CAPÍTULO SEIS – EPÍLOGO

OS DOIS olhos verdes se abriram um após o outro. Primeiro deram à sua dona a vista de um céu cinzento pela janela fechada. Ela sentiu frio mesmo com o cobertor sobre si. Apoiado na altura de sua barriga havia um braço.

Virou-se com cuidado e pôde ver a quem pertencia. Sorriu como quem finalmente faz algo que sempre quis, satisfeita.

Ele dormia respirando pesadamente, com a boca aberta meio centímetro. Os cabelos mais despenteados do que o normal, se é que isso é possível, cobriam os olhos. Afastou-os delicadamente, reparando que era a primeira vez que o via sem os óculos redondos. Estes tinham sido jogados no chão de carpete do quarto-sala quando entrara em estado de sonolência.

O relógio dele emitiu dois bipes baixos, despertando a curiosidade da mulher por saber as horas. Quase pulou de susto quando viu os tracinhos formando o número 13. Céus! Uma hora da tarde. Como conseguira dormir tanto! Bem, a noite anterior fora bastante cansativa, positiva e negativamente. Riu baixo. Mais positiva, é verdade...

Pensando bem, não estava ligando muito para horas... Pegara o último turno no dia de ontem, mais do que merecia um descanso.

Se bem que – e é aí que começa a guerra interior entre seu lado maduro e seu lado irresponsável (que teima em aparecer quando passa muito tempo com Tiago) – considerando os últimos acontecimentos e que ninguém sabia onde ela estava, poderiam ficar muito preocupados pensando que ela poderia ter sido vítima de retaliação por parte dos Comensais.

O Lado da Razão deve ter sorrido triunfante dentro dela. Sempre conseguia ser mais persuasivo.

Levantou-se devagar, deixando o braço que a segurava escorregar para a cama.

Andou com as pontas dos pés pelo apartamento inteiro catando peças de roupas, que estavam todas espalhadas por lá, e vestindo-as apressadamente.

Garranchou um bilhete muito carinhoso em um guardanapo e deixou-o em cima do travesseiro em que dormira. Abriu a janela para o ar ventilar o local, e cobriu o homem, que parecia na hora um bebê dormindo, para que não sentisse mais frio.

Antes de aparatar teve a impressão de que estava esquecendo de pegar alguma coisa. Balançou a cabeça tentando espantar o pensamento. Aparatou para seu próprio apartamento com um "Plac".

Segundos depois uma rajada de vento forte entrou pela janela, balançando as cortinas e levando um pedaço leve de papel que estava em cima do travesseiro vazio para debaixo da cama.

E foi quando o rapaz começou a acordar.


'- SIRIUS, aqui, agora, é uma emergência!- gritei em pânico com o rosto dentro da lareira.

Eu acordei o cachorro, que estava dormindo no sofá da casa do Remo, mas não tô nem ai.

Segundos depois ele aparatava lá em casa com uma cara mais amassada impossível.

'- Por que demorou tanto, Almofadinhas? Não deu pra perceber que é uma situação de desespero profundo?

'- Pontas, você não é o personagem principal da novela mexicana, não precisa fazer esse drama todo.- disse mal abrindo os olhos e com voz de sono.- Além de que você já está ridículo o bastante andando de um lado pro outro com esse samba-canção do Rei Leão.

'- Eu... não... preciso... do seu... sarcasmo!- disse batendo na cabeça dele pra ver se o acordava.- Preciso da sua ajuda, cara!

'- Tá, tá! Fala logo o que quer.- falou com o típico ar de como se estivesse achando tudo entediante.

'- Acho que ela foi raptada. O Boi-lambeu tava chantageando ela, e tinha mais alguém sabendo pra se alguma coisa acontecesse com ele, e essa pessoa era Voldemort, e ele vai acabar com a gente!- peguei a gola de sua camisa e balancei.- VOCÊ ESTA ENTENDENDO O QUE EU ESTOU DIZENDO? O Idiota mor seqüestrou a Lily!

'- Okay, okay, vamos parar de deixar seu lado mexicano fluir.- levantou e me fez parar de andar.- Em primeiro lugar, vamos considerar os fatos: ela é a garota que demorou três anos pra aceitar um convite pra sair. Tem certeza que ela dormiu aqui com você? Porque tudo que eu vi foi um beijo sabe...

'- Claro que dormiu.- fui até a cama pegar a prova do crime.- Se não, como você explicaria isso?- puxei um sutiã rosa que tinha ficado enrolado nos lençóis.

