –ele falou com falso ultraje –Eu tenho todo o direito de estar na sala de monitores.

Lily arqueou a sobrancelha, deixando claro que ela não engolia essa por nada.

Remus acabou não agüentando manter a expressão séria e um pequeno sorriso maroto escapou.

-Na verdade... –ele começou –Eu meio que encontrei esses chocolates... –ele falou abrindo sua mochila e revelando várias barras do chocolate preferido das meninas –E resolvi trazer para minhas monitoras preferidas.

Elizabeth arqueou a sobrancelha.

-Encontrou foi? –ela perguntou irônica –Onde?

O sorriso maroto dele aumentou.

-Na Dedos de Mel.

-Remus! –Evangeline falou irritada –Em dois dias tem visita a Hogsmeade! Não dava pra esperar?

-Na verdade até dava. –ele falou tranqüilo –Mas daí eu não poderia ter comprado isso para você. –ele falou estendendo um livro para ela.

Evangeline pegou o volume encadernado e um sorriso escapou, mesmo que ela quisesse ficar brava com ele. Era o livro novo do autor preferido dela. Ele ia ser lançado hoje, mas como o pessoal de Hogwarts só poderia ir para Hogsmeade no sábado a livraria provavelmente estaria lotada e seria um inferno para ela conseguir comprar um.

-Remus, não...

-Precisava sim. –ele falou –Você sabe que precisava.

Elizabeth revirou os olhos.

Convenientemente todos precisaram olhara para o outro lado enquanto Remus dava um selinho na namorada.

-Obrigada. –ela falou sorrindo –Eu adorei o presente.

-E tem chocolate para vocês. –Remus falou, entregando os doces para as outras meninas –Kassio? Aceita chocolate?

-Obrigado, Remus. –o rapaz agradeceu, aceitando o doce.

-Onde está o James? –Lily quis saber.

-Tem certeza que você quer saber? –Remus provocou.

-Não. –ela falou por fim –Não me conte.

Todos riram.

Uma monitora do quinto ano entrou na sala.

-Lionel, Lupin, o professor Dumbledore quer falar com vocês dois na sala dele. –ela informou.

-Obrigada, Jones. –Evangeline falou se levantando.

A menina sorriu e deixou a sala.

-Xi... –Lucianne falou –O que vocês andaram fazendo?

-Ou pior... –Elizabeth comentou –Onde?

Evangeline corou inteira.

-Calem a boca. –ela resmungou, antes de sair com Remus ao seu lado.

-O que será que aconteceu? –Remus perguntou curioso.

-Não deve ser nada demais. Provavelmente alguma coisa a ver com os deveres de monitor. –ela falou tranqüila –Ou talvez você tenha sido pego fugindo para Hogsmeade. –ela provocou.

Remus segurou a mão de Evangeline e trouxe até seus lábios.

-Dessa eu duvido muito. –ele falou confiante.

Evangeline revirou os olhos.

-Seus amigos realmente te estragaram. –ela comentou –Você não era assim.

-Pelo contrário, você me estragou. –ele falou.

-Como assim eu? –ela perguntou inconformada.

-Bom... Quem me faz ficar correndo por corredores escuros? –ele provocou –Eu não fazia o estilo seqüestrador de princesas até te conhecer... –Remus provocou.

Evangeline riu.

-Seqüestrador de princesas? –ela riu de novo –Difícil...

Eles ficaram em silêncio ao subir as escadas e bater na porta do escritório de diretor.

-Entrem.

Remus abriu a porta e deixou Evangeline entrar primeiro, mas a morena corvinal congelou ao se deparar com a pessoa que estava ali.

-Pai?

Evangeline não conseguia acreditar que seu pai estava ali. Mas la estava Lucan Lionel sentado na sala de Dumbledore como se o lugar pertencesse a ele. Ele tinha um olhar congelante, mas no momento em que seus olhos pousaram em Remus um olhar do mais completo nojo se apossou dele. E ele não fez nada para esconder isso.

-Esse é Remus Lupin? –ele perguntou a Dumbledore.

-Exatamente, senhor Lionel. –Dumbledore falou, com seu tradicional sorriso tranqüilo.

Evangeline estava a um passo de entrar em pânico. Ela só não tinha feito isso ainda porque a presença de Dumbledore ali era muito reconfortante. Ele não deixaria as coisas saírem de controle. Disso ela tinha certeza. Ela tinha...

Lionel levantou-se da sua cadeira e foi na direção do casal.

-Como você se atreve a se aproximar da minha filha? –ele perguntou, sua voz cortante.

-Pai, o que está acontecendo? –Evangeline perguntou confusa.

Remus puxou Evangeline pelo braço e colocou-a atrás de si.

-Eu amo a Evangeline. –Remus falou –É por isso que eu vou ficar com ela.

-Como você se atreve? –Lucan perguntou enfurecido –Primeiro aquela carta e agora isso!

-Que carta? –Evangeline perguntou confusa.

-Eu escrevi uma carta para o seu pai. –Remus falou calmamente –Dois dias atrás, falando que nós estávamos juntos.

Evangeline olhou em choque para Remus.

-Por que você fez isso?

-Porque eu estou cansado de me esconder com você, Evangeline! Nós não estamos fazendo nada errado, pelo amor de Merlin. Eu amo você e você me ama. Nós não estamos cometendo um crime. E eu não vou deixar ele fazer você viver com medo de ser sincera comigo! –ele falou olhando para Lucan.

-Você é atrevido demais para alguém na sua condição, moleque. –Lucan falou.

-Que condição? –dessa vez foi Evangeline que falou –Condição humana?

-Ele não é isso e você sabe muito bem disso! –Lucan falou furioso –E o pior é que você também sabe! –ele acusou Dumbledore.

-Naturalmente que eu sei que o senhor Lupin tem um certo problema peludo, como eu creio que tem sido chamado. –ele falou tranqüilamente –Assim como eu sei que ele é um dos meus melhores alunos, além de monitor. Eu não tenho reclamações referentes a ele e duvido que qualquer outro professor tenha.

