Capitulo vinte e um: Brighton.
Nos capitulos anteriores:
-Você sabe que eu gosto dele, Lily. Não me faça sentir ainda pior do que eu já me sinto. Deixe-me ao menos conversar com ele. Não é como se eu estivesse pedindo por mais...
A voz de Sirius ressoou em minha mente:
Não é como se eu tivesse as duas. Não é como se eu quisesse. Pois pare de se preocupar.
Por um momento, ficou à distância apenas observando a cena. Do lado de fora da garagem dos Potter, que estava com o portão aberto, havia movimento e barulho. Enquanto olhava discretamente, com os olhos castanhos encobertos por óculos-de-sol, assim como os horrendos círculos roxos em volta dos olhos, causados pela noite que passara em claro indecisa se deveria ou não ir, Marlene ainda se perguntava se fizera a coisa certa. Teria continuado ali, estática, por mais alguns longos minutos não tivesse alguém a visto.
-Hey, Marlene! - James chamou-a, acenando. - Que bom que você pôde vir!
Marlene forçou um sorriso.
-É mesmo... - murmurou ela por entre os dentes cerrados.
Caminhou até onde estavam todos reunidos, os olhos nervosos procurando por uma pessoa em especial. Essa era outra vantagem de estar de óculos escuros, além de poder encobrir suas olheiras.
-Então, tem falado com a Lily? - perguntou James, simpático.
-Na verdade, não... - Marlene respondeu vagamente, enquanto varria o perímetro da garagem, ainda procurando por alguém. Avistou Frank e Alice e acenou para eles, distraidamente. Percebeu que Remus se movia em direção a ela e James e sorriu. Era impossível não sorrir para Remus. - Eu mandei um e-mail só pedindo as novidades e ela ainda não me respondeu... Mas ela deve ter te respondido, né?
James sorriu um pouco sem graça.
-Não tem problema, James. - Marlene sorriu. - Não é como se eu fosse ter uma crise de ciúmes por nada... - ela começou a dizer, mas, notando o quão horrivelmente amargurada soava, não conseguiu continuar. Em seguida, sorriu com mais força. - E você Remus, como anda?
Remus apenas deu de ombros.
-Normal.
-Ei, se você precisar conversar... - disse ela, genuinamente. Remus apenas sorriu em resposta. - Eu vou deixar minhas coisas no porta-malas... - acrescentou ela, dirigindo-se até o carro de Remus, que encontrava-se com o porta-malas aberto.
Sobressaltou-se ao encontrar Sirius sentado no bagageiro aberto. Por sorte, conseguiu disfarçar um pouco e abençoou os óculos escuros por isso. Sirius apenas lançou-lhe um olhar indolente e continuou fumando seu cigarro.
-Que maravilha! Tão cedo e já está intoxicando os pulmões! - exclamou Marlene, usando-se do sarcasmo para tentar esconder seu nervosismo.
Sirius apenas sorriu com o canto dos lábios. Marlene esperou que ele falasse algo, demorando-se para ajeitar sua bagagem no carro, mas Sirius permaneceu em silêncio. Então ela sentou-se a seu lado, dando uma certa distância e suspirou. Sirius continuou a simplesmente tragar seu cigarro e ignorar sua presença.
-Você sabe que a Mary odeia o cheiro dessa coisa... - comentou Marlene.
Sirius deu de ombros.
-Não é como se ela viesse.
Marlene tentou continuar casual com aquela descoberta, mas internamente sentia como se seu estômago tivesse acabado de entrar em erupção.
-Porque ela não vem? - perguntou Marlene.
Sirius deu mais uma tragada em seu cigarro antes de responder.
-Algo a ver com os pais dela não quererem que ela viajasse com o namorado. Ou só com adolescentes irresponsáveis, sei lá.
Marlene começou a se sentir abatida de repente. Sabia que devia ligar para Mary e ir direto para a casa dela, ou pelo menos desistir daquela viagem. Lembrou-se da discussão que tivera com a amiga há poucos dias atrás e achou que a erupção em seu estômago tivesse se tornado numa tsunami de suco estomacal. Ainda tinha todas as acusações que Mary fizera entaladas em sua garganta. E o que era pior... eram todas verdade. Sentiu que ficara em silêncio por tempo de mais, então simplesmente pulou para o assunto mais rápido que conseguira achar.
-Você sabe que isso vai te matar. - disse ela, irritada, indicando com o queixo o cigarro que Sirius estava fumando.
Sirius deu de ombros, jogou-o no chão e amassou-o com a sola do tênis. Em seguida, tirou os óculos de Marlene com um movimento súbito que fez com que ela se sobressaltasse instantaneamente, dobrou-os e pendurou-os no decote da blusa dela.
