Disclaimer: Eu tentei e tentei, mas eles continuam sendo dela: J.K. Rowling.

Obrigada Marck Evans por betar e pelos comentários únicos.


Capítulo 19 - Recomeço

Depois de uma semana, Harry finalmente conseguiu aceitar o convite do padrinho. Sem aviso, decidiu de última hora ir até lá e ao entrar na loja, a encontrou lotada. Já estava tão acostumado a ajudar que, sem pensar duas vezes, aproximou-se de uma senhora e com seu sorriso mais brilhante, começou a atendê-la. Sempre aconselhara o padrinho a contratar mais alguém para ajudá-los, pois o serviço às vezes era demais para apenas duas pessoas. Em pouco tempo, a loja tinha se esvaziado. Olhou em volta e não viu qualquer sinal de Sirius. Estava quase na hora do almoço e resolver fechar a loja. Seguiu até a parte dos fundos onde provavelmente Sirius estaria. Ficou paralisado na porta quando deu de cara com Draco. Um silêncio tenso se instalou entre eles até que Harry o interrompeu:

- Malfoy, o que está fazendo aqui?

A irritante máscara de indiferença de Draco estava lá novamente.

- Eu trabalho aqui, Potter.

O tom superior da resposta o irritou mais que surpreendeu.

- Desde quando?

- E isso te interessa?

- Na verdade, não. Onde está Sirius?

- Precisou sair.

- E te deixou sozinho?

Não conseguiu ocultar a surpresa. Sirius nunca deixaria a loja sozinha com Draco se não confiasse nele.

- Sim. – Draco disse simplesmente.

Harry não resistiu a provocá-lo. Apoiou-se no batente da porta, olhando-o remexer nos papéis sobre a mesa.

- E ele confiou em você para isso?

Viu, satisfeito, a primeira reação de Draco na linha tensa do maxilar.

-Sim, isso parece óbvio, não é? Não tem nada melhor para fazer?

- Para ser honesto, estou bem aqui. – Aquela pose de superioridade de Draco o estava irritando profundamente. – Gostou da reportagem sobre a festa?

Draco se levantou, guardando alguns papéis em um armário, ficando de costas para ele.

- Obra sua, Potter?

- Claro que não. Mas a foto ficou muito boa, não acha? – Disse debochado.

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Draco sentiu que ia perder o resto de sua paciência a qualquer momento. Estava no maior sufoco na loja quando começou notar o movimento diminuindo. Quase caiu para trás ao perceber que quem o ajudava era ninguém menos que Potter. Ao restar apenas uma cliente foi para o escritório, pensar no confronto que certamente teria.

Vivia constantemente dividido entre procurar Potter e se desculpar ou socá-lo pela humilhação da festa. Agora ele estava ali, agindo como um babaca e todas suas suspeitas sobre como o outro reagiria estavam confirmadas. Respondeu, irônico:

- Eu estava nela, não é?

Viu os olhos verdes ganharem um tom mais escuro. Ele estava ficando com raiva e aquilo não era um bom sinal. Draco resolveu sair antes que a situação piorasse.

- Pode ficar a vontade. Estou saindo daqui.

Draco dirigiu-se a porta, mas Potter o segurou pelo braço. Encarou a mão que o prendia e subiu o olhar lentamente, carregado de frieza.

- Nada te atinge, não é, Malfoy?

Draco quase riu daquilo. Sua vida tinha estado uma merda no último mês, tentando se adaptar ao novo estilo de vida. Sua mãe o procurara querendo que ele fosse até Lucius para se desculpar e acabou brigando com ela também.

- Pode me soltar agora? – Seu tom foi venenoso, mas não surtiu efeito. – Pode me explicar o que está querendo comigo?

Assim que acabou de falar, lembrou-se a outra situação que Potter dissera algo mais ou menos do gênero e pelo olhar e o sorriso cínico, ele também se lembrava. Os dois se afastaram, tensos. Reunindo sua coragem, Draco achou que estava na hora de dar um basta naquilo. Não adiantava mais fugir, se Potter começasse a aparecer ali na loja só para infernizá-lo, acabaria perdendo outro emprego.

- Potter, será que podemos conversar? – completou: - Como adultos.

- Pode falar.

Bem, era isso. Tinha conseguido a atenção de Potter, mas não sabia o que dizer. Draco respirou fundo e encarou os olhos verdes. Reconsiderou a possibilidade de não falar nada, mas desistiu.

