Título: Como distrair seu namorado
Autora: Amy Lupin
Beta: Dany Ceres
Categoria: slash
Classificação: lemon
Personagens: Harry e Draco
Disclaimer: Essa história é baseada nos personagens e situações criadas e pertencentes a J.K. Rowling, várias editoras e Warner Bros. Não há nenhum lucro, nem violação de direitos autorais ou marca registrada.
Aviso: Isso não é uma fic! É apenas uma cena do universo de "Green Eyes". Se você ainda não leu, está esperando o quê? Volte aqui quando tiver acabado a fic!
-Oh-oh-oh-oH-
- Ohh Harry, me desculpa! - Sirius tinha levado a mão à boca teatralmente enquanto encarava a mancha de suco de laranja que tinha acabado de fazer na camisa do afilhado.
A camisa que Draco tinha comprado para Harry havia três dias. Draco percebeu logo de cara que era uma farsa de Sirius e fechou os punhos. Mas o moreno pelo visto sequer cogitou a hipótese, afastando o tecido úmido do próprio corpo com naturalidade.
- Não, não foi nada Padfoot, não tem problema.
- Ah, eu sou um desastre - Sirius escondeu o rosto entre as mãos e Draco teve ganas de esbofeteá-lo por ser tão - tão - cínico. Logo a camisa nova que Draco havia dado a Harry!
Snuffles trotou até Harry e começou a lamber a camisa ensopada.
- Padfoot seu desastrado - ralhou Remus e Draco percebeu também que Remus sabia da farsa e que não estava nada satisfeito com a atitude infantil do namorado a julgar pelo olhar atravessado que lançou em sua direção. - Anda Harry, vá trocar de roupa. Deixe essa camisa aqui comigo que eu já coloco de molho. Sai Nuff.
O cão não deu ouvidos e começou a lamber a poça de suco no chão. Draco bebericou seu suco balançando a perna num gesto de impaciência mal-contida sob a mesa enquanto Harry desabotoava habilmente a camisa completamente alheio ao clima estranho dos outros três. Estavam todos sentados ao redor da mesa, tinham acabado de jantar. O loiro conteve a vontade de jogar suas suspeitas na cara do primo (a quem ele chamava de "sogrão" quando tinha certeza que este não poderia ouvi-lo), pois estava curioso para saber onde Sirius queria chegar com aquele teatro.
- Espera um minuto Draco. Vou trocar de camisa e já venho - ele pareceu se desculpar com o olhar e o loiro o tranqüilizou com um pequeno sorriso.
- Ok.
Harry saiu apressado, com Snuffles em seus calcanhares, e exatos dois segundos depois, Remus bateu com o punho na mesa, ralhando aos sussurros. Draco observou atentamente.
- Merda Sirius, você tem que fazer tudo do seu jeito?
Sirius deu de ombros despreocupado tornando a se servir de suco.
- Eu disse que você poderia agir se tivesse uma idéia melhor Moony, mas pelo jeito não teve. E pelo menos do meu jeito funcionou, não é mesmo?
- Então anda logo com isso, vou ver se consigo distraí-lo um pouco - Remus deixou a cozinha ainda zangado.
Draco se remexeu desconfortavelmente na cadeira esperando e sentindo uma apreensão já familiar, como acontecia todas as vezes em que era deixado sozinho com Sirius Black. Este se inclinou para frente do outro lado da mesa e continuou no mesmo tom baixo e urgente que Lupin havia usado momentos atrás.
- Ouça Malfoy, o caso é o seguinte, nós vamos dar uma festa surpresa para o Harry na sexta-feira. Já está tudo combinado, a Molly vai trazer o bolo e os salgadinhos, a Mione ficou de trazer os copos e pratos descartáveis e os gêmeos se encarregaram das bebidas. Remus vai ajeitar a casa e você...
Ele fez uma pausa para escutar conforme as vozes de Remus e Harry pareciam aumentar e diminuir novamente conforme passavam de um aposento a outro da casa. Draco arqueou uma sobrancelha e tomou nota de como Black tinha se deixado de fora de todas as incumbências. Porém permaneceu calado.