-Você sabe que o recomendado para uma vida saudável é dormir 8 horas ininterruptas de sono? - caçoou ele, analisando as profundas olheiras dela.
-Não é como se eu tivesse transformando meus pulmões em cinzas... - Marlene retrucou com um sorriso.
Sirius sorriu de volta, involuntariamente, um sorriso instantâneo. Os dois ficaram presos naquele momento até que algo os trouxe de volta à realidade.
-Sirius, você vai no carro comigo? - James perguntou, surpreendendo aos outros dois, quase como se tivesse caído de pára-quedas ali.
-Era o planejado?
James deu de ombros.
-Pode ser... Temos oito pessoas para dois carros, quatro pra cada, escolham qual carro vocês querem.
-Oito? - perguntou Sirius, pensativo.
-Sim, o David trouxe a Natalie com ele. - respondeu James, indicando os irmãos com o olhar.
Sirius não seguiu o olhar do amigo. Apenas deu de ombros e disse:
-Eu, Remus, Frank e Alice já tínhamos combinado de irmos juntos. Mas tanto faz.
James assentiu.
-Não tenho problemas com isso. Vamos eu, Marlene, David e Natalie no meu carro então.
Assim que James deu seu veredito Sirius apenas tirou um cigarro de seu bolso, acendendo-o prontamente com um isqueiro enquanto caminhava em direção ao banco do carona do carro de Remus. Marlene observou-o se afastar contidamente, sem conseguir conter internamente a decepção que seu aparente descaso causava. Tirou sua mochila do porta-malas de Remus para movê-la para o carro de James.
-Ei, deixa que eu carrego isso. - disse James, repentinamente, tirando a mochila das mãos de Marlene. Ele sorriu para ela de um jeito solícito, como alguém que havia notado a estranheza entre Marlene e Sirius. Marlene apenas abaixou o olhar, envergonhada.
Havia acabado de chegar lá e já estava metendo os pés pelas mãos. Não passara um segundo com Sirius sem o desejar mais do que nunca desejara algo ou alguém em sua vida. Passara menos segundos se sentindo culpada por causa de Mary, apesar de saber que era isso que o peso em seu coração significava.
Chegaram a Brighton em menos de duas horas. Decidiram fazer uma parada em uma lanchonete para comerem antes de irem para o local do festival, uma construção de formas irregulares estranhas e teto de palha no píer. Aparentemente, era um bar e também uma casa de shows muito famosa na cidade.
Uma vez que chegaram ao píer, os membros da banda começaram a descarregar seus instrumentos para em seguida irem se apresentar. Natalie, David e Marlene decidiram passear pelo píer e ver se havia algo interessante por ali. Para Natalie e Marlene, o mar em si já era algo interessante para se admirar.
-Fazia tanto tempo que eu não via o mar... - comentou Natalie com uma voz saudosa. - Você lembra daquela nossa viagem, David?
David sorriu.
-Claro que sim. Faz um bom tempo mesmo. Uns bons 3 anos.
Natalie assentiu pensativa e correspondeu o sorriso de seu irmão, embora mais contida.
-Lily, Mary e eu fizemos uma viagem para cá com nossas famílias uma vez. - Marlene comentou, de repente. - Ficamos indignadas de não poder vir com a escola e infernizamos a vida de nossos pais até eles concordarem em virem com a gente. Faz uns 5 anos. Parece que esse píer não mudou nada... Mas nós mudamos tanto.
-Devem ter se divertido muito. - Natalie disse.
-Vocês acham que é possível continuar uma amizade mesmo depois que todos mudaram tanto? - perguntou Marlene. - Há cinco anos éramos apenas meninas brincando na areia da praia. Não tínhamos mais nada em nossas mentes. Mas agora é tanta coisa...
David e Natalie ficaram em silêncio. Natalie parecia estar se esforçando muito para ter algo para dizer, mas o seu irmão apenas observava Marlene sem expressão, esperando que ela continuasse.
-Sei lá. - Marlene continuou, dando de ombros. - No fim parece que a vida separa as pessoas... Observando quem já passou por tudo isso, digo. Mas pra mim isso sempre me pareceu uma desculpa esfarrapada usada por gente fraca, sem força de vontade.
-Tem certas coisas que as pessoas são simplesmente incapazes de superar, por viverem no passado. - disse David. - Talvez seja isso, ou talvez eu esteja falando de algo completamente diferente do que você. - terminou ele com um sorriso sem graça.