- Eu gostaria de me desculpar. – Recebeu um olhar indagador. – Eu fui um babaca naquela história com Seamus. Não muda o que aconteceu, mas eu provavelmente agiria diferente hoje.

Normalmente, Draco não se incomodaria em se desculpar com ninguém por seu comportamento. Mas era importante para ele resolver aquele assunto com Potter de uma vez por todas.

- Eu usaria algo um pouco mais forte que babaca. – Harry falou, com um leve sorriso. Ficou sério novamente. – Mas eu também não tive o melhor dos comportamentos falando na frente daquelas pessoas que a gente dormiu juntos. É, acho que podemos dizer que os dois fomos babacas.

- Pois é. A foto causou muitos problemas para você?

- Alguns. Mas eu fiz aquela Skeeter pagar caro.

Draco deu uma risadinha maldosa.

- Ela deve ter passado maus bocados. Até onde eu sei, Lucius e Severus também andaram 'conversando' com ela.

Dessa vez, Harry riu com gosto.

- Mais que merecido.

Naquele momento, Sirius entrou na loja, chamando por Draco. Ao vê-los juntos, conversando, ergueu uma sobrancelha, mas não comentou nada a respeito. Ele e Potter se abraçaram e foram chamados para almoçar. Se Severus e Sirius estranharam Draco e Harry conversando civilizadamente, não comentaram nada. Depois do almoço, os dois rapazes voltaram à loja e trabalharam juntos. Ainda havia uma tensão entre eles, mas Draco estava muito satisfeito com o resultado da conversa.

Ao fecharem a loja, no final da tarde, os dois ficaram em silêncio. Draco tinha a impressão que, assim que se separassem, o frágil entendimento que conseguiram, iria se perder. Se Severus o convidasse para ficar, aceitaria sem pensar duas vezes apenas para prolongar um pouco mais aquele momento.

- Bem, Malfoy. Estou morrendo de fome. E você?

Draco apenas assentiu em silêncio.

- Ótimo. Vamos comer alguma coisa? Ou já tem programa para hoje?

Draco mal podia acreditar no que ouvia.

- Não. Não havia programado nada.

- Legal. Conheço um restaurante ótimo. – Harry franziu o cenho e falou duvidoso. – Só não sei se é exatamente o lugar que você iria.

Draco só esperava que não fosse uma espelunca e disse:

- Só indo lá para saber, não é?

Os dois se despediram de Sirius e Severus e foram para o restaurante. Draco teve uma grata surpresa quando chegaram. Era um restaurante trouxa, mas não estava muito cheio naquele horário e o ambiente era bem agradável. Fizeram os pedidos e comeram num silêncio constrangido. Estava começando a se arrepender de ter aceitado o convite.

Quando terminaram, Draco tinha certeza que Potter arrumaria uma desculpa para ir embora o mais rápido possível, mas o outro rapaz apenas sorriu de leve e recomendou um drinque que havia ali.

O drinque era realmente bom e aquele foi o primeiro de muitos. À medida que iam bebendo, começaram a perder aquela formalidade entre eles. Àquela altura, o restaurante já estava bem cheio e os dois tinham quase que gritar para se fazerem ouvir. Contaram casos engraçados de Sirius e Severus, voltaram a se provocar. Ocasionalmente, as pernas se tocaram por baixo da mesa até chegar a ponto de ficarem entrelaçadas. Potter não parecia incomodado com isso e não seria Draco a reclamar.

Draco percebeu que o movimento no restaurante tinha diminuído e tentou verificar as horas.

- Acho que já bebi demais. Nem consigo ver as horas.

Harry riu e pegou o braço dele, levando o relógio a poucos centímetros do rosto.

- Ahn, dois minutos para o garçom trazer outro drinque. – E riu novamente.

Draco tentou se conter, mas acabou rindo também. Respondeu, sarcástico.

- Brilhante, Potter. Pensou nisso sozinho?

- Uh, ele ainda tem garras. – Harry disse e se aproximou. – Prefiro você assim. Fica chato quando tenta ser bonzinho demais.

Draco ergueu a sobrancelha e deu um sorriso de lado.

- Eu nunca fui bonzinho, Potter. E pelo que posso perceber, nem você.

Harry apenas deu de ombros e se afastou.

- Você viu o que queria ver.

Draco também ficou sério.

- Acho que esse foi um dos motivos para não darmos certos juntos, não é? A gente nunca procurou se conhecer realmente...

Harry assentiu e ficou em silêncio. De repente, assustou Draco quando bateu a mão na mesa e falou, rindo:

- Precisamos beber mais. O papo está ficando sério!

