Muito Além da Magia

Cap 28- 31 de outubro

-Por que você não põe o Harry para dormir e nós vamos para o nosso quarto, Lily? –sugeriu Tiago, abraçando-a carinhosamente por trás do encosto do sofá.

-Harry parece com sono, pra você? –perguntou Lílian, enquanto a criança brincava com o pomo, correndo no tapete.

-Não me responda com outra perguntas –sussurrou Tiago, beijando o pescoço e os ombros da esposa –e eu também não estou com sono, sabe?

Lílian mirou-o sorrindo e Tiago jogou-se ao lado dela no sofá, puxando-a para si, mas o segundo seguinte foi de um silêncio estático: alguém, subitamente, batera na porta.

Três batidas gélidas na porta de madeira, mais pareciam um delírio para o casal. Mas Lílian e Tiago tinham certeza de que não era uma alucinação, pois, não apenas ambos se calaram ao ruído, como Harry, que não compreenderia a gravidade daquelas batidas, já que não tinha idéia da situação em que o feitiço Fiddelius os colocava, deixara o pomo escapar entre seus dedinhos, fixando os grandes olhos verdes na direção do hall de entrada.

-Siius? –perguntou ele baixinho e inocentemente aos pais

Nem Tiago nem Lílian responderam.Sabia que, feita a magia pouco antes, nenhum amigo, familiar ou colega poderia bater-lhes a porta.Daquele momento em diante, só havia uma pessoa que enxergaria aquela casa: Pedro, o fiel dos egredo.Mas que faria ele ali, a esta hora? Ele, que nunca antes os visitara? Lílian não acreditava na possibilidade de ser ele; Tiago talvez cresse tanto quanto ela, mas dissimulou:

-Que será que Pedro quer a essa hora?

-Tiago –Lílian segurou-o sem forças, e, ainda assim, ele deixou-se sentar outra vez.Apertou as mãos trêmulas da esposa.

-Só pode ser ele, certo?

Tiago entrou no hall com passos lentos de uma criança que vai na direção de algo temido, porém tinha a cabeça erguida, querendo convencer a si próprio de que não era nada; no máximo, era o amigo.

Afastou um pouco a cortina da janela lateral à porta e disserniu um vulto negro diante dela.Um vulto alto, magro...não podia ser Pedro.Naquele momento, Tiago entendeu tudo, a verdade refletiu em sua mente por completo: aquele vulto não era qualquer um, era a morte; o Fiddelius não fora uma atitude de defesa, fora de rendição.Pedro Pettigrew não era seu amigo, era um traidor...um rato...em todos os sentidos da palavra.

Só desejava ter descoberto algumas horas mais cedo.

Tiago soltou a cortina e com o pouco sangue que ainda percorria seus vasos e irrigava-lhe o cérebro, conseguiu pensar.Você ainda tem alguns minutos de vida, Tiago Potter. Use-os para prolongar os dias das duas pessoas que você mais ama. Salve Lílian e Harry.Eles têm uma chance. Não fracasse agora...tem que salvá-los.

Disparou em direção da sala, varinha em punho, apagando as luzes por onde passava.

Lílian tinha Harry nos braços quando Tiago surgiu pálido diante dela.

-É ele –falou Tiago ofegante. Não precisou explicar a Lílian quem era, porque ela compreendera e, no íntimo, já sabia.

-Apagar as luzes não vai ajudar, Tiago –balbuciou Lílian –Ele sabe que estamos em casa.

Mas Tiago, atormentado, não atentava para as palavras dela, nem lhe dava explicações, tampouco percebia firmeza e resignação dela.

Mais três batidas frias na porta.Irônico, como se o Lorde das Trevas não entrasse onde se precisasse mesmo bater.

-Suma, meu amor! –pediu Tiago beijando a testa de Lílian e, em seguida, a de Harry –Suma daqui com Harry –e apagou as luzes da sala, deixando a casa na completa penumbra

-Não vou –disse Lílian calma –se vocês duelarem, lutarei ao seu lado

Tiago fitou-a desesperado e sacudiu-a pelos ombros.Harry observava tudo ao seu redor com os olhinhos verdes arregalados.

-Não temos chances, Lílian!Vamos morrer!

