~Toxic~

Avisos:- Duo Pov, AU, tentativa de humor, NC-17 por conta de limes e lemons espalhados pelo fic inteiro...*Misao-chan para pra contar quantas pessoas exatamente pularam ao ler isso ^.^"*

Casais:-1x2x1, possível 3x4 (mas não prometo nada...)

Spoilers:- Nada! Esse fic é spoiler-free.

Disclaimer:- Ontem, todos os pilotos vieram à minha casa para um jogo amigável de strip poker. Estávamos comendo sorvete e não deu boa coisa... Tive de vender meus direitos autorais para comprar uma câmera e filmar tudo, ...portanto, por mais que eu tenha me divertido *^.^*, eu ainda não sou dona dos Garotos Gundam e nem nada relacionado sobre a série. Isso aqui é um trabalho de ficção sem fins lucrativos (infelizmente T_T)

Quanto ao fic:- Um monte de gente vai simplesmente ter vontade de me enforcar por que além de eu repetir meu formato "música + fic" (eu não tenho culpa se essa é a maneira com a qual trabalho melhor ^.^"), neste daqui eu me aventuro novamente nas terras da Duo POV. Ok, em caráter de esclarecimento, a idéia original da fic nasceu como uma PWP, mas como eu não consigo escrever nada que não tenha um mínimo de conteúdo...não rolou! -.-" Por outro lado, ele virou essa pecinha de cerca de 8 capítulos, com limes e lemons periódicos espalhados por toda a fic...hehehe. Meu intuito principal é que não fique um fic vulgar, e sim, sensual. Caso eu cometa o erro de cair na vulgaridade, chances são de que *eu* venha a me enforcar...

Oh sim, e a música é de autoria de Britney Spears, ou seja, nada de direitos sobre as letras também! ^.^=

***Agradecimentos a Lien Li por ser uma beta na velocidade da luz e pelos ótimos comentários***

"Baby can't you see
I'm calling
A guy like you
Should wear a warning
It's dangerous
I'm falling..."

            Olho para o reflexo de meu próprio rosto no monitor à minha frente sem conseguir evitar o longo e profundo suspiro que escapa meus lábios.

            De forma alguma trata-se de uma imagem feia ou nociva aos olhos. Com toda a graça, que a modéstia me permite, posso dizer que sou uma pessoa extremamente atraente, com um tipo de beleza aparentemente exótica, por assim dizer. Sim, é um prazer olhar para mim mesmo. Narciso sentiria inveja!

            De qualquer forma, apesar da imagem diante de mim não ser desagradável do ponto de vista estético, ao mesmo tempo, ela poderia ser classificada como algo um tanto quanto...deprimente.

            Não há lágrimas, nem olhar desamparado ou triste. Eu disse deprimente, e não moribundo.   Na verdade, apenas duas pessoas, no mundo todo, seriam capazes de notar esse pequeno brilho de melancolia em meus olhos, que indica um certo estado de espírito. A primeira delas, sou eu mesmo. A outra pessoa, consiste em meu melhor amigo e sócio, Quatre Winner.

            A maneira como Quatre e eu nos tornamos parceiros é uma longa história, com raízes plantadas há alguns anos atrás.

            Tudo começou na faculdade. Eu ingressei na faculdade de engenharia da computação, precocemente, pulando do colegial diretamente para a vida universitária, o que não era muito comum.

            Acabei tornando-me um exemplar típico de aluno perfeito. Eu era visto com muita freqüência nas aulas e com pouca, nas festas e reuniões. Mas não por falta de convites, que fique bem claro. Não sou uma pessoa anti-social de forma alguma. Muito pelo contrário.

            Alguns de meus colegas de classe mais próximos diziam que chegava a ser misteriosa a forma como eu conseguia conhecer a todos, ser convidado a todas as festas, sendo que raramente atendia a alguma delas, e ainda por cima ter as notas mais altas de toda a turma.

            Não havia mistério algum. Eu conhecia a todos, simplesmente por ser dono de um tipo de personalidade tipicamente magnética. Eu adoro socializar e muitos são aqueles que identificam-se com essa atitude. Os convites para as festas, admito, mais provavelmente eram resultado de minha aparência que, como citei anteriormente, é bastante exótica. Obrigada papai e mamãe, pelos genes. Já as notas, eram fruto direto de meu trabalho intenso dentro e fora das salas de aula.

