Capítulo 1 – E a vida continua...

Algum tempo já havia se passado desde a última batalha dos Cavaleiros de Athena e o mundo agora estava, finalmente, em paz. Seiya já estava morando novamente em seu pequeno apartamento perto do porto e seus amigos costumavam reunir-se lá com ele. Shiryu, Hyoga, Shun e Ikki continuavam, entretanto, morando na mansão de Saori, que desde o fim da última luta estava no Santuário como chefe, de onde ligava às vezes para seus amigos. Hyoga e Fleur estavam namorando, mas era difícil para eles se encontrarem, pois ela continuava morando em Asgard.

Era noite e fazia frio no Japão, mas ainda era tarde na Grécia. Seiya estava em seu apartamento na companhia de Shiryu e Ikki. Eles comiam pipoca e esperavam por Hyoga, que traria as bebidas, para que pudessem assistir a um jogo de futebol que passaria na Tv. Hyoga estava atrasado, pois o jogo já havia começado a 5 minutos.

- Que droga! – resmungou Ikki – Já tem meia hora que começou isso aí e o Hyoga ainda nem deu notícia!

- Isso que eu estou achando estranho... Ele não é de se atrasar. – disse Shiryu

- Tem razão. Ele sempre foi pontual, ao contrário do nosso amigo aqui... – disse Ikki olhando para Seiya – Da última vez que você ficou encarregado das bebidas ficamos com sede até o 2° tempo!

- Também não foi assim, né?! – defendeu-se Seiya

- Foi sim!!! – disseram os outros dois rindo

- Aew, pessoal! – Hyoga finalmente chegara

- Aew!!!

- Finalmente! Você teve de fabricar o que a gente vai beber, foi? – sorria Seiya

- Foi mal, gente! É que quando eu ía saindo a Fleur ligou.

- Por isso que você tá tão alegre!

Nesse momento, Ikki imitou com a boca o barulho de um chicote, fazendo todos rirem mais uma vez.

- E aí? Como estão as coisas em Asgard? – perguntou Shiryu

- Tudo bem. As coisas aqui é que vão melhorar. Fleur me disse que vai se mudar aqui pro Japão.

- Que legal cara. Quando é que –

- Gooooooooooooool!!! – o grito de Ikki interrompeu a conversa

- Droga! Esse foi frango! – resmungou Seiya, que torcia pelo time adversário

- Jogada ensaiada, isso sim! – defendeu Ikki enquanto abria uma latinha

E a noite foi passando. Mais tarde, quando os amigos já haviam ido embora, Seiya acabava de sair do banho quando o telefone tocou. Ele foi andando para a sala onde estava o telefone e onde os outros estiveram com ele, que agora estava repleta de pipocas jogadas no chão. "Que é que esses folgados ainda querem uma hora dessas...", pensava ele sorrindo.

- Alô! – atendeu ele rindo

- Seiya...

Aquela voz...

- Saori?? É você mesmo?

- Sim, sou eu.

A noite, que já tinha sido boa com a visita dos amigos, e a vitória de virada do seu time, agora se tornara ótima. Como era bom ouvi-la dizer seu nome daquele jeitinho que só ela sabia...

- Desculpe ligar a esta hora, sei que já é tarde aí no Japão, não é?

- Nunca é tarde pra você, Saori...

Mesmo estando ao telefone, a garota sentiu seu rosto corar.

- Eu te acordei?

- Não, eu estava assistindo um jogo com os outros ainda a pouco.

- Como estão todos?

- Está tudo bem, mas estamos sentindo muito a sua falta...

- É mesmo? – ela sorriu – Pois não vão mais sentir em breve. Estou voltando para o Japão em alguns dias.

O coração de Seiya acelerou. Ela estava voltando, finalmente. Tinham passado por tanta coisa juntos... Parecia até que seus destinos se entrelaçavam: um dia ele chegou a quase odiá-la, mas quando voltou do treinamento na Grécia se admirara com a mudança da garota. Na sua memória estavam claras as lembranças da visita que ele lhe havia feito um dia e da noite em que ele a teve nos braços pela primeira vez, debaixo de um céu estrelado. Pela janela de seu apartamento ele via esse céu... Tanta coisa havia acontecido desde aquele dia, mas nesse momento ele teve certeza de que, em seu coração, o sentimento por ela não havia mudado. Que outro sentimento senão o amor suportaria tantas dificuldades?

No dia seguinte, Seiya resolveu visitar seus amigos na mansão para contar a novidade. Quando chegou, apesar de já serem 2 da tarde, Hyoga ainda estava tomando café.

- Mas que cara é essa, Hyoga? Tudo isso é a ressaca?

- Vê se não enche! Tenho que melhorar logo, não quero que a Fleur me veja assim.

- Ela chega hoje?

- Hoje à noite.

Shun apareceu vindo da cozinha com a sobremesa do almoço, uma torta de chocolate que ele mesmo tinha feito.

- Seiya! Como vai?

- Tudo ótimo... Não vai oferecer não? – perguntou rindo

Shiryu também chegou para comer um pedaço da torta.

- A Saori me ligou ontem. – disse Seiya – Ela disse que está voltando para o Japão.

- Sério? Voltando de voltar mesmo? – perguntou Shun

- Não, voltando de ir embora... Claro que é pra ficar! Tem que ser...

- Até que enfim vocês vão poder se acertar!

- Do que você está falando? – Seiya, sem muito sucesso, tentou parecer surpreso.

- Qual é, Seiya? Vocês nunca enganaram ninguém. – intrometeu-se o mal-humorado Hyoga

- É verdade, Seiya. Dá pra notar que vocês nunca foram só amigos. – disse Shiryu

- Ta bom, é mesmo. – concordou Seiya – Apesar de que sempre tem alguma coisa atrapalhando, não aconteceu nada até agora.

- Vocês estão livres agora.

- É mesmo, por que você não vai recebe-la com flores, convida ela pra sair–

- ...Mata o ex dela... – disse Hyoga rindo

Todos riram com ele.

- Bom, gente, eu já estou indo. Falou aí!

- Aonde você vai Shiryu? – perguntou Seiya

- Vou visitar a Shunrei no orfanato. Ela não quis ser a única mulher da casa e de tanto encontrar com a Minu no hospital elas acabaram se tornando amigas.

Todos olharam para Seiya.

- Ta certo, já entendi! – disse ele – Uma hora eu ia ter que fazer isso mesmo, melhor que seja agora.

Os primeiros raios do Sol coloriam o céu na Grécia. Em um jardim florido perto do Santuário, uma mulher caminhava pensativa. Seus longos cabelos roxos acompanhavam o vento, que também balançava o belo vestido branco que usava. Era Saori. Ela sentou-se na grama e fechou os olhos... Estava na hora de decidir que caminho tomar e ela tinha muito medo de que escolhesse o errado. Um rosto surgiu em sua mente. Um rosto que sorria para ela e a olhava com ternura... Não mais importava se esse era o caminho certo ou não. Era o caminho que ela escolhera.

Alguém se aproximava dela.

- Eu estou bem, Mú. – disse ela ao cavaleiro de Áries.

- Athena...

Ela se levantou e olhou para ele, que percebeu a escolha que a garota havia feito.

- Então já se decidiu.

Ela fez um gesto positivo com a cabeça.

- Espero que você seja muito feliz, Saori.

- Obrigada, Mú.

- Adeus, Athena...

- Adeus...