-Sei disse tão bem quanto você –Lílian continuou –não quero continuar vivendo sem você. Vou duelar ao seu lado...não tente me dissuadir.

Tiago sentiu seu orgulho se elevar. A coisa mais certa que fizera na vida fora insistir em Lílian, até casar com ela. A mais errada que faria seria deixá-la morrer assim. Abraçou-a com força.

-Você tem nos braços o motivo para continuar vivendo.

Lílian explodiu em lágrimas, apertando Harry contra o peito.

A sétima batida apressou-os.

-Vá!

-Eu te amo –soluçou Lílian, já na escada –e o odeio!

-Todos o odeiam, querida...

-Não falo de Você-Sabe-Quem –Lílian sacudiu a cabeça –eu odeio Pedro Pettigrew.


Tiago ouviu a porta da frente abrir lentamente, após sete batidas, no escuro da sala, com a varinha erguida. Uma gargalhada veio do hall e, em seguida, uma voz sibilou:

-Potter? –era uma voz masculina e fria –não vai me dar as boas vindas?Confesso que esperava uma recepção mais calorosa, mas também não deveria entrar assim, não é?Acontece que você não me ouviu bater, presumo, então, como tenho algo importante a fazer, resolvi me adiantar...

Tiago sentia o ódio daquela ironia. Como poderia responder a alguém tão sujo?Tão falso?

-Oh! –continuou Voldemort –espero que não estivesse dormindo, seria uma falta de ética minha acordá-lo. Mas deixe-me ajuda-lo a acender as luzes –ele parou na sala diante de Tiago e estalou os dedos.Imediatamente, a casa toda se iluminou. Os dois homens se encararam.

-Então o jogo acabou? –perguntou Tiago entre dentes

-O jogo?Não, Potter...ele nem sequer começou.

A boca de Voldemort se abriu numa fenda que deveria ser um sorriso; um sorriso sem lábios. Os olhos avermelhados brilharam encarando a frieza nos olhos castanho-esverdeados de Tiago.

Tiago logo pensou que aquela circunstância era favorável ao seu propósito: não tinha sangue de barata, mas suportando aquelas malditas ironias, ganharia tempo para Lílian.

-Vejo que tem uma residência muito bela, Potter –elogiou Voldemort –pena que não consegui encontrá-la antes. A Sra.Potter deve ser muito fina e delicada para escolher a dedo cada peça que põe no lar. Bonita sagaz e fina. São tantas qualidades para Lílian, que quase esquecemos o defeito: sangue-ruim, não?

Tiago abriu a boca, furioso, mas o lorde continuou:

-Mas e aquele pomo-de-ouro parado em cima do armário?Não faz parte da decoração organizada pela esposa, faz? É seu? –Voldemort, que dera as costas para Tiago, ao olhar para o pomo, voltou-se abruptamente, os olhos em chamas –ou do garotinho?

Tiago sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo inteiro. Harry estaria o quarto agora. Lílian apenas subira as escadas, e, mesmo que tomasse outro caminho, não haveria como fugir. Quando ele morresse, Voldemort iria ao encontro dos dois e seria o fim dos Potter.

-Seu silêncio me enfada, Potter –bradou Voldemort deixando de lado o tom irônico –cansei de ser lisonjeiro com o pai, quando quem me interessa é o filho.Sim... duas palavrinhas com seu filho, e nada mais haverá para impedir a mim de alcançar meu objetivo. Duas simples palavrinhas dirigidas a Harry Potter e...

-Impedimenta! –exclamou Tiago, furioso com a alusão à morte de Harry

-Crucio!

Tiago sentiu os músculos distenderem involuntariamente e, em seguida, contraírem-se numa dor intensa e cega, que levou seu corpo ao chão, a contorcer-se.

-Quer morrer, Potter? –ofereceu Voldemort deliciado –é uma maldição bem menos dolorosa –e suspendeu o cruciatus para ouvir a resposta

-...expeliarmus! –gritou Tiago, mal pôs-se de joelhos

-Crucio!

Tiago voltou ao chão sem um grito, sufocando a dor para não apavorar Harry e Liliana inda mais.Nunca sentira tamanha dor.

-Quer morrer agora?