-Eu quero ver se os outros pais vão ter problemas com seu lobisomem. –Lucan falou vitorioso.

E Evangeline sabia que ele ia ganhar com esse argumento. A maioria esmagadora dos pais não ia gostar nada de ter um lobisomem na escola. Isso sem contar os alunos que também não iam gostar, os que iriam se apavorar. O quadro podia ficar realmente feio.

-Senhor Lionel, em um mês as aulas acabarão. Não há necessidade para fazer isso. –Dumbledore tentou acalmar o homem.

-Claro que há. –Lucan falou irritado –Eu quero minha filha longe desse...

-Não fale assim dele! –Evangeline falou de repente, saindo de trás de Remus e se colocando diante do pai –Remus é um rapaz, aliás um homem, maravilhoso! Ele é corajoso, dedicado, leal! Ele me faz bem! Ele é uma pessoa que alguém como você jamais entenderia! –ela falou irritada –E eu sinto muito se eu sempre fui tão decepcionante para você em todos os aspectos eu acho que eu vou ter que continuar sendo! Porque é ele que eu quero e nada, nada do que você faça vai mudar isso! Nem que você tire ele dessa escola, que você me mande para fora! Nada!

Lucan olhou para a filha em choque, antes de voltar a sua máscara fria.

-Se é assim que você quer, você não é mais minha filha. Eu te desonro e te deserdo como Lionel. Não precisa mais voltar para casa. Nunca mais. –ele falou, antes de dar as costas a todos, entrar na lareira de Dumbledore e desaparecer dali em meio as chamas.

Evangeline virou-se para Remus e começou a chorar. O maroto abraçou-a bem forte. Ela precisava. Ela ia precisar de muito mais.

-Você foi muito corajosa, senhorita Lionel. –Dumbledore falou sorrindo gentilmente para Evangeline –Senhor Lupin, eu creio que os nossos elfos domésticos fazem o melhor chocolate quente do país. E eu sei que o senhor saber o caminho. –ele sorriu –Por que não leva a senhorita até la.

-Sim, senhor. –Remus falou tirando Evangeline da sala.

Dumbledore suspirou. Aquilo quase tinha ficado feio demais, mas ele sabia os alunos que tinha e ele sabia as escolhas que fazia. Evangeline não era Monitora Chefe só porque ela era organizada e responsável. Ela não o desapontara. Nem por um minuto.

-É por isso que eu sei que você não pode vencê-los, Tom...

***

Remus secou as lágrimas silenciosas de Evangeline enquanto ela olhava para a caneca de chocolate quente em suas mãos como se não estivesse realmente vendo nada. Ela estava sentada sobre uma das mesas, parecendo uma criança perdida.

Os elfos domésticos ficaram mais do que felizes de poderem fazer chocolate quente para a amiga do senhor Remus que parecia tristinha. Evangeline até sorrira levemente quando um deles veio entregar a caneca para a "senhorita Amiga do senhor Lupin".

Mas agora la estava ela em silêncio, olhando para o nada com lágrimas silenciosas escorrendo pelos seus olhos.

-O que eu vou fazer, Remus? –ela perguntou por fim –O que?

-Antes de mais nada você vai parar de chorar. –Remus falou calmamente –Você tem que ficar calma. Eu sei que deve ser horrível o que você está sentindo nesse momento, Evy, mas você foi corajosa, mais do que muitas pessoas seriam na sua situação.

-Eu não pude deixar ele falar com você daquele jeito. –ela falou, segurando as mãos dele entre as suas –Eu não podia deixar ele falar de você como se você não fosse digno de respirar o mesmo ar que ele respira. Porque... Você é meu, Remus, e ele não pode te tirar de mim.

Remus sorriu e beijou as mãos dela.

-Ninguém vai me tirar de você. –ele falou sério –Você foi incrível Evangeline. Eu sei que não foi fácil para você descordar do seu pai daquele jeito.

Ela suspirou tristemente.

-Estava fadado a acontecer. –ela falou –Cedo ou tarde ele ia arrumar a desculpa perfeita para me pôr para fora de casa e se livrar de mim.

-Idiota ele. –Remus falou –E sorte minha. Sobra mais de você para mim.

Evangeline soltou um som perdido entre o riso e o choro, mas sorriu levemente.

-Obrigada por estar comigo, Remus.

-Qualquer coisa por você, meu amor. –ele falou dando um selinho nela.

Evangeline suspirou.

-Agora é hora das meninas. –ela falou, olhando para a entrada da cozinha.

-Hum? –Remus perguntou confuso, então a porta se abriu e como por mágica as amigas dela entraram por ali.

-Como você...

-A pulseira, esqueceu? –ela perguntou, levantando o braço e mostrando o delicado objeto de fios entrelaçados.

-Ah, a pulseira. –ele falou sorrindo –Quando eu te der uma aliança ela vai ter que ter um feitiço desse.

Evangeline arqueou a sobrancelha.

-O que isso quer dizer? –ela perguntou.

-Agora é hora das meninas. –ele provocou, antes de passar pelas meninas.

Ele cumprimentou as três e saiu da cozinha, dando privacidade ao quarteto.

-Evy, o que aconteceu? –Lucianne perguntou preocupada.

-O que Dumbledore falou pra você que te fez tão triste? –Lily quis saber.

-Não foi o Dumbledore que mandou nos chamar. –ela falou –Foi meu pai.

Lucianne e Lily abriram as bocas em espanto, Elizabeth arqueou a sobrancelha.

-O que o senhor dos Nojentos queria? –ela perguntou.

-Elizabeth! –Lily ralhou –Seja menos... Bom, você.

Elizabeth revirou os olhos.

-Então o que papai queria? –ela falou sarcástica.

