Haruno Sakura era um bela jovem de 20 anos. Segunda melhor médica-ninja de Konoha – perdia apenas para Tsunade – a garota era amada e admirada na vila em que vivia. Há cerca de um ano Sakura havia se tornado membro da ANBU juntamente com Uzumaki Naruto e Sai fazendo com que Hatake Kakashi ficasse extremamente orgulhoso. Em várias missões Sakura provara sua competência ao salvar seus companheiros com seus conhecimentos médicos. Muitos na vila ousavam dizer que a jovem era a maior kunoichi da história de Konoha.
Apesar dos elogios, Sakura se mantinha humilde e ainda era aluna de Tsunade. A Hokage tinha plena consciência de que em muito breve sua discípula a superaria, mas enquanto esse dia não chegava a loira passava para a aluna tudo o que sabia.
Além de ser muito inteligente, a aprendiz da Hokage também era bem popular. Quando não estava fora em missões, Sakura gostava de sair com os amigos. Além disso, por ser bela, a moça também possuía muitos pretendentes e embora ninguém na vila chamasse sua atenção, ela ocasionalmente saía com alguns rapazes.
Assim, Sakura não tinha o que reclamar da vida. Era inteligente, bonita, popular e muito querida por todos. Podia-se dizer que a jovem tinha uma vida perfeita. Era o que achavam. Exceto a própria Sakura.
Apesar de todas as coisas boas que aconteciam com ela, a moça não se sentia completa. Não totalmente. Ela estava realizada na vida profissional. Estava realizada com os amigos. Mas na vida amorosa...
A jovem sempre fora romântica. No passado, havia sido capaz de deixar o cabelo crescer por amor. Esteve disposta a largar tudo por amor. E o que acontecera? Fora rejeitada pela única pessoa que ela amara. Desde aquele dia, seu coração ganhara um ferimento que até hoje ninguém fora capaz de curar. Nenhum dos seus pretendentes havia conseguido substituir Uchiha Sasuke. E ela sabia que isso jamais aconteceria.
Apesar de ainda sofrer por amor, Sakura tentava seguir em frente da melhor maneira possível. Dedicava-se à vila, aos amigos, aos estudos e à família. Passava a maior parte do tempo em missões arriscadas pois, assim, pelo menos, ela esquecia um pouco seu amado. Um pouco...
A jovem de cabelos rosados pensava em sua vida quando uma voz tirou-a de seus devaneios. Era Shizune, uma de suas melhores amigas e companheira de batalhas em salas de cirurgia.
- Sakura, Tsunade-sama quer vê-la.
A outra arqueou uma sobrancelha.
- Você sabe o que ela quer, Shizune?
Shizune deu de ombros.
- Provavelmente é alguma missão. – ela disse.
- Raios! – Sakura exclamou irritada levantando-se – Já não basta ser chamada ao hospital no meu dia de folga!
Shizune riu. Sakura continuava com aquele temperamento de sempre. Definitivamente algumas coisas não mudam jamais...
Sakura caminhou lentamente até o escritório da Godaime. Não estava nem um pouco afim de ser mandada para uma missão. Tudo o que ela queria era tomar um bom banho, entrar debaixo das cobertas e procurar um bom filme para assistir na televisão.
Chegando ao escritório, a kunoichi bateu duas vezes na porta e aguardou a ordem para entrar. Quando esta veio, a mulher abriu lentamente a porta já imaginando o tipo de missão que receberia. Ouviu ao longe uma trovoada e os pingos de chuva que começavam a cair. Estava exausta, receberia uma missão no seu dia de folga sendo mandada para longe debaixo de uma chuva torrencial. As coisas não poderiam ficar piores, poderiam?
- Sakura! Que bom que você será a nossa médica-ninja! – a kunoichi ouviu Genma falar.
Sim, definitivamente as coisas podiam ficar piores.
A chuva torrencial continuou durante os três dias seguintes. A missão já havia terminado e agora eles se dirigiam de volta para Konoha. A tarefa que haviam lhes designado fora relativamente fácil. Terminando antes do previsto, os shinobis mal viam a hora de voltar. Sakura esperava esse momento anciosamente para aí quem sabe finalmente descansar.
