NA: Finalmente, depois de meses de atraso, aqui está o primeiro capítulo de Voltando a ser um só - Sirius! Encontrar uma beta foi o mais dificil desse início... Por isso agradeço a Ka por ter se oferecido ao cargo, mesmo sabendo de todo o trabalho e pressão que iria acabar sofrendo... E outro agradecimento à Valéria, que têm me ajudado imensamente nas traduções... Sem ela, essa história ainda estaria no capítulo 4...

Como curiosidade, antes da história em si, coloco um link abaixo. Essa é a capa que fiz quando comecei a escrever a história, que deveria ser colocada no 3V... A foto da Claire (assim como a da Laurel e da Serene) foi escolhida pela Leila B. mesmo...

1. Uma Aliança improvável.

"Você vê, não há uma saída para meu dilema."

Claire Winterstorm segurou as lágrimas contra as quais ela brigava nos últimos dias. Ela iria chorar assim que chegasse em casa. Mas não lá, na sala de Dumbledore. Ela já havia chorado lá uma vez antes e isso não a salvou. Os retratos dos antigos Diretores olharam para ela como se lembrassem dos soluços - e eles provavelmente lembravam.

"Sempre há uma saída, Claire." Dumbledore passou um lenço para ela. "Tenho certeza de que existe uma solução que iria beneficiar a todos nós. E enquanto eu penso nisso, por que você não chora?"

Ela perdeu as forças. Enrolando-se na cadeira, ela permitiu que as lágrimas corressem livremente. Vinte anos atrás ela jurou para si mesma que nunca mais pisaria naquela maldita escola novamente. E agora ela não conhecia nenhum outro lugar onde pedir ajuda. O destino realmente tinha um senso de humor distorcido.

Dumbledore caminhou pela sala circular e parava de vez em quando no poleiro de Fawkes para acariciar o pássaro entre os olhos. A fênix, geralmente tão linda, estava em péssimo estado. Ela havia perdido a maior parte das suas penas. A fênix piscou e voou, com certo esforço, para Claire. Sentando no braço da cadeira ele cutucou a mulher até que ela permitiu que ele subisse em seu colo. Então ele deitou a cabeça na dobra do braço dela e dormiu.

"Ele irá se queimar em chamas em breve. Isso o deixa fatigado e miserável." Dumbledore sorriu fracamente e continuou a andar. Finalmente ele consultou um pedaço de pergaminho que parecia um mapa da escola.

"Claro. Ele está ensinando agora."

"Huh?" Claire assoou o nariz.

"Você se sente melhor? Vamos dar uma volta, querida."

Ela fungou. "Desculpe. Eu não pude..."

"Eu cheguei à conclusão de que existe um certo ponto onde as lágrimas ameaçam invadir não só o coração, mas também o cérebro. Então só resta chorar."

"Eu geralmente não me entrego tão facilmente."

Ele sorriu para ela e empurrou os óculos pelo nariz. "Eu me lembro de você quando garotinha. Nunca foi de chorar em público.Claire deu um sorriso afetado e aceitou a mão que ele a ofereceu. "Chorar só teria piorado tudo." Ela tinha a voz controlada novamente. "Assim que eles vêem que podem te machucar, eles irão."

"Crianças." Dumbledore suspirou e abriu a grande porta da entrada. "Elas podem ser terrivelmente cruéis."

Eles andaram através do vasto gramado em frente ao castelo, passando pela professora Hooch em sua aula de vassouras e descendo para o campo de Quadribol. De longe Claire pôde ver um pequeno grupo de estudantes sentados na grama, em um semicírculo ao redor de um grande cachorro preto. Os estudantes, uma mistura de jovens da quinta até a sétima série de todas as casa, estavam argumentando e até parecia que o cachorro respondia as questões deles.

Dumbledore bateu palmas para chamar a atenção do grupo. O cachorro olhou para eles através de olhos negros e inteligentes e latiu duas vezes quando Dumbledore disse: "Professor White, posso interromper sua aula?"

O animal começou a andar para o vestuário atrás da arquibancada de Quadribol. Dumbledore olhou para os alunos.

