Disclaimer: Saint Seiya não nos pertence! Aiorin foi um personagem criado pela Pipe. A nós pertencem: dr. Sakamoto, dr. Schmidt, Lia, Jim (James White), Pierre, Claire, Camille, Lolita, Ártemis e Perséfone.


Epílogo

"Então foi assim, padrinho? Foi assim que tudo aconteceu?" perguntou a menina de doze anos ao adulto, após ouvir atentamente a história que ele contara.

O homem confirmou com a cabeça

"Exatamente assim. Agora você não pode mais dizer que escondemos nada de você."

"Isso me deixa muito feliz!"

"Bem, agora que a senhorita está feliz, pode se levantar da cama? Já são quase onze horas, logo seu mestre virá procurá-la."

"Ih, é mesmo!" a pequena levantou-se num pulo. Já estava na porta do armário para pegar a escova para pentear-lhe os longos cabelos loiros quando subitamente deu meia volta, pulou em pé na cama e deu um apertado abraço no cavaleiro.

"Bom dia. Amo você, padrinho."

"Eu também, Lia. Boa sorte nos treinos hoje.", Kamus respondia por fim.

"Ei, vocês dois!" um segundo homem invadiu o quarto. "Que tanto vocês fazem aí dentro?"

"Por que o desespero? Sentiu tanto assim nossa falta, pai?"

"Também, mas estou curioso para saber por que demoraram tanto!"
"Eu estava contando à Lia a nossa história, mon amour..."

"É. Agora eu sei tudo sobre minha origem e o que houve antes de eu chegar. Sei também sobre a garota que tinha meu nome... Sim, eu já tinha ouvido falar muito dela, todos gostavam bastante daquela Lia... Mas agora eu meio que a conheci melhor."

O grego sorriu docemente.

"Que bom, querida... Já estava mais do que na hora. Ela realmente teria gostado de conhecer você..."

"E eu, de ter conhecido ela... Mas bem... Vamos ou não vamos para a arena?"

"Oui, oui... Claro que vamos" respondeu o francês. "Os treinos estão marcados para daqui a vinte minutos."

"E, além de ver você treinando, Kamus e eu ainda temos que treinar Jim e Remus."

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Logo, os três haviam chegado à arena e esperavam pelos outros para que começasse o treino dos pequenos. De todos os aprendizes, os mais famosos eram os filhos de cavaleiros por terem sido criados desde o berço para ocupar um alto cargo de cavaleiro ou amazona no Santuário, o que causava inveja e algumas intrigas nos demais. Apesar de tudo, eles provavam a cada dia que eram merecedores de toda a confiança e respeito que seus pais e mestres lhes prestavam.

Jim era o apelido do filho de Ikki e Camille, de apenas 6 anos de idade e que ainda estava começando seus treinamentos com Kamus a fim de tornar-se o novo cavaleiro de Aquário. Tinha herdado a calma dos aquarianos e uma beleza fora do comum ao misturar o sangue da francesa com seu marido japonês. Era muito comportado e atento, trazendo grande orgulho ao tio, que não escondia o prazer de ensinar-lhe. O menino ruivo conservava um penteado parecido com o do pai e seus expressivos olhos azuis demonstravam toda a sua coragem e meiguice. Como era inteligente! Adorava ouvir histórias e aprendera a ler e escrever aos 5 anos de idade – após convencer seu futuro mestre a ensinar-lhe.

Um pouco mais jovem que Lia, haviam Aiorin, o filho de Aioria com Marin e Remus, o filho que Saga tivera com Lolita.Parecia um capricho do destino, mas Aiorin nascera poucos dias após a chegada de Lia ao Santuário e por isso treinava com Saga pela armadura de Gêmeos. Já Remus havia nascido no mesmo ano, porém sob o signo de escorpião e por isso tinha Milo como mestre. Aos 12 anos, ambos já estavam muito maduros em seus treinamentos, mas ainda não haviam conseguido derrotar seus mestres para conquistar a honra de trajar a veste sagrada – embora estivessem muito perto disso.

