Nota da tradutora: bem, pessoal, essa fic é a tradução da maravilhosa "Under Suspicion", da Ottilchen, publicada no Se vocês quiserem ser gentis e deixarem uma review comentando a tradução eu agradeço muito e, se quiserem deixar uma review para a autora mas não souberem como colocar em inglês, postem aqui que eu mando traduzida para ela, ok? Se alguém quiser o link da "Under Suspicion" original, é só ir no meu profile (clicando no "Ainsley Haynes" em cima, do lado da caixa dos capítulos) que o link está em "Favorite Stories". Essa fic já tem 31 capítulos, mais o prólogo, no original, e vou traduzir na medida do possível, espero não demorar mais de duas semanas para atualizar. Esse prólogo ainda não foi betado, minha beta está corrigindo Cogitari 13 ainda… qndo eu publicar o cap 1 coloco os dois betados, então perdoem os erros de português. Certo, parando de enrolar, divirtam-se com a fic:
Prólogo
– Não! Nããão! Deixe-os em paz! Eles não lhe fizeram nada! Deixe-os em paz! É a mim que você quer! Leve-me! Deixe-os em paz! Não! Nããããão!
Harry abriu os olhos. Os dementadores estavam afastados agora, – finalmente afastados – detidos no prisioneiro da cela seguinte. Antes de irem, deixaram a ceia: uma fatia de pão e um pouco de água.
Estava deitado no chão de sua pequena cela em Azkaban, esperando o tempo passar. Não vira nada além das paredes frias da acinzentada cela e daqueles horríveis dementadores, nos últimos catorze anos. Não, isso não era totalmente verdade, lembrou-se.
Uma vez por ano ele tinha permissão para receber visitas. Esses visitantes eram sempre as mesmas pessoas: Hermione Granger, Alvo Dumbledore e Minerva McGonagall; as únicas pessoas que acreditaram em sua inocência – ou que tiveram coragem de assim dizer diante do tribunal. Porém, a palavra deles não foi de muita ajuda no curso dos acontecimentos, porque havia mais de três pessoas dizendo como ele sempre teve propensão para quebrar as regras. Uma dessas "mais de três" era Cornélio Fudge, Ministro da Magia, que contribuiu – e muito – para que a batalha estivesse perdida antes mesmo de ter sido começada.
Harry soluçou. Era tudo tão horrível. Ele era inocente. INOCENTE! E, no entanto, não acreditaram nele. Freqüentemente perguntava-se porque não acreditaram – afinal de contas, nada fora provado. E como poderia ser provado, se não era verdade?
A verdade não era boa, entretanto, ele precisava vê-la cerca de dez vezes por dia; sempre quando os dementadores detinham-se nele. Harry suspeitava que o pessoal do Ministério inventara essa mentira só para facilitar as próprias vidas. É claro que assim seria fácil, muito fácil; mas para ele, isso era o inferno. Na verdade, foram os Comensais que fizeram tudo – cerca de dez Comensais da Morte.
"Mas, esperem, isso não está muito certo! Nós não acreditamos que Voldemort retornou, não importa o quão ridicularmente óbvio esse fato é. Hum, o que podemos fazer agora? Ah, sem problemas! Podemos escolher qualquer envolvido – nesse caso, seria mais fácil se fosse Harry Potter – e acusá-lo pelos assassinatos! Sim, isso é fácil de fazer! Agora, Voldemort não existe mais e podemos voltar para as nossas pacíficas vidinhas! Oba, tudo está novamente certo! Bem, é claro que está, nós somos O Ministério, afinal, e o nosso trabalho é assegurar que assim seja. Somos muito honestos – é claro – e qualquer um que disser o contrário ganha uma prisão perpétua em Azkaban! Ah, e nada de cartas dos fãns nos domingos, que é o nosso dia de descanso, sabem?"
Estava na sua mente novamente, aquela voz sarcástica. Normalmente ele gostava, era de alguma forma os únicos pensamentos que ele tinha que não eram completamente depressivos. Eram raivosos e furiosos, mas não tão tristes quanto os outros.
Harry ouviu a voz soluçante de Lúcio Malfoy na cela vizinha. Lúcio era um dos Comensais ali. Harry conseguira surpreendê-lo enquanto tentava desaparatar com os outros e Malfoy fora encontrado pelo Ministério. Harry também fora encontrado – Rabicho, que fora o último a desaparatar, dera um jeito para que Harry estivesse ocupado demais lamentando sobre os corpos para ficar vigilante com o que acontecia atrás de si.
