Título – Hope

Resumo – Mudanças...Sempre havia visto um mundo cinza, mas o que o faria mudar de idéia? Seria apenas, a presença daquela seda cor de ouro? Ela o ensinaria a viver? Heero & Relena

Música do fanfics – You Found Me (Kelly Clarkson)

Música do capítulo – Live To Tell (Madonna)

Disclaimer – Gundam Wing não me pertence, embora eu aprecie muito a idéia de possuí-lo, mas, sou muito pobre para tal, então ficam eles lá com os lucros e eu, com o meu fanfics e meus reviews...

"Um garoto que não sabia sorrir e uma garota que não sabia chorar..."

Mudança 01 –Desejar?

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Olhava o movimento da rua. Pessoas entrando e saindo das lojas, conversando animadas. Suspirou. Tudo tão diferente de onde havia vindo. Ali, naquela pequena cidade, o movimento era muito mais escasso do que na grande cidade de Tóquio.

Para ele, tudo havia perdido um pouco de sua cor original. Não que achasse que o mundo era um lugar colorido ou alegre, longe disso. Para dizer a verdade, havia perdido as esperanças.

Quando criança havia perdido sua mãe em um acidente de carro, e agora, aos dezesseis anos, perdia o pai em um assalto. Não me restou muito a não ser morar na casa de um tio distante.

A verdade é que era um garoto frio, desde criança, ao perder sua mãe no acidente, desaprendera a sorrir. Seu pai, sempre trabalhando, nunca tinha tempo para lhe dar atenção. Crescera por conta própria. Outro fato que deixava impressionar era o fato de ele não ter chorado no enterro de meu pai.

Não sentira tristeza, por isso não chorara. Por que chorar?

Sim, ele era frio e solitário, mas nunca tinha parado para pensar no fato. Diferente dos outros de sua idade, nunca fizera amigos na escola, preferia estudar.

Também nunca havia almejado algo, realmente. Poderia se dizer que era um morto na terra, não tinha uma vida. Não chorava, não sorria, não desejava...

Apenas deixava o tempo passar...

Como se sua vida não fosse sua e apenas assistisse como um telespectador. O que eu não esperava era que, ali, naquela pequena cidadezinha, tudo estava prestes a mudar...

Levantou cedo, afinal, acordar tarde não era um de seus costumes. Tudo lhe parecia normal, as roupas e caixas empilhadas no chão, porque não havia tido tempo de arrumar ainda. O quarto também era improvisado, mas também não se importava.

O que pretendia fazer naquele dia em que descia as escadas? Arrumaria um emprego. Já estava grande o suficiente e não daria trabalho para seus tios. Pelo menos, era o que tinha decidido.

-Ei! – Chama seu primo – Onde está indo? Pensei que fôssemos ver o colégio para você estudar!

-Tenho uma coisa mais importante para fazer, não posso fazer isso agora – E depois de uma rápida pausa em que colocava o agasalho – Faremos amanhã, está bem?

O primo, como não tinha com o que contrariar, apenas faz um aceno positivo, que é seguido da porta batendo com força.

Passou o dia a procurar um emprego, mas nada é tão fácil assim. Afinal de contas, ainda tinha dezesseis anos nas costas e um colégio para ir. Mas era um garoto persistente, não desistia tão fácil.

Acaba por achar um emprego simples em um lugar modesto, como garçom. Não era o melhor dos empregos, admitia, mas não era o pior, era honrado e poderia ser "independente" o máximo que pudesse de seus tios.

De fardo, já bastava ter sido um para seu pai.

Sim, pois no fundo, apesar de tudo, era isso que se considerava. Um fardo. Em primeiro lugar, um causador de dor, por se considerar culpado pela morte de sua mãe e em segundo lugar, um fardo pesado para seu pai, que morreu sem sequer ligar. Era isso que achava, mesmo que negasse até para si mesmo...

Começaria em breve...

Os dias se passaram tediosos. Conheceu o colégio, começou a estudar e também, a trabalhar. Os dias se passavam em preto e branco até aquele dia em especial...

Limpava as mesas como de costume, pegava os pratos, mandava para a cozinha, e foi em um desses costumeiros movimentos que minha vida mudou, drasticamente.

Entrando pela porta, uma garota. Linda, tinha que admitir, mas não foi isso que deteve sua atenção, e sim, os cabelos. Sim, os cabelos. Uma cor de palha, mas com uma aparência de fios de ouro, aparentavam ser macios e eram muito brilhantes. Compridos e de aparência pesada, cobriam-lhe as costas. Jorrados como uma cascata.