-Levitasserum! –bradou Tiago, sem ao menos se levantar, mas tão energicamente, que os pés de Voldemort ergueram-se do chão por um segundo e...

-Crucio! –o lorde ficara visivelmente transtornado com a força da magia de Tiago, ao pisar o chão novamente e vê-lo voltar a contorcer-se de dor –entendo...vai querer morrer sob tortura, não é? E, com toda dor, ainda não larga a varinha...doença de auror, viver com a varinha em punho. Mas se para você ela é necessária...

-Sec...Sectumsempra! –gaguejou Tiago, mal mirando o alvo

Correram filetes de sangue pelo braço de Voldemort

-Ora, ora! –fez Voldemort ainda mais admirado –isso não é magia para mocinhos.Quem te ensinou?

As lágrimas geradas pela dor brotavam dos olhos de Tiago.Que Lílian não seja submetida a isso.Que ela não sofra a maldição cruciatus. Sentiu o corpo dilacerar, perdera a força nos músculos e deixou de sentir dor.

-Não se preocupe –sussurrou Voldemort, aproximando-se dele –darei a ela a chance de viver...quem sabe será feliz com outro? –sorriu desdenhoso e dirigiu-se à escada –eu teria te matado mais rápido, e sem tortura...me surpreendeu, Potter.

Tiago derramou em sua última lágrima o desejo de ter resistido por mais tempo e sofrido mais para salvar Harry, e a certeza de que Lílian morreria antes do filho, pois aquele mundo não deixara mais nada para ela. Ela iria encontrá-lo na imensidão de um universo paralelo.Seriam felizes. Tiago tinha certeza.

Voldemort virou-se e mirou-o:

-Avada Kedavra!


-Morsmordre –exclamou o bruxo que lembrava um ofídio

Uma caveira com uma cobra como língua começou a se elevar no céu lançando uma claridade verde-vivo na noite escura.A Marca Negra pairava bem acima da casa dos Potter.

-Tiago... –Lílian observou a Marca Negra conjurada se elevar no céu proporcionando uma claridade verde a entrar no quarto de Harry.

You were once my one companion

You were all that mattered

You were once a friend and lover

Then my life was shattered

-Você tentou me salvar… talvez fosse tarde demais…como eu viveria sem você?

Wishing you were somehow here again

Wishing you were somehow near

Sometimes it seemed, if I just dreamed

Somehow, you would be near

-Mamã –fez um Harry assustado –Papai...cadê?

Líliam ergueu uns olhos piedosos para o filho. Não tinha mais. Logo seria nada.

Wishing I could hear your voice again

Knowing that I never will

Dreaming of you won't help me to do

All that you dreamed I could

Lílian olhou para o céu, onde apareceu a Marca Negra.Onde estará você agora?

Passing bells and sculpted angels

Cold and monumental

Seem for you the wrong companions You were warm end gentle

Passos na escada.Ela esperava, não podia fugir.Olhou o bilhete mal escrito.Procurou uma coruja.Rafa...você tem que saber que o culpado é Pedro...

Too many years fighting back tears Why can't this moment just die?

Mas os passos já estavam no corredor e Lílian não tinha coragem de sair da frente do berço de Harry para pegar uma coruja.O que eu faço, Tiago? O que eu faço, meu amor?

Wishing you were somehow here again

Knowing we must say goodbye

Try to forgive

Teach me to live

Give me the strength to try

Os passos pararam na frente da porta do quarto de Harry, e o súbito silêncio apavorou Lílian. Pôs-se de pé, enxugando as lágrimas, virou-se para o filho sentado no berço.

No more memories

No more silent tears

No more gazing across my wasted fears

Help me say goodbye

Help me say…goodbye A porta se abriu

-Boa noite, Srª Potter

Lílian não conteve o susto que a visão causou.Aquilo era um homem? Um ser humano? Mais parecia um ofídio...um resultado tenebroso do cruzamento entre um humano e uma cobra.

-Saia da minha frente e deixe-me fazer o que vim fazer –ordenou o homem parecendo impaciente –Saia!

-Não –Lílian manteve a voz firme

-Você não tem que morrer –disse Voldemort –Não vim aqui para matar você, desde que saia do meu caminho.