Quanto ao aspecto físico, Aiorin tinha cabelos ruivos como a mãe e os olhos esmeraldas do pai. Seus fartos lábios lembravam o ente paterno, porém tinha uma boca pequena e bem desenhada como a amazona. Em todo o seu corpo, em seus traços, poderia se ver a mistura dos seus genitores. Ninguém tinha como duvidar que o menino era filho de Aioria, pois até na personalidade eram parecidos. O pequeno geminiano era tão encapetado quanto o pai fora na infância e ainda era dono de um gênio forte, assim como o de Marin – características que exigiam um grande esforço de seu mestre quando o assunto era comportamento. Saga agradecia internamente pelo aprendizado que tivera com a primeira Lia, sua filha adotiva, e aos poucos estava conseguindo dominar seu pupilo, assim como havia conseguido fazer com que seu irmão renunciasse a todo o mal que havia em sua alma.

Remus tinha longos cabelos lisos num tom ameixa escuro, mistura perfeita entre os tons castanhos avermelhados de sua mãe e os azuis de seu pai, que modelavam seu rosto juvenil de fortes traços masculinos como os de Saga e realçavam seus pequenos olhos azuis esverdeados. Apesar de ser escorpiano, o menino não dava muito trabalho aos pais e muito menos ao mestre. Às vezes era um pouco manhoso e gostava de chamar a atenção – atitudes típicas da criança mimada que sempre fora, agravadas pelas características de seu signo. Nos momentos de folga, ocupava seu tempo estudando e aperfeiçoando seu conhecimento sobre mitologias e lendas das mais diversas culturas. O menino adorava Milo e já havia presenciado muitas cenas de carinho e rompantes de preocupação por parte de Kamus, que nos primeiros anos ainda se alarmava com qualquer pequena gripe ou infecção que o parceiro contraísse.

Mesmo sendo geminiana, Lia treinava com Shaka, pois como era previsto, assim como a primeira, essa também tinha uma grande sensibilidade espiritual. Com a ajuda de Mu, o virginiano também ajudava a menina a desenvolver sua paranormalidade e usar seus dons para ajudar o próximo. Os dois estavam a cada dia mais convencidos de que essa menina era a mesma que anos antes aparecera no Santuário trazendo paz e alegria ao coração de todos. O anjo responsável por todas as mudanças havia voltado para trazer novamente a luz àquele lugar.

Outra criança muito importante é Perséfone, a filha de Kanon e Ártemis. Tinha longos cabelos azuis ondulados e os olhos eram de um azul tão intenso como os de sua mãe. Sua delicada pele alva, seus contornos perfeitos faziam jus às características de seus entes paternos. Não fora planejada, mas não deixou de ser bem-vinda pelos pais e, por apenas 2 dias, nasceu sob o signo de Aquário. Como Jim havia nascido 10 dias antes – exatamente no dia de aniversário de Kamus – e recebido a promessa de que seria treinado pelo aquariano, ninguém se opôs quando Afrodite insistiu para treinar a sobrinha. Talvez por ser a caçula da turma, era uma das mais mimadas e até as crianças mais velhas gostavam de brincar de boneca com ela, enfeitando-a de babados, laços e tudo o que havia direito.

O casamento de Ártemis e Kanon só veio depois da confirmação da gravidez da sueca. Foi tudo muito rápido e de improviso, mas não deixou de ser uma linda cerimônia. Como era de praxe, o noivo compareceu com sua armadura, assim como os demais cavaleiros – com exceção de Saga que havia emprestado a veste dourada ao irmão. Afrodite chorava muito durante toda a cerimônia e até esqueceu das juras de vingança que havia feito ao geminiano caso ele fizesse sua irmãzinha sofrer.

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Era um belo dia de sol, o agradável clima fresco do meio do outono tornava o dia ainda mais especial. A vegetação perdia sua beleza devido à proximidade do inverno que traria consigo temperaturas tão baixas que resultaria na precipitação da neve em toda a Europa. Para uma determinada pessoa aquele dia era ainda mais significativo e importante, pois marcava a véspera de seu aniversário de 35 anos. Nada muito impressionante se não fosse seu histórico médico e a lembrança de tudo o que havia lhe acontecido há mais de 14 anos atrás; não seria mais do que um simples aniversário se o dia 8 de novembro até hoje celebrasse a maior vitória de Milo de Escorpião – uma vitória sobre si mesmo, uma luta interna e muito intensa contra as células leucêmicas de seu organismo.

