E aqui estou eu meio ano depois. Pode até demorar mas não vou desistir dela porque ela já tem fim, só falta eu achar uma maneira legal de escrever. E Rebeca me cobra o fim dela também. Então, não é como se eu tivesse uma escolha. Lamento pela demora e espero que ainda estejam interessados em ler a fic.


Capítulo 08 - Interludium

Booth tinha razão, as coisas continuariam da maneira que já eram. No Jeffersonian ninguém ficou surpreso ao vê-los juntos. Do contrário, surpresos ficaram eles, ao ouvir os comentários de todos, que pensavam que eles já estivessem juntos há muito tempo. Aparentemente eles foram os últimos a ficar sabendo que eram apaixonados um pelo outro.

O que se seguiu após a resolução de ficarem juntos, foi um período de intensas descobertas e agradável adaptação, tanto de coisas triviais até as mais peculiares sobre os dois.

Temperance agora entendia que a atenção, o cuidado e o cavalheirismo que Booth sempre tivera com ela não eram sinal de machismo. Apenas uma resposta automática ligada diretamente aos sentimentos dele para com ela. E, por mais que ela soubesse se defender, era bom ter alguém se preocupando com ela.

Ela sabia do medo de palhaços dele, sabia que ele era um homem de fé, sabia que era um pai dedicado, que tinha o sorriso mais charmoso que ela já vira. Mas ela gostou quando ele confessou que as meias coloridas e as gravatas chamativas também tinham ligação com os sentimentos que ele tinha por ela. Sentimentos que por tanto tempo ele nutria, mas precisava sufocar. Ele, por sua vez, achava engraçado como ela tentava chamá-lo de Seeley ao invés de Booth, e sempre se confundia. Adorava como ela era uma boa massagista e sempre se aproveitava disso.

Durante todo esse tempo trabalhando e convivendo com ela diariamente, Booth já havia tido a oportunidade de observá-la em todos os ambientes imagináveis, fazendo todo o tipo de coisas, desde analisar ossos, chorar, sorrir, usar uma arma, xingar ou até espancar alguém. Porém, salvo algumas vezes que ele a flagrava cochilando no sofá do próprio escritório, Booth não tinha muita oportunidade de observá-la dormindo. E, depois de eles finalmente ficarem juntos, ele constatou que era só mais uma coisa que ela fazia e ele adorava observar. Quem a visse dormindo tão inocentemente, não poderia imaginar as coisas que ela era capaz de fazer acordada.

Eles costumavam discutir sobre há quanto tempo se amavam. Brennan alegava ter notado só no momento em que se beijaram na casa dele, Booth dizia que ela sempre o amou, desde o começo. Ela conseguiu negar até o dia em que ele a levou para um piquenique e, debaixo de uma árvore, leu todas as passagens dos livros dela, em que Andy agia como ele ou se parecia com ele. Booth leu trechos marcados de cada um dos livros, publicados desde que se conheceram. A cada trecho, ela o olhava torto, torcia o nariz e fazia uma cara feia, tentando argumentar de alguma forma, e nunca o convencia. Por fim, ela suspirou e admitiu que ele tinha provas suficientes e que o subconsciente demorou muito menos tempo pra entender que ela o amava.

No inverno, eles costumavam sentar na cama com a lareira acesa, com roupas leves e confortáveis, de frente um para o outro, enquanto conversavam trivialidades, riam e faziam jogos bobos como quem pisca primeiro, ou aguenta mais tempo sem rir das cócegas que o outro faz. Eles sempre acabavam rolando de rir e Booth sempre ganhava, pois o que ele queria na verdade era vê-la feliz.

Outras vezes eles jogavam scrabble, mas isso sempre os fazia discutir, já que Brennan ganhava disparado dele, escrevendo palavras enormes e complicadas em cinco segundos; enquanto ele levava uma hora para escrever coisas sem sentido, afirmando que a palavra existia de um filme. A discussão se estendia até ela perceber um olhar carinhoso e um sorriso charmoso dele; e olhando para o tabuleiro ela descobria um "Eu amo você" escrito. E, no momento seguinte, todas as peças voavam para o chão. E dessa vez quem ganhava era ela, pois era isso que ela queria desde o início.

Passeavam abraçados pela neve. Booth queria fazer anjo de neve e Brennan o chamava de infantil. Mas vendo-o sorrir de maneira convidativa, ela acabava sorrindo também quando ele iniciava uma guerra de bolas de neve que terminava com os dois caídos, um sobre o outro e um beijo caloroso que iniciava algo que eles terminavam no aconchego do apartamento de um deles.

Eles passaram a dormir juntos todos os dias, e quando dormia sozinha, ela acordava gelada durante a noite. Agora acordava quentinha envolta por ele, se sentindo aconchegada e protegida como não se sentia há muito tempo.

Em uma noite de verão, ambos sentaram do lado de fora observando o luar, para Booth dizer que era romântico e Brennan contradizer que um satélite não tinha nada de romântico, e que ela não entendia o porquê das pessoas pensarem assim. Mas a explicação sobre as leis da física e todas as teorias dela foram interrompidas por um beijo dele, e dessa maneira Booth a fez entender.

Mas, de todas as coisas que eles descobriram e vivenciaram nesse período, a que acarretou mais mudanças e surpresas foi justamente a que estava completamente ausente no tempo em que eram apenas parceiros. Ao contrário do que ela pensava, intimamente ele não era reprimido. Ao contrário do que ele pensava, ela não era apenas insaciável. Ela descobrira que fazer amor era muito diferente de fazer sexo apenas por prazer. Ele descobrira que um pouco mais de ação era apenas mais uma opção. E ambos descobriram, com o tempo, que a união dos dois, o modo gentil e o modo apaixonado, poderiam formar um meio termo perfeito.

Ele era bagunceiro, ela era organizada. Ele era sentimental, ela racional. Mas o amor que eles sentiam um pelo outro fazia com que todas essas diferenças entre os dois apenas fizesse com que eles se completassem. Estar sozinho só faz sentido para quem não tem quem te entenda e compreenda do fundo da alma. Eles continuavam sendo eles mesmos, sabiam quem eram, mas descobriram que eram muito mais felizes e completos juntos.

xoxoxo