"Então, já dominaram essa arte avançada?"

Um dos alunos do quinto ano da Grifinória riu. "O professor White nos diz para termos paciência. Então é isso que nós fazemos, a maior parte do tempo."

"Paciência é uma virtude, Harry. Até você irá aprender isso um dia."

O Diretor fez um aceno com a varinha e um sino tocou ao longe. "Oh, a aula já terminou." Ele deu aos alunos um sorriso e um piscadela. "Classe dispensada."

Claire fitou o garoto e seus amigos, que saíram correndo em direção às vassouras encostadas na cerca. Em poucos minutos uma rápida e violenta partida de Quadribol havia começado.

"Ele é..."

"Sim." Dumbledore concordou com a cabeça. "O garoto que sobreviveu."

"Eu ouvi falar dele. Koko me contou que ele tinha uma cicatriz na testa."

"Koko?"

"Um dos meus elfos domésticos. Ela é fã de tablóides. O garoto é praticamente uma celebridade na minha casa."

"Infelizmente ele é uma celebridade em todo o mundo bruxo. O que significa que metade deles o bajulam enquanto a outra metade tenta matá-lo."

Claire engoliu com dificuldade. "Eu ouvi falar sobre... o incidente, ano passado, no torneio."

"Ouviu? O Ministro fez o possível para manter tudo debaixo dos panos."

"A linha-élfica. Meus elfos e os de Hogwarts mantêm contato."

Ele riu. "Então enquanto você era supostamente mantida em cativeiro, você sabia mais sobre o que estava acontecendo do que o próprio Fudge."

Ela não respondeu, mas torceu uma faixa e cabelo louro nervosamente entre os dedos, um hábito que Dumbledore lembrava bem como o talento pelo silêncio dela. Então ele continuou falando.

"Professor White é um animago. Nós tentamos manter a sala aqui fora, onde nós podemos usar o vestiário de Quadribol para ele poder voltar à forma humana."

"Mas eu me lembro da professora McGonagall se transformando vestida."

"Quanto menos roupa, menor a energia necessária. Por isso usamos o vestiário. Afinal, não ia ser bom termos bruxos pelados andando pelos campos."

"Não, realmente não seria." Ela concordou seriamente.

Dumbledore olhou para ela pelo canto dos olhos. Ele tinha a intenção de fazer uma piada, com a última frase, para animá-la um pouco. Ela era demasiadamente séria. Mas ela sempre tinha sido uma criança excepcionalmente séria.

Um homem alto se aproximou, vindo do vestiário, com a cabeça ainda presa dentro do suéter vermelho.

"Grifinória." Resmungou Claire.

Dumbledore encostou levemente no ombro dela. "Claire, deixe-me apresentá-la ao professor..."

O bruxo eventualmente encontrou o pescoço do suéter e colocou a cabeça para fora. Um emaranhado de cabelos caiu sobre olhos azuis escuros que praticamente pareciam pretos. Traços fortes acentuavam o rosto masculino. Claire esqueceu de respirar por um segundo.

"Você!" Ela sibilou.

O bruxo a encarou de volta e franziu o cenho. Os olhos virando de Dumbledore para Claire.

"Eu te conheço?"

"Bem, provavelmente não." A voz dela era tão suave que ele mal conseguia escutá-la. "Infelizmente eu sim, Sirius Black."

Ela se virou e começou a andar de volta para o castelo.

Sirius encarou as costas da pequena bruxa como se um balaço o tivesse acertado. "Qual o problema dela?"

O Diretor deu de ombro e riu. "Por que você não vai descobrir? Melhor se apressar, antes que ela conte para todos que você é Sirius Black e não professor White."

"Mas o feitiço! Como ela conseguiu me reconhecer?"

"Eu realmente não faço a mínima idéia, Sirius. Você vai atrás dela, não? Eu estarei esperando vocês dois na minha sala."

O velho bruxo desaparatou e deixou Sirius parado. Ele suspirou exasperado e foi atrás da bruxa. Ela parecia familiar... os cabelos claros, os olhos cinzas. Mas ele não conseguia lembrar do nome. Provavelmente ela era irmã ou amiga de alguém.