            De forma que, com essa atitude, levei os quatro anos do curso de forma relativamente satisfatória e divertida. Satisfatória porque pude aprender tudo aquilo que os professores e o ambiente universitário puderam provir para a área que eu pretendia seguir para a vida, e divertida, porque fiz uso do mesmo ambiente para outros...conhecimentos da vida.

            Como a maioria das pessoas, eu "experimentei" muita coisa durante meus anos na faculdade. Não, eu nunca fumei e nem usei drogas. Pode-se dizer que bebi ocasionalmente. Esse tipo de experimentação ia além da minha compreensão, pois nunca entendi o que leva alguém a arriscar o próprio corpo para alcançar um determinado prazer.

 Preferi usar meu corpo de maneiras mais saudáveis, para alcançar meu próprio prazer. Era nesse tipo de departamento que minhas experimentações aconteciam. Eu estive com mulheres, estive com rapazes e, em uma noite extremamente louca, com ambos. Nunca senti arrependimento por nada do que fiz. Mas também já não consigo lembrar-me da última vez em que sentimentos reais estiveram envolvidos no processo.

Mesmo agora, já faz muito tempo que eu não sinto nada, além dos limites da amizade e algo que eu gosto de chamar de "afeto convivencional", por alguém.

Mas estamos saindo da linha central da história certo? Pois bem, logo após o término de meu curso, deixei a faculdade ingressando diretamente em uma grande empresa multinacional de consultoria eletrônica. Lá, eu tive o prazer de conhecer Quatre.

Éramos trainees no mesmo departamento: eu na área de desenvolvimento operacional, e ele, na administrativa. Tornamo-nos amigos com uma velocidade incrível. Quanto a isso, tenho que admitir que, nesse caso excepcionalmente, meu charme e habilidades sociais não foram as responsáveis pelo surgimento de nossa rápida amizade. Quatre é uma pessoa que simplesmente...brilha! É como se ele possuísse uma aura que te envolve em alegria e contentamento instantâneos, simplesmente com sua presença. É realmente algo mágico.

De certa forma, ele pareceu encontrar em mim o amigo que havia procurado durante muito tempo, e posso dizer o mesmo. E assim, após cerca de um ano trabalhando no mesmo setor e dividindo idéias sobre a empresa e nossos planos para o futuro, juntamos nossa coragem e conhecimento para montar nossa própria empresa de software.

Isso já faz três anos. E hoje, do alto de meus vinte e poucos anos, posso olhar através da janela de um edifício luxuoso, localizado em um dos melhores pontos da cidade e sede da "Winner-Maxwell Corp." Eu sei que o nome não é dos mais criativos – Quatre vetou a idéia de "Shinigami Corp.SES [1]" – mas funciona. Tanto funciona, que ocupamos uma confortável posição entre as cinco melhores empresas de Softwares do estado.

O que me traz a uma pergunta que já martelava em minha mente a algum tempo. Eu sou um dos presidentes da corporação, e sempre tive a impressão de que presidentes fossem aqueles homens completamente distintos em seus ternos, que chegam em suas salas com suas secretárias bonitas e, simplesmente, colocam os pés sobre mesa e olham os dias passarem, enquanto acendem charutos com notas de cem. 

Eu uso um terno. Tenho uma secretária, e posso dizer que Hilde é um bocado atraente. Não fumo, então podemos pular essa parte. Ok, aonde entra a cena na qual coloco os pés em minha mesa?

Em toda a minha vida eu jamais havia feito tal coisa. E, apesar da companhia estar prosperando vertiginosamente a cada dia, eu me via com mais e mais trabalho sobre minha mesa. Os papéis não deixavam espaço para que colocasse os pés nela.

Claro que a situação toda é inteiramente minha culpa. Eu poderia me dar ao luxo de não trabalhar durante um ano de minha vida, se assim desejasse, mas sou naturalmente preocupado e prefiro eu mesmo assumir todos os problemas, ao invés de deixá-los na mão de outras pessoas, mesmo que estas sejam igualmente capacitadas para o serviço. Deve ser parte de algum instinto primitivo de sobrevivência...

De qualquer forma, a situação havia chegado a um ponto crítico. Um ponto que me coloca, no meio da tarde de uma sexta-feira de verão intenso, olhando para o meu próprio reflexo no monitor diante de meu rosto, contemplando onde teria acontecido o momento exato no qual eu havia perdido as energias para sorrir e me divertir quase o tempo todo.