Marlene sorriu de volta, tristemente.
-Eu acho que você me entendeu, David. Só não há muito o que dizer.
Ela deu as costas para os irmãos e se apoiou nas barras de madeira do píer, observando a serena ondulação do mar acinzentado, com a imagem de três garotinhas brincando nas areias daquela mesma praia há alguns anos atrás. O pai de Lily as observava de uma certa distância, enquanto os outros adultos estavam mais afastados sob uma barraquinha, conversando despreocupadamente.
-Marlene, acho que já começaram com a música. - disse David, apontando para o local onde seriam os shows. - Vamos entrar?
-Podem ir vocês dois. Eu vou ficar mais um tempo aqui. - disse ela.
-Você está bem? - perguntou David, preocupado. - Você sabe que esse humor sombrio e depressivo não combina com você, não é?
Marlene assentiu, sorrindo forçadamente.
-Estou bem. Gosto desse lugar, quero ficar mais um pouco aqui e depois vou entrar.
O resto do dia passou se arrastando lentamente. Marlene ficou um tempo que equivaleu a uma eternidade apenas encarando as ondas, se perguntando o que outros estavam fazendo e, também, o que ela deveria fazer. Quando finalmente começou a ouvir barulho de instrumentos decidiu sair do isolamento e procurar os outros.
David, Natalie e Alice estavam bem de frente ao palco, e eram os únicos ali. A pequena quantidade de pessoas que já havia chegado estava, em sua maioria, no bar. O resto conversava animadamente em um canto ou outro. James, Sirius, Remus e Frank estavam afinando seus instrumentos, já no palco.
-Eles vão ser os primeiros a tocar? - perguntou Marlene, surpresa. - Mas isso é péssimo, não tem quase ninguém aqui ainda...
Alice concordou com a cabeça, a expressão chateada. David deu de ombros.
-Bem, eles não deveriam nem estar aqui, então acho que é melhor que nada... - disse ele, em um tom de consolo. - Mas hey, quando eles começarem a tocar como eles tocam as pessoas vão começar a se aproximar. - acrescentou David, confiante, piscando de um olho e sorrindo.
Marlene deu-lhe um breve sorriso, assentindo.
-Não vai nem mostrar os dentes? - perguntou David desapontado.
Marlene se esforçou um pouco mais e deu-lhe um sorriso cheio de dentes, mas sem muito entusiasmo.
-Bem, isso teve mais a ver com você. Estamos quase lá.
-David, tem como você buscar uma cerveja pra mim? - pediu Alice, desviando sua atenção do namorado por alguns segundos e estendendo uma nota para David, o único maior de idade presente.
-Claro.
-Ei, pra mim também, por favor. - pediu Marlene quase que imediatamente.
-Okay. - concordou David. Em seguida, voltou-se para a irmã - Nat, você quer um refrigerante?
Natalie sorriu.
-Uma coca.
David partiu para um bar que estava agora mais cheio e enquanto ainda estava na fila, James se manifestou. Ajeitando o microfone em seu suporte, pesquisou as pessoas com o olhar. Reparando que estavam todos, com exceção dos próprios amigos, completamente alheios à presença de sua banda, deu de ombros e suspirou.
-Bem... - fez uma pausa para ajeitar a guitarra rente ao corpo. - Então... Um, dois, três, quatro!
O show teve curta duração já que a banda estava programada para apenas 20 minutos de palco, que foram preenchidos com 5 músicas presenciadas por pouquíssimas pessoas, mas que se animaram com o som. Marlene retirou-se ao início da primeira música, incapaz de continuar em pé ali encarando de maneira patética o baterista. Sentou-se no bar e permaneceu enchendo o copo de cerveja por tempo indeterminado. Como estava sozinha, hora ou outra algum cara tentava se aproximar, mas ela simplesmente ignorava.
-Hey.
Marlene virou-se para a pessoa que a chamara, já sabendo que era Sirius.
-Acho que você já bebeu o suficiente, não?
Ela deu de ombros.
-Eu conheço um lugar onde você pode descansar, vem. - disse ele, puxando-a pelo braço.
Marlene chegou a abrir a boca para protestar, mas não encontrou nada para dizer. Não ligava se ele estava controlando o quanto ela bebia ou guiando-a para algum lugar desconhecido, estava apenas aliviada por ele finalmente falar com ela. Eles subiram as escadas e Sirius abriu uma porta no final do corredor.
-Parece que você está sempre tentando me ajudar... - admitiu Marlene, um pouco chateada, recostando-se em um móvel de madeira descascada que parecia meio instável, e não apenas por causa da quantidade de álcool que ela havia ingerido até então. Sirius deu de ombros.