Sim, eram um objeto de admiração.

Foi então que sentiu uma coisa que achava não possuir: Curiosidade. Quem seria a dona de tão lindos fios?

Foi quando ouviu comentando, dois garçons ao seu lado, sobre a garota dos cabelos. Um caso impossível, diziam. A garota mais desejada da cidade. Filha de um dono de uma casa de danças. Ela, como tal era professora em tal casa. Tímida, com um pai muito severo, era impossível de se aproximar, era o que diziam.

"A garota dos cabelos de seda. Foi assim que a apelidei. Mas, tão logo ela veio, ela se foi, e eu, voltei para a minha vida sem cor".

Escola, trabalho, provas e obrigações. Sem nem um dia se esquecer de seus cabelos, e foi apenas depois de duas semanas que ele voltou a vê-la.

Trabalhava em seu turno da noite. Estava próximo de fechar a loja, só terminava os preparativos finais. Uma garoa fina caia lá fora. E foi quando ela entrou. Estava diferente daquele dia, tremia um pouco e estava molhada.

Foi então, ao atende-la que notou. Os olhos, azul-celeste, eram tristes e profundos, e por um momento, a encara-los, identificou-se com ela.

Ela lhe entregou o dinheiro. Sua mão tremia, não sabia dizer se era do frio ou alguma outra coisa. Pegou o dinheiro e, em um instante, ela havia desaparecido pela porta, mas, havia o deixado com o troco. Apressou-se em correr atrás dela.

A essa altura, ela atravessava a rua, descuidada, e, se não fosse por ele, teria sido atingida por um carro. A empurrou e caíram do outro lado. A chuva se intensificava.

Ela corou, um vermelho forte, fazendo seus lindos cabelos ficarem ainda mais belos e depois, correu, não disse uma palavra, nem um "obrigada" ou um "saia daqui..."

Novamente, se via, no dia seguinte, logo após o término das aulas, sentado em um banco do colégio. Aquele colégio era tão grande, que, mesmo se estudasse lá uma vida, ainda não seria capaz de conhecer todos que ali estudavam.

Mesmo após o sinal tocar, fez questão de permanecer sentado. Não tinha por que se levantar. Hoje não trabalharia, a lanchonete estava fechada, ainda pensava no que fazer, quando alguém se senta ao seu lado.

-O-obrigada... – Era ela, com seus lindos cabelos de seda e sua voz de veludo, que ele nunca havia escutado anteriormente.

-Não há de que... – Sorriu – Mas da próxima vez que for se jogar na frente de um carro certifique-se que ele está parado está certo?

Ela sorri, um sorriso tímido, porém encantador.

-Então... – Ela dá uma pausa, como se esperasse que ele dissesse alguma coisa – O que você quer?

Ele não entende a pergunta, por isso, apenas fica olhando com cara de interrogação, com as sobrancelhas levemente erguidas.

-Sabe...Por salvar a minha vida. Eu não tenho muito a oferecer, mas, tudo o que quiser, eu farei...

Achou aquilo um absurdo! O que ela esperava que ele dissesse? Mas então, se lembrou de seu único, verdadeiro e primeiro desejo. Levantou sua mão e levou, com todo o cuidado para o rosto dela, que tremia, amedrontada.

-Posso encostar em seus cabelos de seda, minha princesa? – Ela se admirou e mostrou a cara surpresa, seguida de um sorriso sincero.

Foi então que, realizando o seu primeiro desejo, encostou naqueles cabelos de seda. Tão macios quanto pareciam, tão sedosos quanto pareciam, cheirosos...Aquele dourado encantador...Os fios de ouro...

-Temo que ainda não nos apresentamos – Ela disse, assim que soltou seus cabelos – Meu nome é Relena, Relena Peacecraft...

-E eu sou Heero...Yuy!

E foi assim que, sem saber, sua vida deu sua primeira reviravolta. De muitas que nem imaginava que estavam por vir.

Para começo de conversa, no dia seguinte, tudo parecia ter uma cor a mais, uma cor especial. Parecia que, pela primeira vez ele via o vermelho ou o rosa.

Acordou seu primo, Duo, como fazia todas as manhãs, ouviu ele xingando e lançando almofadas na sua direção, desceu e, tranqüilamente tomou seu café.