Lúcio Malfoy, embora tivesse quase terminado a tarefa, não conseguira sair a tempo e o Ministério o prendeu, junto com Harry, como cúmplice dos assassinatos.
Malfoy e Harry raramente diziam – ou melhor, gritavam, já que havia um espaço de cerca de dez metros separando as celas – alguma palavra para o outro nos cinco anos em que estiveram no mesmo lugar. Harry sentia pena pelo homem, embora ele fosse uma das pessoas que arruinara sua vida. Ouvira Malfoy sofrer muito quando os dementadores estavam próximos e temia que não o visse resistir por muito tempo.
Ouviu Malfoy implorar aos dementadores, "por favor, por favor, um pouco mais de pão! Só um pouquinho. Por favor. Eu preciso. Mesmo. Por favor. Só desta vez..."
Não havia sentido em implorar alguma coisa, Harry sabia; tentara implorar por um pouco mais de comida algumas vezes durante seu primeiro mês em Azkaban. Os dementadores somente o ignoraram ou o torturaram até que ele se calasse. Lembrou-se de como Malfoy rira dele quando ele tentara. Várias vezes imaginara Lúcio sofrendo tanto quanto ele, enquanto tudo que ele fazia era rir-se de Malfoy, em vingança. Agora, finalmente, cinco anos depois, ele tinha sua chance, mas não sentia vontade alguma de aproveitá-la. Novamente sentiu pena de Malfoy.
Harry observou seu pão e ouviu Malfoy soluçar baixinho no fundo da cela; estava com fome. Antes de Azkaban, Harry nunca soubera o quanto a fome poderia doer, mas agora a dor era um sentimento diário, que enlouquecia. A urgência de comer alguma coisa, embora não houvesse nada.
Ele pegou o pão e levantou. A cela de Malfoy estava distante cerca de dez metros e Harry precisava jogá-lo bem na frente da porta, onde Malfoy pudesse quebrar em duas partes e passar pelas grades. Se falhasse, o pão jazeria entre as duas celas, onde nenhum deles poderia alcançar.
Harry jogou o pão e este caiu dois centímetros antes das grades. Harry estava feliz. Feliz! Felicidade era um sentimento que ele nunca sentira em cinco anos. Nunca mesmo. Era o melhor sentimento que ele poderia lembrar.
– Malfoy? – Harry gritou. Ele não usara sua voz por um bom tempo e agora esta soava com estranheza.
O homem não respondeu, mas continuou a soluçar. "Ele não está em bom estado," Harry pensou.
– Malfoy, pode me ouvir?
– Cale a boca, Potter! Deixe-me em paz! – ele suspirou, somente alto o suficiente para que Harry ouvisse.
– Malfoy, tem algo caído ao pé da sua porta que pode interessá-lo!
– Cale a boca! – Malfoy conseguiu gritar antes de afundar-se novamente nos soluços.
– Porcaria, Malfoy, pegue antes que os dementadores o façam! – Harry gritou o mais alto que pôde.
Finalmente Malfoy rastejou até a porta e viu o que Harry fizera. Levantou os olhos, incrédulo, lágrimas caíndo, traçando suas bochechas.
– V... você fez isso, P...P...Potter? – Malfoy gaguejou.
– Sim, Malfoy. Você acha que terá algum problema para passá-lo pelas grades? Achei que seria mais fácil se você o quebrasse em duas partes, você consegue fazê-lo?
– S... sim. – Malfoy encostara sua testa contra as barras de sua porta, seu rosto virado para o chão, não dando a Harry certeza se ele novamente soluçava, mas certamente assim parecia.
Quando ele novamente se acalmara, observou Harry por um tempo antes de começar a rir como se fosse louco. Não como se fosse, porque isso ele certamente era agora, ou pelo menos essa era a impressão que Harry tinha.
– O que é tão engraçado, Malfoy? – ele perguntou cuidadosamente.
– Você é, Potter! – Malfoy gritou de volta. – Para que você fez isso, seu babaca? Você honestamente acha que eu lhe darei alguma recompensa? Acha?
Malfoy continuava rindo como louco.