Lílian mirou-o com nojo

-Está pedindo que eu saia do seu caminho e o deixe livre para matar meu próprio filho? –perguntou ela ainda firme

Voldemort olhou-a admirado

-Pois não saio –continuou Lílian –prefiro a morte. A vida de Harry vale mais que a minha e não é por causa de uma droga de profecia que ela vale tanto...é porque eu o amo...e não o deixaria morrer sem tentar evitar.

-Ele não tem escolha, mas eu estou lhe dando uma...

-Só toca nele por cima do meu cadáver!

Lílian viu a fúria crescer nos olhos de ofídio do bruxo à sua frente

-Como queira –sibilou enfim. E começou a gargalhar a mesma gargalhada aguda de quando entrou.

Lílian deu-lhe as costas e voltou-se para Harry.Encarou o filho, cujos olhos verdes refletiram os seus.

O bruxo atrás dela estendeu o braço apontando-lhe a varinha.

-Viva pra sempre, Harry...

-Avada Kedavra!

Lílian caiu no chão frio diante de Harry


-Olha só pra você –sibilou Voldemort –um bebê.Quem achou que alguém como você poderia derrotar...a mim?

Harry mirava-o, como se pudesse entender o que o outro dizia.

-Mas agora –continuou Voldemort –todos saberão que ninguém pode me deter.

A Lorde das Trevas apontou a varinha para a testa da criança que continuou sem desviar o olhar do bruxo à sua frente.

-Adeus, Harry...Avada Kedavra!

Um clarão verde rasgou a ponta da varinha de Voldemort e incidiu na testa de Harry, que caiu imediatamente entre os travesseiros.

O lorde riu satisfeito. Aproximou-se do garoto e só então reparou: alguma coisa brilhava intensamente na testa dele, no local onde o feitiço o atingira; mas o segundo que ele levou para dissernir um raio, foi o último que ele teve para enxergar.

Uma explosão saiu daquele raio na testa do bebê. A casa foi devastada. Uma poeira subiu no ar e Voldemort já não estava lá para ver que o raio parara de brilhar, mas continuava como uma cicatriz na pele da criança que dormia descansada, como se nada tivesse acontecido.

Godric's Hollow tinha uma Marca Negra bem acima dela e um boato de que aquela seria a última vista por todo o mundo corria sorrateiramente pelos poucos moradores da ilha, que de natureza calada e quieta, quebravam o silêncio.Mas quem começou a espalhar a estória?


Remo acordou de um pesadelo. Olhou em volta do grande quarto escuro que lhe fora reservado no Castelo Ravenclaw. Tentou fechar os olhos e adormecer de novo, mas logo percebeu que era inútil. Saiu do quarto, fechou a porta e observou o comprido corredor na penumbra. Foi andando sem rumo, observando os quadros nas paredes, até que um chamou-lhe a atenção:

-Lumus –fez ele aproximando a varinha de um pequeno retrato

Emoldurado por um porta-retrato florido, estava uma fotografia de Rafaela e Lílian em Hogwarts. Talvez no primeiro ou segundo ano, pelo tamanho e a aparência ainda infantil.Ambas com duas tranças nos cabelos, Rafaela ainda usava franja e Lílian tinha um pirulito na boca. Remo sorriu. Bons tempos.

Um ranger de porta veio do quarto mais próximo, e uma luminosidade fraca surgiu no corredor. Um pequeno vulto vinha em direção a Remo com passinhos pequenos e ele virou a varinha para ver uma pequena menininha de apenas dois anos de idade.Estava ofegante e parecia assutada; os cabelos ainda em desalinho.Remo abaixou-se ficando mais próximo da altura dela.

-Cho! Que faz acordada a essa hora?

A garotinha levou um susto, mas logo o reconheceu

-Tem uma coisa no céu –disse ela apontando seu pequeno dedinho indicador para a janela mais próxima.Seus olhinhos puxados estavam arregalados, revelando medo.

-A senhorita deve ter tido um pesadelo –Remo tentou acalmá-la

-Não –retrucou a pequena sacudindo a cabeça –é assombroso –e saiu correndo pelo longo corredor, parando em frente à porta do outro quarto e batendo-a –mamãe!Mamãe!

Taiki abriu a porta do quarto parecendo sonolento. Rafaela ficara na cama. As janelas do quarto estavam trancadas e as cortinas fechadas. Remo seguiu para a varanda no fim do corredor.