-Alguém tem que fazê-lo. - respondeu ele, casual.
Marlene deu as costas para ele, sob o pretexto de examinar o aposento em que estavam. Tratava-se de um quarto de despejo, basicamente. Aos cantos, ela via umas guitarras e violões com cordas arrebentadas, baquetas quebradas largadas de qualquer jeito, caixas pretas que serviam para transportar instrumentos estavam empilhadas aleatoriamente e pareciam correr sério risco de desmoronar a qualquer instante. Havia também um sofá cujo pouco forro que ainda lhe restava estava desbotado. Marlene dirigiu-se até ele e sentou, sentindo-se desconfortável, mas não surpresa, ao sentir uma mola espetando sua coxa.
-Bem, valeu. Eu estou meio cansada mesmo. Acho que não deveria ter vindo nessa viagem, não to de bom humor. - disse ela, fitando o chão, incomodada, incapaz de encará-lo diretamente,
Sirius se aproximou, com as mãos nos bolsos, ainda sem realizar contato visual, e sentou-se ao lado dela no sofá, ainda que um pouco afastado. Limitou-se a dar um riso abafado, sem comentar nada. Sua mente estava a mil, ele pensara em diversas coisas que poderia dizer; entretanto, sabia que nenhuma delas seria apropriada.
-Você não deve me culpar pelo que estou prestes a dizer. - começou Marlene,relutante, mas sentindo-se cada vez mais aliviada a medida que falava. - A culpa é em parte do álcool que eu ingeri esta noite e em parte sua. Sua por nos deixar nesse silêncio horripilante que me obriga a arranjar algo para dizer e também por, além de Lily, ser a única pessoa com a qual eu posso falar de absolutamente tudo. Como eu não tenho a Lily aqui comigo, eu vou precisar da sua ajuda, Sirius. - ela acrescentou a última frase com a voz começando a embargar. Eu preciso de ajuda, pensou ela, à beira do desespero. - Eu preciso de ajuda, porque eu não consigo parar de pensar em você. Eu não consigo parar de me arrepender por tê-lo deixado escapar. Eu não consigo deixar de desejar - nem por um instante - que você estivesse comigo e não com a Mary. - e a última de suas confissões foi o estopim. Marlene não conseguiu segurar as lágrimas, por mais que quisesse escondê-las dele. Levou sua cabeça até as mãos, então as mãos aos cantos dos olhos e enxugou-as rapidamente. Contudo, não conseguiu parar de chorar.
-Eu não sei o que fazer. - admitiu Sirius. - Eu vim tentando durante todo o dia me manter distante, por que achei que era o melhor para mim, mas estou me segurando com todas as minhas forças para não abraçá-la.
Marlene levantou os olhos para ele e, pela primeira vez desde que haviam adentrado a sala, fitaram-se demoradamente. Sirius projetou seu rosto para frente, ficando a quase 5 centímetros de proximidade do dela, seus narizes quase se roçando enquanto sentiam a respiração um do outro. Ela, por sua vez, reuniu todo autocontrole que encontrou em si para não vencer aquela distância que sabia que deveria ser intransponível. Sirius continuou imóvel, deixando a decisão por conta dela, ou talvez ainda tentando decidir por si próprio. Marlene aproximou-se, não para beijá-lo, mas para a abraçá-lo, deixando sua bochecha úmida contra a bochecha quente dele. Permaneceram daquela maneira, fazendo carícias mínimas, contidas, com a esperança de que pudessem ser capazes de resistir, com a ilusão de que talvez não estivessem errados, de que o que estavam fazendo era inofensivo. O coração dela batia lento e pesado, espalhando a angústia pelo resto de seu corpo, angústia essa que se misturava com o desejo. O coração dele batia sossegado; ele fechou os olhos por breves instantes e soube qual era sua escolha. Descobriu que, apesar de tudo o que havia acontecido nos últimos meses, ele não havia conseguido - sua escolha permanecia intacta. Tinha sido Marlene, a princípio, e ainda continuava sendo ela. Segurou o rosto dela entre suas mãos e beijou-a demoradamente. Afastou-se de modo a poder olhá-la, certificar-se que aquilo não era apenas mais um sonho. E não era. Lá estava ela, com os mesmos olhos vermelhos de instantes atrás, o mesmo olhar esverdeado intenso, o mesmo comprimir dos lábios culpado. Sirius continuou olhando-a, esperando por sua decisão. Agora ele sabia que era isso que deveria ter feito há meses atrás, em vez de ter se precipitado daquela maneira. Marlene então deu-lhe sua resposta mal pensada: um beijo breve, ainda indeciso.