"Um simples 'obrigado, Potter' seria o suficiente," Harry pensou, mas sabia que o orgulho de ser um Malfoy não permitira que o prisioneiro dissesse tal coisa. O orgulho de ser um Comensal da Morte. Coisas como 'obrigado' e 'sinto muito' eram palavras que eles nunca usavam, a não ser para com Voldemort. Fazê-lo seria demonstrar fraqueza e um Comensal da Morte nunca era fraco. Harry não culpava Malfoy por isso, afinal, todos os Comensais sofriam lavagem cerebral.
Um Alvo Dumbledore invisível estava cuidadosamente ultrapassando o último feitiço de proteção de Azkaban. Estava bastante exausto após tantos feitiços e tantas outros pequenos truques inofensivos de magia negra que ele fizera na prisão. Não gostava das coisas que fora obrigado a usar nessa tarefa, mas ele não via problemas em usá-las se fossem realmente necessárias, ele estava no lado do bem afinal e isso compensava muita coisa. Naturalmente, ele não faria mal algum àquelas pessoas, afinal, por isso que ele lutava.
Dumbledore sabia que ele não era mais o melhor de todos, mas ele ainda era muito bom e não se importava de 'dar lugar à juventude'; todos tinham direito de envelhecer algum dia e ele começava a aproveitar esse direito.
"Ah, finalmente!" ele pensou enquanto andava entre as celas onde os prisioneiros ficavam. Então, alcançou um garoto que poderia passar despercebido.
Harry Potter estava deitado sobre a pedra fria do chão da cela, dormindo tempestuosamente, sua pele terrivelmente pálida. "Isso não deveria ser ma surpresa," Dumbledore pensou. "Com a comida que recebe aqui, ele tem sorte de ainda estar vivo."
O rosto de Harry virou-se para a porta com as barras mágicas e Dumbledore pôde ver suas bochechas magras e as sombras que circundavam seus olhos. Harry Potter estava uma bagunça. "Ele deveria ter deixado esse lugar há catorze anos," ele pensou com um sentimento de culpa em seu estômago. "Que tipo de amigo sou eu, fazendo nada sobre isso nesses cinco longos anos?" A verdade, é que fora opção de Harry passar por isso.
"Melhor passar longos e horríveis trinta anos em Azkaban do que aproveitar o resto da minha vida me escondendo até morrer," ele dissera a Dumbledore, mas o diretor não achava que Harry não tinha mais uma visão tão otimista assim de Azkaban.
Dumbledore tirou o feitiço de invisibilidade que o escondia. "Harry, acorde!" ele disse silenciosamente.
Ah, como Rita Skeeter gostaria de surpreendê-lo agora! Ele poderia facilmente imaginar como seria a página do Profeta Diário no dia seguinte se ela o fizesse: "Alvo Dumbledore invadindo Azkaban – o maior bruxo da modernidade voltou-se contra nós?" Entretanto, ele não gostou muito de sua própria imaginação e com certeza não gostava nem um pouco de Rita Skeeter, então seria melhor não arriscar.
"Harry, vamos lá, garoto! Harry!"
"Não. Por favor, não." Harry murmurou silenciosamente. "Eu não os metei. Por favor, acredite. Eu não os matei. Não! Não... me deixe em paz! VÁ EMBORA!"
O que fosse que Harry estivesse sonhando, parecia ser nem um pouco agradável. Dumbledore suspeitava que era algo sobre o tratamento recebido nesse lugar horrível; sabia o que o idiota do Fudge ordenava que fosse feito com os prisioneiros. Babaca.
"Por favor! Vá EMBORA! DEIXE-ME EM PAZ! NÃO! NÃÃÃÃÃÃO!"
Harry estava quase gritando agora e virava-se no chão selvagemente. Respirava rápido e com dificuldade, tremendo como se temesse alguma coisa.
"Harry! Acorde e fique em silêncio, ou nós dois nos arrependeremos!" Dumbledore sussurou um pouco mais alto. Ele inclinara-se e agora seu rosto não estava muito afastado do de Harry. "Harry!"
Harry acordou com um susto; estivera sonhando com os aurores novamente. Sim, os aurores – confirmando que ele não seria tratado muito bem.
– Harry, finalmente! Eu quase achei que não pudesse acordá-lo antes do nascer do sol e não gostaria de ser surpreendido conversando com um prisioneiro.
Harry virou-se e engasgou. Ele ainda dormia ou Alvo Dumbledore estava parado do lado de sua cela na prisão bruxa de segurança máxima no meio da noite?