O time se encontrava em um pequeno vilarejo perto da fronteira do País do Fogo. Resolveram descansar antes de continuarem a viagem. Ensopados, os shinobis se dirigiram para uma pensão e fizeram suas reservas. Genma insistia para que Sakura dividisse o quarto com ele. O rapaz só parou quando Asuma lhe deu uma bronca.
Agradecida por Asuma ter feito Genma parar de pertubá-la, Sakura se dirigiu para o seu quarto. Lentamente ela se despiu e foi até o banheiro. Abriu a torneira e enquanto esperava a água esquentar, se recostou no azulejo fazendo um arrepio percorrer o seu corpo devido ao toque gelado. Fitou o teto branco. Onde será que Sasuke estava naquele momento? O quê ele estaria fazendo? Será que ainda pensava na vila? Será que ainda pensava no seu antigo time? Tantos anos haviam se passado. Será que ele ainda se recordava dos rostos que outrora foram dos seus amigos? Será que ele ainda se recordava do rosto dela?
Suspirando, Sakura entrou debaixo da ducha quente. O vapor embaçava tudo a sua volta. Ela sentiu a sensação gostosa da quentura em sua pele. E por breves segundos desejou que aquela sensação estivesse sendo provocada por Uchiha Sasuke.
Após sair do banho, Sakura foi procurar seus companheiros. Não os encontrando em seus respectivos quartos, a kunoichi foi até a recepção. O simpático senhor lhe disse que seus amigos haviam saído para beber e que haviam dito que voltariam tarde que era para ela não se preocupar.
- Homens... – Sakura resmungou olhando a chuva cair lá fora.
Decidiu então ir deitar mais cedo. Estava quase alcançando as escadas quando uma voz conhecida a parou.
- Eu gostaria de um quarto.
- Pois não, senhor. Qual é o seu nome?
- O meu nome não interessa.
Sakura não podia acreditar no que estava acontecendo. Lentamente, ela se virou para ter certeza de quem era aquela voz. Só havia uma pessoa que falava daquele jeito frio e arrogante. Com a respiração já curta, o coração acelerado, ela virou-se para encarar Uchiha Sasuke.
- Sa-Sasuke?
O Uchiha virou-se em direção de quem falara seu nome. Ao ver a jovem mulher a sua frente, os olhos negros do rapaz tremeluziram momentaneamente.
- Ah! Há quanto tempo, Sakura! – ele disse indiferentemente.
Sakura sentia suas pernas bambas. O coração parecia que ia pular fora da sua garganta a qualquer instante. As mãos estavam suadas e ela tentava inutilmente secá-las nas vestes.
- Como você está? – ele perguntou em um tom que deixava claro que não estava nem um pouco interessado em como ela estava passando.
Sakura abriu a boca para responder mas nada saiu. Estava confusa. As palavras de Sasuke eram frias e indiferentes. Então por quê seus olhos a miravam com tanta curiosidade e interesse?
Momentaneamente, Sasuke ergueu a sobrancelha esquerda. Logo em seguida virou-se para o velho.
- Meu quarto?
O senhor, que até aquele momento estava observando o desenrolar da situação com imensa curiosidade, levou um susto com a pergunta do rapaz.
- Perdão?
- Meu quarto. – o Uchiha respondeu impaciente.
- Oh, sim! – o velho disse sem-graça – Aqui estão as chaves.
Sasuke pegou as chaves e passou por Sakura como se ela não estivesse ali. Chocada, demorou alguns instantes para a jovem absorver tudo o que estava acontecendo. Ela só conseguiu falar quando o rapaz já estava no alto da escada.
- Sasuke! – ela o chamou.
O rapaz parou e virou-se parcialmente esperando a mulher continuar.
- Se-Será que podemos conversar?
Sasuke virou-se totalmente para encarar a moça lá do alto da escada. As sobrancelhas estavam erguidas e ele olhava a jovem lá embaixo enigmaticamente.