Sirius continuou após ter certeza de que o afilhado não os surpreenderia conspirando.
- Bem, você vai ficar encarregado de tirar Harry de casa antes das sete e só voltar às nove, está bem?
Draco tomou um último gole de suco casualmente antes de tornar a se recostar melhor na cadeira. Controlou o impulso de colocar em palavras como achava idiota dar uma festa surpresa a um garoto que completaria vinte anos, mas achou melhor não entrar em atrito com o "sogrão" enquanto pudesse evitar. Já era bastante difícil lidar com ele sem bater de frente.
Pelo menos a idéia tinha sido de Black e Harry não teria porque repreender o namorado depois de ter deixado muito claro que faria vinte anos, não dois, e por isso não precisava de festa, apenas comer pizza de calabresa e alugar uma boa comédia.
- E como, exatamente, você sugere que eu o distraia, já que vocês já pensaram em tudo? - disse de modo casual, fazendo Sirius bufar.
- Ah isso é com você Malfoy. Mostra as fotos de família, peça para ele cortar suas unhas do pé, sei lá, improvisa. Não me importa quais armas você vai usar, só garanta que ele não vai se adiantar nem atrasar. E seja sutil.
"Como você?" Draco teve que morder a língua para não colocar seu pensamento sarcástico em palavras. Optou pelo caminho mais fácil em vez disso e acenou positivamente com a cabeça bem no momento que Harry e Remus entravam novamente na cozinha conversando e rindo.
- Você não quer dormir aqui hoje Draco? - ofereceu Remus, já retirando os pratos sujos da mesa com a ajuda de Harry. - Eu tenho que devolver um filme amanhã cedo e nós não tivemos tempo de assistir ainda.
Draco limpou os lábios num guardanapo e se levantou.
- Não, obrigado. Amanhã tenho uma reunião logo cedo e eu estou cansado... Harry eu estou indo, você poderia...
Draco indicou com a cabeça a direção da porta e Harry terminou de colocar a louça na pia prestativamente, entendendo o recado.
- Claro! Moony, já volto.
- Não tenha tanta pressa - Remus piscou um olho, divertido, enquanto os dois saiam de mãos dadas para fora sem se preocupar em acender a luz do quintal.
-Oh-oh-oh-oH-
Draco estava esparramado confortavelmente na cadeira giratória que um dia pertencera a Lucius Malfoy olhando o caos do lado de fora de seu escritório sem realmente prestar atenção, distraído com os próprios pensamentos. Poderia aparentar calma se não fosse pelo bater incessante dos dedos no braço da cadeira. Atendeu de modo automático quando o telefone tocou duplamente, estendendo o braço somente o necessário para alcançar o botão do viva-voz.
- Malfoy.
- Sr. Malfoy, a Sra. Pritchard deseja vê-lo - disse a vozinha esganiçada de Heloísa, o que fez Draco revirar os olhos.
- Popkin, quantas vezes eu vou ter que repetir que a Natalie não precisa ser anunciada?
- Mas-
- Nada de "mas", não a deixe esperando - Draco cortou-a apertando o botão com fúria para desligar.
Na verdade estava mais que agradecido por Popkin ter avisado daquela vez, pois dessa maneira teve tempo para fingir estar extremamente ocupado e entediado virando-se para a mesa novamente e espalhando alguns relatórios sobre ela. Aproximou o corpo da mesa e segurou uma caneta em uma das mãos enquanto apoiava a cabeça na outra bem no momento em que Natalie batia educadamente à porta antes de entrar.
- Muito ocupado? - disse ela e o loiro reconheceu seu tom informal, o que o deixou levemente apreensivo. Será que ela já tinha notado sua inquietação?
Draco ergueu os olhos e logo registrou a sacola que ela carregava, provavelmente do shopping, e se sentiu mais aliviado. Deu de ombros empurrando os papéis para o lado e dispensando a caneta:
- Nada que não possa esperar um pouco. Então, conseguiu? - tentou parecer mais interessado do que realmente estava.