Evangeline respirou fundo antes de contar as amigas tudo o que acontecera na sala do diretor e de como ela e Remus tinham ido parar ali na cozinha.

-O Remus é burro ou só levemente retardado? –Lucianne falou irritada –Eu não acredito que ele fez isso!

-Eu também não! –Lily falou irritada –Ele não podia ter feito isso!.

-Ele só queria proteger o que a gente tem. –Evangeline defendeu.

-Evangeline, não adianta as razões que ele tenha apresentado. –Lily falou –Ele não tinha o direito de fazer uma coisa dessas sem pedir sua opinião antes. Para ele é fácil, mas quem está sem casa agora?

Evangeline não falou nada, apenas abaixou a cabeça.

-Evy, nós não estamos fazendo campanha contra o Remus, nem nada. –Lucianne falou rapidamente –Mas você tem que ver que ele se meteu na sua vida de uma forma intensa demais e olha o que para você. Você tem que falar sobre isso com ele.

-Vocês têm razão... –ela falou tristemente.

-Evangeline, eu preciso falar de um assunto sério com você. –Elizabeth falou de repente, atraindo a atenção de todas.

-O que? –ela perguntou confusa.

-Bom, agora que você saiu da sua casa eu posso falar uma coisa que tem estado na minha cabeça desde as férias. –Elizabeth falou pensativa –Você sabe que desde o Ano Novo eu já deixei o Michael na casa dos Potter, porque com todo respeito eu já não estava mais confiando nos seus pais.

-É, eu sei.

-A questão é que meu irmão não vai ser criado como um Potter ou por um Potter. –ela falou com o se a idéia fosse ridícula –Mas você... Bem, você seria uma escolha ideal.

-Do que você está falando? –Evangeline perguntou confusa.

-Eu não estou escondendo de vocês meus planos. –Elizabeth falou sincera –Vocês sabem muito bem o que eu quero fazer depois que sair daqui. Mas lógico que eu não posso nem vou levar Michael comigo. Eu preciso de alguém que eu confie com a minha vida para cuidar dele. E eu não vejo ninguém melhor do que você para isso, Evangeline.

Evangeline olhou em choque para a amiga, mas logo sua expressão de confusão foi trocada por uma de entendimento e choque ainda maior.

-Elizabeth você não pode estar pensando em...

-Eu vou te dar a guarda do Michael. –ela falou por fim –Quando terminarmos o ano. Com o dinheiro da herança dele deve ser o bastante pra você ter uma vida confortável com ele até que você possa se estabelecer melhor. E eu confio em você com a herança dele.

-Elizabeth, você está louca! Eu não posso...

-Pode e vai! –Elizabeth falou firme –Evangeline, eu confio em você. –ela falou séria –Não tem mais ninguém para quem eu entregaria o Michael, tirando Lily e Lucianne, mas eu não quero que meu irmão seja criado por um Potter, como já foi citado antes, muito menos seja chamado de Mike pelas minhas costas.

Lucianne riu.

-Sem graça.

-Por favor, Evangeline. –Elizabeth falou séria –Por mim. Pelo Michael.

Evangeline ficou em silêncio por um minuto.

-Berlin. –ela falou por fim.

-Hum?

-Nós iremos morar em Berlin. –ela falou –Lá tem o melhor treinamento para Medibruxos da Europa. Eu acho que consigo uma bolsa por causa das notas. É pra la que eu quero ir.

-Ainda melhor. –Elizabeth cedeu –A Alemanha ainda não entrou no rolo.

-Então está certo. Michael será criado por uma Lionel.

-E isso é melhor do que ser criado por um Potter? –Lucianne perguntou confusa.

-Olhe com cuidado para o namorado da Lily e você terá uma resposta.

-Ei! –a ruiva protestou, antes de todas caírem na risada.

***

Lily suspirou depois de deixar a cozinha. Ela não sabia quem tinha menos na cabeça. Se Elizabeth por propor algo daquele tipo para Evangeline, ou se Evangeline por aceitar uma coisa daquelas...

Mas tudo bem, cada um com seus problemas. E ela tinha que admitir que se Elizabeth tivesse pedido para ela cuidar de Michael ela também teria aceitado. Monica ia adorar... Ela vivia falando de netos... Aliás ela vivia falando do processo de fazer netos...

Lily quase riu sozinha ao se lembrar da primeira vez que a mãe tivera com ela a famosa A Conversa. Lily tinha doze anos e nunca ficara tão traumatizada em toda a sua vida. Ainda bem que Antony estivera la para salvá-la de traumas mais graves.

Apesar de serem pessoas totalmente opostas Lily adorava e admirava a mãe acima de tudo. Ela a achava corajosa, determinada e inteligente. Lily as vezes gostaria de ser um pouco mais impulsiva como a mãe. Talvez então ela não tivesse perdido tanto tempo antes de poder ficar com...

Aliás onde estava aquele inútil que ela chamava de namorado?

-Perdida, lírio?

Lily literalmente pulou e até soltou um gritinho assustado, antes de virar e dar de cara com um par de óculos muito familiar.

-James! –ela falou irritada –Você quer me matar do coração?

-Desculpa, Lily. –ele falou tranqüilo –Eu não sabia que você estava tão distraída.

-Na verdade eu estava pensando em você. –ela falou, colocando a mão sobre o coração, tentando acalmar os batimentos do mesmo.

James arqueou a sobrancelha.

-Mesmo? –ele perguntou, um tom sugestivo na voz.

Lily revirou os olhos.

-É, eu estava tentando imaginar onde o inútil do meu namorado estava. –ela provocou.

James murchou visivelmente.

-Também não precisa ser má, né ruiva. –ele fez bico.

Lily riu levemente.

-Eu estou brincando. –ela falou abraçando-o pelo pescoço –Mas onde você estava?

O sorriso maroto voltou com força total para ele.

-Eu estava preparando uma surpresa para minha ruiva preferida.

-Que seria? –ela provocou com um sorriso divertido.