– Mas que diabos você está fazendo aqui? – perguntou Harry, surpreso. A próxima visitação não era a menos de três meses, ele estava certo disso.
– Harry, por favor, não faça barulho, não quero que me descubram.
Definitivamente, era Alvo Dumbledore.
– Certo, desculpa. – Harry sussurrou, totalmente acordado. – Porém, quero que me explique por que tanto segredo...
– É por isso que estou aqui, Harry. Por favor, entenda que a situação fora daqui não está muito boa ultimamente, com Voldemort tendo poder e tudo mais.
– Por favor, vá direto ao ponto, isso parece urgente. – interrompeu Harry.
– Muito bem, Harry. – Dumbledore hesitou antes de voltar às notícias. – Bem, garoto, não podemos mais fazer isso sozinhos, ele é muito forte para nos defendermos sozinhos. Precisamos da sua ajuda, Harry. Eu sei que você planejou cumprir sua sentença em Azkaban, mas com as coisas desse jeito... – Dumbledore não prosseguiu quando foi interrompido.
– Deixe-me entender. – Harry disse. – Você quer que eu fuja de Azkaban para ajudá-lo a derrotar o Lord das Trevas?
Harry estava confuso. Ele pensou que Dumbledore... de todas as pessoas, que Dumbledore entenderia sua decisão.
– Acredite, Harry, eu preferia que não fosse assim e não lhe pediria isso se não fosse absolutamente necessário.
– Não. Simplesmente não. – Harry declarou. – Não há possibilidade de eu sair daqui, Alvo, não importa o que está acontecendo fora daqui. Certamente você conhece outras formas de subjugá-los, não? Porque arruinaria minha maldita vida se eu saísse desse inferno agora e você sabe. Sob nenhuma circunstância eu farei isso.
Dumbledore suspirou. Perguntara-se muitas vezes se deveria realmente ir e pedir algo assim para Harry, porque ele realmente sabia o que isso significaria para o amigo; mas muitas vidas foram perdidas na guerra e se uma única vida poderia salvar tudo isso, seria muita ignorância não usar essa oportunidade. Porém, não o forçaria, isso era uma grande decisão para Harry e só Harry poderia fazê-la e faria, as perdas seriam dele, afinal.
– Como você planeja fazer isso afinal? Você quer que eu vá ao Caldeirão Furado, diga "Oi, eu sou Harry Potter, o fugitivo de Azkaban e eu gostaria de alugar um quarto até que eu finalmente tenha a oportunidade de matar Voldemort e fazer desse mundo um lugar um pouco melhor para se viver"?
Dumbledore baixou os olhos e não disse nada por algum tempo.
– Achei que você poderia conseguir uma nova identidade e ficar em Hogwarts, como professor. Você sempre foi bom em Defesa Contra Artes das Trevas.
Harry riu. Dumbledore não tinha certeza se esse era um bom ou mau sinal. Ele pessoalmente não via nada engraçado na conversa e temia que Azkaban tivesse realmente causado algo ruim ao seu amigo.
– Harry? – ele chamou com cuidado.
– O suposto bruxo mais poderoso do mundo invade a prisão mais segura que existe para libertar um suposto assassino e fazer dele sua nova aquisição para o quadro de funcionários. Essa é a coisa mais engraçada que ouvi durante todo o tempo que estive aqui.
– Então você fará?
Harry de imediato ficou sério novamente.
– Não, Alvo, por favor, entenda como isso é difícil para mim. Arruinaria minha vida inteira. Por favor, não me obrigue a fazer isso.
Dumbledore fez o melhor para esconder a tristeza. Quem poderia ajudá-los senão Harry?
– Claro, Harry, eu entendo completamente. Foi uma má idéia pedir para você fazer isso. Mas não se preocupe, resolveremos de algum outro jeito.
– Tudo bem, então.
– Eu sinto ter que deixá-lo com isso, Harry. Voltarei para Hogwarts agora, há coisas importantes a serem feitas. Adeus, Harry, eu desejo o melhor para você. O vejo em quatro meses então.
– É, claro. Adeus, Alvo.