Pediram mais um drinque e Draco soube que era seu último. Ia passar mal se tentasse beber mais um pouco.

- Chega. Acho que perdi o costume. Amanhã, vou acordar com uma ressaca daquelas.

- Bebe uma poção.

- Não tenho nenhuma pronta. – Draco o olhou desconfiado. – Severus anda fazendo para você?

- Tá brincando, né? A última vez que pedi uma poção para ele, me arrependi amargamente. Como fala!

Os dois riram.

- Pensei que tinha perdido meu padrinho para você.

- Sem chance. Mas Sirius me ensinou uma receita boa. Não é tão eficiente, mas quebra o galho.

- E como é?

- Ah, não sei explicar. Eu já deixo tudo separado. Só tenho de me arrastar até a cozinha, jogar dentro do liquidificador e beber.

- Jogar onde?

Harry riu.

- Esquece.

Draco fez um muxoxo.

-Ah, então, não resolve para mim.

- Se quiser, preparo para você amanhã.

Ao dizer isso, Harry deu um sorriso tão genuinamente mal intencionado que Draco não teve qualquer dúvida a respeito das intenções do outro. O roçar da perna dele por baixo da mesa só confirmava isso.

- Proposta tentadora, Potter.

- Sabia que não ia recusar, Malfoy.

- Com quem aprendeu a ser tão convencido?

Harry riu e chamou o garçom.

- Tive bons exemplos.

Pagaram a conta e saíram do restaurante. O ar frio da noite dispersou um pouco os efeitos da bebida. Nenhum deles estava totalmente bêbado e seguiram em silêncio até o ponto de aparatação. Entraram em casa e Potter se virou para ele.

- Quer beber alguma coisa? – Diante de sua negativa, continuou. – Conversar?

Draco deu um sorrisinho de lado e se aproximou do outro rapaz.

- Não, não quero beber nem conversar.

Potter deu um suspiro aliviado e um sorriso debochado.

- Ótimo. Alguém me disse que temos um problema sério de tensão sexual mal resolvida. O que acha de darmos um jeito nisso?

- Excelente idéia, Potter.

Ao contrário do que imaginou que aconteceria após a pergunta de Potter, o beijo começou suave, lento. Ali, beijando-o, Draco percebeu a falta que sentiu daquele contato. Mordeu levemente os lábios dele e quando ele os entreabriu, as duas línguas se enroscaram, aprofundando o beijo. Intensificando a necessidade por mais.

Draco começou a desabotoar a camisa de Harry distribuindo beijos e mordidas pelo pescoço. Quando a pele pálida estava exposta, passou a explorá-la, detendo-se nos mamilos. Com a ponta da língua, ficou brincando com o metal frio, arrancando gemidos do outro. Harry o puxou e voltaram se beijar enquanto ele retirava sua camisa.

Harry passou a brincar com o zíper da calça de Draco, deixando os dedos roçarem na ereção evidente. Ficaram nesse jogo mútuo de provocações e toques, sem deixarem de se beijar em momento algum. Terminaram de se despir, as roupas formando um amontoado a seus pés. Toda calma foi esquecida quando os corpos se tocaram, pele contra pele, ambos soltando gemidos de prazer com o contato. Draco queria mais, muito mais. E Harry não parecia estar em melhores condições.

Draco sentiu o corpo se incendiar e sua própria ereção se firmar ainda mais com o gemido rouco de Harry quando passou a acariciar o membro dele. Apoiou a cabeça na curva do pescoço dele, dando pequenas mordidas enquanto sua mão explorava toda a extensão do pênis de Harry e a outra mão acariciava os testículos.

Harry o segurou pelo pulso e Draco deteve o movimento, apertando levemente o pênis entre seus dedos, arrancando mais um gemido do outro.

- Eu não vou agüentar muito tempo desse jeito. – Harry disse, ofegante, voltando a beijá-lo.

Quando se afastaram, Draco pegou a varinha e fez um feitiço lubrificante. Sussurrou, mordiscando a orelha do outro:

- Minha vez, Potter.

- Mas que seja rápido.

Dizendo isso, Harry conjurou um lubrificante, passou um pouco na própria mão e envolveu a ereção do outro. Draco usou os dedos para ir preparando o outro rapaz e a boca para ajudá-lo a relaxar. Quando os movimentos da mão de Harry se intensificaram, Draco o fez se virar, apoiar-se no sofá e entreabrir as pernas. Posicionou-se atrás dele apenas se encostando, sua mão tocando ora a coluna ora os mamilos do outro. Lentamente, tentando não machucá-lo, Draco começou a penetrá-lo, parando e redobrando os carinhos, enterrando-se mais quando sentia o outro preparado.

