NA: Sailor Moon é copyright de Naoko Takeuchi. Sailor Estelar e seus personagens originais é copyright de Daphne Peçanha.

A Lenda do Cristal Estelar

Prólogo

As sombras dançavam nas paredes chamando a atenção da pessoa recostada em uma grande pilastra de mármore e cujos olhos azuis mexiam-se de acordo com qualquer movimento que indicava a presença de alguém além dela naquele corredor. Suspirou, cruzando os braços de modo a reter o calor do corpo e espantar o frio noturno. No céu escurecido e estrelado a lua cheia brilhava intensamente de modo que a sua luz deveria estar inspirando muitos poetas ao redor do mundo. Soltou mais um suspiro, desviando a sua atenção da lua brilhante e mirando seus olhos no chão e por isto não notou a presença atrás de si. Quando uma mão repousou em seu ombro a fazendo pular no mesmo lugar, prontamente virou-se sobre os pés para atacar seu agressor.

- Malachite! – gritou, levando a mão ao coração aos saltos. – Que diabos! – resmungou, soltando a respiração que havia prendido no susto enquanto mirava contrariada o general.

- O que faz aqui Estela? – o homem cruzou os braços sobre o peito em uma pose ameaçadora, franzindo as sobrancelhas em uma expressão séria de desagrado.

- Eu? Aqui? – a jovem soltou uma risada sem graça, coçando a cabeça num gesto nervoso. O olhar azulado de Malachite fixou-se no rosto arredondado da garota de maneira desconfiada e o franzir de suas sobrancelhas acentuou-se.

- Onde está o Príncipe Endymion? – perguntou com a voz grave e em um tom que exigia resposta imedia.

- O príncipe? – repetiu bestamente como se não fizesse idéia do que ele falava. Malachite encarou a jovem, a única guerreira mulher dentro da guarda pessoal do Príncipe da Terra, e esta recuou um passo.

Estela mordeu o lábio inferior e lançou um olhar para a lua cheia no céu e Malachite acompanhou este olhar, soltando um suspiro exasperado ao obter rapidamente a sua resposta. Novamente o príncipe estava no Milênio de Prata. Balançou a cabeça frustrado e soltou um tsc entre dentes.

- Quando ele voltar me avise. – disse para a jovem que deu um aceno positivo de cabeça, vendo o homem sumir nas sombras, e voltou seu olhar para a lua cheia.

Subitamente uma névoa densa tomou conta do local encobrindo a cena como uma cortina de fumaça. Uma brisa fria soprou, afastando a névoa e cedendo lugar a uma nova cena. Desta vez Estela encontrava-se prostrada ao lado do Príncipe Endymion. Os orbes azulados do homem miravam a garota ao seu lado trajando suas mais belas vestes de gala militar enquanto esperava com ele a comitiva que estava prestes a chegar. Observou divertido as mãos pequenas e aparentemente delicadas torcerem a barra do belo uniforme de maneira nervosa e sorriu. A jovem detestava roupas formais.

As portas do salão de recepção se abriram, fazendo a atenção de todos se voltar para a comitiva que era anunciada. Rapidamente a garota largou a sua roupa e empertigou-se para passar uma pose apresentável aos visitantes enquanto a realeza que liderava a comitiva parou em frente ao rei e a rainha da Terra e começaram a conversar o tradicional assunto que envolvia política e derivados.

Endymion deu um bocejo diante daquele papo enfadonho e mais do que depressa recebeu uma cotovelada nas costelas de Estela. Rapidamente virou-se para encará-la com uma careta contrariada, sendo recebido por um sorriso inocente. Sacudiu a cabeça em sinal de exasperação e ajeitou-se, voltando-se para os seus pais quando esses o chamaram o incluindo na conversa com os visitantes. Satisfeita por ter feito seu trabalho direito, Estela endireitou-se no lugar e rodou os olhos pelo salão apenas por segurança, a procura de qualquer ameaça escondida, quando percebeu estar sendo observada minuciosamente por um par de orbes cor de gelo. Sentiu um arrepio descer pela sua espinha e desviou o olhar incomodada.

Mais uma vez a névoa preencheu o lugar, nublando tudo por alguns minutos e quando a cena novamente clareou, Estela estava correndo por entre escombros, desviando de ataques e corpos de soldados caídbros, desviando de ataques e corpos de soldados cautos e quando a cena novamente clareou, Estela estava correndo por entre escos pelo chão e afogados em seu próprio sangue. Ignorou a visão de embrulhar o estômago e continuou o seu caminho decidida até que viu-se em frente a um enorme palácio que parecia feito de cristal e que com certeza já tinha visto dias melhores. Ao longe, no céu enegrecido que estendia-se atrás da construção, a Terra girava lentamente como se estivesse solitária na imensidão do Universo. Piscou os olhos, os desviando do planeta azul que parecia hipnotizar os desavisados em meio aquele caos e os percorreu pelas sacadas do palácio, até que viu passar em frente a uma das grandes janelas aquele que procurava.

Em um salto encontrou-se no parapeito da sacada e em outro estava dentro do palácio.

- Endymion! - gritou, fazendo o homem parar no meio do caminho e virar-se surpreso para ela. - Você perdeu o juízo? - correu até ele, lhe segurando o braço e começando a puxá-lo, mas o rapaz não moveu um músculo. - Nós vamos voltar para a Terra agora mesmo. - ordenou num tom autoritário. Sabia que estava abusando da sorte faltando com respeito dessa maneira a um superior e poderia ser punida por isso. Mas no momento hierarquia e ordem de comando era o que menos importava. A sua função era guardar o príncipe e era isto o que faria.