As pernas dele eram mais compridas, por isso levou apenas poucas passadas até ele alcançá-la. Ele parou em frente dela, para bloquear o caminho, o que fez com que ela trombasse diretamente nele.

Claire tremeu de uma raiva incomum. Esse era um dia ruim. Provavelmente o pior dia da pior semana da sua vida. Primeiro a desagradável discussão com primo Valerius, e agora isso. Sirius Black!

Ele a bloqueou como um goleiro bloquearia um passe em Quadribol. A cabeça de Claire mal alcançava o ombro dele, o que dava a ela a vantagem da surpresa. Ela simplesmente passou debaixo dos braços estendidos dele.

Sirius perdeu a pouca paciência que ele tinha. "Qual é o problema, por Merlin? Eu deveria me lembrar de você, Srta?"

"Não."

"Escute, eu não tenho tempo para isso. Como você conseguiu me reconhecer?"

Ele estava preocupado. Os Aurores ainda estava atrás dele, até procurando Hogsmeade vez ou outra, e cartazes de procurado com a sua foto estava pregado em todos os correios-corujas. O feitiço Incógnito que o professor Flitwick havia criado tinha enganado todo mundo até agora. As pessoas olhavam para ele e viam um rosto agradável e indescritível. Minutos depois eles teriam dificuldade em descrevê-lo ou reconhecê-lo em uma multidão. De todos os alunos apenas Harry sabia a sua verdadeira identidade. E agora essa bruxa estranha olhou apenas uma vez para ele e o chamou pelo seu verdadeiro nome.

"Você me deu razão o suficiente para que eu me lembrasse de você, não, Black? Mas eu fui apenas mais uma das suas vítimas, então por que você se lembraria de mim?"

Ela se virou e havia algo em seu olhar, no modo como ela manteve a cabeça erguida, que lançou Black anos de volta no passado.

"Claire Winterstorm," ele disse suavemente. "A Princesa da Lufa-lufa."

Claire tremeu quando ouviu o tão odiado apelido. "Apenas me deixe em paz."

"Pare!" Ele deu um passo e segurou o braço dela para a manter parada. "Pare de fugir. Me deixa nervoso."

"O que você quer?" Ela não conseguia olhar para ele. Já era ruim demais ter que voltar a Hogwarts, onde todos os problemas e sofrimentos haviam começado.

"Dumbledore quer nos ver na sala dele. Agora."

"Você pode dizer a ele que eu não estou mais interessada. E larga meu braço!"

"O que isso deveria significar?" Sirius franziu o cenho. "Oh, Lady Winterstorm ordena aos seus humildes servos como sempre."

"Eu não..." Ela respirou fundo e mudou seu semblante. "Eu não estou ordenando a ninguém. Eu simplesmente pedi para você largar meu braço."

Ele largou o braço e deu um passo para trás. "É melhor ir ver Dumbledore se ele sugere isso."

"Eu sei." A voz dela tremeu de repente, cheia de cansaço e tristeza. Por um momento Sirius temeu que ela fosse desmaiar ali, mas ela se endireitou e começou a andar novamente em direção ao castelo.

Ele não pôde fazer nada a não ser segui-la, resmungando.


Claire se sentou em uma das cadeiras ao lado da escrivaninha como se fosse pular a qualquer momento e correr da sala. Sirius permaneceu em pé, em uma posição vigilante do lado da porta. Ela não iria sair antes de explicar como ela havia desfeito o feitiço Incógnito.

"Bem, bem." Dumbledore pigarreou. "Quem de vocês irá me explicar o que aconteceu?"

"Ele fez da minha vida um inferno quando estava na escola." Claire corou até a raiz dos cabelos loiros.

O Diretor deu a ela um sorriso. "Eu tinha me esquecido que vocês se conheciam."

"Ele me envergonhava na frente de todos. Ele inventou aquele apelido..."

O velho bruxo olhou para Sirius curiosamente. "Apelido?"

Sirius se contorceu. "Princesa da Lufa-lufa." Impaciente ele jogou sua mão na direção da mulher. "Ela se comportava como uma, com certeza. Ela mandava em todo mundo. Por Gryffindor, ela até tinha trazido seu próprio escravo!"