- Não temos nada para conversar. – ele disse.
Sakura engoliu a saliva e o encarou decidida.
- Por favor. – ela disse firme.
Alguns segundos se passaram enquanto os dois só se encaravam.
- Cinco minutos. – o rapaz falou por fim.
Sakura então subiu as escadas seguindo o antigo companheiro. O quarto do Uchiha era o último do corredor. Enquanto Sasuke abria calmamente a porta do seu quarto, atrás dele, Sakura, muito nervosa, pensava no que iria falar. Ambos entraram no recinto e o rapaz indicou uma cadeira para Sakura sentar. A moça sentou-se e viu Sasuke recostar-se na parede e cruzar os braços enquanto olhava-a fixamente esperando que ela começasse a falar. Sakura engoliu em seco. Não sabia ao certo por onde começar.
- Eu não tenho o dia todo. – Sasuke falou friamente.
- Sasuke-kun...
- Não me chame assim – ele a interrompeu – Não sou mais um garotinho.
- Desculpe. Sasuke, eu realmente não esperava te encontrar aqui tão perto de Konoha.
- Tenho assuntos a tratar por aqui. – ele meramente respondeu.
- Entendo. – ela disse baixando o olhar. Por uma fração de segundo tivera a esperança de que ele estava ali por causa dos seus antigos companheiros. Por causa dela...
Seguiu-se alguns instantes de silêncio entre os dois em que Sasuke mirava Sakura e esta por sua vez olhava o chão ligeiramente empoeirado.
- Eu achei que você estava voltando para casa. Para seus amigos. Para mim...
Silêncio.
- Achou errado. Eu não tenho casa. Eu não tenho amigos.
- Mas tem a mim! – Sakura exclamou levantando-se rapidamente. Lágrimas brotavam de seus lindos olhos verdes. – Isso não é suficiente?
Sasuke não respondeu. Não obtendo resposta, a jovem resolveu continuar a falar.
- Eu sempre te amei, Sasuke. Ainda te amo! Se ter uma casa não é suficiente então que o motivo de sua volta seja alguém! Seja eu! Eu que tanto te amei, que tanto te amo e que faria qualquer coisa para ter você ao meu lado! – agora as lágrimas rolavam pela pele alva da jovem.
Sasuke ouvia a tudo imparcial. Parecia que as palavras da kunoichi não o afetavam.
- Fale alguma coisa! – ela gritou desesperada – Por favor, fale alguma coisa!
- Você fala muita besteira. – ela ouviu ele dizer e no instante seguinte percebera que seus lábios estavam colados aos dele.
O mundo pareceu parar naquele instante. Ela não podia acreditar que estava beijando Uchiha Sasuke. Que havia sido ele quem começara aquele beijo. Por anos ela anciara por aquele momento. Por anos ela imaginara como seria o toque dos seus lábios. Imaginara qual gosto a boca do rapaz teria. E agora tudo era real. Ela realmente estava beijando a boca do rapaz. Agora era sabia qual era o gosto que ele tinha: menta.
Sakura sentiu os braços dele em volta de sua cinura. Sentiu ele puxá-la para mais perto. Sentiu o calor que emanava do corpo do jovem rapaz. Instintivamente, ela passou os braços em volta do pescoço dele e aprofundou o beijo. Ouviu um gemido abafado vindo do jovem Uchiha. Sakura passou então as mãos delicadas pelos cabelos negros e macios do rapaz. Aquilo tudo era tão bom. Nem parecia real.
A língua dele era exigente. Aquilo era selvagem. Selvagem como o próprio Uchiha era. As bocas se descolaram e Sakura sentiu os lábios de Sasuke se aproximarem de seu ouvido. Ao falar, o bafo quente tocou o nódulo de sua orelha fazendo um arrepio gostoso percorrer todo o seu frágil corpo.
- Fique comigo esta noite, Sakura.
A jovem fechou os olhos totalmente embriagada por aquele momento. A chuva caía torrencialmente lá fora. Mas parecia que os ocupantes do último quarto daquela pensão não a notavam. Não havia nada fora das parades daquele quarto. Simplesmente nada.