-Sua mãe, é claro. –ele falou como se fosse óbvio.

Lily riu.

-Hilário. Mas o que é? –ela perguntou curiosa.

-Você confia em mim? –ele perguntou roçando o nariz no da ruiva.

-Com a minha vida. –ela falou sem hesitar.

O sorriso dele aumentou se isso era possível.

-Então fecha os olhos. –ele pediu.

Lily fechou os olhos e sentiu um pano cobri-los em seguida.

-James! –ela protestou –Acho que é você que não confia em mim.

-Claro que confio. –ele falou tranqüilo –Eu só não confio na sua curiosidade feminina.

Se Lily não estivesse com os olhos vendados James a teria visto revirar os olhos agora.

James guiou Lily por corredores e ela até teve que subir alguns degraus. Ela tinha tentado manter uma noção de onde estava, mas lá pela décima curva que eles fizeram ela já não tinha mais nem a mínima idéia de onde eles estavam. Ela começava a suspeitar que James estava fazendo isso de propósito.

Finalmente eles pararam. Do nada.

-Pronta? –James perguntou.

-Sim. –Lily respondeu, tentando esconder a ansiedade em sua voz e falhando miseravelmente.

James riu e tirou a venda dos olhos dela e Lily se viu parada diante de uma porta.

-Pode abrir. –James falou.

Lily lançou um olhar desconfiado para o namorado, mas mesmo assim esticou a mão e virou a maçaneta, abrindo a porta de madeira.

Ela se deparou com uma sala que ela nunca tinha visto em toda a sua vida. Ela tinha um sofá vermelho que tinha uma aparência extremamente confortável, um tapete macio e uma mesinha baixa onde uma cesta repousava. Nada mais. Nem janelas.

-James... Que lugar é esse? –ela perguntou deslumbrada.

-A Sala Precisa. –ele falou.

-Ah. –Lily finalmente entendera.

-Como assim "Ah"? –James perguntou arqueando a sobrancelha –Você conhecia essa sala?

-A gente topou com ela por acidente uma vez. –Lily falou tranqüila –Por que você me trouxe aqui?

-Pra passar um tempo sozinho com a minha namorada. –James falou como se fosse óbvio –Gostou?

-Amei.

***

Elizabeth suspirou, olhando a lua quase cheia pela janela da Torre de Astronomia. Amanhã Lupin teria que ir uivar por ai...

Ela tinha um sincero arrependimento de ter usado o seu poder nele, mesmo que naquela época tivesse sido um caso de necessidade. Ela sabia que devia ter sido aterrorizante para ele. E por mais que ela fosse toda malvadona e tal, ela não gostava de usar seus poderes dessa forma.

Era muito assustador. Ela pessoalmente nunca tinha sentido, mas ela se lembrava de uma vez quando ela era criança e fizera um homem adulto se ajoelhar e implorar clemência. Devia ser horrível...

Mas agora ela faria bom uso de seus poderes. Ela pararia aquele louco de qualquer forma.

Michael já estava em boas mãos. Ela confiava em Evangeline com a sua vida se fosse necessário, motivo pelo qual ela tinha dado a guarda a ela.

Agora que Michael já estava bem cuidado só havia mais uma coisa com a qual ela tinha que lidar...

Elizabeth suspirou. Ela faria isso amanhã. Hoje não ia rolar mesmo.

***

-Hum, isso está uma delicia... –Lily falou com óbvio prazer.

-Feliz que você está gostando, Lily... –James falou divertido ao ver a ruiva pegar mais um brigadeiro –Os elfos de Hogwarts fazem os melhores doces.

-Ah fazem mesmo.

James tinha pedido aos elfos para prepararem uma cesta de jantar para ele e a ruiva. Alguma coisa simples, só para eles passarem um tempo juntos e sozinhos mesmo. Eles tinham se sentado no tapete macio e comeram, conversaram e riram. Agora Lily parecia estar se divertindo imensamente com os doces.

-Lírio, não que eu esteja reclamando... –James começou, como quem não quer nada –Mas você não acha que já está suficiente de açúcar?

-Por que você está perguntando isso? –Lily perguntou confusa.

-Porque veja bem, só estamos eu e você aqui, nessa sala fechada... Você pode querer abusar da minha inocência... –James falou com um sorriso maroto.

Lily arqueou a sobrancelha.

-James, você nem sabe o que essa palavra quer dizer. –ela provocou.

-Eu sei que ela não tem nada a ver comigo. –ele falou, claramente orgulhoso com a idéia.

Lily revirou os olhos.

-Você anda saidinho hein, Potter? –ela provocou.

James sorriu para a ruiva.

-Posso te falar uma coisa? –ele perguntou.

-Claro.

-Sem surtos? –ele insistiu.

Lily olhou desconfiada.

-James Potter, que besteira está passando pela sua cabeça agora? –ela quis saber.

-Ei! –James falou inconformado –Por que você tem tanta certeza de que é besteira?

-Número um porque você só pensa besteira. –ela falou como se fosse óbvio –E número dois pelo jeito que você perguntou.

-Não é nada demais. Palavra de Maroto.

Lily parecia ainda estar desconfiada, mas fez um gesto para que James continuasse.

-Eu te amo. –ele falou simplesmente.

Lily arqueou a sobrancelha.

-E?

James revirou os olhos.

-E isso. Eu te amo.

Lily olhou para James como se ela fosse louco.

-James, você está se sentindo bem? –ela perguntou com uma falsa seriedade.

-E eu aqui achando que uma declaração dessa merecesse uma reação mais interessante... –ele resmungou.

-James, você já disse que me amava antes. –ela falou como se ele estivesse louco.

-Não disse não!

-Tudo bem, talvez você não tenha dito a famosa frase, mas você já me provou várias vezes e já me deu várias indiretas. –ela falou sorrindo –Você me amar não é novidade, assim como eu te amar também não é.

James pareceu surpreso.

-Fácil assim?