- Sim, só espero ter acertado na cor - Natalie não esperou ser convidada para se sentar e logo retirou o conteúdo da sacola. - Tinha um tom um pouquinho mais escuro que me deixou em dúvida, mas a vendedora disse que esta aqui é a marfim, a outra era mais puxada para o creme. De qualquer forma, eu pedi pra não embrulhar.
- É essa mesmo, pode ficar sossegada - Draco desdobrou a calça marfim para analisar melhor, como se realmente estivesse reparando nos detalhes. - Tinha o número dele?
- Era a última! Tivemos sorte!
- Um-hum...
- Se você quiser posso fazer um embrulho bem bonito.
- Claro...
- Mas o Harry tem mesmo muito bom gosto, é linda!
- Um-hum...
- Draco?
O loiro gelou por dentro, no entanto já era tarde. O tom de Natalie era de desconfiada preocupação. Por que era tão difícil esconder coisas dela? Qualquer coisa!
- Sim? - Draco se agarrou ao último fio de esperança, tentando parecer inocentemente distraído.
- O que há de errado, querido?
E por que ela tinha que fazer essas perguntas desse jeito, como se realmente se importasse?
- Nada!
- Eu sei que há algo errado. Notei como você parecia distraído na reunião dessa manhã. Quer conversar sobre isso? - Natalie perguntou, daquele jeito delicado que só ela sabia fazer, e Draco se largou na cadeira rendido. - O que há de errado?
Draco baixou os olhos para as próprias mãos. É claro que ela se importava. E ele definitivamente precisava que ela se importasse. Ensaiou algumas abordagens mentalmente antes de começar:
- Bem, e se eu dissesse que tenho um amigo... - o loiro olhou de esguelha para a mulher, que arqueou uma sobrancelha, antes de voltar a olhar para as mãos quase enrubescido - ... que é gay e... - voltou a encará-la, porém dessa vez Natalie disfarçou muito bem.
- Sim? O que há de errado com o seu amigo? - perguntou Natalie, quase ingenuamente. Se não fosse o brilho esperto daqueles olhos, Draco teria se convencido de que ela realmente não estava fingindo.
- Bem, ele está achando realmente difícil chegar às "vias de fato" com o namorado, se é que me entende...
- Não, não compreendo. Como assim?
Draco achou que dessa vez Natalie tinha exagerado na ingenuidade, mas respirou fundo.
- Ele quer fazer sexo com o namorado! - soltou de uma vez.
- Ohhh! - Natalie arregalou os olhos teatralmente, assentindo de modo encorajador. - Sim, agora eu compreendo. Mas qual é o problema nisso?
O loiro se remexeu desconfortavelmente, aliviado por não ter corado. Ou pelo menos ele esperava que não. Já tinha falado com a amiga sobre assuntos que considerava muito mais íntimos do que sua vida sexual, mas já não confiava em si mesmo ultimamente.
- Ele só não sabe como! - Draco tentou não parecer desesperado. - Quero dizer, não é como se ele fosse virgem. Eu acho - acrescentou rapidamente, apesar de já saber que Natalie não tinha engolido a história de "amigo gay". - Mas é a primeira vez que ele tem um relacionamento com outro cara, entende?
- Sim... - Natalie assentiu, novamente o instigando a prosseguir.
- Ele... ele não sabe qual papel deve tomar... entende? - Draco encarou-a fixamente numa tentativa desesperada de fazer com que Natalie visse o quão difícil estava sendo falar sobre isso. Mesmo com ela.
- Papel? Como assim?
Draco cobriu o rosto com as mãos, deixando os dedos escorregarem até os cabelos. Natalie só podia estar tentando castigá-lo, ou talvez estivesse se divertindo com seu sofrimento. Porém logo ele sentiu duas mãos puxando as suas delicadamente. Talvez nem tudo estivesse perdido, afinal. Natalie sorriu docemente:
- Draco, o que o seu amigo tem que entender é que não há papel nenhum. Os dois são homens, não é como se um fosse escolher ser a mulher da relação. Não nesse caso, eu imagino...