Incrivelmente o dia amanhecera claro depois da forte chuva que caíra na madrugada anterior. Aconchegada debaixo das cobertas, Sakura foi despertando lentamente. Abriu um olho, depois o outro. Sentou-se no futon e espreguiçou-se. Bocejou e olhou em volta não reconhecendo onde estava. Não parecia ser o quarto que alugara. Demorou alguns instantes até ela entender o que tinha acontecido. Corada, olhou em volta procurando algum sinal de Sasuke mas o rapaz havia sumido. Desesperada, a moça desceu até a recepção.
- Aquele rapaz antipático? Ele foi embora logo cedo. – o velho respondeu.
Deprimida, Sakura voltou para o seu próprio quarto. Entrou no banheiro e foi direto para a ducha. Sentia-se péssima. Sasuke a usara como um objeto. Um simples objeto que deveria entretê-lo naquela noite chuvosa de verão. Uma vez satisfeito, ele a jogara fora. Abandonara-a sem nem ao menos se despedir. Tão típico dele...
Durante todo o restante da viagem de volta, Sakura permaneceu calada. Nem mesmo as investidas de Genma surtiram algum efeito na jovem. Sakura estava apática.
Ao voltar para a vila, a kunoichi se despediu dos companheiros e seguiu para casa. Havia pedido para Asuma entregar o relatório para Tsunade. Chegando em seu apartamento, a jovem foi direto para o quarto. Jogou-se na cama e chorou. Chorou como nunca tinha chorado antes.
Os dias passaram e Sakura continuava apática. Estava sempre com um semblante triste, mal falava e quase não comia. Preocupados, seus amigos tentavam arrancar a verdade da jovem. Em vão. Sakura não parecia disposta a repartir sua angústia com ninguém. Nem mesmo com seu melhor amigo, Naruto.
Seu rendimento nas cirurgias também havia decaído preocupando imensamente a Godaime. Mais de uma vez Tsunade chamara Sakura em seu escritório para conversarem mas a jovem kunoichi não colaborara muito.
Os dias se tornaram semanas e a depressão de Sakura parecera piorar. Agora, o pouco que a jovem comia era colocado para fora. Estava mais indisposta do que nunca e muito mais sensível.
E foi com um grande choque que Sakura percebera que sua mestruação não havia vindo. Há tempos ela suspeitava dos sintomas que estava apresentando. Ela era médica. Tinha noção do que estava acontecendo. A não vinda da sua mestruação confirmou o que ela suspeitava: estava grávida de Uchiha Sasuke.
Os boatos sobre a gravidez da kunoichi mais forte de Konoha corriam soltos pela vila. Uns diziam que o pai era um cliente que ela escoltara em uma missão. Outros que era um civil da própria vila. E havia quem dissesse que quem engravidara Sakura havia sido um de seus companheiros da ANBU.
- Isso é um absurdo! Como eles têm coragem de dizer tal coisa? – Naruto gritava revoltado.
- Acalme-se, Naruto. – Kakashi dizia.
- Como eu posso me acalmar? Dizem por aí que fui eu quem engravidei a Sakura-chan!
- Dizem o mesmo de mim e nem por isso eu fico nervosinho. – Kakashi falava sem desgrudar os olhos do seu livrinho.
- Eu só queria saber quem é o pai...
- Pode desistir, Naruto. Já ficou bem claro que Sakura não vai contar. Nem pra você e nem pra ninguém.
Fossem os boatos quais fossem, nenhum deles chegava perto da verdade. Mas Kakashi estava errado. Em seu oitavo mês, depois de tanta pressão por parte de sua mestra, Sakura finalmente revelara para a Hokage a verdadeira identidade do pai do seu filho.
- Você não pode esconder esse segredo para sempre, Sakura. O quê vai dizer quando o seu filho despertar o sharingan?
- Até lá eu pensarei em alguma coisa. Tenho bastante tempo.
Um mês depois, Sakura dera a luz um lindo menininho de cabelos negros e olhos esverdeados. Seu nome era Haruno Satoru.