'- Ela não sentiu falta disso quando foi embora?- perguntou risonho.

Olhei para o sutiã na minha mão e joguei para o lado.

'- O ponto é: cadê a moça?- perguntei sentando no chão.

'- Bem... não me mate, mas ela pode ter percebido que fez besteira e fugido.- disse mais sério.

'- Sem avisar nada? Acho bem difícil... e se você visse como ela tava ontem à noite...- entrei em transe e meu "querido" amigo me acordou com um tapa.- Ela não estava parecendo como se fosse se arrepender.

'- Mas as mulheres são assim mesmo, Pontas. Fazem a gente acreditar no que querem que acreditemos e nos fazer jogar seus joguinhos, pra depois nos largarem assim.- estalou os dedos.

'- Primeiro que essa descrição se encaixa melhor no seu perfil.- me olhou ultrajado.- E segundo que parece que você ainda está com dorzinha de cotovelo por causa da Quel.

'- Não me fala dessa mulher... Você acredita que eu fui ter com ela e não quis me atender? Ela! Se recusou! A me atender!

'- Claro que acredito. Finalmente você escolheu uma mulher que tenha cérebro.

'- Se todas as que têm cérebro forem assim teimosas, não me arrependo das que tive antes!- resmungou.- Mas vamos mudar de assunto! A Lily deve estar dando pulinhos pelo apartamento dela, contando pras amigas sobre mais uma noite com o amor de sua vida.- revirou os olhos.

'- Não foi "mais uma noite"! Foi a nossa primeira juntos.

'- O quê?- ele ficou totalmente sério.- Naqueles dois meses no colégio vocês não...

'- Almofadinhas! Era o colégio, cara! Onde você esperava que a gente fizesse essas coisas?

'- Bem, o colégio nunca foi impedimento pra mim...

'- Cara, cala a boca!- joguei uma almofada nele (isso soa muito irônicojogar uma almofada no Almofadinhas, entenderam o trocadilho?ahn?ahn?) e me levantei começando a me arrumar para o trabalho. É, a vida não pára.


(Grande passagem de tempo)

Tiago Potter andava pela casa quando sente que está sendo observado...

EI, CARAS, vocês estão aí! Quanto tempo!

Vocês devem estar loucos pra saber o que se sucedeu àquela manhã depois daquela noite... ah, vocês sabem do que eu estou falando, leitores!

Minha memória anda meio confusa nos últimos tempos, mas vou tentar lembrar de tudo...

Bem, eu estava saindo pro trabalho, mas com a cabeça no paradeiro de Lily. A primeira coisa que fiz foi passar na sala da Equipe dela, onde havia apenas cinco mulheres curvadas olhando algo sobre a mesa.

'- Bom dia.- cumprimentei.- Eu poderia falar com o Líder dessa Equipe?

Então elas se viraram pra mim. Choravam. Alias, pareciam estar chorando há muito tempo.

'- É... desculpem, mas o que aconteceu? Eu posso ajudar em alguma coisa?- tentei ser prestativo apesar da ansiedade em saber onde Lily estava.

'- Não, não pode.- a mais alta respondeu chorando mais. Odeio quando as mulheres choram, parece que o mundo está pra acabar pra fazê-las chorar como o fazem.- Ninguém mais pode ajudar nem fazer nada.- enxugou as lágrimas e tentou se recompor.- A Líder? Ela partiu.

'- Partiu? Como assim? Pra onde?- o que elas queriam dizer com isso? Será que... tinha acontecido o pior?

'- Nem deu tempo de dizer pra onde. Só sei que partiu pra sempre.

POW! Senti uma facada no meu coração. O sangue estava jorrando de mim e levando embora minha vida. (Sem comentários à la Sirius, por favor.)

'- Pra sempre?- perguntei quase sem voz.

Ela só balançou a cabeça afirmativamente.

'- Tadinha!- exclamou uma das demais, apontando algo na mesa, que devia ser uma foto da Lily.

'- Calma, ela está numa melhor agora...- afirmou tristemente.

Senti que era hora de sair de cena.

Bati a porta ao sair. No corredor, enchi um copinho de água gelada e joguei na cabeça pra ver se acordava da realidade paralela em que estava. Não adiantou, isso não podia estar acontecendo.

Como foi isso? Céus! Como aconteceu? Só pode ter sido Voldemort. Era o único que sabia, o único que podia contra ela. Será que ela chegou a vir trabalhar? Será qu a pegaram quando estava saindo da minha casa? Será que... Moody!

