RUNNING UP THAT HILL
Retratação: Cometi um crime! Art. 148 do Código penal – Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado. - Tenho o Shaka todinho só para mim agora! E jamais revelarei onde é o cativeiro! O resto da obra continua sob propriedade de Masami Kurumada.
N/A: Caros amigos, apresento-lhes minha mais nova criação. Bem, não é exatamente uma nova criação, estou com essa fic inteira na minha cabeça há muito tempo, mas tinha um imenso bloqueio criativo quando sentava-se diante do computador para escrevê-la, vinham capítulos e capítulos de outras fics, menos dessa. Então minha querida amiga Margarida aparou as arestas desse diamante, modelando a idéia. Por fim Brian Molko deu a última martelada sobre o meu cérebro. Enquanto voltava do trabalho para casa, ouvindo Placebo, mais precisamente a música-título da fic, o texto inteiro passou pela minha cabeça, então, só me restou escrevê-lo. Talvez alguns não achem a música realmente de acordo com a fic, mas não estou falando apenas da letra, a melodia foi o que mais me influenciou, não me perguntem por quê, há coisas que simplesmente não se explicam. Bem, colocarei uma estrofe da música à cada capítulo (copiando descaradamente minha amiga Margarida em sua fic Anybody seen my baby, mas boas idéias devem ser reproduzidas), espero que gostem e recomendo a música também – Running up That Hill – Placebo – Agora chega de papo, que venha a história.
CAPÍTULO I
"It doesn't hurt me.
You wanna feel how it feels?
You wanna know, know that it doesn't hurt me?
You wanna hear about the deal I'm making?
You be running up that hill
You and me be running up that hill"
"Isso não me machuca.
Você quer sentir como é isso?
Você quer saber que aquilo não me machuca?
Você quer escutar sobre o trato que eu estou fazendo?
Você está correndo colina acima
Você e eu estamos correndo colina acima"
O lugar respirava silêncio, era possível sentir a paz em cada detalhe do recinto adornado ao estilo dos antigos templos indianos. Mesmo repleto de aprendizes concentrados em seus treinamentos, nada se ouvia, nem mesmo a batida de seus corações ou o movimento do tórax durante a inspiração.
Delicadamente, os pés pequenos pousavam sobre os espaços entre os homens sentados na posição de lótus. Os olhos atentos localizaram o mestre no centro da sala. Felizmente, parecia concentrado demais no mundo astral para dar-se conta do pequeno atraso da aprendiz.
Assim que encontrou um espaço para si entre os demais, ali aconchegou-se, assumindo a posição de meditação e iniciando o processo de inspiração e respiração. Entretanto, por mais que tentasse se concentrar, não conseguiu ignorar a presença altiva do rapaz que se posicionou à sua frente.
Abrindo apenas um olho, pôde ver como a expressão de ira diabólica no rosto do cavaleiro de ouro, contrastava com o dourado divino de seus longos cabelos. Mal teve tempo de abrir o outro olho, quando foi bruscamente puxada para cima, terminando por ser arrastada pela sala e jogada porta à fora da casa de virgem.
Ouviu o barulho da chave girando dentro da fechadura, foi quando tomou uma atitude:
- Shaka! Não pode fazer isso comigo! Sou sua aprendiz! Tenho tanto direito quanto eles ao treinamento! E eu juro! Por tudo o que é mais sagrado! Tive motivos fortes para me atrasar dessa vez!
Sem efeito. A porta nem se moveu, então, resolveu apelar:
- Sou sua única aprendiz! Se eu falhar nas eliminatórias, você terá falhado como mestre perante todo o Santuário!
A porta abriu-se. Efeito imediato! Sem nada dizer, Shaka fez um sinal para que a jovem de cabelos curtos entrasse e ainda em silêncio, seguiu para uma ante-sala onde novamente trancou a porta, dessa vez logo após que sua aprendiz passou.
