Aviso: Último capítulo! Obrigada a todos que me acompanharam durante estas semanas. Vocês ne fizeram muito feliz. Como recompensa temos aqui um pequeno NC-17, ok? ;)
"Você gosta de pensar que nunca está errado
Você quer agir como se fosse alguém
Você quer alguém para sofrer por você
Você quer mostrar o que você tem sido
(você vive daquilo que aprende)."
Parte V
O sacolejar do táxi fazia Draco sentir-se levemente enjoado. Afinal, não comera nada o dia toda e acabara de assassinar alguém. Ele também se sentira levemente enjoado daquela outra vez.
"O quê vamos fazer?" perguntou Draco novamente para o rapaz quieto ao seu lado.
Era inútil, ele sabia. Harry não falara desde que deixaram o beco escuro onde ficava o bordel em que Draco trabalhara por tantos meses.
Harry havia limpado a maior parte das provas que poderiam levar a polícia dos trouxas ao encalço deles. Levitando o corpo de Norton, fez com que ele parecesse que tentara suicídio, enrolando e prendendo uma das pontas do cachecol no firme suporte para luz que havia sobre a penteadeira de Draco. As digitais do loiro e Harry foram inteiramente removidas com magia e os funcionários da casa tinha apenas descrições físicas, um nome e nenhuma prova.
A policia nunca chegaria a uma solução e logo o caso seria arquivado. Como Draco disse, Norton não era exatamente alguém por quem muitos chorariam. Logo tudo estaria esquecido.
O loiro se recostou no táxi e cerrou os olhos, tentando relaxar, mas as batidas de seu coração – embora já tivessem se acalmado há algum tempo, não paravam de lhe sussurrar...
...assassino... assassino...
Draco não agüentou. Abriu os olhos. Harry o fitava.
"O que é?" resmungou o loiro. "Você quer que te agradeça? Obrigado senhor Potter por ter me livrado daquilo... obrigado senhor Potter por..."
Harry pousou um dedos sobre os lábios de Draco, fazendo com que ele se calasse. Os olhos cinzas do loiro lhe encararam com atenção. Talvez até um pouco de medo.
"A culpa foi minha. Eu quis bancar o herói... mesmo querendo machucar aquele crápula, eu não o fiz... esperei ele tomar vantagem, me atacar... deixei que você fizesse o que fez... outra vez fui eu quem deixei..."
Draco arregalou os olhos. Harry estava delirando... só podia ser...
"Quê outra vez, Potter? Ficou maluco? Você não teve nada... nada a ver com aquilo..."
Draco foi novamente silenciado por Harry, mas desta vez, por seus lábios.
Os braços de Harry envolveram Draco pela cintura e este não recuou. Retribuiu, passando os seus pelo pescoço do moreno, trazendo-o junto, para mais perto. Harry sentia o coração de Draco batendo ali, bem junto do seu e de alguma forma, ele sabia que aquilo era certo. Como ou porquê eram outras perguntas... perguntas as quais ele não tinha pressa de ter respondidas...
A necessidade de respirar fez com que ambos separassem os lábios. Suavemente Harry juntou sua testa com a de Draco, abrindo os olhos, o encarando.
"Você me ofereceu a mão uma vez, Draco. Há 12 anos. Nós éramos crianças e eu te recusei. Tudo podia ter sido diferente... nós podíamos ter sido diferentes... talvez você não precisasse ter feito o que você fez..."
O loiro novamente piscou seu par de olhos cinzas. Estático.
Ele se lembrava, era claro.
No expresso de Hogwarts, Harry o esnobara pelo pobretão do Weasley... sim... talvez... talvez...
Não.
Draco riu-se e desviou o olhar.
"Não, Potter. Esse era o nosso destino... sempre foi... você não podia negar o grifinório que havia dentro de você, como eu não podia negar o sonserino aqui dentro..." Draco indicou o próprio coração e sorriu meio de lado. Harry o fitava com atenção, sem entender.
"Nos tínhamos de passar por isso para chegar até aqui. É a hora de uma nova escolha... de uma nova proposta."
Harry juntou as sobrancelhas.
"Você pode me deixar na próxima estação de trem com algum dinheiro e essa mala com minhas roupas e minha varinha. Nunca mais terá de ver. Eu vou sumir, fugir daqui..."
"E se esconder num bordel outra vez? Se vender?"
Draco sorriu.
"Se eu ficar, Potter, não estarei me vendendo também? Dando àquele que me esnobou uma vez, a chance de fazê-lo novamente?"
Harry arregalou os olhos por detrás do óculos redondos. Era inacreditável.
"Eu não... não..."
Draco tornou a sorrir e aproximou-se de Harry, o beijando. Harry cerrou os olhos e retribuiu. Draco delicadamente tirou-lhe os óculos, deixando-o cair no soalho do táxi. O motorista não lhes deu atenção, o vidro negro que os separava fechado, ocultando-os do mundo.