- Não! - respondeu sério, soltando-se do aperto da jovem. - Serenity precisa de mim! - atestou convicto e Estela sentiu vontade de arrancar os cabelos aos puxões.

- Ma-ma-mas você perdeu a cabeça?! - esbravejou indignada e ficou ainda mais irritada ao ver o sorriso paspalho no rosto do príncipe.

- De certa maneira. - retrucou Endymion em seu tom sempre pacato. - Cada um tem um destino a seguir e eu tenho o meu. - completou, dando as costas para ela para seguir seu caminho.

- Que é qual? Morrer pela Princesa da Lua? - gritou desesperada e o rapaz parou brevemente, dando um relance por cima do ombro para a amiga.

- Se for preciso. - terminou, virando-se e continuando o seu trajeto.

- Príncipe Endymion! Endy... - e ia partir para poder seguí-lo quando alguém a puxou pelo braço em direção a varanda. - Mas o que foi... - virou-se bruscamente, já invocando a sua espada apenas para ver-se encarando olhos cor de gelo. - O que quer? - rosnou entre dentes, frustrada por ter sido impedida de seguir o príncipe.

- Deixe-o ir. - a voz grossa e sussurrada chegou aos ouvidos dela, praticamente sendo abafada pelos estrondos, explosões e gritos da batalha que ocorria violentamente por todo o reino lunar.

- Mas... mas... - ainda tentou protestar mas a intensidade daquele olhar sobre si a fez fechar a boca num estalo. - E o que você faz aqui? - falou num tom acusador, estreitando os olhos na direção dele.

- Vim te tirar daqui. - respondeu curto e grosso e Estela arrancou o braço do aperto do homem.

- Eu não vou a lugar algum. Só saio daqui com Endymion em segurança...

- Você não percebe sua tola... está tudo perdido, o Milêncio de Prata está sucumbindo, Beryl não vai descansar até derrubar a última pilastra e matar o último lunariano daqui. - tentou segurá-la novamente para arrancá-la daquele lugar. A derrota era clara, ninguém se salvaria e Endymion estava disposto a morrer por sua amada, era uma batalha perdida.

- Mais um motivo para eu ficar. Eu vou aprisionar aquela infeliz na dimensão mais sombria, nem que isto seja a última coisa que eu faça na vida. - respondeu firmemente, o encarando diretamente e fazendo o homem recuar um passo diante da intensidade do olhar dela.

- Você não pode... - tentou discutir mas foi prontamente interrompido por uma explosão ensurdecedora que o fez pular sobre o corpo diminuto da jovem, a protegendo dos escombros voadores com seu físico avantajado. Quando a fumaça dissipou e a poeira abaixou, os dois voltaram-se para ver que o campo de batalha agora possuía dois novos corpos: o de Sailor Marte e Júpiter. As primeiras das senshis a sucumbirem a aquele ataque. - Estela... - falou em um tom suplicante e a expressão no rosto da garota amaciou um pouco.

- Eu sinto muito. - disse com pesar, percorrendo as pontas dos dedos levemente sobre a pele da bochecha do homem. Lentamente seus rostos começaram a se aproximar e quando os lábios estavam a poucos milímetros de distância, um grito agoniado pareceu sobrepor-se a confusão do embate:

- ENDYMION! - Estela rapidamente afastou-se num pulo e sentiu seu coração vir a boca. A presença do príncipe Endymion estava esvaindo de sua mente e não conseguia mais sentir a energia do rapaz que sempre estava atrelada aos seus guardiões por medida de segurança. Olhou horrorizada pelo caminho que ele seguiu e prontamente começou a se mover.

- ESTELA! - ele chamou e a jovem parou, virando-se indecisa sobre ficar com o homem ou ir socorrer seu senhor.

- Eu sinto muito. - e ofegou quando percebeu que o link que ligava os generais e ela ao príncipe encerrou-se de vez. - Não! - arregalou os olhos que começaram a ficar marejados. Sacudindo a cabeça em uma negativa ela foi se afastando do sujeito ainda parado na varanda que não se movia para impedir que ela se fosse e com um último grito de pesar - Não! - partiu as lágrimas de encontro ao príncipe, sabendo que esta seria a última vez que veria os dois homens mais importantes de sua vida.

Em seu quarto, iluminada pela luz da lua, Selene acordou num pulo com o peito arfante e os olhos largos enquanto lágrimas rolavam dos olhos azuis. Num estrondo, a porta abriu-se e luz preencheu o aposento, a cegando por alguns segundos e quando a sua visão voltou ao normal, viu o Rei Endymion caminhar a passos largos até a sua cama e sentar-se na sua frente com uma expressão extremamente preocupada no rosto .

- Selene o que houve? Ouvi você gritar. - disse calmamente, acariciando os cabelos negros da filha tão parecidos com os seus. Olhos claros e marejados o encararam por longos e enervantes segundos, como se o que vissem na sua frente fosse uma miragem, até que a garota jogou-se contra o peito do pai soluçando intensamente e o abraçando pela cintura.

Sem reação, Endymion apenas pôs-se a traçar círculos com as mãos nas costas da menina na tentativa de tranquilizá-la perguntando mais uma vez o que tinha acontecido.

- Nada pai, apenas um pesadelo... - respondeu numa voz sumida. - Apenas um pesadelo. - completou.

Continua...