Depois daquilo, foi para escola, como todos os outros dias, ouvindo Duo reclamar sobre os uniformes, sobre ter de acordar cedo, sobre a torrada estar queimada, sobre o seu cabelo, que estava seco, e muitas outras coisas, as quais Heero não prestou atenção em nenhuma.

As aulas passaram, uma por uma, uma mais monótona que a outra... E depois das aulas, o trabalho passou, igualmente monótono... Tudo parecia cada vez mais monótono e o tempo parecia demorar cada vez mais para passar.

Foi quando o tempo voltou a girar novamente, ela entrou pela porta, tinha um sorriso no rosto. Sorriu de volta. Foi quando ela se virou, e ele viu, em seu rosto, um enorme aranhão, parecia fundo. Preocupou-se, o que era aquilo?

Depois do seu turno, deviam ser quase oito horas quando saiu, direto para a mesa onde estava sentada.

-O que é isso no seu rosto? – Se aproximou, mas quando ia encostar na ferida, ela se afasta. Parecia desconfortável.

-Não se preocupe, estou bem, isso não é nada – Lhe sorriu – Mesmo!

Mesmo desconfiado, resolveu ignorar, se ela não queria lhe contar, ele que não iria forçá-la! Ainda por cima, o machucado já havia sido cuidado. Mas, alguma coisa tinha de estranho. Não sabia dizer o que era.

-Por que veio me ver? Achei que não viria hoje, me disse que tinha aula.

-Eu tinha, mas, com esse machucado no rosto não poderei dar aula por algum tempo. – Ela sorri, um sorriso triste e sem vida.

Abaixei a cabeça, preocupado e descrente. Não que quisesse que ela, de uma hora para a outra confiasse nele, mas queria, apenas, que percebesse sua genuína preocupação.

-Tudo bem, quer sair? – Perguntou, mudando de assunto, evitando se preocupar, evitando ver a verdade...

Saímos, fomos a uma sorveteria. Sabiam que, tomando sorvete perderiam a vontade de jantar, mas, na realidade, não se preocupavam com o fato. A verdade é que apenas queriam estar juntos, na companhia um do outro, mesmo calados, era apenas isso.

-E então, o que tem de interessante para me contar sobre você? – Perguntei, me sentando ao seu lado, em um banquinho de praça

-Não há nada interessante para se saber sobre mim, não sou uma pessoa interessante... – Ela dá uma pausa, olha para as estrelas e prossegue – E você? O que tem para me dizer?

-Também não sou uma pessoa interessante...

Mentiam, sim, mentiam. Na verdade eram parecidos, sofredores, mártires. Sofriam calados, jamais pensando em revelar seus segredos pútridos que lhes tiravam o sono todos os dias.

-Engraçado – Ela continua a olhar o céu enquanto fala

-O que? – Perguntou, agora, também a olhar as estrelas, que brilhavam, felizes acima de nossas cabeças.

-Por um momento... – Ela pára e o encara – Pensei que estivesse morta

Olhou para ela descrente, não sabia o que falar, mas aí, as palavras certas o atingem, como um raio, transmitindo tudo o que pensava e sentia naquele momento.

-Nós dois achamos, nunca pensei que saberia o que é... Almejar...

E foi assim o seu primeiro beijo. Depois disso, seus lábios se aproximaram, as respirações pesadas, ofegantes. Os lábios se encontrando, primeiro, um contato leve, como um teste, que logo se tornou mais necessitado. Por instinto, as bocas se abriram, procurando um maior contato. Logo as línguas começaram a disputar por espaço, em bocas tão pequenas.

Sim, e foi com aquela garota de cabelos dourados que aprendeu a desejar, primeiro, o toque dos cabelos, e depois, algo mais, que não sabia como definir. Algo que o deixava preocupado e fazia seu peito apertar. Era tudo tão novo, o que estava a sentir?

E, pela primeira vez, sentiu o seu peito esquentar, um sentimento cálido, complexo e... Diferente... Seria uma... Mudança?


Pensei que nunca mais estaria aqui para conversar com vocês!
Confesso que tive problemas de todos os tipos, desde imaginação, até estudos, considerando que esse é o meu último ano, e também o temido ano de vestibular! uu
Não gosto nem de pensar no assunto...
De qualquer forma, essa fic estava no meu computador desde 2005, 2006 e só agora tive ânimo de terminá-la! xD
Ela tem quatro capítulo e já está completa!
Espero que gostem, pois ela me deu um trabalho e tanto!

Beijos e até o próximo capítulo!

25.07.2008