-E tem que ser complicado?

-Você sempre é complicada, ruiva. –ele provocou.

-Falou o cara normal... –ela revirou os olhos.

-Ok, mas tem uma coisa. –ele falou.

-O que? –ela perguntou curiosa.

-Eu quero ouvir agora.

-O que? –Lily perguntou ainda mais confusa.

-Eu quero ouvir que você me ama também. –ele falou com um enorme sorriso maroto.

Lily fingiu um bocejo.

-Agora eu to cansada... –ela falou, fingindo inocência.

-Ah é? –James agarrou a cesta de piquenique levando os doces restantes para longe da ruiva E agora?

-James, isso não é justo! –ela falou, tentando pegar a cesta de volta –Devolve!

-Só se você falar que me ama. –ele exigiu rindo.

-Eu te amo! –ela falou alto.

-Quanto? –James provocou.

-Muito!

-Muito quanto?

Lily abraçou James pelo pescoço.

-Mais do que há estrelas no céu, ou litros de água nos oceanos. Mais do que o suficiente para essa vida e todas as que vierem depois. –ela falou sorrindo, olhando no fundo dos olhos dele, as bocas separadas por meros centímetros –Assim está bom?

James fingiu pensar.

-Está. –ele falou por fim –É quase tanto quanto eu amo você.

Lily sorriu antes de beijar o namorado. A cesta de doces totalmente esquecida.

***

-Remus?

O maroto levantou os olhos de seu livro e sorriu ao ver Evangeline se aproximando dele.

-Oi Evy. –ele falou calmamente.

Ele estava na biblioteca de Hogwarts e era de manhã, pouco antes das aulas.

-Remus, nós temos que conversar. –ela falou, sentando-se de frente para ele.

-Aconteceu alguma coisa? –ele perguntou, agora levemente preocupado.

-Aconteceu sim. –ela falou –É sobre o que houve ontem.

-Evy, acabou. Eu sei que foi difícil pra você, mas seu pai não vai mais...

-O problema não é esse, Remus. –ela falou, tranqüilizadora –Eu estou perfeitamente em paz com o que aconteceu antes. Era meio inevitável, qualquer dia ele ia arrumar uma desculpa qualquer e me expulsar de casa. E eu sei que tenho você e as meninas ao meu lado. Esse não é o problema.

-Então qual é? –Remus perguntou confuso.

-Remus, eu sei que você não fez por mal, mas eu não gostei de você ter mandado uma carta para o meu pai sem ter falado comigo antes. –ela falou séria –Por melhor que tenham sido suas intenções você não tinha o direito.

-Mas Evangeline...

-Não, Remus. Você tem que me deixar falar. –ela avisou –Eu gosto muito de você, eu te amo. Você sabe disso. Mas isso não te dá o direito de intervir na minha vida do jeito que você fez ontem. Por melhor que tenham sido suas intenções você não podia fazer o que fez sem ter falado comigo antes. Será que nem por um minuto passou pela sua cabeça como eu poderia me sentir me confrontando com meu pai daquele jeito?

-Claro que passou, Evangeline! –Remus falou inconformado.

-E será que não passou pela sua cabeça que eu iria sim enfrentar meu pai por você eventualmente? –ela perguntou incomodada.

Remus não soube o que responder.

-Claro que eu iria lutar por você, Remus! –ela falou –Eu escolhi você, não escolhi. Eventualmente eu iria sim bater na porta da casa dele e dizer que se ele não pudesse aceitar o fato de que eu amo você e quero passar o resto da minha vida com você eu teria que sair da vida dele! Eu ia fazer isso Remus, mas ia ser quando eu estivesse pronta! Quando eu pudesse lidar com o desprezo nos olhos dele, saber que eu ia sair e não me arrepender nem pro um minuto! Não quando você achasse conveniente!

-Evy, eu não queria te magoar. –Remus falou, preocupado.

-Eu sei que não. –Evangeline falou, suavizando sua expressão, para deixar claro que não estava brava com o namorado –Eu não estou dizendo que foi isso, Remus. Eu só estou falando que no futuro você tem que tomar decisões baseadas no que eu quero também.

Remus abaixou os olhos para mesa.

-Você tem razão. –ele falou por fim –Me desculpe, Evangeline. Eu... Eu não pensei em nada disso. Eu só queria que... Nós não tivéssemos mais nada a esconder.

-Remus, as outras pessoas não importam. Eu não preciso que elas saibam. –ela falou, estendendo a mão pela mesa e tocando a dele –A única pessoa que eu não quero que esconda nada de mim é você. Porque é você que eu amo.

Remus segurou mais firme a mão de Evangeline que tocava a sua, então levou-a até seus lábios e beijou-a suavemente.

-Eu te amo também. –ele falou suavemente –Você me perdoa?

-Claro que sim. –ela sorriu –Eu não estava tão brava assim...

Remus deu um sorriso leve.

-Acho que você estava sim...

Evangeline revirou os olhos.

-Tem outro assunto sobre o qual eu preciso falar com você.

-O que? –ele perguntou curioso.

-O que você acha do Michael? –ela perguntou com cuidado.

-O irmãozinho da Elizabeth? –ele perguntou um tanto confuso –Eu gosto dele. É uma criança educada, além de bonita e esperta. A Elizabeth deve ter muito orgulho dele.

Evangeline mordiscou o lábio e pareceu pensar profundamente em algo.

-Você já pensou em ser pai? –ela perguntou com cuidado.

Remus olhou confuso para ela, antes de um enorme choque se espalhar por todo o rosto dele. Ele olhou da cara de Evangeline para a barriga dela.

-Não assim! –Evangeline falou desesperada ao perceber o que o namorado tinha entendido –Isso seria meio difícil, Remus, a não ser que seres humanos tivessem começado a se reproduzir por osmose!

-Verdade. –Remus falou, suspirando aliviado –Então por que a pergunta?

-A Elizabeth me pediu um favor.

