CAPITULO IV
Aioria pausou seu jogo e levou alguns segundos observando ao seu redor. Nada. Nem uma mosca se movendo. Concluiu então que estava só.
Suspirou levando uma de suas mãos até os olhos, esfregando-os num ato involuntário.
Estava pensando no que realmente faria. Se ele voltaria com seu jogo, se caçaria alguma coisa pra comer, seja lá onde eles guardavam o alimento naquele fim de mundo, ou se tiraria um cochilo até que alguém chegasse para pelo menos ter com quem conversar. Optou pela primeira opção, já que era a mais acessível.
Voltou com seu joguinho, mais em poucos minutos foi interrompido por um barulho vindo da porta. Era seu irmão, e que estava com uma cara de poucos amigos.
- Cadê?
- Cadê o quê? – nem ligou para o desespero do irmão.
- Aquele desgraçado do Máscara da Morte! – estava descontroladamente procurando pelo outro, olhando por debaixo das camas, atrás dos armários...
- Aioros, por Zeus! Eu que vou lá saber de Máscara da Morte?
- Ele não pode ter ido muito longe... Você não faz nem idéia? – lançou um olhar de piedade para o irmão mais novo, como se adiantasse alguma coisa implorar daquele jeito.
- Sei lá! Ele deve estar por aí correndo atrás de garotinhas inocentes, infringindo regras, ou seja: o de sempre. Mas porque esse drama todo? – finalmente desligou seu aparelho portátil para voltar toda a sua atenção para o irmão.
- Ah... você nem imagina. – sentou-se ao lado do mais novo, esfregando uma mão na outra como se quisesse socar alguém, ainda bufando de raiva.
- Nesse momento eu estou imaginando milhares de coisas, então, por favor, me esclareça. – já estava perdendo sua paciência.
- Ele simplesmente me inscreveu no concurso de tiro ao alvo do acampamento!
Aioria parou por um minuto pensando se quebrava ou não seu videogame na cabeça do seu irmão por ter dito tamanha inutilidade. Concluiu que não havia necessidade. Não agora.
- E é só isso? – questionou ainda não acreditando que aquilo era real.
- Você não escutou o que eu disse? Eu disse que o Más...
- Eu escutei perfeitamente bem. – interrompeu massageando suas têmporas e contando até dez em pensamento para que não perdesse a linha ali.
- Então porque não está tendo um ataque, como eu estou tendo agora?
- Porque isso não é motivo para ter um pití, Aioros! Ora! faça me um favor!
- Ma-mas você não sentiu a gravidade da coisa! Isso vai ser desastroso meu irmão! – estava chacoalhando Aioria pelos ombros pra ver se ele pegava no tranco.
- Eu não entendo... você é ótimo com arco-e-flecha. Não sei porque tanto desespero. Você deveria ter agradecido ao Máscara pelo favor.
- Aioria, sua mula empacada! Eu disse TIRO-AO-ALVO! Eu por acaso citei a palavra arco-e-flecha aqui? Eu disse TIRO! Isso refresca a tua memória?
Então foi ai que a ficha caiu. Aioros e armas de fogo eram palavras que de maneira alguma poderiam se situar em uma mesma frase.
Pra resumir melhor: Airos tinha pavor de armas, e nem poderia sonhar em ver a cor de uma que logo já ficava estirado no chão desfalecido.
Aioria logo se lembrou de um fato que aconteceu no ano passado, em uma apresentação de uma peça teatral onde o bandido soltava dois tiros pra cima com uma arma de brinquedo, mas que fazia um barulho estrondoso. A peça teve que ser interrompida por conta de uma criança que quase bateu as botas ao ouvir o som dos tiros. Foi uma confusão só, graças a esse medo mortal do seu querido irmãozinho.
- Bom Oros, eu não sei o que dizer. – Sua feição ficou seria, mas por dentro ria como um louco só de ver o rosto divertidamente desesperado que seu irmão mostrava.
- Eu não sei como vai ser isso... mas antes eu acabo com a raça aquele italiano bastardo.
- Se acalma meu irmão, você pode reverter isso.
- Mas sé claro que nós vamos reverter isso!
- 'Nós vamos'? – repetiu mais desconfiado vendo seu irmão se levantar da cama com uma expressão muito suspeita. - Co-como assim 'nós vamos'?
- E eu já tenho um plano perfeito em mente. Só que pra isso, vou precisar da sua ajuda. – Aí Aioria viu que a coisa estava perdida mesmo. Ele havia feito aquela cara, a que sempre comprava qualquer um com aquela falsa inocência escancarada.
- Mas eu sabia que ia sobrar para o caçula aqui... – afundou a cabeça no travesseiro se lamentando.
É, aqueles três meses seriam longos demais pra sua cabeça...
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- Então, como se sentiu?
- Eu nunca pensei que meditar e esquecer os problemas trouxesse essa sensação tão boa... – Um estava revigorado. Sentia-se tão bem, que não sabia como expressar ao certo.
- Pois é. Eu medito sempre que eu fico muito agitado, sabe? - Estavam caminhando na direção dos alojamentos femininos, onde os outros garotos se encontravam. – Sempre que você quiser, eu posso te ajudar com a meditação.