O loiro sentiu-se extremamente grato por ela ter continuado com a farsa, embora talvez já não importasse mais. Ainda mais pelo fato dela não ter exigido nenhuma resposta:
- Sexo não funciona com sacrifícios. Talvez a curto prazo até funcione, mas não é saudável. Ninguém tem que ceder ou se sacrificar pelo prazer do outro. É uma experiência compartilhada, onde as partes envolvidas têm que se sentir à vontade, tanto para passar para outro estágio quanto para permanecer no mesmo, se for preciso. O que é fundamental é a conversa. Se o namorado dele realmente o ama, vai entender se ele disser que não está preparado, ou que não quer chegar às "vias de fato", como você disse.
- Mas... - Draco respirou fundo. - E se ele quiser?
Natalie encolheu os ombros.
- Bem, se ambos quiserem, então realmente não há problema nenhum. Há várias soluções, isso sim. Vocês é que devem encontrar a que melhor agrada aos dois. Só não force as coisas com você mesmo, Draco. Não se sinta obrigado a nada, eu tenho certeza de que ele não está pressionando você. Assim como eu também tenho certeza de que você não o está pressionando.
- Será que eu estou me pressionando, Natalie? - Draco já não se preocupou mais em esconder sua insegurança. Estava tão absorvido pelas palavras da amiga que nem sequer registrou o momento em que o "amigo gay" tinha passado a ser ele próprio.
- Talvez. Ou talvez você esteja realmente preparado, só não saiba disso. Não é nenhum bicho de sete cabeças, você sabe disso. Sexo é simples, é instintivo. Quem complica somos nós mesmos com nossos receios, pré-conceitos e preconceitos. Você sabe.
Ela piscou um olho e Draco deu um breve sorriso baixando os olhos, quase envergonhado de suas próprias dúvidas. Tinha um palpite de que ela tinha toda a razão, mas já estava acostumado com isso. Ela sempre parecia saber tudo.
Natalie fez um rápido carinho em seus cabelos antes de se levantar.
- Bem, eu vou fazer um embrulho bem bonito, você vai ver. Vou aproveitar e embrulhar o meu presente também. Até mais! Se precisar de alguma coisa, você sabe onde me encontrar.
- Natalie? - Draco chamou antes que ela chegasse até a porta.
- Sim?
- Você tem alguma aspirina?
Natalie sorriu, meneando a cabeça.
- Claro. Trago em um minuto.
Ela deixou-o com muito em que pensar.
-Oh-oh-oh-oH-
Harry saiu apressado do chuveiro, se enrolando de qualquer jeito na toalha e deixando um rastro molhado pelo caminho até o quarto enquanto corria para atender ao celular.
- Oi Draco - disse automaticamente, se impedindo em tempo de sentar na cama ao se dar conta de que ainda estava encharcado, com os cabelos pingando no rosto.
- Tomando banho? - disse a voz arrastada do outro lado.
- Já acabei.
- Será que você poderia vir me buscar com o seu carro?
- Por quê? - Harry franziu o cenho, enxugando os cabelos da melhor maneira que pôde com a mão livre.
- Porque eu acabei de mandar lavar o meu carro.
- Mas são seis e meia da noite de sexta-feira!
- Bem, eu sou uma pessoa ocupada, fazer o quê?
Harry suspirou. Tinha encorajado Draco a se desfazer dos outros carros para que ninguém suspeitasse que ele esperava que seus pais aparecessem novamente.
- Está certo. Quinze minutos são suficientes pra você?
- Claro, eu já estou pronto faz meia hora. Não se atrase!
Harry revirou os olhos. Não acreditou que Draco já estivesse pronto, claro, mas resolveu não prolongar o assunto.
- Ok, até mais então.
- Até.
-Oh-oh-oh-oH-
Harry estacionou o carro em frente ao portão e já ia apertar o interfone quando o motor do portão eletrônico estalou e começou a funcionar. Harry meneou a cabeça, tamborilando no volante. Sabia que aquilo significava que devia estacionar e descer.
Winky se aproximou.
- Senhor Harry, o senhor Malfoy pediu para o senhor entrar, ele ainda não terminou de se arrumar.
Harry aquiesceu. Já esperava por aquilo.
- Está bem, obrigado Winky.