Infelizmente também estava próximo do dia mais ambíguo de sua vida. Em pouco tempo seria celebrado o 14º aniversário de morte da Lia. Um dia que também marcava o seu renascimento, a sua cura! Sentiu-se um pouco estranho ao lembrar que aquela data já não lhe parecia tão sombria como anos antes. Estaria esquecendo-se de sua amiga ou estaria influenciado pela filha adotiva – que, em muitos momentos, fazia com que ele visse nela a pequena e frágil menina que salvara a sua vida anos antes? Tinha medo de descobrir a resposta e sentiu um frio percorrer sua espinha de tal forma que foi impossível não abraçar-se o seu amado francês com força.

"O que foi, mon amour?"

"Estava me lembrando da Lia."

"Ela deve estar brincando com os garotos. Será uma excelente amazona..."

"Não falava dessa..."

"Ah sim! Logo fará 14 anos que ela morreu... Como o tempo passa! Parece que foi ontem que ela estava ao nosso lado nos alegrando e dando forças para continuar o tratamento e conseguir a cura."

"Sabe, é estranho falar isso, mas já não fico tão triste com essa data... Será que estou esquecendo dela?"

"Não, não está, mon cherè!", diz com um sorriso carinhoso e abraça o escorpiano. "Nós nunca esqueceremos dela."

"Às vezes me arrependo de ter posto o nome da nossa filha de Lia."

"Por que diz isso?"

"Não sei, mas acho que podemos estar prejudicando a menina... Podemos estar forçando algo que ela não é, mas tenta ser pra agradar..."

Ao ouvir a declaração, Kamus não conseguiu evitar sentir o drama que aquilo significava. Milo estava certo! E se aquela não fosse a mesma Lia? Todos faziam de tudo para tornar a menina o mais parecida possível com a anterior. Achavam semelhanças e, agora o francês notava, talvez até forçavam-na a reviver situações e tomar as mesmas atitudes que a verdadeira Lia havia passado. Não sabia o que responder ao grego, não havia o que responder diante de tal dilema.

"Tenho medo do futuro dessa menina...", choramingou o grego.

"Acalme-se Milo. Podemos conversar com o Shaka e o Mu. Sinto que eles escondem algo..."

"E se eles disserem que erramos?"

"Tentaremos consertar de alguma forma."

"Kamus... Estou com tanto medo..."

"Acalme-se e chore! Vai fazer bem.", dizia acariciando-lhe os cabelos como se tentasse acalmar uma criança pequena.

Não demorou para Milo acalmar-se. Um longo silêncio fez-se presente quando os dois passaram a encarar-se nos olhos esbanjando todo o amor que havia entre eles. Nenhuma palavra precisava ser dita para que se soubesse que estavam fazendo juras de amor e logo trocavam beijos sensuais, carinhosos e experientes.

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"Boa noite Shaka, boa noite Mu."

"Boa noite Milo."

"Daqui a algumas horas você estará completando 35 anos."

"É verdade. E pensar que eu fiquei perto de não conseguir completar nem o meu 21º aniversário... Foi a última festa da qual a Lia participou... Na época eu estava internado e aguardava pelo transplante."

"Ela estava tão alegre, bonita!", Mu exclamava ao lembrar-se do dia.

"Quem diria que alguns dias depois aconteceria aquela tragédia?", Milo começara a chorar ao lembrar-se do temporal, da morte da menina, do sonho onde ela afirmava que iria voltar para casa!

"Não chore, mon cherè!", Kamus o abraçava.

"Milo, eu sei que foi um período muito difícil, mas pense no futuro, na sua filha!", Shaka o apoiava.

"Eu tenho medo do futuro!... Do que fizemos a essa Lia..."

"Nós tememos ter errado na forma de educar a menina. De ter forçado algo que ela não é.", explicava Kamus.

"Mais cedo ou mais tarde essa dúvida surgiria..." – Shaka comenta com um meio sorriso.

"Elas são tão parecidas... Vocês sabem alguma coisa?" – perguntava um ansioso escorpiano.

"Olhem bem nos olhos dela e tentem ver o que há além das aparências... Garanto que, amanhã todas as suas perguntas serão respondidas, durante a festa de aniversário do Milo."

"Por que temos que esperar? Por que não nos falam a verdade logo?"