-Papai, tem uma coisa horrível no céu –insistiu Cho

-Minha linda, você deve ter tido um pesadelo...

Remo olhou para o céu de Godric's Hollow à sua frente e empalideceu:

-A Marca Negra... –foi a única coisa que conseguiu dizer numa voz rouca

-O quê? –fez Taiki incrédulo correndo para a varanda também

Rafaela apareceu na porta do quarto, pegando Cho nos braços. Parecia desorientada.

-Rafela –chamou Taiki e ela também se dirigiu até a varanda. Mas parecia receosa, a cada passo que dava, parecia temer algo.

-O que foi? –Perguntou ela tentando manter a voz firme

-Prefiro que você veja.

O medo podia ser perfeitamente reconhecido nos olhos dela, e seus passos, antes lentos, ficaram subitamente apressados.

-Não! –exclamou ela ao chegar na varanda e se deparar com a Marca Negra sobre o céu de Godric's Hollow –está sobre... sobre a casa dos Potter.

-Não...você não deve estar vendo direito –Taiki tentou acalmá-la, mesmo sabendo que aquilo era uma mentira inútil

-É a casa de Tiago, sim –disse Remo ainda rouco

A caveira com uma cobra lhe saindo pela boca pairava verde e brilhante no céu. De repente, um clarão verde surgiu no céu. Era obviamente um Avada Kedavra. Cho começou a chorar.

-Eu vou lá –disse Remo determinado

-Espere –disse Taiki, e outro clarão verde cortou o céu, paralisando as pessoas acordadas no Castelo Ravenclaw. Cho ainda chorava. Taiki tentou pensar racionalmente –já vimos dois Avada Kedavra, e provavelmente, teve outro antes desses, por causa da Marca Negra que já pairava no céu...

Mas sua linha de pensamento ficou perdida no ar, porque o que se seguiu foi uma estranha explosão que chacoalhou a residência dos Potter. Um clarão branco ofuscante cortou o céu escuro daquela noite. Remo e Taiki se entreolharam boquiabertos. Rafaela perdeu os sentidos, caindo desfalecida no chão. Taiki entregou a Remo, Cho que havia para do de chorar por alguns segundos, espantada com o súbito clarão, e foi ajudar a esposa.

-O que foi isso, afinal? –perguntou Taiki depois de algum tempo em que os quatro ficaram em silêncio.

Remo pareceu sair de um transe

-Merlin! –exclamou –eu tenho que ir até lá...

-Não! –disse Taiki –temos que informar Dumbledore antes de agirmos! –e contemplou receoso o vilarejo pela janela –Só nós e os moradores de Godric's Hollow vimos isso, e eles são afastados da civilização...mal mantêm contato com o resto do mundo. Dumbledore precisa saber.

Entraram no quarto e puseram Rafaela sobre a cama com Cho ao seu lado; a menina alisava os cabelos da mãe.

-Preciso ir –insistiu Remo –o aviso pode demorar...

Mas ele mal teve tempo de dar um passo em direção à porta, uma coruja parda bateu no vidro da janela do quarto com um bilhete. Taiki abriu a janela e deixou a coruja entrar, desenrolando o bilhete, trêmulo.

Prezados moradores do Castelo Ravenclaw,

"Acabo de ser informado sobre os acontecimentos na residência dos Potter e presumo que tenham visto tudo de onde estão. Mas peço que fiquem no castelo até que outro sinal. Já enviei alguém até Godric's Hollow. Não sabemos ao certo o que aconteceu, mas já ouvi muitos boatos à respeito. Entento que devem estar angustiados, mas eu vos peço: não façam nada.

Alvo Dumbledore"

-Ótimo –suspirou Remo –"seus melhores amigos foram atacados, mas não faça nada, mesmo tendo assistido toda a cena", ajudou muito, Dumbledore.

-Que vai fazer? –perguntou Taiki

-Ora, obedecê-lo, não é?Vou ter que esperar, se ele diz que já mandou alguém pra lá... –suspirou –vimos dois Avada Kedavra depois de uma Marca Negra, não sei se Tiago e Lílian podem ter fugido...

