Tenshis

(Anjos)

Capitulo 01: A Triste Noite De Rin

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-Papai?...


-Vamos, não fique triste comigo.

-Você se atrasou! – eu disse fazendo bico.

-Eu sei, querida, mas prometo que não vai mais acontecer. – ele me disse, sorrindo. O sorriso que me acalmava... – E seus amigos pareceram gostar da minha apresentação. – e afagou meu cabelo. O carinho que desmanchava qualquer sentimento ruim em mim...


-Papai, acorda...


-Papaaaaai! – entrei no quarto dele correndo, com minha camisola e pantufa de ursinhos e meu travesseiro nos braços. – Tem alguma coisa embaixo da minha cama!

-'Coisa'? – ele me respondeu, sonolento, sorrindo em seguida. Pegou-me no colo. – Será um monstro? – perguntou para mim rindo quando eu coloquei o travesseiro na frente do rosto em forma de medo.

-Mata ele pra mim, papai! – eu disse apontando para a porta de saída do quarto, corajosamente. O herói que sempre me salvava de tudo...

-Vamos juntos.


-Papai, o que é essa coisa vermelha? Papai...?


-Você matou ele, papai! – eu disse, orgulhosa.

-Com a sua ajuda. – ele me disse sorrindo e colocando-me na cama.

-Ele aprendeu a lição dele, né?

-Aprendeu, sim. – ele cobriu-me e deu-me um beijo na testa. O beijo que me ajudava a dormir... – Agora vá dormir, amanhã você tem aula. – disse-me afastando-se da cama e desligando a luz.

-Papai... – comecei, receosa. -...pode ficar até eu dormir? – ele olhou-me desconfiado e por alguns instantes e eu achei que não cederia.

-Tudo bem.


-911?

-Papai não ta acordando.

-Qual o nome do seu pai, querida?

-Ele não quer acordar, eu já chamei e balancei, mas ele não acorda...

-Tudo bem, querida. Você sabe onde mora?

-Ele me disse que se um dia ele não acordasse ou me deixasse muito tempo sozinha em casa era para ligar pra esse numero...

-Tudo bem, qual o seu nome?

-Rin.

-Certo, Rin, quantos anos você tem?

-Cinco.


-Faça um desejo e assopre. – ele me disse e eu desejei. Desejei, mais que tudo no mundo, ficar com meu pai para sempre. Desejei, mais que tudo no mundo, nunca perdê-lo. – O que você desejou?

-Que você me desse a boneca que te pedi! – eu menti. Menti, sim. Meu medo de que o fato de eu contar fizesse com que meu desejo virasse o contrário era maior do que todos os outros.

-Oh, é mesmo? – ele perguntou, sorrindo para mim. Foi até o quarto dele e voltou com um embrulho nas mãos. Uma bela caixa embrulhada com um papel azul cheio de animais e com uma bela fita branca enrolada. – Feliz aniversario de cinco anos, querida.


-Verdade, querida? Olha, meu anjo, eu posso te ajudar a fazer seu papai acordar, mas vou precisar da sua ajuda, está bem?

-Ta.

-Tudo bem... Rin? O que foi isso?

-Oi. Desculpa, o telefone caiu da minha mão. Isso escorrega...

-O que? O que escorrega, Rin?

-Uma coisa vermelha que tava no meu pai e fico na minha mão.

-Oh, meu deus... Rin, preciso que você faça uma coisa para mim, está bem? Vá até algum vizinho e bata na porta. Peça pra vir aqui falar comigo, mas não desligue o telefone, está bem, querida?

-Ta.

Rin deixou o telefone na bancada e correu para a porta. Estremeceu assim que sentiu o vento frio da noite passar por si. A camisola de tecido fino voava com o vento e as pantufas, um pouco maiores do que os pequenos pezinhos, eram as únicas coisas que mantinham alguma parte do seu corpo quente.

Correu até a casa da velha vizinha e, subindo no pequeno murinho da varando, alcançou a campainha e tocou várias vezes. Desceu saltando da mureta, já acostumada com o ato, e esperou por alguém.

-Rin? – uma senhora de meia-idade apareceu na porta, amarrando melhor o roupão envolta do corpo. – Está tarde, querida, o que está fazendo aqui fora?

Sem responder, a menina segurou na mão da mulher e puxou-a pra própria casa.

-O que tem nas suas mãos? – a senhora perguntou, sentindo a viscosidade, mas estava escuro demais para definir cores.

Empurrando a senhora para a bancada, Rin fechou a porta e entregou-lhe o telefone, deixando visível a cor do liquido viscoso e fazendo a mulher colocar as mãos na boca com o choque.

-Oh, meu deus...

-Toma. É pra você. – Rin disse. – Vou tentar acordar o papai de novo.

A velha pegou o telefone ainda chocada e colocou-o no ouvido, murmurando um 'alô'.

-Senhora, aqui é do 911, a menina nos ligou dizendo que não conseguia acordar o pai.

-O pai...! – só então a velha se deu conta. Correu até o quarto do velho amigo e encontrou Rin sacudindo-o na cama. – Mande uma ambulância para cá. Rápido! – deu-lhes o endereço e desligou o telefone. – Rin?

-Ele não acorda, Tia Kaede. Já tentei de tudo, mas ele não acorda! – ela disse triste e levantou-se da cama, correndo para abraçar a velha senhora.

-Eu sei, querida. Tudo bem. Vai ficar tudo bem. – ela disse, pegando-a no colo e olhando para o pai da menina na cama. Estava com um enorme corte no coração. Quem teria feito algo tão cruel? Ela olhou para a garotinha pensando ela não teria visto a cena e notou algo. – O que é isso? – Rin estava com sangue entre as pernas e ao tocar no local a ela se sacudiu no colo da velha, quase se jogando no chão. – Rin, alguém fez alguma coisa com você? Alguém tocou em você, Rin?

A garota apenas se calou e correu para o pai novamente, deitando-se ao lado dele na cama.

A velha, não se contendo, chorou, por pena daquela pequena família, arruinada para sempre.


Bom, é minha primeira fic, então, não me batam, ta? .

Estou aberta a sugestões se acham que tem alguma coisa errada. E me deixem uma review se acharem que mereço...

O proximo capitulo vai ser maior, prometo!

Kisus

LittlePrincessRin