Havia dito milhares de vezes à empregada para chamá-lo apenas de Harry, porém era inútil. Bem, pelo menos de "senhor Potter" já tinha evoluído para "senhor Harry". O moreno estacionou o carro automaticamente. Quatro meses de namoro haviam servido para que ele se familiarizasse com quase tudo que envolvesse Draco e Harry se sentia feliz por poder dizer que o conhecia muito bem, mas que ainda havia muito que aprender sobre o namorado.
Dispensou gentilmente as atenções de Winky dizendo que iria apenas subir e apressar Draco. Já ia se dirigir para o antigo quarto do namorado quando se lembrou que ele não o ocupava mais. Deu meia volta e partiu para o sentido contrario no corredor, encontrando a última porta, que costumava ser do Sr. e da Sra. Malfoy, fechada.
Apesar de saber que Draco não se importaria se Harry entrasse sem bater, o moreno não conseguiu pular os bons modos e deu dois toques suaves na porta antes de abri-la sem muita pressa. A luz estava apagada, o que fez Harry franzir a testa e tatear a parede ao lado em busca do interruptor. Assim que o acionou, entretanto, dois braços envolveram sua cintura e Draco sussurrou em seu ouvido:
- Surpresa!
Harry soltou uma exclamação não exatamente pesarosa ao que dizia seu sorriso e tentou se virar, porém foi firmemente impedido.
- Na-na-não – disse o loiro segurando-o com mais firmeza. – Eu ainda não lhe dei os parabéns propriamente e, sinto em desapontar você, mas vai ser do meu jeito.
- Ah, é? – disse Harry divertido. Já começava a adivinhar o rumo que a situação iria tomar. – Bom, até agora não estou desapontado. Só um pouco curioso, tenho que admitir.
- Mas eu ainda nem comecei! Não se mova.
- Ok.
Draco soltou um dos braços lentamente, pronto para segurá-lo novamente em qualquer sinal de desobediência, coisa que não obteve. Depois soltou o outro. Harry, que até então encarava a parede do interruptor, viu quando a mão do outro reapareceu em seu campo de visão com um lenço de seda verde escuro e conteve outra exclamação de surpresa quando percebeu que estava sendo vendado.
- O que voc...
- Shhh! – Draco continuou seu sussurro. - Não faça perguntas, sim? Apenas aproveite.
Foi quase como se Harry tivesse sentido em sua pele cada uma daquelas palavras. Privado de sua visão, sua atenção se voltou totalmente para o hálito do loiro próximo a sua orelha, fazendo com que se arrepiasse. Ouviu a porta ser fechada enquanto era virado gentilmente até estar de frente para o outro. Passou os braços ao redor dos ombros de Draco instintivamente, reparando que este estava sem camisa.
- Suponho que houve uma mudança de planos, então? – Harry não pôde conter a pergunta.
Arrepiou novamente quando sentiu a ponta do nariz de Draco em seu queixo, o hálito dessa vez no pescoço enquanto ele murmurava:
- Não, apenas vamos demorar um pouco mais para ir para sua casa. Nada que uma desculpa qualquer não resolva as coisas com Black. No máximo eles já terão começado o filme quando chegarmos. Mas eu estou enganado ou você acabou de fazer uma pergunta?
- Ah, me desculpe – Harry ofegou ao sentir beijos suaves próximo a sua nuca. – Prometo que não vai acontecer de novo.
- Bom garoto.
Harry pôde imaginar o sorriso enviesado que recebeu antes de ser beijado nos lábios suavemente. Sentiu ao mesmo tempo as pontas dos dedos de Draco deslizando por suas costas.
- Hmm – resmungou positivamente, em meio a outros beijos curtos, um mero roçar de lábios que os deixava formigando e querendo mais. Tentou aprofundar o beijo, mas tudo o que conseguiu foi afastar Draco, que o repreendeu.
- Não tão depressa.
- Você é cruel.
- Você ainda não viu nada.
Harry sentiu as mãos de Draco na borda de sua camiseta e levantou os braços no mesmo instante, facilitando as coisas.