Sentiu seus olhos ligeiramente marejados, mas tentou conter as lágrimas.Taiki deu-lhe uns tapinhas amigáveis nas costas.

-Eles já escaparam dos Comensais uma vez –falou Taiki gentilmente –podem ter escapado de novo –mas o rapaz não fazia idéia de quem fora a real visita dos Potter.


-FELIZ DIA DAS BRUXAS!

Sirius curtia os encontros com os colegas de trabalho, pois eram todos boêmios, festeiros e bebiam bastante, o que significava uma grande farra –coisa que ele adorava.

Mas naquela noite, Sirius não estava se divertindo.

-Que é isso, meu jovem? –Túlio, um velho gordo bochechudo percebeu a abulia dele –Está trocando cerveja amanteigada por suco de abóbora!

-Bem –fez Sirius sem ânimo –não estou querendo beber...

-Ora, ora1

-Você que detona um garrafa em um gole!

-Está fazendo charme!

-é...

Sírius tinha os pensamentos ocupados e não ouvia uma só palavra da confusão de gritos dos colegas. Aquele dia... que dia! Fizeram o Fiddelius, enfim. Deixaram Pedro no esconderijo. Sim...ele não podia ser encontrado. Pedro, Pedro... você nunca foi muito competente, nunca.E agora está numa posição estratégica e arriscada. Mas só tinha você para fazê-lo. Tinha de ser um de nós três, Tiago sabe bem disso. Eu? Óbvio demais. Remo? Suspeito demais. Só sobrou você. Está feito. Só espero que você não seja covarde demais.

-Sr.Black? –a secretária de Sirius debruçou-se sobre ele e sorriu abobalhada –gostaria de vir comigo a um lugar com mais...privacidade?

-Eu tenho que ir! –Levantou-se subitamente e correu para fora da sala, deixando para trás sua secretária muito sentida.


Acelerava cada vez mais a motocicleta preta. O ronco alto da moto ecoava na avenida vazia. Após alguns minutos, avistou o esconderijo de Pedro. Parou na frente da entrada e desceu da moto rapidamente em direção ao esconderijo.

-Pedro? –chamou ele entrando por uma modesta portinha de madeira em uma saleta sombria. Era um ambiente quase vazio, exceto por um velho sofá empoeirado e algumas caixas de papelão empilhadas. Ele não podia ter pelo menos arrumado a bagunça? –Pedro! –chamou novamente. Continuou sem receber resposta –Você não está aí? –o coração de Sirius disparou com a possibilidade.O esconderijo estava vazio, mas não haviam sinais de luta. Não parecia que alguém poderia ter vindo ali e arrastado Pedro à força.

Correu de volta para a sua motocicleta, e uma vez montado nela, pisou fundo no acelerador.


Parou na frente da casa de Lílian e Tiago.

Não acreditava no que via. Aquilo tinha que ser um pesadelo.

A Marca Negra pairava no céu bem acima da casa que estava visivelmente destruída.

Cerrou os punhos, sentindo uma ira se alastrando como fogo dentro dele.Tremia levemente quando avançou para a entrada da casa. Pedro...seu rato asqueroso...eu acreditei em você, e você...você me traiu...traiu Tiago...

Entrou desesperado pela porta escancarada da sala. O cômodo estava em ruínas. Móveis destruídos, objetos espalhados, quadros estraçalhados...

Levantou um álbum de fotografias de cima do centro e viu o corpo sem vida de Tiago no chão.

-Pontas! –gritou. O álbum escorregou-lhe por entre os dedos.

-Tem alguém aí? –uma voz grossa soou do andar de cima

Sirius arrancou a varinha das vestes pronto para acabar com o sujeito, mas...

-Hagrid!

-Sirius!

Um choro de criança ecoou nas paredes.

Sirius fitou o pacotinho nos braços de Hagrid incrédulo.

-É...é o...? –gaguejou

-Harry –completou Hagrid

-Mas…mas…como? –balbuciou ainda trêmulo –o que aconteceu?

-Foi ele –disse Hagrid, sua voz cheia de significância –Você-Sabe-Quem. –e soluçou alto, grossas lágrimas caindo na sua longa barba emaranhada –ele matou Tiago e Lílian! –Hagrid se dirigia para fora da casa; Sirius o seguiu.