"Ygor não era meu escravo!" Claire ainda não conseguia dizer o nome sem sentir uma facada de dor. "Ele era meu amigo."

"Ele dormia no chão, na frente do quarto dela!"

Ela evitou o olhar dele, cheio de complacência. "Essa não foi minha idéia."

"Não se esqueça de que fui eu, como Diretor dessa escola que permiti essa condição particular." Lembrou Dumbledore. "Eu tive minhas razões."

"De alguma maneira ele descobriu que Ygor me deixava passear sozinha de vez em quando, à noite quando eu não conseguia dormir. E ele..." Ela suspirou longamente. "Ele lançou um feitiço no Ygor e fez com que ele se esquecesse de que eu estava fora do castelo."

Sirius pressionou os lábios.

"Eu estava perdida em algum lugar depois do campo de Quadribol. Eu esperei. Ygor não apareceu..."

"E claro que a Princesa Claire não podia usar a própria varinha para acender uma luz e achar seu caminho de volta para o castelo como o resto de nós mortais."

"Eu entendo, Claire, que você guarde um certo rancor. Não, Sirius, não agora." Ele bloqueou o protesto raivoso de Sirius. "Mas vocês não são mais estudantes. Vocês são dois adultos, mesmo que o comportamento de ambos me faça pensar diferente. Agora há o feitiço que não está mais funcionando. Nós temos uma explicação para isso?"

Ele se virou para Fawkes que assoviava baixinho e olhava para Claire com olhos pidantes. "Querida, por favor?"

"Oh Fawkes, sinto muito." Ela se levantou e tirou o pássaro do poleiro. Acomodando a fênix em seus braços ela voltou para a cadeira.

"O feitiço, Albus." Sirius insistiu com veias saltando de raiva.

"Você está certo. Claire, nós fizemos um feitiço em Sirius, um feitiço Incógnito. Fora da sala dos professores ninguém deveria conseguir reconhecê-lo. Mas você consegiu. Por quê?"

"Não faço idéia." Ela deu de ombros. "Talvez o feitiço não fosse tão bom."

Dumbledore tossiu. "Muito obrigado..."

Ela colocou a mão na frente da boca. "Sinto muito, Diretor. O que eu queria dizer é que talvez o feitiço não funcione em... gente como eu."

Sirius bufou. "Claro. Desde quando nobreza é imune a feitiços?"

"Eu. Não. Sou. Nobreza."

O Diretor balançou a cabeça e suspirou. Todos os quadros dourados estavam cheios de ex-diretores, cavaleiros e damas que escutavam ansiosamente.

"Eu vou conversar com professor Flitwick sobre esse problema e nós iremos achar uma solução, Sirius. Não se preocupe."

Black concordou com a cabeça.

"Mas existe outro problema que precisa da nossa consideração. Sua principalmente, meu rapaz. Claire precisa de um marido."

Sirius arqueou a sobrancelha. "Precisa? Pense que um mero movimento de mão e ela..."

Dumbledore balançou a cabeça. "Pare Sirius. Eu não estou com paciência para escutar os dois continuando essa briguinha de estudantes."

Black cruzou os braços sobre o peito e fechou a cara.

"Claire? Por que você não explica a situação para Sirius?"

"Para ele?" Ela disse incrédula, mas baixou a voz quando percebeu a expressão severa no rosto do Diretor. "Meus pais morrer dois anos atrás. Eles nomearam meu primo Valerius como meu guardião..." ela expirou cuidadosamente "... por algumas razões. Meu primo não pára de me arrumar maridos em potencial. Eu não posso dispor da fortuna que eu herdei se não tiver casada."

"E é aí que você entra, Sirius."

"Eu?"

"Ele?"

Ambos fitaram Dumbledore em choque e negação.

"Claire, sente-se por favor." O velho bruxo acariciou Fawke, que havia acordado com o barulho repentino. "E você, Sirius, escute."