-Que seria?

-Cuidar do Michael para ela por um tempo indefinido. –Evangeline falou de uma vez, como se isso fosse fazer tudo mais rápido.

Remus olhou para la no mais completo silêncio por alguns minutos.

-Como assim? –ele perguntou cuidadoso.

-Bom... A Elizabeth teve uma idéia meio absurda, a qual eu não aprovo de forma alguma, mas... –ela suspirou –Eu gosto muito dela e do Mike. Ela precisa de mim. Eu vou fazer o que ele me pediu. Eu vou cuidar dele.

-Como?

-Ela vai dar a guarda dele pra mim, significando que eu vou ter um certo dinheiro. E então eu vou levá-lo para Berlim comigo.

-Ah sim, o treinamento. –Remus falou tranqüilo.

-E quando você voltar da Austrália, do seu treinamento... Bom, daí a gente vê o que faz.

-Espera ai... –Remus falou –Pode ser que você fique com ele esse tempo todo? –Remus perguntou em choque.

Evangeline suspirou tristemente.

-Pode ser que eu fique com ele para sempre...

***

-Peter, bebê! –Lucianne pulou no pescoço do namorado.

Ela tinha visto ele andando distraidamente pelos corredores e a idéia de pegá-lo de surpresa tinha sido divertida demais para deixar passar em branco. Ela só não tinha conseguido se conter o bastante, antes de gritar o nome dele. O que ela não esperava era o tipo de reação que ele teve.

-AAAAAAAAAAAAAAH!

Peter pulou quase em pânico. Lucianne olhou para ele como se de repente seu namorado tivesse ficado azul. Fazia um tempo que ela percebia que Peter estava sempre assustado, ou preocupado, ou simplesmente estranho. Havia alguma coisa errada, mas ele nunca falava com ela sobre isso. Nem com os meninos. Ela já tentara perguntar a eles o que estava acontecendo, mas eles sabiam tanto quanto ela: nada.

-Lucianne! –Peter falou, ofegante pelo susto –Você quase me matou do coração! Você está louca?

Lucianne torceu o nariz.

-Também não precisa ficar tão bravo, Peter! Atualmente não está precisando muito para te assustar, você anda naturalmente assustado! Qual o seu problema? Dá pra me falar?

Peter ficou sério imediatamente.

-Não tem problema nenhum. –ele falou de forma defensiva.

-Ah tem problema algum, sim! E eu quero saber qual é –Lucianne exigiu irritada –Você não passa mais tempo comigo, você não fala mais comigo sobre nada, você está sempre assustado, ou apressado ou preocupado! O que está errado com você?

-Nada! –Peter protestou irritado –Não tem nada errado comigo! Será que você não vê?

-Você não me ama mais? É isso? –ela perguntou, os olhos já marejados –Você não me quer mais por perto? Você quer terminar.

Isso fez com que Peter parasse quase de respirar na hora.

-Não! –ele falou se recuperando –Não é isso! É claro que eu te amo, Lucianne. Eu te amo até mais do que eu amo a mim mesmo, você não vê?

-Então o que mudou? –Lucianne perguntou –E não diga que nada mudou! –ela falou quando viu Peter abrir a boca para retrucar –Eu não vou acreditar. Alguma coisa mudou!

Peter engoliu suas palavras. Sim, algo tinha mudado. Mas ele nunca poderia contar a Lucianne o que era. Ele não tinha coragem de falar que Elizabeth estava a um passo de traí-los e se juntar ao Lorde das Trevas, que vinha fazendo contato através de Regulus com os futuros Comensais. Que ele mesmo era um deles agora. Em breve ele estaria do lado do temido lorde numa luta para... Bom, ele não se importava com o que fosse acontecer com os outros, contanto que ele pudesse proteger Lucianne. Ela era a única coisa que importava.

-É a guerra, Lucianne... –ele falou por fim, optando por uma meia verdade –Eles falam que nada vai acontecer, mas eu tenho certeza de que vai. Os meninos pensam a mesma coisa. Uma guerra vai explodir e dividir o mundo bruxo. Eu tenho medo. Eu tenho mesmo. Medo por você, por meus amigos... Eu não quero que nada aconteça a vocês.

Lucianne sentiu seu coração derreter na mesma hora. Ela sabia que Peter tinha medo. Todos tinham agora. Seu pai estava querendo deixar a Inglaterra. Ele tinha medo que viessem atrás deles. Já havia muito tempo eles eram considerados altos traidores. Ela sabia que Lily também tinha medo por seus pais. O mundo bruxo inteiro estava com medo.

-Eu também tenho medo. –ela falou por fim, se aproximando dele –Eu tenho medo de perder quem eu amo. –ela segurou as mãos dele –Mas nós não podemos pensar nisso. Medo é o que faz aquele monstro mais forte. Medo é o que alimenta as guerras. Nós temos que nos agarrar com todas as forças ao que é bom e ao que nos une. Nesse momento mais do que nunca eu preciso de você.

Peter abraçou Lucianne.

-Eu te amo.

-Eu também te amo.

Enquanto Peter estava abraçado a Lucianne ele viu Lucius passar por eles e levantar uma sobrancelha de forma debochada. Eles tinham reunião essa noite... Ele tinha que abandonar Lucianne essa noite por eles de novo.

Mas era tudo por ela. Tudo para mantê-la a salvo.

***

Elizabeth estava andando pelos corredores da escola. Em busca de uma pessoa. Já era fim de tarde, as aulas já tinham acabado pelo dia.

O plano dela vinha progredindo lentamente. Ela estava em contato com os idiotas das trevas. Ela mal podia esperar pra matar aquele desgraçado meio-sangue nojento que tinha coragem de se chamar de lorde.

-Elizabeth.

Elizabeth apenas parou de andar esperando que Regulus a alcançasse.

-Você via na reunião hoje? –ele perguntou desconfortável.