Draco manteve uma distancia tentadora entre ambos, longe o bastante para que pouco se tocassem além dos braços e rostos, mas perto o bastante para Harry sentir o calor e a atração que emanavam do outro. Draco voltou a beijá-lo e toca-lo com leveza, desta vez as pontas dos dedos passeando no peito do moreno, depois em sua barriga. Finalmente seus lábios se uniram em um beijo longo e sensual enquanto Draco desabotoava sem pressa sua calça jeans e abria seu zíper.
O beijo foi interrompido enquanto Draco o ajudava a se livrar delas e da roupa de baixo. Harry, nu exceto pela venda, lambeu os lábios e sentiu o calor nas faces. Sabia que estava sendo observado atentamente. Draco estava provavelmente a dois passos dele, examinando cada pedacinho de seu corpo e aquilo só fazia com que seu desejo pulsasse.
- Você fica uma graça assim sem jeito, Harry.
- Ah, cala essa boca – disse Harry, apesar de não conter o sorriso. – Vai ficar só olhando mesmo? Não é educado deixar o aniversariante esperando, sabia?
- Calma. Você não vai conseguir me apressar hoje, Harry.
Harry ouviu um ruído de roupas e aguardou impacientemente enquanto Draco terminava de se despir. Estava mesmo se sentindo desajeitado, sem saber o que fazer com as mãos até que foi puxado por uma delas, atravessando o quarto com passos hesitantes. Esperava tropeçar na cama a qualquer momento, mas, antes que o fizesse, foi virado novamente e sentiu o que julgava ser a colcha da cama roçar em sua panturrilha.
Antes de registrar qualquer outra coisa, foi abraçado por outro corpo nu e tão quente quanto o dele. Harry abraçou Draco de volta, ofegante. Seu cérebro dava conta de registrar cada toque ao longo de seu corpo, enviando sensações duas vezes mais intensas. Suas mãos deslizaram pelas costas do loiro, reconhecendo cada pedacinho de pele, cada pequena imperfeição, como as pintas salientes que Draco tinha debaixo da omoplata esquerda e na base da coluna.
- Deite-se, Harry – pediu Draco, dando uma lambida em sua orelha como incentivo.
Harry obedeceu.
-Oh-oh-oh-oH-
Draco observou enquanto o moreno se deitava, tateando e acomodando um dos travesseiros sob a nuca. A venda verde escuro não impedia que Harry se voltasse em sua direção, mesmo sem poder vê-lo. Os cabelos do moreno grudavam na têmpora junto ao lenço, umedecidos de suor. Os lábios ligeiramente entreabertos e o rápido subir e descer de peito denunciavam a respiração acelerada.
Draco estava encantado com a visão. Harry respondia até ao toque mais suave e era gratificante ser o responsável pelo desejo que o moreno visivelmente sentia. O loiro poderia ficar observando aquela visão por muito tempo, se seu corpo não estivesse mais que gritando para se juntar ao de Harry. Por isso Draco engatinhou até estar sobre o namorado, pegando seus pulsos delicadamente e arrastando-os pelo colchão, unindos ambos acima de sua cabeça. Em seguida alcançou o outro lenço que deixara ao alcance e enlaçou os pulsos de Harry delicadamente enquanto se inclinava para falar diretamente sobre seus lábios:
- Tente não forçar a amarra, não quero ter que explicar as marcas depois.
- O que você está fazendo? – Harry perguntou desconfiado.
- Estou só garantindo que você não vai mesmo interferir – Draco falou suavemente enquanto atava as pontas do lenço numa das barras da cabeceira da cama.
Harry engoliu, acenou afirmativamente e, como para assegurar que estava de acordo, segurou as barras da cabeceira da cama para não ficar tentado a puxar.
Draco sorriu diante daquela submissão. Ainda de quatro, soltou os pulsos do namorado e passou a distribuir beijos e lambidas por seu tórax, uma das mãos por vezes fazendo círculos na parte interna das coxas do moreno, arrancando suspiros e gemidos. Por duas vezes Harry ameaçou soltar as mãos, mas se lembrou a tempo e voltou a agarrar as barras com força.