"Você sabe que não tem como Severus voltar a ser o espião agora que Voldermort sabe da aliança dele conosco. Mas nós não podemos ficar sem informações sobre o Círculo Interno de Voldemort. Você também sabe como é extremamente difícil entrar nesse círculo. Apenas puro-sangues e a promessa de suporte capital fundamental irá ganhar acesso. Claire se ofereceu para ser nossa espiã."

Sirius abriu a boca, mas decidiu ficar em silêncio ao ver o olhar severo de Dumbledore.

"Ela é a descendente de uma das mais antigas famílias do país. E todos sabem sobre a fortuna dos Winterstorm. Os Comensais tentaram recrutar Valerius várias vezes, mas ele nunca iria entregar a fortuna da família pela causa de Voldermot. Afinal, o sangue de Tom Riddle não é exatamente tão puro quanto ele espera que os dos seus seguidores sejam. Mas se Claire tiver acesso à herança dela, os Comensais irão beijar seus pés. Só que antes ela tem que casar."

"Eu não me importo com o dinheiro. Eu apenas quero minha liberdade." Claire interrompeu suavemente, sem olhar para Sirius. "O testamento do meu pai decreta que eu preciso me casar ou Valerius irá permanecer como meu guardião. Se eu posso conseguir minha liberdade sendo uma espiã, eu irei."

"E seu preço para nos ajudar a lutar o Lord das Trevas é um marido?" Sirius fitou Claire furiosamente. "Você tem que estar brincando."

Claire se levantou e olhou para ele audaciosamente. "Esqueça, Diretor. Eu irei encontrar outra maneira de ter acesso ao meu dinheiro e ao Círculo Interno. Eu não preciso desse... desse bufão para..."

"Sente-se, Claire." Dumbledore repetiu. "Sirius..."

Black levantou uma mão e olhou com raiva para Claire. "Eu suponho que deveria me sentir lisonjeado. Mas não me sinto. Eu estou fora disso, Diretor."

Dumbledore o deixou sair e bater a porta sem tentar segurá-lo lá.

"Ele não mudou nada..." Claire disse assim que acalmou Fawkes. A ave escondeu a cabeça careca sob os braços dela, piando miseravelmente.

"Ainda continua lindo, não?" Dumbledore a viu corar e sentou-se com satisfação.

"Ainda continua... arrogante. E grosseiro. E puramente maldoso."

"Ele não é mal, Claire. Ele está com raiva. Os últimos quatorze anos não foram fáceis para ele."

"Eu sei." Ela deu de ombros. "Eles acharam que ele matou James e... qual o nome dela?"

"Lilly."

"Sim. Lilly Evans. Eu presumo que você o considere inocente. De outra maneira você não o deixaria ensinar aqui, não é?"

"Ele é inocente. Eu estou convencido disso, mesmo que Sirius não esteja."

Claire enrolou uma faixa de cabelo em volta dos dedos. Ela carregava a culpa pela morte de Ygor a todo minuto e sabia como era quando todos diziam que você é inocente mas você sabe melhor do que isso.

"Ele não irá te machucar, Claire."

"Ha!"

"O que aconteceu no passado era para ter sido uma pegadinha inofensiva. Como ele poderia saber... sobre você? Fazia tempo que nós não nos víamos, mas como você veio pedir minha ajuda, acredito que você confia no meu julgamento."

Ela suspirou e pareceu muito jovem de repente. Então ela cedeu. "Converse com ele."

Dumbledore se levantou. "Me dê uma hora."

"Uma hora?"

"Ele é... teimoso."

Claire acariciou as poucas penas que sobravam em Fawkes. "Eu irei esperar."

Quando o Diretor se retirou, ela gentilmente balançou a fênix e beijou sua cabeça. "Ah Fawkes." Ela murmurou. "Por que tem que ser ele?"

A fênix piou, mas não respondeu.

No patamar da escada circular Dumbledore encontrou Laurel, que acabara de dar aula para quintanistas da Lufa-lufa e Grifinória e observava os alunos se dispersarem em várias direções.

"Laurel." O Diretor olhou ao redor, procurando. "Você não teria visto Sirius passando?"

"Passando?" Ela riu. "Ele parecia que estava prestes a estrangular alguém."