-Vou. –ela deu de ombros –Se eu estiver de bom humor eu posso até fingir que estou ouvindo o que eles dizem.

Regulus deu uma risada seca.

-Você ainda vai matar todos eles de desespero.

-Quem dera fosse fácil assim. –ela falou tranqüila.

Dessa vez Regulus riu mesmo.

-Alguém está se sentindo cruel hoje. –ele provocou.

-Se eu fosse você eu circulava então. Minha irritação não é pra você hoje.

Regulus arqueou a sobrancelha,

-Então pra quem é?

-Ester.

Elizabeth arqueou a sobrancelha e Regulus virou-se deparando-se com Sirius se aproximando deles. O grifinório lançou um olhar assassino a Regulus.

-O que você está fazendo perto dela? –ele exigiu.

Regulus deu uma risada debochada. Então virou-se para Elizabeth.

-Entendi. –ele falou –Te vejo depois.

Elizabeth apenas fez um aceno para Regulus enquanto ele se afastava, então encarou Sirius.

-Eu estava procurando por você.

Sirius arqueou a sobrancelha, divertido.

-Me procurando? A que devo a honra?

-Não vamos conversar no meio do corredor. –ela falou olhando para os lados.

-Eu sei um bom lugar. –Sirius falou.

Eles andaram em silêncio lado a lado até uma tapeçaria, atrás da qual havia uma porta que levava a uma sala circular que tinha apenas uma janela, mas essa dava uma visão da lua.

Sirius estava analisando Elizabeth enquanto ela olhava a sala. O que será que ela queria com ele? Ele não tinha uma boa sensação. Principalmente depois de tê-la visto conversando com Regulus. Ele sabia que seu irmão estava metido em confusões. E ele sabia o tipo de pessoas com as quais Regulus andava. Estaria Elizabeth também envolvida com o clubinho das Trevas? Ele sinceramente queria acreditar que não. Mas ele não tinha certeza de mais nada.

-Então, o que você queria comigo? –ele perguntou, tentando esconder a ansiedade em sua voz.

Aparentemente Elizabeth tinha percebido.

-Homens... Sempre afoitos... –ela suspirou –Eu tenho um assunto sério a tratar com você. Eu falaria com o Potter, mas ele não entende tão bem como você. Ele não veio de uma familia como a nossa...

Nisso Sirius arqueou a sobrancelha.

-O que você quer dizer?

-Eu vou embora depois que o ano acabar. –ela falou sem delongas –Eu deixarei a guarda do Michael com a Evy e vou embora para onde quer que seja necessário. Eu não sei para onde eu vou, mas eu não vou mais ficar neutra nessa guerra.

-Você vai lutar contra? –ele quis saber.

-Para que outro lado eu lutaria? –ela perguntou dando de ombros –Mundo bruxo por mundo bruxo eu ainda prefiro ser livre. E ele não vai deixar ninguém viver em paz.

Eles ficaram em silêncio mais um tempo, antes de Sirius se cansar.

-Por que você está me contando isso? –ele quis saber.

-Você entenderia, o Potter não. –ela falou por fim –As meninas não entenderam, apenas Evangeline. A questão é que vocês têm que se cuidar. O Ministério está tentando esconder o avanço, as noticias do Profeta não são confiáveis. Eles estão deixando a população lutar as cegas contra um inimigo poderoso demais. Não sejam tolos. Voldemort pode ser louco, mas ele tem muito poder, não pensem diferente disso nem por um minuto.

-E como você sabe tudo isso? –Sirius perguntou.

-Eu achei que a essa altura já estaria óbvio. –ela falou revirando os olhos.

Sirius arregalou os olhos em choque.

-Você se uniu a eles! –ele falou, chocado.

-Parabéns, Black. –ela falou sarcástica –Quer um biscoitinho?

-Você está louca?

-É mais fácil quebrar a casa começando por dentro. –ela falou tranqüila –É o que eu vou fazer.

-Você não pode fazer isso. –ele falou irritado –É loucura. Se eles te pegarem você está morta.

-Black, eu vou falar isso só uma vez, está bem? –ela falou como se ele fosse estúpido –Eu não estou te pedindo permissão, eu só estou te dando uma in formação que vai ser muito útil. Ponto final.

-Então por que eu? –ele perguntou exasperado.

-Porque se tem alguém que pode entender essa vontade de fazer as coisas da forma certa, de compensar por uma familia inteira que tem um mau nome, esse alguém é você. Nós fomos criados no mesmo tipo de ninho de cobras e sobrevivemos. Só você pode entender o que eu sinto.

Sirius suspirou. É, ele entendia.

A vontade de mostrar que não era como os outros. Que não iria se misturar com as artes das trevas. De que não odiava trouxas, de que não tinha preconceitos... A vontade de ser simplesmente... Diferente.

-Mas e você? Vai voltar quando? –ele quis saber.

O olhar que ela lhe deu falava tudo.

-Tanto tempo assim? –ele falou irônico –Não tem nada que te traga de volta pra cá?

-Apenas o Michael, mas ele estará mais seguro longe de mim.

-Mais nada? –ele insistiu.

Ela balançou a cabeça.

-O mesmo serve para as meninas. Elas vão estar mais seguras longe de mim. Elas são como irmãs para mim, acho que por isso mesmo é melhor eu ir. –ela deu de ombros.

Sirius bufou frustrado.

-E eu, Elizabeth? Onde eu entro nisso tudo? –ele perguntou, já irritado.

Elizabeth bufou, levemente entediada. Bom, finalmente eles teriam essa conversa.

-Você entra como uma memória, Black. Nada mais. –ela falou séria –Eu nunca menti pra você e nem você pra mim. Ambos já sabemos que estivemos juntos naquela sala no Halloween, não tem porque negar isso. Claro que foi bom, eu não estou dizendo que não, mas começou e terminou naquela noite. E só.

Sirius não falou nada.