-Você está indeciso? - perguntou ela, temerosa. Sirius balançou a cabeça negativamente e sorriu, acariciando os cabelos dela. -Mas você parece hesitante, como se estivesse se sentido culpado. - acrescentou Marlene.
-Eu não estou. - respondeu ele, simplesmente. - Por mais horrível que isso soe. - ele fez uma pausa demorada até que se explicasse: - Eu sei que você está se sentindo culpada. Se você simplesmente fizer isso sem pensar a respeito, sei que vai se sentir muito culpada depois. E eu não quero que isso aconteça, pois isso não seria bom para nenhum de nós. - ele beijou-a na bochecha. - Eu só quero que você seja feliz, Lene. Mas em todas as situações possíveis que eu imagino, eu sempre vejo uma causa para sua infelicidade. Sei que você não aguentaria viver com a culpa. Mary é sua melhor amiga.
E a simples menção ao nome dela fez com que Marlene se encolhesse, tirando os braços que envolviam Sirius de perto dele.
-Por que você tinha que fazer isso? - perguntou ela, subitamente irritada. - Não jogue tudo pra cima de mim, não diga que não sente culpa! Não aja como se só eu fosse magoá-la... Como se você estivesse perfeitamente confortável em traí-la. Por que não se aproveitou da situação para conseguir o que queria?
Sirius revirou os olhos, suspirando.
-Eu já te disse uma vez que as pessoas que mais me irritam são os aproveitadores. Eu não consigo algo por estar me aproveitando de alguma garota, eu consigo por que ela geralmente quer. E eu sei que você quer, Marlene, mas eu sei também que assim que você acordar amanhã você vai se lembrar de Mary e desejar que nunca tivesse cedido. E sabe o que vai acontecer depois que perceber isso? Vai fazer comigo exatamente o que você fez da última vez. Vai se afastar, achando que de alguma maneira isso vai te redimir perante a Mary. Mas você sabe que dessa vez isso é impossível, que a história é mais complicada do que antes. E eu sei que você tem uma escolha difícil a fazer. Então estou te dando espaço para que você a faça. Porque, pra falar a verdade, Marlene, eu também preciso de ajuda. Porque mesmo estando em um relacionamento com uma garota maravilhosa, eu não consigo parar de pensar em você, eu não consigo parar de me arrepender por ter sido um idiota precipitado - e eu não consigo parar de querer estar com você... apesar de estar com ela.
Marlene continuou a encará-lo, incapaz de acreditar no que acabara de ouvir. Infelizmente, também incapaz de tomar alguma decisão.
-Você sabe que eu já me decidi. - concluiu Sirius. - Eu me decidi no dia da festa da Judith. Por que você acha que eu estava lá quando você precisava? Coincidência? Pelo que eu saiba, a Mary também estava disponível naquele dia. Mas todo mundo sabe quem eu escolhi, Marlene. Acontece que, depois daquilo, eu também escolhi que não iria esperar por você para sempre, enquanto eu ficava me lamentando por você não me achar bom o suficiente. Infelizmente, eu não acho ninguém além de você bom o suficiente.
Sirius suspirou assim que terminou de falar, cansado. Aproximou-se e deu-lhe um beijo breve, para em seguida se levantar e caminhar em direção à porta. Marlene começou a tremer, enquanto tentava controlar as lágrimas que saltavam para fora de seus olhos.
-Você sabe que eu não posso fazer isso com a Mary. - admitiu ela, enfim, com um fio de voz. Sirius olhou-a por cima dos ombros e deu-lhe um sorriso triste.
-Mas como pode fazer isso com si mesma?
Então deixou a sala, sem esperar por uma resposta dela.
N/A: Não tenho muito a dizer sobre a demora... Só que eu realmente quero terminar essa fic. Agradeço a todas as reviews, sempre. É bom saber que tem gente apreciando o que eu escrevo e querendo que eu continue escrevendo. Esse ano foi meio difícil pra mim e eu posso dizer que meio que me perdi de muitas coisas, inclusive da escrita, principalmente da escrita dessa fic... Mas pretendo continuar.
Qualquer erro espero que voces relevem, porque eu não revisei o capitulo, hehe. Mas espero que vocês tenham gostado. E se alguém ainda for mandar review, lutem pelo seus ships! Sirius com Marlene ou com Mary? E o Remus? E o David? E a Natalie? E o Frank e a Alice? (Ok, eu acho que não vou mexer com os dois, mas mesmo assim, se voces quiserem se manifestar a respeito, HE) Enfim.