"Temo que ele esteja um pouco chateado com uma sugestão que eu dei."

"Ele esta?" Os olhos de Laurel brilharam. "Eu espero que você tenha sugerido que ele mudasse um pouco o humor dele..." Então o sorriso dela desapareceu e ela ficou séria. "Não. Eu não quis dizer isso. Ele está machucado, Diretor. Ele não irá admitir, mas alguma coisa tem que acontecer logo ou ele irá sucumbir ao desespero."

"Eu sei." Dumbledore suspirou. "Mas se você achava Severus cabeça-dura, é porque você nunca tentou colocar alguma razão no Sr. Black."

"Boa sorte." Laurel disse. "Ele foi em direção à torre norte. Ultimamente ele tem sentado lá em cima e mofado."

"Obrigado, querida. Falando em mofar, como está o Mestre de Poções?"

Ela sorriu novamente e o calor e amor absoluto daquele sorriso fez com que Dumbledore esquecesse suas tristezas por um momento. "Ele voltou a ensinar hoje e já tirou 186 pontos de várias casas. Ele está bem."

"Adorável." Dumbledore sorriu e atravessou o hall para a torre norte, enquanto Laurel desceu para as masmorras para se assegurar que Snape estava realmente bem. Se não estivesse, ela iria fazer com que ele ficasse.


"Sirius, me escute."

Dumbledore teve que se abaixar para passar pela porta baixa que dava para a plataforma da torre. Claire realmente precisa de um marido."

"Não tinha mais ninguém que ela pudesse comprar?" Black disse nervoso. Ele se apoiou na grade e fitou o Diretor audaciosamente. Ele tinha precisado de ar fresco e a brisa fresca tinha acalmado um pouco ele. Mas ele ainda estava confuso com o plano.

"Ninguém em que eu possa confiar a segurança dela."

Sirius deu de ombro. "Você escutou o que ela disse, Albus. Ela pode fazer isso sozinha."

"Ela não pode." Disse o Diretor calmamente. "Ela é um aborto."

Eles olharam um para o outro. Dumbledore tristemente e Sirius chocado.

"Um... aborto?" Ele repetiu.

"É por isso que ela não conseguiu voltar para o castelo naquela noite. Ela não podia acender a varinha."

"Mas então porque ela chegou a receber a carta?"

"Os Winterstorms me pediram, até que eu cedi. Eles pensaram que ela iria se desenvolver se tivesse a eduação apropriada. Afinal, ela é realmente inteligente, e eles nunca tiveram um caso de Aborto na família. Merlin sabe, a garota tentou. Ela tentou tanto que era dificil ver."

"E Ygor?"

"O pai de Claire insistiu na presença dele como o servo e guarda-costas. Afinal, ninguém deveria saber que Claire era... deficiente. Sebastian Winterstorm doou uma pequena fortuna para a escola. Com isso, o comitê abriu uma exceção e deixou Ygor ficar com Claire. Sempre que era pedido alguma mágica, Ygor que fazia."

Sirius esfregou os olhos. "Eu não posso acreditar. Ninguém nunca percebeu?"

"Você percebeu?"

"Não. Eu só achei que ela fosse mimada e..."

"E tirou sarro dela."

Black concordou vagarosamente. "Lá estava aquela garotinha, tão pequena que parecia mais nova do que era. E ela matinha a cabeça erguida de tal maneira que ainda parecia que olhava para nós de modo superior."

"No final do segundo ano dela em Hogwarts ficou claro que a... condição dela não iria melhorar. Você se formou naquele ano, então não sabe que os pais dela decidiram tirá-la da escola naquele ano. Os colegas de classe dela foram informados que ela tinha sido transferida para Beauxbatons. Enquanto na verdade..."

Ele tremeu levemente na brisa suave. "Os Winterstorms tinham tanta vergonha que eles a trancafiaram."

"Eles a... trancafiaram?" Black repetiu, sem acreditar.

"Eles não a deixavam sair da casa. Eles são donos daquela enorme mansão em Hogsmeade, e pelo que eu saiba, Claire não colocou os pés para fora de casa nos últimos vinte anos. Eu mandava corujas para ela com listas de textos e livros. Minerva a visitava de vez em quando. Mas fora isso, ela não se encontrava com muitas outras pessoas."