- Ah! Obrigado, Shaka, nem sei como agradecer... – viu que o garoto loiro estava meio sem graça, e até achou graça. – Ah! Olha lá o Afrodite! Vamos falar com ele...
- Er... eu acho melhor eu voltar lá pra dentro. Eu... preciso arrumar minhas coisas. Deixei tudo lá e...
- Ah, tudo bem Shaka. Eu te acompanho.
- Não! Não é necessário. Acho eu já aprendi o caminho. – sorriu agradecido.
- Tudo bem então. – se olharam mais uma vez, e então Mu mudou seu rumo até o suéco, que colhia algumas flores um pouco mais adiante.
- Dite! – Mu acenou para o garoto que o fitou com um sorriso, e correu até seu encontro.
- Mú, você demorou...
- Bom... é que eu estava...
- AH!!! Nem precisa me dizer... eu até imagino... – sorriu malicioso, batendo com o cotovelo nas costelas do ariano.
- Afrodite! Seja lá o que você está pensando, não é nada disso! – ficou extremamente vermelho.
- Ah Muzinho... eu não pensei nada demais. Eu só imaginei que você e o Shakinha estivessem por aí... caminhando, ou sei lá. – se defendeu, fingindo estar ofendido.
- Pois você errou! E que coisa é essa de 'Shakinha'...
- AAAHHH! ENTÃO VOCÊS ESTAVAM MESMO...
- MEDITANDO DITE! Nós estávamos meditando! – quase berrou, fazendo outras pessoas que estavam perto prestarem a atenção em sua conversa.
- Meditando? Credo Muzinho... que coisa mais sem graça...
- Você devia tentar sabia? Pra deixar de ser tão espevitado!
- Você gosta? – Dite voltou, mostrando as flores e mudando o assunto.
- São lindas, e cheiram bem. Gosto sim, porque?
- E que eu vou entregar pra uma pessoa, precisava de uma opinião. – disse enquanto aspirava o aroma das rosas.
- São pra mim? Ora Dite, não precisava... – Mú brincou, já metendo a mão nas flores.
- Tire essas patas delas! – puxou-as da mão do amigo, rindo. – Você não é merecedor.
- Assim você me ofende...
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Shaka adentrou ao alojamento com todo cuidado possível, porque da ultima vez foi bombardeado por uma dúzia de garotos malucos. Não queria correr o risco de novo.
Tinha gente conversando lá dentro, mais nada de almofadas vindo em sua direção. Parcialmente estava seguro.
- Então, você entendeu ou quer que eu volte? – escutou uma primeira voz que falava pausadamente.
- Pára criatura, eu não sou retardado. Entendi tudo. – a outra voz estava desanimada, mais pelo menos estava firme no que falava.
Shaka observou que não era de seu feitio ficar escutando a conversa dos outros. Então começou a andar em passos firmes, para mostrar a quem quer que fosse que tinha mais gente ali.
Foi diretamente de encontro a sua mala, sem contato visual com nenhum dos presentes no quarto.
Pegou suas coisas e seguiu até um armário próximo procurando por gavetas vazias, sem sucesso.
- Err... Aquelas gavetas dali estão desocupadas. – Shaka voltou-se para os garotos que estavam sentados em uma cama logo atrás de lê, e viu que o garoto mais velho apontava para um armário mais afastado, próximo a saída lateral do quarto.
O indiano murmurou um obrigado quase inaudível e seguiu para guardar toda sua bagagem.
Aiolia fez uma careta de nojo quando o garoto voltou a ficar de costas para eles, e seu irmão mais velho segurou o riso tampando a boca com as mãos.
O mais novo puxou seu irmão para fora do quarto, ainda rindo baixo, sem que Shaka percebesse. Fecharam a porta e andaram alguns metros e desataram a rir.
- Ele é insuportável, Oros!
- Calma, agente não pode tirar conclusões precipitadas sobre uma pessoa sem que a conheçamos bem.
- Hum... sei não... pra mim ele não passa de um filhinho de papai mal amado e rabugento.
- Se eu disser que é exatamente isso que eu acho de você, você ficaria chateado comigo? – bagunçou os cabelos do irmão recebendo um soco de leve nos ombros como resposta.
- Você acha que eu me pareço com aquele lá? – fez uma cara de desprezo, que Aioros não pode conter o riso mais uma vez.
- Em termos.
- Pois bem. Dizem que eu sou muito parecido com você. – mostrou a língua.
- Ah, quem disse uma barbaridade dessas? – fingiu ter se ofendido.
- Pra você ver como as pessoas estão desinformadas...
Os dois ficaram discutindo e caminhando mais alguns minutos até que pararam para observar uma cena um tanto... comprometedora.
Continua...
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N/A: Podem xingar até a minha décima geração. Eu to merecendo... mas que porcaria... acho que foram uns 6 meses de hiatus de fic o.o Foi um lapso... e eu esqueci totalmente dela mais ta... esse cap tá uma bosta mais é melhor do que nada... mais 132415643214548 de desculpas pra quem leu e ficou esperando alguma noticia disso aqui! Eu sou uma imprestável mesmo... #se mata#