O mestre continuava claramente bravo com a aprendiz, mas parecia um pouco disposto à ouvir suas explicações:
- Eu precisei resolver alguns problemas pessoais...questões familiares... eu tentei chegar à tempo, mas o trânsito estava um caos, os ônibus atrasados...
A jovem deteu-se quando o cavaleiro levantou sua mão. Era um sinal de basta. Com os olhos cerrados, Shaka dirigiu-se à ela:
- Sejamos práticos Alexandra. Quem morreu dessa vez? Seu tio? Sua avó? O cachorro da vizinha? Você já inventou desculpas mais elaboradas do que essa.
Irritada com o comentário, a garota apontou o dedo indicador para o mestre, sem respeito algum pela autoridade do cavaleiro de ouro:
- Em primeiro lugar, é Alex! Em segundo lugar, eu não invento histórias, se não acredita em mim, o problema não é meu! Ai!
Shaka segurou o dedo da aluna, pressionando-o com força suficiente para quebrá-lo:
- Em primeiro lugar, nunca mais aponte esse dedo para mim novamente. Em segundo lugar, sou seu mestre, demonstre respeito e por último, vou lembrá-la mais uma vez porquê está aqui. - O virginiano não alterou o tom de voz, sua calma habitual refletia-se em suas palavras, o que as tornavam mais afiadas. - Você conseguiu a proeza de perder o dia da seleção e por pouco não se tornou aprendiz de Milo. Mesmo sabendo que estou assoberbado de alunos, Atena me implorou para que eu a treinasse. A única razão para que eu concordasse foi porque Atena em pessoa solicitou esse favor.
Alex ouvia tudo pacientemente, não era a primeira vez que seu mestre entoava esse discurso, e com certeza, não seria a última. Em seu íntimo, lamentava o imenso azar que tivera ao ser entregue aos cuidados de Shaka, quando poderia ter se tornado aluna de Aldebaran, Afrodite ou mesmo Saga e Shura.
Muito antes de Atena reencarnar neste mundo, o Santuário vinha sofrendo com uma queda vertiginosa no número de amazonas, no entanto, nada vinha sendo feito para complementar o grupo de guerreiras e a situação em que viviam desestimulava qualquer aspirante ao cargo. Mesmo com o retorno de Atena ao Santuário e a abolição da máscara, poucas ou nenhuma mulher se candidatava, já que suas perspectivas de crescimento não poderiam passar do nível prata.
Tentando evitar um terrível desequilíbrio de forças, Saori tomou uma atitude drástica, recrutou jovens ao redor do mundo, mulheres com um certo nível de treinamento que competiriam pelas quatro armaduras de prata vagas e as demais armaduras de bronze. A colheita foi relativamente boa, 20 garotas candidataram-se, entre elas, Alex. Todas deveriam comparecer na data marcada, quando seriam designadas para treinarem ao lado de um dos cinco cavaleiros de ouro designados por Atena para tal missão.
Entretanto, na data avençada, duas pessoas não puderam comparecer; Aiolos prontamente desertou da missão, ainda precisava colocar sua vida em ordem e uma aprendiz era tudo o que não desejava no momento. Alex tinha suas razões pessoais para não comparecer naquele dia, os motivos que a seguraram foram mais fortes do que qualquer outra coisa, mas sabia que Atena entenderia e aquele contratempo não a seguraria. Um dia não alteraria seus planos, iria se tornar uma amazona e apagar o passado de uma vez por todas.
Infelizmente, o mundo pareceu conspirar contra seu desejo. Com a saída de Aiolos, Milo foi o único voluntário para o cargo, candidatura esta prontamente repudiada por Saori. Mesmo sabendo que o cavaleiro de Escorpião tinha total disponibilidade de tempo para treinar mais um aprendiz, Atena preferia evitar uma onda de jovens corações partidos ou coisa pior. De forma contrária, optou por dividir as demais alunas pelos cavaleiros que ali estavam e quanto à Alex, implorou à Shaka que assumisse seu treinamento, o cavaleiro de virgem era o único à ter uma vaga remanescente em seu quadro de aprendizes.