'- Moody!- ele veio mancando pelo corredor, parecendomais mal-humorado do que nunca.

'- Que é, Potter?- rugiu.- Aliás, não é porque você pegou três Comensais ontem à noite que os outros vão ficar de luto e parar de atacar. Você deveria estar na sala Dois há uma hora. Seus subordinados estão esperando comandos.

'- A Srta. Evans, onde está?

'- Já se foi, Potter! Se foi, se foi! Você não ouviu falar? Deveria ser mais informado sobre o que acontece!- e saiu resmungando sobre como o país está indo pro buraco por conta da falta de informação dos poderosos.

Eu achei insensível demais, até para os níveis normais de insensibilidade Moody.

Mas de jeito nenhum eu ia pensar em trabalho agora. A equipe não é tão idiota, se tiver um ataque eles vão acudir sem precisar de uma ordem.

Sirius. Ele sim podia me contar o que aconteceu. Se tem alguma coisa que ele não sabe, é porque não aconteceu.

Final do corredor, curva à direita, duas portas, esquerda, última porta... MAS ISSO É UM MINISTÉRIO OU O LABIRINTO DO MINOTAURO!

Finalmente! Escancarei a porta da Equipe Dez. Avistei a mesa mais bagunçada. Embaixo de pilhas e pilhas de papéis estava Sirius.

'- Almofadinhas, ela.. ela... ela...- não conseguia completar a fala.

'- Fala, homem!- ele se levantou, preocupado.

'- A Lily, Almofadinhas, a Lily...- era um momento de total desespero e descontentamento.

'- O que tem eu?- ouvi a voz dela. Ou melhor, pensei ter ouvido

'- AH!- pulei de susto.- Por um momento pensei ter ouvido a voz dela... ah, se isso fosse possível...

'- Tiago? Você está bem?- ei! Dessa vez eu ouvi.

'- Olha só. De novo! Será que isso vai acontecer sempre agora, Almofadinhas? É da minha cabeça ou será que agora eu tenho uma ligação direta com o além?

Não entendi o porquê, mas Sirius parecia prestes a estalar em gargalhadas. Já estava vermelho e se contorcendo.

'- Cara, as pessoas estão muito insensíveis hoje! Eu sei que tem as coisas dos comensais, e mortes acontecem com freqüência, mas isso já é demais! Dessa vez foi tão perto da gente!

Ai ele começou a rir MESMO.

'- Almofadinhas! Isso é muito sério, não era pra você estar rindo como se nada tivesse acontecendo!

'- Tiago, o que aconteceu afinal pra você ficar assim histérico?- falou a voz de novo. Me virei lentamente.- Parece o protagonista daquela novela mexicana que estreou na Rádio, o Antônio Ricardo.- vi aquele rosto cheio de sardinhas iluminado com um sorriso e pasmei.- Pelo sua cara você não gostou muito do nome. Mas acho que a gente poderia mudar para Antônio Tiago.- e riu do som que o nome fazia.

Segurei sei rosto dela e beijei todos os espaços possíveis.

'- Minha mãe tinha razão quando te conheceu, você é mesmo um cara muito estranho.- disse rindo.

'- É que depois de ontem, eu acordei, você não estava lá, ai eu lembrei da história e pensei que pudesse ter acontecido alguma coisa...

'- Ah, Tiago, eu sei me cuidar né?

'- Por que sua equipe estava chorando, e me disseram "Já se foi, já se foi", e Moody também dizia isso!

'- Ah, então é isso. Você sempre foi meio desinformado mesmo.- revirei os olhos. Já tinha ouvido aquilo.- É que eu me vou de verdade. Desisti do Aurorado.

'- O quê? Mas por que? Sua equipe estava chorando por que você vai embora? Devem gostar mesmo de você ein...

'- Primeiro: vou largar a carreira de Auror, porque decidi ser pesquisadora. Segundo: aquelas descerebradas da minha equipe não estavam chorando por causa de mim, e sim por que elas leram na revista dos programas que o protagonista, o Antônio Ricardo sabe, vai ser traído pela Maria Guadalupe na quarta feira. E terceiro: todos gostam mesmo de mim!

'- Ah! Essa garota é das minhas! Minha melhor discípula na arte da modéstia.- a abracei e baguncei-lhe os cabelos.

A partir daí foi tudo maravilhoso...

... e hoje estamos casados. E muito felizes.