Quando achou que já havia torturado Harry o bastante, Draco alcançou um tubo esguio que também havia deixado ao alcance e apertou na mão direita. Voltou a beijar o boca do moreno, finalmente tocando no ponto mais sensível do corpo de Harry naquele momento, recebendo um arfar surpreso e deleitoso como resposta. Iniciou um movimento rápido de vai-vem espalhando o lubrificante. Enquanto isso continuou mordiscando e chupando o lábio inferior do moreno, arranhando com os dentes a pele sensível próximo à nuca e assoprando até que Harry jogou a cabeça para trás, se derramando em sua mão com um grunhido abafado.
Draco deitou a seu lado, apoiando a cabeça numa das mãos, observando com atenção enquanto Harry relaxava completamente. Aproveitou a visão para tocar o próprio corpo mais intimamente do que estava acostumado. Draco havia se preparado antes de Harry chegar com a ajuda do lubrificante. Havia escorregado os dedos úmidos para dentro de si mesmo e descobrira prazer naquilo, ainda que o que estava prestes a inserir fosse maior que seus dedos. Draco aproveitou os dedos ainda escorregadios pelo lubrificante que usara em Harry e voltou a se preparar enquanto observava o namorado atentamente, até que este umedeceu os lábios ressecados.
- Posso tocar você agora? – o moreno perguntou rouco, forçando levemente os pulsos para baixo.
- Ainda não – foi a resposta de Draco, voltando a ficar sobre ele.
Harry fez um biquinho gracioso, porém obedeceu e segurou as barras da cabeceira novamente.
Draco sorriu e deitou-se sobre o moreno, o beijando, ao que foi prontamente respondido. Iniciou-se outra dança sensual de línguas, lábios e dentes. O loiro se esfregava lentamente contra o corpo do namorado. O corpo de Harry não demorou a reagir e Draco desgrudou seus lábios num gemido, sentindo que não agüentaria muito se continuasse daquele jeito.
Com o coração acelerado de desejo, antecipação e ansiedade, Draco tornou a espalhar lubrificante em Harry só para garantir. Ficou de quatro sobre Harry, segurando-o em uma das mãos e se posicionando. Respirou fundo. Sua determinação e seu próprio corpo diziam claramente que ele estava pronto.
- Draco...? – Harry levantou a cabeça do travesseiro, como se pudesse questioná-lo com o olhar, mas então, quando Draco começou a se abaixar lentamente, o moreno jogou a cabeça para trás, ofegando. Draco ouviu Harry gemer um longo 'hmmmmmm'.
Draco fechou os olhos bem apertados, por isso não viu quando Harry soltou o nó frouxo com que Draco o prendera na cabeceira da cama e segurou seus pulsos com força. Mas Draco não o impediu. O loiro entrelaçou os dedos nos de Harry, sentindo o próprio corpo relaxar novamente e olhou para o moreno. Os olhos ainda vendados, o peito subindo e descendo rapidamente, os lábios partidos e secos sendo umedecidos pela língua. Iniciou um subir e descer lento.
Draco observou a boca de Harry formar um "O" de puro deleite enquanto a dor o abandonava lentamente, permitindo que sentisse as ondas de prazer que começaram tímidas e foram aumentando a intensidade gradativamente. Guiou a mão do namorado, que parecia completamente perdido em sensações, indicando onde queria ser tocado e foi sua vez de ofegar e tremer.
Draco puxou o ar através dos dentes cerrados surpreso e encantado com o que sentia, aumentando o ritmo das investidas.
- Ah! Eu... ah – disse Harry, tateando até agarrar sua cintura com força, incoerente e incapaz de continuar estimulando-o.
Porém Draco também estava preocupado com as próprias sensações e em segundos sentiu o sangue zumbindo nos ouvidos e estremeceu, agarrando o lençol com força com a mão livre.
Draco soltou o ar dos pulmões, sem se lembrar quando tinha prendido. Abriu os olhos e viu que Harry tateava a venda e a arrancava com um único puxão, encarando-o através dos olhos semi-cerrados.
- Você... está ok?
Draco nem tentou imaginar com que cara estaria. Ofereceu um meio sorriso a Harry e se levantou com um gemido só para desmontar logo ao lado do namorado, estirado. Ambos ficaram em silêncio por longos segundos, apenas tentando controlar a respiração. O primeiro a se mover foi Harry, se aconchegando junto ao loiro, entrelaçando seus dedos mais uma vez e beijando seu ombro delicadamente. Exausto, Draco fez círculos nas costas da mão do outro com o polegar, se sentindo tentado a deixar o cansaço vencê-lo e dormir.