Dumbledore foi embora. Embora – Harry estava sozinho novamente. Sozinho – com ninguém, exceto Malfoy e alguns aurores com quem pudesse falar e nenhum dos quais realmente gostava dele. Harry deu um meio-sorriso para si mesmo antes de voltar a dormir. "Não gostavam realmente" não era uma boa explicação para o que eles sentiam perante a ele. Os aurores normalmente gozavam dele cada vez que o viam e o tratavam horrivelmente, como se ele não fosse humano, como se eles pudessem fazê-lo sem desrespeitar lei alguma. Quanto a Malfoy... bem, ele era um Malfoy e agia como era esperado que agisse. Não era realmente uma boa companhia.
Harry acordou de um sonho horrível. Os dementadores tinham acabado de trazê-lo o café-da-manhã. Bem, o que eles chamavam de café-da-manhã, pelo menos, que era um pouco de´água e um pequeno pedaço de pão.
E novamente, Harry tinha o dia todo livre sem mais nada para fazer além de viver. Entretanto, isso não dizia que seria algo fácil de se fazer. Muitos prisioneiros se enforcavam; só paravam de respirar ou algo parecido, mas Harry sobreviveria. Ele já sobrevivera há muita coisa e já estava lá há catorze anos, se fosse para desistir, teria feito antes e não agüentado cinco anos no inferno por nada. Dumbledore o defendera na Corte e o Ministro considerara sua idade na hora de lhe dar a pena. A sentença – 30 anos no mínimo, o que deixava Harry otimista – era quase nada comparado à dos outros, isso porque ele era muito jovem na época.
Harry pensou sobre a visita que Dumbledore fizera na noite anterior. Parecia algo urgente e Harry sabia que Dumbledore tinha grandes problemas fora dali, mas ele não poderia aceitar. Ele nunca mais seria um homem livre, nunca. Mas então, quando Harry parou para pensar sobre isso – Quantas vidas essa guerra já roubara? Se ele pudesse acabar isso tudo, sua vida – uma única vida – seria uma grande perda considerando quantas outras ele salvaria? Não, não seria. Definitivamente não.
– Que estupidez minha, – Harry murmurou. – Tão egoísta e covarde.
Esses pensamentos o faziam desejar partir.
"É, vá embora, fuja!" ele pensou. "Eu deixarei esse lugar para sempre esta noite.".
Harry sorriu e fechou os olhos, sonhando de como seria sua vida fora de Azkaban. Fugir não seria um problema para ele. Não, problema algum. Ele teria que mudar sua aparência, mas se preocuparia com isso mais tarde.
Ao pôr-do-sol daquela tarde, Harry estava pronto para partir. Todo o plano estava organizado em sua mente.
Harry viu os dementadores vindo. Seria a última vez que o faria, pelo menos por enquanto. Uma última vez que ele sofreria na presença deles quando lhe trouxessem o que chamavam de "ceia". Ele não comeria hoje, mas havia outros que precisavam mais do que ele. Sabia que sairia em uma hora, de qualquer forma.
Quando havia distância suficiente entre os dementadores e ele, Harry se transformou. Escolheu um rato, para que pudesse passar entre as grades facilmente.
"Isso é idiotice!" Harry pensou. "Eles encantam as grades para que a pessoa se machuque terrivelmente quando as encostar. O espaço entre elas, porém... é muita inocência acreditar que não existem animagos não-registrados espalhados por aí."
Então ele percebeu que o Ministro sempre foi ignorante e que isso não deveria surpreendê-lo. Harry era o que as pessoas chamavam de Multi-Animago, um bruxo que poderia se transformar em diferentes animais. Ele nunca conhecer nenhum outro bruxo com tal poder. Houvera somente 74 ou algo assim, que foram registrados e Harry nunca pensara seriamente em dividir tal informação com o Ministério, eles provavelmente anunciariam para a imprensa e a "surpresinha" para Voldemort estaria arruinada. Além disso, ele não gostava do Ministério nenhum pouco e via razão alguma para fazer a eles tal favor.
Harry deixara sua cela em cinco segundos e estava realmente surpreso que nada interrompera sua fuga. Mas então, uma vez ele ouvira que não se precisava de paredes para manter as pessoas em Azkaban, porque o trabalho dos dementadores era muito bem feito. E era, mas ainda assim, foi fácil.
Ele empurrara a fatia de pão e a pequena garrafa d'água com seu pequeno focinho. Depois, colocou em si mesmo um feitiço de invisibilidade e rumou – sem nada além de suas roupas imundas e sua "ceia" – para a cela de Malfoy.
Empurrou a comida entre as grades, com cuidado para que não tocasse as barras, porque a última coisa que ele queria agora era acordar toda a prisão com um grito de dor.