Ambos gemeram quando Draco passou a se movimentar num vaivém sensual. Segurou os quadris de Harry com firmeza, os dedos marcando a pele clara. Tentava se conter, mas os gemidos do outro estavam acabando rapidamente com seu autocontrole. Saiu quase completamente de Harry para voltar a se enterrar de uma vez, tocando a próstata dele. Ao ouvir seu nome sendo dito entre dentes, num sussurro rouco seguido de algumas palavras em parsel, Draco sorriu malicioso. Ele queria que aquilo se repetisse. Reclinou-se sobre Harry e intensificou as estocadas, deliciado com as reações que provocava. Envolveu a ereção do outro, movimentando a mão no ritmo das investidas. Estava cada vez mais difícil para Draco se conter, então, movimentou-se para atingir a próstata de Harry mais uma vez, e outra até sentir sua mão se lambuzando, o que foi suficiente para desencadear seu próprio gozo.

Ainda ofegantes, os dois escorregaram para o tapete, deitando lado a lado. Ficaram assim por um bom tempo, em silêncio até que Draco virou-se para encarar Harry. Deu um sorrisinho. O outro rapaz estava de olhos fechados, muito corado e suado, apesar da respiração regular. Estendeu a mão para tocá-lo e Harry se sobressaltou, erguendo-se. A sensação de dejà vu foi tão intensa que Draco jurou mentalmente que se o outro dissesse qualquer idiotice agora, ia esmurrá-lo.

Harry o encarou, com um olhar estranho e bocejou, estendendo a mão para ele.

- Podemos ir para a cama? Estava quase dormindo.

Draco disfarçou um sorriso e aceitou a mão estendida. No quarto, fizeram um feitiço de limpeza, deitaram e adormeceram em seguida.

Uma claridade irritante atingia o rosto de Draco diretamente. Abriu os olhos e levou um tempo para entender onde, porque e com quem deveria estar. 'Deveria' já que não havia mais ninguém ali. Harry escolheu aquele momento para entrar no quarto, vestindo apenas uma calça de moletom.

- Desculpe, não queria acordá-lo.

- Não me acordou.

Harry aproximou-se, com um copo na mão e se sentou sobre a cama.

- Como se sente?

- Bem. Nem tanta ressaca quanto eu imaginei. –Pegou o copo que Harry lhe oferecia. – O que é isso?

- A receita que Sirius me ensinou. – Harry falou, sorrindo.

Draco avaliou o estranho aspecto da bebida.

-Tem certeza que isso é para a ressaca? Não é nenhuma brincadeira do Sirius?

Harry começou a rir.

- Pode tomar. Eu tive mais ou menos a mesma reação que você. Se ele não tivesse bebido primeiro, nunca teria experimentado também.

Draco cheirou e franziu o nariz de leve.

- Obrigado, mas não. O drinque de ontem nem era tão forte assim. Só dá a impressão que eu fiz sexo a noite inteira. – Riu, malicioso. – Isso é um efeito normal dele?

Harry fingiu pensar por alguns minutos antes de responder:

- Não, normal não é. Mas pode acontecer. Principalmente, dependendo da companhia. Pode tomar. Não vou te envenenar.

Draco tomou um gole e realmente não era tão ruim. Harry apenas sorria, recostado contra o encosto da cama. Voltaram a ficar em silêncio até que Harry falou:

- Sabe, Malfoy, eu fiquei muito puto quando te peguei na cama com Seamus. Acho que mesmo que eu passasse o dia inteiro tentando, não conseguiria explicar tudo que senti naquela hora. Eu quis te matar, mas seria muito rápido. Então, eu quis te fazer sofrer bastante. E resolvi me vingar.

Draco ficou em silêncio, olhando para o copo em suas mãos, ouvindo atentamente cada uma das palavras de Harry com um aperto no peito,gelando com a última frase.

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Harry contou tudo que tinha feito nos últimos meses, preferindo omitir a participação de Sirius e Severus da história. Não queria realmente que Draco ficasse com raiva deles. Não sabia porque estava contando tudo aquilo agora, mas também não fazia idéia do porquê das suas últimas ações. Mas Draco havia se desculpado e ele não achava justo manter o outro na ignorância. Acompanhou a sucessão de emoções nos olhos cinzas.

