Então, por uma deficiência do eu vou usar a idéia de um amigo (Hauser q me perdoe o plágio XD) e colocar as estrofes separadas por "-.-.-.-.-.-.-"

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Espelho

Cercado de vidraças e outras peças a mais

A mente ocupa-se com martírios,

De tantos tempos atrás.

Cercado de peças e de alguns poucos vitrais,

Estou só, ninguém mais.

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Panos cobrem algumas peças tais

Que não se sente um ardor

Nas figuras tais.

Ao vento que passa,

Em ritmos ondulares,

Os funestos panos

Mexem-se, nada mais.

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Ao movimento desse mar

Que ali não está,

Um movimento surge apraz.

Com têmporas em suor

E com sensações demais

Afirmo que estou só.

Só, ninguém mais.

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

O vento novamente clama, com seus vocais,

E um pano solto dança nos umbrais.

Era apenas ele, nada mais.

Com o frio que passai,

Vai apenas tu, vais!

Apenas tu, pano, e ninguém mais!

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Curioso assaz

Procuro e vou atrás

Da peça nua que o pano

Tanto me atormentais.

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Entre as peças finas com ares fantasmais

Encontro um espelho nu, com requintes ornamentais,

Refletidas estão imagens conjeturais,

Apenas elas, ninguém mais.

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Patético, ao centro,

Minha imagem está,

Com esses ares noturnos, espectrais.

A imagem me olha. Nada mais.

E ninguém. Ninguém, Ninguém!

Ninguém mais...

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Tento sorrir

Mas a imagem apenas retribui meu olhar

Em louco desespero pergunto:

"O que estas a me instigar"

E o espelho mudo continua a estar

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

O momento de loucura me soa

Como um capataz

Afirmo como quem se compraz:

"É apenas um espelho, Nada mais"

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Novamente instigo, espero ao menos

Ouvir um: "Nunca mais"

Pergunto de súbito: "Companhia

É apenas isso que me faz?"

E o espelho mudo, não responde

Nem ao menos "Nunca mais"

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Então que fique, ali ficais

Quieta e muda, a imagem que reflete em seus anais,

O olho olha e percebe, estou só.

Espelhado também em meus vitrais.

Só eu. Ninguém mais.

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Bom, obviamente não quero sequer cogitar "competir" com Edgar Allan Poe e seu eterno Corvo, mas esse poema visou uma certa intertextualidade com o "Corvo", tanto no plano do Conteúdo (porém com tema diferente) como no plano da Expressão (o que foi mais penoso e falho ainda) e isso acabou só fazendo com que o autor de "Espelho" (no caso eu) adquirisse uma maior admiração pelo grande poeta que foi Poe.

Mesmo assim espero que tenham gostado desse humilde poema, ínfima parte da sombra de um dos melhores (na minha opinião) já feitos.

Um abraço.