- Eu já lhe desejei os parabéns hoje? – perguntou Draco, por fim, também se virando de lado e sorrindo marotamente.
- Umas cinco vezes – Harry suspirou. – Esse foi o melhor presente que eu já recebi em toda a minha vida, a propósito.
Draco arqueou uma sobrancelha.
- E quem disse que esse foi o seu presente?
Harry lhe lançou um olhar confuso e até mesmo um tanto desconcertado e Draco sorriu.
- Seu presente está em cima da cômoda. Está vendo aquela caixa embrulhada em papel de presente com um laço de presente?
Harry levantou a cabeça e assentiu, ruborizando.
- Um... er...
- Isso foi só a nossa comemoração particular. Já que você me proibiu veementemente de fazer uma festa, eu achei que o evento não poderia passar em branco – Draco deu de ombros e recebeu um soco de leve no ombro.
- Foi a melhor comemoração, então. Mas, sabe, você poderia ter me levado pra tomar sorvete, se queria só me distrair pra que eu não desconfiasse da minha festa surpresa – foi a vez de Harry dar de ombros, fazendo cara de inocente.
Draco levantou as sobrancelhas, indignado.
- Você sabia o tempo todo! Por que não me disse logo?
- Você não me perguntou.
- Foi o Black, não foi?
- É claro. E ele nem precisou falar com todas as letras. Só o fato de ele tentar esconder alguma coisa já denuncia tudo.
Draco revirou os olhos. Devia ter desconfiado que isso aconteceria.
- Hey Harry você não vai abrir seu presente? Desse jeito eu vou ficar magoado. Quero dizer, você parece nem estar curioso nem nada. Fica aí largado, como se tivesse acabado de ter a melhor noite da sua vida. Eu posso tomar isso como pouco caso, sabe?
Harry sorriu maroto e se levantou preguicosamente, bagunçando ainda mais os cabelos. Pareceu testar as pernas antes de se firmar nelas para trazer o presente até a cama.
- Hey eu conheço essa calça. Não é aquela que eu apontei na vitrine e sai correndo da loja depois de perguntar o preço?
- Exatamente.
- Uau – Harry alisou o tecido nobre, parecendo deliciado. – Obrigado Draco. Mas eu magoaria você se dissesse que o presente não se compara com a comemoração?
Draco fingiu pensar, então deu de ombros.
- Acho que não.
Harry se inclinou para um beijo longo e calmo.
- Quanto tempo ainda temos?
- Hmm – Draco espiou o visor do celular. – Quarenta minutos. Quer tirar um cochilo antes do banho?
- Aceito – Harry dobrou a calça cuidadosamente. - Vou provar seu presente depois. Agora eu estou um pouco suado. Deve ser o calor...
- É, deve ser mesmo... – Draco programou o despertador e se enroscou na cama com o moreno. Sorriu ao pensar que nenhuma festa que Black pudesse dar seria equiparável ao que acabara de compartilhar com Harry.
Black o mataria se desconfiasse como tinha distraído o sobrinho dele...
-Oh-oh-oh-oH-
- Hey Moony, você reparou como o Malfoy não sentou a festa inteira? Quero dizer, eu entendo que ele não se sinta à vontade com nenhum dos ruivos que está ocupando o sofá, mas precisava recusar a cadeira que eu coloquei perto daquela secretária dele?
- Padfoot chega de vinho pra você hoje.
- Mas... Moony...?
-Oh-oh-oh-oH-
N.A.: Agora, essa cena deu trabalho pra escrever... afff
Desde o início eu sabia que o Draco ia ser passivo, simplesmente por não conseguir mais esperar alguma iniciativa de Harry. Sem contar na curiosidade que ele sentia. E ele acabou fazendo a própria cabeça. Eu diria que não se arrependeu uhuahuahua
Mas também não acho que Harry vá aceitar ser sempre o ativo XD
Enfim...
FELIZ 2011!