- Então, é isso, Potter? Vingança? Agora, também é vingança? O que vai fazer? Me expulsar, publicar no jornal?

Draco se levantou, começou a se vestir e não escondia a raiva. Harry também se levantou, passando a mão pelo cabelo e suspirou derrotado.

- Não, não é. Eu nem sei o que é esse 'agora'. Eu não queria dormir com você daquela vez. Menos ainda trair Bill, mas aconteceu. Em não queria que tivesse se repetido. Droga, eu não queria sentir isso.

Draco parou e o encarou, uma sobrancelha erguida.

- Isso o que?

Harry se aproximou e segurou Draco pelo ombro, impedindo-o de se afastar.

- Essa vontade de te beijar. E quando te beijo, sentir a vontade só aumentar. Essa fome, esse desejo. Não sei dizer o que é isso, mas só sei que eu sempre quero mais. Muito mais. Nunca é o suficiente.

Harry acabava de colocar todas as cartas na mesa e tentou afastar a velha insegurança para longe. Continuou, encarando os tumultuados olhos cinzas.

- Eu não menti para Bill. Eu queria ficar com ele e te esquecer. Eu teria sido mais feliz assim. Mas eu não consegui. Tudo se descontrolou e deu no que deu.

Harry esperou que Draco dissesse algo, mas ele apenas permanecia em silêncio. Deixou os braços caírem ao longo do corpo e se afastou. Sentia um gosto amargo de derrota, sem nem mesmo saber o que esperava daquela conversa. Sequer sabia se perdoara Draco pelo deslize com Seamus. Estava tão perdido nos seus pensamentos que quase não ouviu o murmúrio do outro:

- Eu também sinto isso. Essa fome. Esse desejo por mais.

Harry sentiu o coração falhar uma batida quando seus olhos se encontraram. Perguntou:

- E agora?

- Não sei. – Draco esfregou a testa e se sentou na beirada da cama. – Acha que consegue me perdoar pelo que aconteceu?

Harry se sentou ao lado dele.

- Não sei. E você, consegue?

- Também não sei. – Suspirou. – Nós não demos certo uma vez. Eu mal te conhecia e confesso, não fazia questão de conhecer.

- É, nós levamos muitos preconceitos e medos para o nosso relacionamento. – Harry fez uma pausa e disse. – Gostaria de tentar?

- Acha que podemos começar do zero?

Harry pensou por um tempo e depois o encarou, sério. Estendeu a mão.

- Prazer. Harry Potter.

Viu um leve sorriso surgir no rosto de Draco que apertou sua mão.

- Prazer. Draco Malfoy. Acho que já ouvi falar de você, Potter. Não era o segundo melhor em Hogwarts na época da escola?

Harry começou a rir.

- Acho que não. Pelo menos sempre tinha um loirinho atrás de mim. Não era você?

Draco fez uma pose arrogante ao responder.

- Duvido muito. – Riram e ele ficou sério. – Potter, vamos ter de passar por todo aquele processo de novo? Sabe, almoço de domingo, namoro no sofá?

Harry fez uma careta de desgosto.

- Merlin, não!

- Ótimo.

Dizendo isso, Draco o beijou. Ficaram se beijando e acariciando por um longo tempo até que Harry se afastou, ofegante.

- Nós vamos continuar nos chamando pelo sobrenome?

Draco sorriu, descendo a mão para o elástico do moletom.

- Se você voltar a gemer em parsel, eu deixo me chamar de Draco.

- Ei, eu não fico gemendo em parsel. – Harry tentou soar indignado, mas o movimento da mão de Draco arrancou um gemido dele.

- Ah, não? Isso é o que veremos.

Harry sorriu. Não tinha qualquer certeza sobre o futuro deles, mas aquilo agora não importava. Viveriam um dia de cada vez, contornando os problemas quando viessem. E a julgar pelos sussurros de Draco e pelo toque dele em seu corpo, cada descoberta seria mais interessante que a outra.


Obrigada pelas reviews:

Barbara G, Tachel, Hanna Snape, watashinomori, Mathew Potter Malfoy, Athena Sagara, Amy Lupin.

No LJ: Paula Lírio, Nicolle Snape, Tachel Black, Magalud.

Pois é. Agora acabou! – Ivi emocionada por terminar sua primeira fic -

Espero que tenham gostado do final e não tenham ficado (muito) bravos comigo. Muito obrigada teve a paciência de acompanhar e um agradecimento especial para as pessoas que deixaram reviews. É muito bom saber o que pensam.

Então, até mais.

Beijos!