-Nada mudou de la para cá, Sirius. –ela falou sincera –Eu te respeito mais, disso você pode ter certeza, mas isso não faz de mim apaixonada por você. E vice-versa. Convenhamos, você não gosta de mim.

Sirius abriu a boca para retrucar, mas nada saiu. Ele olhou para o chão.

-Vamos, Sirius. –Elizabeth cutucou –Diga que você gosta de mim.

-Eu gosto de você. –ele falou.

-Por tudo o que eu sou? –ela insistiu –Minha familia, minhas idéias, meu jeito, meu poder? Tudo?

Existiam sim coisas que Sirius gostava nela. Os olhos, a pele, o cabelo... Mas ele odiava o jeito como ela deixava as pessoas de lado, odiava o jeito que ela só dava amor a Michael, odiava o fato de ela ser tão fria... Ele apenas... Gostava dela. Ele não a amava.

-Eu... Eu não gosto de você por inteiro. –ele admitiu por fim.

Elizabeth sorriu de forma compreensiva, o que era raro nela.

-Não, você não gosta. –ela falou de forma suave –Mas um dia você vai encontrar alguém de quem você goste, Sirius. –ela falou tranqüila –E que tenha o mau gosto de gostar de você também. –ela falou com um sorriso de canto de lábio –Até la continue sendo quem você é. Seus amigos têm sorte por terem você.

-Bom... –Sirius suspirou –Eu até te desejaria algo do tipo, mas se eu bem me lembro das nossas conversas não é isso que você quer.

-Exatamente. –ela deu um suave sorriso –Tenha uma boa vida, Sirius.

Elizabeth foi passar por Sirius para sair da sala, mas ele tinha outra idéia. Ele precisava ver se era isso mesmo. Se era o fim, se não existia mais nada para eles.

Ele a puxou pelo pulso, fazendo-a voltar para ele e colou seus lábios nos dela num beijo. No qual ele não sentiu absolutamente nada.

-Tenha uma boa vida, Elizabeth... –ele falou soltando o braço dela.

-Só mais uma coisa. –ela falou, parando na porta da sala –Cuidado com os amigos agora, Sirius. Você tem que escolher a dedo em quem vai confiar.

E se foi.

E Sirius achou que fosse ser pior que pudesse ser doloroso, mas na verdade não foi. Ele tinha finalmente percebido que ele estivera perseguindo uma lembrança. Aquela noite de Halloween com aquela garota de quem ele não sabia nada, nem o nome. Aquela não era Elizabeth. Aquela era sua dama de vermelho. E essa sim, seria eternamente sua.

***

-Bom, esse é o fim.

-Que poético, Lucianne. –Elizabeth falou irônica.

A Lufa revirou os olhos.

-Insensível. Essa é nossa formatura. Nós temos que ser poéticas! Vamos fazer um juramento de amizade eterna? –ela perguntou, claramente animada pela idéia.

Elizabeth revirou os olhos, decidindo ignorar totalmente a amiga.

Essa era a noite de formatura delas. O último dia em Hogwarts. Elas tinham se separado dos namorados, para um pequeno tempo entre as amigas. No momento elas estavam todas sentadas no ponto preferido delas perto do lago. A luz da lua se refletia de forma bonita nas águas tranqüilas, dando uma impressão de paz eterna ao lugar. Elas gostariam de que fosse verdade e não apenas uma ilusão da noite.

-Nós já temos um juramento. –Evangeline lembrou, levantando seu braço, exibindo a pulseira que era exatamente igual a das outras amigas.

-Então o que a gente tem pra fazer agora? –Lucianne perguntou emburrada.

Lily riu suavemente e passou o braço pelos ombros da amiga.

-Nós podemos simplesmente ficar juntas. –ela falou.

Lucianne sorriu alegre, antes de passar o braço pelo pescoço tanto de Lily quanto de Evangeline. A morena por sua vez passou o braço pelo pescoço de Elizabeth que deitou a cabeça no ombro da amiga.

-Como vai ser a vida daqui em diante? –Lily pensou alto.

-Pergunta pra Evy, a vidente é ela. –Lucianne falou.

-A vida vai ser perfeita. –a morena respondeu –Cheia de alegrias.

-Verdade? –Lucianne perguntou curiosa –Você viu isso?

Evangeline balançou a cabeça.

-Não, isso é o que eu desejo. –ela falou sincera.

As meninas ficaram em silêncio por um minuto.

-Mas tem uma coisa que eu vi. –ela falou com um sorriso divertido.

-O que? –Lily e Lucianne perguntaram ao mesmo tempo, curiosas.

Evangeline riu baixinho.

-Ele vai ter seus olhos, Lily, mas sinto dizer que o cabelo vai ser igual ao do Potter.

Lily olhou em choque para Evangeline.

-Do que você está falando? –ela perguntou confusa.

-Do Harry. –ela falou com um sorriso de canto de lábio –O futuro afilhado da Lu.

-Você está grávida? –Lucianne perguntou em choque.

-Não! –Lily falou rapidamente, para depois ficar pensativa.

-Xi... Tem razão para ficar preocupada Lily Evans? –Elizabeth provocou.

Lily corou inteira.

-AH Merlin! Ela tem! –Lucianne falou animada.

-Calem a boca. –a ruiva resmungou, ainda vermelha.

Elas caíram em silêncio mais uma vez.

-Sabe, eu sei que pode ser a última vez em muito tempo que a gente fala isso, mas... A vida não podia ser mais perfeita né? –Lucianne falou tranqüila.

-Não. Não podia. –Elizabeth falou.

-Valeu a pena sermos as boas meninas de Hogwarts? –Lily perguntou.

Um curto silêncio e então...

-Com certeza. –quatro vozes felizes, unidas, responderam.

FIM

***

N/A: Ai está, mais uma fic terminada. Muito obrigada a todos que me acompanharam até aqui! Isso é muito muito importante para mim!

Espero que vocês continuem acompanhando as outras fics!

Adoro vcs ^^

B-jão