E aqui estou eu, no corredor sem intenção de destino definida. Na verdade, eu ia fazer sim alguma coisa... mas esqueci!

'- Tiago, você vai trazer as panquecas ou o quê?- ouvi uma voz acompanhada do barulho de porta abrindo. É ela saindo do quarto. Nosso quarto.

'- Li! Vem ver quem tá aqui!- apontei para vocês.

Ela olhou para a parede com uma cara estranha.

'- Você ta falando sozinho de novo?- perguntou preocupada.- Pensei que tivesse parado com isso... Vai, meu amor, vai pro quarto que eu levo nossas panquecas...

É mesmo incrível como as pessoas são cegas hoje em dia, não enxergam um palmo na frente do nariz.

Mas onde eu estava mesmo? Ah é, Lily não é mais Auror (e tenho que admitir que isso até me agrada). Ela trabalha ainda no Ministério, na parte de pesquisa de antídotos. Já descobriu uns cinco! Tem gente que trabalha lá há uns dez anos e descobriu um ou dois!

Remo está com a Samy ainda. Eles combinam demais. Agora eles estão na Conferência Nacional dos Livros. Como eu disse: o par perfeito.

Sirius está com a Raquel, estão morando juntos.

Ouve-se a campanhia.

Aposto que é ele. Bem, quando eles brigam, ele vem pra cá dormir no sofá. Menos quando eu brigo com a Lily. Aí eu durmo no sofá e ele dorme no chão da sala. Ou então a gente vai pra night. Por isso elas evitam brigar com a gente.

'- Panquecas!- ela chegou com dois pratos empilhados de panquecas.

'- Oba!- acho que é uma boa hora pra abordar o assunto que eu estava pensando outro dia...- Li, há quanto tempo a gente se conhece?

'- Ahn... não sei...- ela estranhou. Realmente, eu não sou muito de falar dessas coisas.- Deve ter mais ou menos treze anos. Por quê?

'- E estamos casados há quase dois anos...

'- Estamos... dois maravilhosos anos.- falou sonhadora, logo mudando para um tom de curiosidade hostil (ou seja: ar de "fala logo ou leva um tapa").- Por quê?

'- Sabe, eu acho que é hora de nós... bem... deixarmos algo no mundo, se você me entende.

'- Não, não entendo...

'- Não é bem algo, é mais alguém...

'- Você quer dizer...- fez cara de entendimento.- um filho?

'- É. Ou uma filha. O que você acha?

'- Acho lindo, meu amor!- me deu um super-beijo.- Mas com uma condição.

'- O que você quiser!- odeio quando ela impõe condições, mas fazer o que? O filho(a) vai ser dela também.

'- Que você não queira batizar de Antônio Ricardo.- riu.

'- Claro que não! Vai ter o mais bonito dos nomes!

'- Qual?

'- Antônio Tiago!

Rimos. Nós pensamos em um nome melhor depois. Harry. O que vocês acham? Soa bem, não? Harry Potter. Sim, tem potencial.

'- EU TE AMO!- Lily disse alto depois de parar de rir.

'- EU TAMBEM TE AMO!- respondi mais alto.

Rimos de novo. Era isso o dia todo, nós dois rindo à toa.

Quando conseguimos, continuamos comendo panquecas. Iguais, mas com um sonho a mais em mente.

Afinal, um sonho a mais não faz mal.


Sim, sim, vou dar explicações! Primeiro, a volta as aulas, que ninguém merece, ainda mais se for no meu colégio que a gente tem 4 provas todo sábado! Alem de começar o inglês, dança, e demais cursos. Alem disso, comecei teatro. E é exatamente por isso que parei de escrever. Fics. Porque estou escrevendo uma peça. Estava. Já acabei. Nossa, to muito feliz. Nosso grupo vai apresentar a MINHA PEÇA. Minha gente, minha. Ai que emoção!

Enfim, só tinha a primeira parte desse capitulo escrita, então quando meus neurônios se recuperaram do último processo criativo pude terminar aqui. Espero que gostem! Não sei se o final ficou muito legal... espero que vocês me falem então. Desculpem os errinhos, nao deu tempo de revisar!

Já tenho um capítulo da próxima fic pronto. O tema e tudo mais é surpresa, mas é T/L (lógico).

Então... acho que é só isso. Agradeço demaaaais a quem deixou reviews. Quem escreve fics sabe como elas ajudam.

Beijos, vejo vocês na próxima fic (espero!).