"Vocês têm que ver com os seus olhos, com a sua alma para acalmar o seu coração. Independente da nossa resposta, a dúvida permanecerá dentro de vocês!"

"Eu não acredito nisso!", esbravejava Milo.

"Calma, mon ange, eles têm razão! Obrigado por tudo e espero vê-los na festa amanhã."

"Estaremos lá, pode ter certeza.", afirmava Mu.

"Até amanhã então."

"Até."

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A festa estava muito agitada, mas Milo não conseguia ser um bom anfitrião. Não tirava a história de Lia de sua cabeça. Já cansado de representar, afastou-se aos poucos e ficou sob a sombra de uma árvore frondosa de seu jardim que lentamente perdia suas folhas e, ironicamente, estava totalmente nua no dia da morte da amiga.

"Fugindo da festa, mon amour?"

"Kamus..."

"O que foi? Ainda pensando nela?"

"Como eu poderia esquecer essa história?"

Kamus não sabia exatamente o que dizer, mas tentaria trazer o sorriso de volta à face do grego. Abriu a boca, mas antes que pudesse proferir qualquer palavra, um estranho ruído lhe chamou a atenção e eles viraram para trás.

Um foco de luz solar brilhava sobre a pessoa que se aproximava. Caminhando em passos lentos e precisos, começou a se aproximar dos cavaleiros que estavam completamente atordoados com a imagem que viam. O sorriso, o brilho, a imagem!

Milo e Kamus coçaram os olhos para ter certeza de que não estavam vendo nenhuma ilusão, mas tiveram certeza de ter visto asas angelicais nas costas do ser que agora estava a sua frente. Um sorriso sincero alargou-se nos lábios do francês e lágrimas surgiam dos olhos do escorpiano, emocionado com a visão daquele anjo.

"Te procurei por todos os cantos."

"Lia?" – o grego chorava de emoção.

"Sim, sou eu! Feliz aniversário, papai."

"Lia... você voltou... é você mesmo!", abraçou a menina emocionadamente.

"Nós te amamos muito, mon cherè."

"Eu não entendo! Eu voltei de onde, papai?"

"Não ligue pro seu pai, Lia. O Milo não sabe o que está falando."

"Tudo bem, padrinho! Eu conheço esse meu pai manteiga e o entendi melhor depois que soube tudo o que aconteceu quando ele ficou doente..." – Lia falava entre sorrisos. "Vamos entrar? Tá todo mundo esperando o aniversariante pra cortar o bolo."

"Vamos."

"O último a chegar vai receber um castigo!", Milo responde correndo.

"To fora!" – Lia corria na frente.

Kamus caminhava lentamente. Sorria abertamente com a alegria dos dois. Estava provado! Aquela era a verdadeira Lia. Um anjo que estava protegendo o Santuário e que trazia luz àqueles bravos homens e mulheres.

Duas sombras haviam passado desapercebidas pelos 3 guerreiros que nesse momento já estavam dentro de Escorpião.

"Ela está cumprindo direitinho sua missão..."

"Na verdade, acho que já cumpriu."

"O Santuário recuperou sua alegria, fé e força! Agora vive um momento de prosperidade e ela pode ser feliz."

"Sabe, foi difícil prepara-la para tudo isso, mas agora estou muito orgulhoso pelo resultado de tão árduo trabalho."

"Eu também! Eu também..."

A outra sombra responde com um sorriso e um movimento afirmativo de cabeça. Vira-se para o lado e, entre sorrisos, pergunta: "Vamos?"

Embora suas imagens fossem desconhecidas, suas presenças eram muito pacíficas e reconfortantes. Não havia sinais de agressividade em nenhum dos dois. Qualquer um que os observasse juraria estar vendo a imagem de dois seres angelicais, puros... Sua simples compleição poderia acalmar a pior das feras!

O companheiro responde com um singelo sorriso. Os dois puderam partir tranqüilos dali, certos de que já haviam terminado o que tinham de fazer.

Então simplesmente desapareceram... Como se nunca estivessem estado ali.

FIM


Nota da Nana: Gente! A Amy está viajando e não conhece nem a metade desse capítulo. Tenho que agradecer à Sinistra Negra que me ajudou a fechar o capítulo. Outros comentário, agradecimentos, estarão futuramenteno site: thesenseiclub(ponto)blogspot(ponto)com