– Boa sorte, – ele sussurrou antes de se trnsformar novamente, dessa vez em um corvo.
Harry Potter voou a noite toda sem descanso e alcançou a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts aproximadamente às oito da manhã. Ele não precisaria de uma varinha ou algo parecido para mudar seu rosto e tivera tempo o suficiente para fazê-lo durante o vôo.
Seu cabelo continuava bagunçado, mas agora estava loiro ao invés do preto usual. Ele mudara a boca, as orelhas, o nariz... sua pele escurecera um pouco e, obviamente, sua cicatriz fora muito bem escondida. Mudara tudo, exceto seus olhos – seus olhos, ele gostava dos olhos. Não que não gostasse do resto, mas ele queria manter alguma coisa do jeito que deveria ser realmente e os olhos eram a janela da alma.
Alvo Dumbledore estava bem confuso quando Minerva McGonagall lhe dissera que havia um homem desconhecido parado à entrada do castelo, esperando para vê-lo.
– Eu disse que você estava ocupado, mas ele insistiu para vê-lo agora. Eu o levei para o saguão e ele sentou lá, esperando por você. Espero que não se importe.
Dumbledore sorriu.
– É claro que não, Minerva. Há feitiços contra Arte das Trevas em Hogwarts, se ele fosse um Comensal, não teria alcançado a entrada. Além disso, devemos sempre receber nossos convidados apropriadamente. Vou para lá. Estou me perguntando quem poderia ser.
Dumbledore também não conhecia o homem sentado no saguão, mas quando o homem o viu, levantou-se imediatamente e cumprimentou o diretor – com um abraço. Agora Dumbledore estava ainda mais confuso. O que significava isso?
– Desculpe... – ele murmurou tolamente. – Eu o conheço?
Então o estranho riu.
– O que, não me conhece, Alvo?
Alvo? Ele nunca vira esse rapaz a sua frente e no entanto, ele o abraçara e chamara pelo primeiro nome?
– E... desculpe – Dumbledore gaguejou. – Eu não me lembro realmente.
Nada assim acontecera antes. Ele normalmente se lembrava muito bem do rosto das pessoas, mas não conseguia reconhecer esse a sua frente. Apenas os olhos lhe pareciam familiares, mas quem poderia reconhecer um par de olhos quando nunca tinha visto a pessoa a quem pertenciam?
– Deixe eu me apresentar, então. Meu nome é Henry Evans e estou aqui por causa do emprego como professor de Defesa Contra Artes das Trevas. Achei interessante esse emprego. A vaga já está preenchida?
– N...não. Por favor, me acompanhe até meu escritório.
Alvo estava totalmente chocado. Não se lembrava nem do rosto, nem do nome desse homem. Nunca ouvira sobre ele antes e com certeza, não era algum ex-estudante de Hogwarts – não gostava nem um pouco dessa situação.
– Sente-se, por favor. – Dumbledore ofereceu quando entraram no escritório.
O homem sentou.
– Então você não se lembra do compromisso que marcamos para... er... – o estranho pareceu pensativo. – À propósito, qual é a data?
– Ahn? – Dumbledore estava surpreso. O rapaz acabara de lhe perguntar a data? – É... é segunda-feira, 20 de agosto, acredito.
– ´tá bom! – ele resmungou. – Então você não lembra do compromisso que marcamos sábado à noite? Está ficando velho, Alvo?
Sábado à noite... ele fizera alguma pesquisa em suas anotações de alquimia no sábado à noite. Estivera naquele lugar horrível também. Com certeza não marcara nenhum compromisso. Estranho.
Dumbledore ainda estava perdido em pensamentos sobre o estranho comportamento do desconhecido, quando uma coruja entrou na sala, pela janela.
– Ah, sinto muito, só o Profeta Diário. – Dumbledore murmurou.
Deu à coruja três sicles e pegou o jornal. O título era maior do que o normal e Dumbledore soube as respostas para seus problemas quando leu:
Harry Potter foge de Azkaban
Dumbledore lentamente levantou a cabeça e olhou nos – muito familiares, ele percebeu – olhos do amigo.
– Bem-vindo de volta, Harry. Senti sua falta. – ele murmurou.
– Meu nome é Henry Evans, sabe... – Harry disse com os olhos brilhando. – Mas também senti sua falta. É ótimo estar de volta.