Sirius fitou o horizonte, em alguma coisa que só ele conseguia ver.

"Como você sabe, Abortos não são permitidos, pela lei, a morar sozinhos. Ou eles ficam sob a guarda de um parente próximo ou do Ministério. Com metade Ministério do lado de Voldemort, essa última opção seria uma pena de morte. Você se lembra do que os Comensais fizeram com aqueles abortos em Cornwall?"

"Eles os queimaram vivos." Sirius engoliu com dificuldade.

"Isso não é só sobre o dinheiro ou a liberdade dela. Claire quer a derrota de Voldemort com tanta vontade quanto nós. É por isso que ela precisa mais do que um marido no papel, Sirius. Ela precisa de um guarda-costas. Ela pode parecer frágil, mas as aparências enganam. Ela poderia se aventurar no Círculo de Voldermort sozinha, e se eles chegarem a descobrir o que ela é, ela não tem condições de se defender."

Sirius cerrou os punhos e virou de costas para o Diretor.

"Eu não posso, Albus." ele disse baixo. "Como você pode confiar a vida dela a mim, sabendo que eu... eu falhei da última vez."

"Meu jovem." Dumbledore levantou o braço para tocar o ombro de Sirius mas o jovem bruxo deu um passo para trás. O diretor deu um tempo para que ele se refizesse.

"Considerando os eventos passados eu não posso pedir para Severus..."

Sirius riu. "É, claro. Como se Laurel fosse deixar ele se casar com outra mulher, mesmo que fosse só no papel!"

"Eu poderia pedir ao Remo."

Silêncio seguiu as palavras. Black permaneceu encostado na parede e pressionou a testa contra o concreto gelado. Remo, que estava apaixonado pela bruxa ruiva louca... Que nunca tinha amado ninguém até agora... Remo iria responder o pedido de Dumbledore sem questionar, mesmo que isso significasse perder Serene.

"Deixe Remo fora disso, Albus. Tenha piedade."

"Ah, Sirius. Você realmente acha que eu estou pedindo isso por maldade? Para machucá-lo?" Os olhos do Diretor escureceram de tristeza.

Black suspirou. "Não, claro que não."

"Eu não iria pedir isso de você sem uma compensação para sua parte."

"Compensação!" Sirius escarneou. "Por acaso a Princesa irá me pagar por atuar como o marido dela?"

"Seria melhor você parar de chamá-la desse jeito. Eu tenho a impressão de que ela não gosta muito."

"Não, é? Bem, me diga. O que ela me oferece?"

"Claire não te oferece nada. Mas eu sim."

O Diretor alisou a barba e apontou para o campo de Quadribol onde o time da Grifinória praticava mergulhos.

"Você sabe que eu deixei Harry aos cuidados dos parentes mais próximos dele quando ele era um bebê."

"Certo." Sirius esperou o que estava para vir.

"Mas considerando que você é o padrinho dele..."

"Sim?"

"E considerando que você vai ser um homem casado, morando em uma mansão grande o suficiente para uma família... Eu poderia ser convencido em deixar Harry morar com você e sua adorável esposa, claro."

Sirius se debruçou contra o parapeito e respirou fundo.

"Isso é chantagem."

"Sim."

Dumbledore tremeu quando Sirius deu um soco na parede. Tanta raiva. Tanta dor. Às vezes ele agradecia o fato de sua juventude ter ficado tanto tempo para trás. "Ultimamente eu tenho recorrido à extorsão mais vezes do que gostaria. Primeiro Severus e agora você..." Ele murmurou baixinho.

Black respirou fundo e olhou para Dumbledore com um descaso desmascarado.

"Diga que eu irei me casar com ela."

"Muito bem." Dumbledore sorriu gentilmente. "Eu irei dizer. Nós devemos colocar o plano em prática o mais rápido possível. Amanhã no escritório de registros em Hogsmeade?"

Sirius deu de ombros, o rosto vazio.

"Tanto faz."