Shaka aceitou... relutante, mas aceitou. Sua intuição lhe dizia que talvez não fosse uma boa idéia treinar uma amazona... aquela amazona. Acabou descobrindo que deveria ouvir mais à sua intuição.
Desde que os treinos se iniciaram, a antipatia entre ambos foi imediata, o visível desprezo da moça pelas regras e seu aparente desrespeito á hierarquia só vieram agravar o quadro. Quando não faltava ao treinamento, Alex se atrasava e vinha com uma desculpa esfarrapada. Cada dia aumentava a preocupação do cavaleiro, a data das eliminatórias se aproximavam, todas as aspirantes se enfrentariam, as derrotadas perderiam o direito de continuar treinando com os cavaleiros de ouro e se tornariam aprendizes dos cavaleiros de prata, a fim de competirem por uma armadura de bronze. Às dez vencedoras os louros da fama e a continuação de seu treinamento visando uma armadura de prata.
Os cavaleiros selecionados por Atena para tornarem-se mestres, conheciam suas responsabilidades, era primordial que classificassem uma de suas alunas, do contrário, teriam falhado da pior forma possível. No caso de Shaka, a derrota seria maior, só tinha uma amazona para treinar, fracassar com ela seria o mesmo que atestar a própria incompetência!
Foi diante desse quadro a relação entre ambos iniciou-se, turbulenta e previamente condenada ao fracasso. Mais uma vez ambos deparavam-se frente a frente, naquele conflito que vinha infernizando suas vidas:
- O que realmente aconteceu? - Shaka perguntou calmamente, dessa vez, com os olhos abertos, encarando os orbes castanhos da garota.
Alex preferiu desviar o olhar, encarando o nada, respondeu:
- Não foi nada, me atrasei porque perdi a hora. Está satisfeito?
Shaka respirou fundo, mais uma resposta mal educada. Seus anos de treinamento lhe conferiram uma calma inabalável diante das piores situações, mas parece que mestre algum o preparara para aquela menina endiabrada. Os olhos amendoados e o cabelo curto, no corte chanel lhe conferiam um ar infantil, mas por outro lado, escondiam uma maledicência e perigosa astúcia.
O cosmos da jovem era misterioso, pesado, encarar aqueles olhos brilhantes era como atravessar uma luz intensa e de repente cair num imenso abismo. O mestre não se sentia confortável com a própria aprendiz e admitia para si mesmo, rezava para Alex não se atrasar e treinar apenas com os demais alunos, evitava ao máximo permanecer mais que o tempo necessário, a sós com a moça.
Virando as costas para a aluna, Shaka deu uma última ordem antes de se retirar:
- Inicie pelo treinamento físico, Ikki acompanhará sua seqüência, volte quando tiver terminado.
Alex cruzou os braços e passou pelo cavaleiro quase o derrubando, não estava feliz, mas cumpriria a ordem, bem ou mal, ele ainda era o seu mestre.
Depois de mais uma discussão diurna com sua nova aprendiz, Shaka encarregou um de seus alunos de conduzir o treinamento dos demais e retirou-se para seus aposentos sem mais explicações.
Aproximando-se da pia, jogou um pouco de água sobre o rosto, passando então a encarar o espelho. Deparou-se com a imagem do cavaleiro mais próximo de Deus, um homem poderoso, mas ainda assim, um homem. Nas palavras de seu amigo Mu, um homem suscetível a todos os pecados da carne, assim como todos os seres humanos.
N/A: Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo. Peço um milhão de desculpas a uma pessoa que vai me xingar até a morte, Margarida, não lhe enviei uma prévia, eu sei... mas vc me conhece, eu simplesmente não me contenho, quando tenho um fic na mão, dou a cara a tapa e lanço de uma vez, e venha o que vier de críticas! Meninas, reviews please! B-jão!