-Mas, Hagrid...Você-Sabe-Quem? –indagou Sirius –Mas Harry está vivo!

-Bem, não se sabe se os boatos são verdadeiros –dizia Hagrid ainda choroso –os moradores da ilha...todos dizem... não sei quem começou a estória...entende?

-Dizem o quê, Hagrid?

-Dizem que, bem... dizem que Você-Sabe-Quem tentou matar Harry e...bem... –engoliu um soluço –desapareceu!

Sirius agora fitava Harry e seus olhos pousaram na cicatriz em sua testa.

-Um raio... –as lágrimas brotaram nos olhos de Sirius, a verdade finalmente o atingindo –Maldito seja quem inventou esta maldita profecia...

-Sirius... –disse Hagrid sem jeito –você acredita...nesses boatos?

-Claro!De que outra maneira Harry teria sobrevivido? –parou um instante –Quem contatou Dumbledore?

-Não sei...mas ele está me esperando.

-Me dê Harry, eu sou o padrinho dele... –Sirius ia tirar Harry dos braços de Hagrid, mas este virou-se

-Não –disse ele –Dumbledore me mandou levá-lo.

-Bem, então o leve na minha moto!

-Não...não precisa.

-Eu insisto. –disse Sirius –Você vai precisar bem mais dela do que eu.

Hagrid subiu na moto e alojou Harry ao seu lado. O bebê ainda chorava alto.Pisou no acelerador e com um ronco alto, sumiu na escuridão.

-Maldito Voldemort... –Sussurrou Sirius sozinho na rua vazia e fria de Godric's Hollow –maldito Pedro...


N/A1:Ok, ok, eu sei...eu demorei de novo.

Mas desta vez a culpa não foi minha, nem da minha irmã. Parece que meu pc resolveu dar problema de novo.Eu achei até estranho ele ter passado tanto tempo sem problemas...já tava na hora de ele ter outra crise.

Eu tentei postar a fic antes, mas o Word simplesmente não abria, então não tinha como eu digitar, unhappily.

Mas se Deus quiser, em fevereiro, vai chegar um pc novinho em folha e este daqui vai servir só pra quando o outro estiver ocupado.

Ok, só falta mais um capítulo, e eu sinto informar que creio que ele vai demorar também. Minha irmã insiste em escrevê-lo, mas nem começou ainda.

Nhai...foi triste esse capítulo...

Se alguém quiser conferir, a música da parte da Lílian é Wishing you were somehow here again da trilha sonora de The Phantom of The Opera, com algumas pequenas modificações, pra se encaixar melhor na estória.

Washed Soul- Claro que eu lembro de você!Como eu esqueceria?

Que bom que você amou!Eu também adoro aquele capítulo...é meio que a despedida...é triste, mas é lindo...

Sim, você foi a única a comentar no último capítulo...unhappily. Mas, bem, se você diz que é ótima, eu fico filix!

Huahuhua...o morcego...parece que o Sirius passava da conta nas cervejas amanteigadas...

Er...bem...eu não demorei tanto assim, demorei?

Bejaum pra você também!


N/A2: olá...

Talvez eu nunca tenha escrito uma N/A antes (talvez não, certamente), nem nunca tenha passado algum capítulo pro pc (isso eu até já fiz um pouquinho), mas divido a escrita dessa fic com minha irmã. Esse capítulo foi escrito por mim, e eu espero que gostem. É o penúltimo capítulo de Muito Além da Magia e demorou pra sair porque eu não deixei a Titinha escreve-lo e eu estive mesmo muito ocupada em 2005... vestibular (1ª etapa) e tal, e é claro, por causa do pc.

Finalmente postamos.

O último eu ainda nem comecei, mas farei isso amanhã (ou, pelo menos, pretendo).

Desculpem por qualquer coisa, e eu espero realmente que vocês curtam o final da fic.

by Tatá


Ok...pequena intromissão da minha irmã, que resolveu dar as caras por aqui no penúltimo capítulo...(bonito pra cara dela, néam?).

Bem, se tudo der certo, se ela realmente escrever o próximo capítulo rapidinho, e se o meu pc colaborar, há uma pequena chance de eu postar na semana que vem.

Beijux

Titinha Potter