Aprofundaram o beijo. Draco desabotoou a camisa de Harry e enfiou a mão por dentro do tecido, tocando a pele desprotegida. Harry apartou o beijo e também abriu a camisa de Draco, descendo os lábios por seu pescoço.
Draco se recostou na parede do carro, abrindo as pernas de leve, abrindo a braguilha de sua calça e puxando a mão livre de Harry, para que ele o acariciasse...
"Sim... você sim, Harry Potter. Mas você não vai admitir. É corajoso, mas não tem coragem de dizer a você mesmo que agora precisa de mim. Quer que eu esteja por perto porque gosta de lembrar em tudo que deveria ter feito e não fez... foi por isso que você tentou salvar Norton. Porque queria tê-lo matado no meu lugar... não foi?"
Harry segurou o rosto de Draco nas mãos, obrigando o loiro a encará-lo. Seus olhos verdes estavam furiosos, mas ele sorria. E foi o seu sorriso que mais assustou Draco.
"Então somos ambos perdidos, é isso que você quer dizer? Eu com meu covarde heroísmo, você... com sua covardia heróica... você quer escutar isso, não quer?"
Harry jogou seu corpo em cima de Draco, que deixou um gemido rouco escapar. Sentiu Harry lhe tocando nos lugares certos, sua boca subindo por seu pescoço até chegar ao ouvido.
"Eu deixei... deixei que eles morressem... Cedric... Sirius... Lupin... Hermione... todos eles! Mas eu não queria, Draco. Não queria que eles morressem... eu teria morrido no lugar deles..."
Draco também abriu a braguilha da calça de Harry, segurando o membro duro e desperto entre seus dedos frios. A língua de Harry chupando o lóbulo de sua orelha sem descanso, suas palavras frias e afiadas lhe penetrando sem dó...
"Mas você não morreu. Você escolheu errado." Disse Draco baixinho, subindo suas mãos pelo corpo de Harry sobre o seu. "Escolheu o lado covarde... Você preferiu viver."
Harry abriu mais as pernas de Draco, tirando o resto de suas roupas, enfiando-se nele. O loiro engoliu em seco ao ver os olhos verdes faiscando.
"Não, Draco." Disse Harry, o penetrando. "Eu não tive escolha. Eu deixei eles morrerem, mas não tive escolha... foram eles que decidiram por mim. Decidiram que eu merecia mais do que eles em continuar aqui."
Draco reprimiu um gemido quando Harry começou a entrar e sair do corpo dele com mais força. Mais rápido. Sua voz saiu as arquejos quando tentou falar.
"Eles o condenaram, não foi? A uma eternidade de culpa... foi isso... foi isso que todos eles fizeram."
Harry passou os braços pelas costas de Draco, puxando-o para que ele se sentasse sobre seu colo. O trazendo para mais perto de si, o abraçando. Draco obedeceu, segurando o rosto tenso de Harry entre seus dedos, dando lhe um beijo delicado e terno nos lábios cerrados para não gemer.
"Você é inocente. É o mais inocente de todos eles, Harry Potter." Disse Draco, o abraçando pelo pescoço, fazendo um cafuné em sua cabeça, bagunçando ainda mais os seus cabelos.
Harry enfiou o rosto no pescoço pálido e sem aviso começou a chorar, as lágrimas descendo sem aviso sobre a pele do loiro.
Draco reforçou o abraço, então também chorou. Mas o seu era um choro silencioso, sem lágrimas. Incandescente. Rasgante. Por dentro.
Pelo o que exatamente ele chorava, talvez Draco nunca soubesse.
Se era de dor, de angústia ou de tristeza.
Mas ele sabia de onde vinham as palavras que saíram de seus lábios. Eram palavras simples, mas impregnadas de um ódio mortal por todos que de uma forma ou de outra contribuíram para aquele retrato cruel... desenhado e largado em seus braços.
Ele o salvara daquela vez, mas quem salvaria a ambos?
"Não chore, Harry-" A voz de Draco soou reconfortante dentro do táxi que se afastava velozmente pelo centro chuvoso de Londres. "Não foi sua culpa. Você era só um bebê quando tudo isso começou..."
Fim
NdA: Sim... sim. Eu tenho um sério problema com finais felizes. Não gosto muito deles, para ser sincera ao menos detesto escrevê-los. Parecem forçados, irreais. Se olharmos ao nosso redor, veremos que a maioria das pessoas não termina com um "happy end". Ainda assim espero que tenham gostado. Obrigada por todos os comentários, foram muito importantes para mim.
... e em todo caso, vocês podem imaginar que o motorista do táxi escutou os gemidos dos dois, virou-se para ver o que estava acontecendo e acabou batendo o carro. Daí nossos dois pequenos amantes morreram em meio a um delicioso orgasmo. XD