Esse estilo de vida estava tornando-se algo realmente cansativo de alguns meses para cá. Felizmente, posso sempre contar com Quatre para notar minhas mudanças de humor, praticamente subliminares, e eu sabia que não demoraria muito para que ele bolasse um plano mirabolante para colocar um pouco de vida dentro de minha carcaça.

Provavelmente, meus poderes sobrenaturais estavam mais aguçados no dia de hoje, porque nem quinze minutos passam-se após meu raciocínio, antes que meu sócio entrasse em minha sala, praticamente cantarolando, e sacudindo pedaços de papel em cores fosforescentes em meu rosto.

'Hey Quatre', eu cumprimento, no que ele me responde com um sorriso, 'Eu ando trabalhando tanto que não notei a chegada do circo?'.

'Não!', ele responde, sentando-se na cadeira a minha frente e colocando os pés sobre a mesa, em um espaço quase imperceptível que eu não havia notado antes. Fato que torna oficial a constatação de que devo ser o único presidente do mundo que nunca realizou tal ato.

Ignorando minha breve realização, ele continua. 'Isso aqui foi um presente, uma cortesia na verdade, de um de nossos clientes. São ingressos para a área VIP da "SPY", a nova danceteria da cidade. E veja só', ele bateu com ênfase nos ingressos em sua mão, como que para me alertar da presença dos mesmos, 'são dois. Um para mim, e um para você.'

Minha expectativa não era das melhores. Danceteria? Se eu não possuía energia para sequer me arrastar até Quatre e arrancar os ingressos de sua mão para analisá-los mais profundamente, como possivelmente teria energias para dançar?

'Sabe o que é Quatre...' comecei, mas fui interrompido por uma mão erguida, e um sorriso brilhante vindo de meu amigo. 'Nada de "sabe o que é", você vai comigo e ponto final.' Ele terminou, levantando-se e batendo o pedaço de papel contra meu peito em um gesto de triunfo.

'Eu passo no seu apartamento as onze. Esteja pronto. E coloque uma roupa decente, hein?'. Com isso, ele retirou-se da sala, sorriso firme como uma rocha nos lábios, deixando-me para trás, com a impressão de que seria uma longa noite, e que eu havia acabado de cair em uma armadilha sem escapatória.

No fim das contas, talvez não fosse tão mal. Em um golpe do destino eu poderia, quem sabe, conhecer alguém interessante para preencher um certo vazio.

'Claro!', pensei comigo sarcasticamente, em voz alta. 'Por que a vida é assim mesmo!'

E antes que eu tivesse o tempo e criatividade o suficiente para bolar uma virose rara, contraída em menos de seis horas, que certamente me colocaria na cama com muitos graus de febre, Quatre estava em minha porta, buzinando insistentemente de dentro de sua BMW.

Antes de sair, dei uma breve olhada no espelho: calças pretas, camisa vermelha de seda para fora da calça e com os dois primeiros botões fora das casas, o cabelo preso em uma trança firme e baixa . Ora, ora, eu não estava nada mal. Já que seria obrigado a fazer parte disso, era melhor tirar o melhor proveito da situação.

***

As horas tendem a passar de modo estranhamente rápido quando você esta dentro de uma danceteria. Você entra as onze e meia da noite, e quando dá por conta de si mesmo, já são cinco da manhã e você tem de ir pra casa para ter algum semblante de sono antes do dia seguinte. Então, por que diabos, o meu relógio dizia que era apenas uma hora da manhã?

Eu sentia como se já estivesse ali a dias, como se tivesse dançado por horas e horas a fio. Mas eu havia dançado apenas umas poucas músicas com Quatre, que depois, acabou encontrando um par interessante, com o qual continuou dançando, depois de muita insistência da minha parte, dizendo que sim, eu ficaria bem sem ele para me pajear.

Desde então eu havia estado apenas em um dos cantos do local, e agora contemplava seriamente a idéia de entrar na pista para encontrar Quatre e avisá-lo que eu ia para casa. Eu não sentia a menor vontade de continuar naquele lugar nem por mais um minuto.

Foi quando aconteceu...

Meus olhos passavam por toda a pista, buscando pelos cabelos loiros de meu sócio, quando pararam em um outro par de olhos, do outro lado da pista. Este par, de uma cor que, se as luzes não estavam me confundindo, eu nunca havia visto antes em toda a vida, estavam virados na minha direção em um olhar com força  o suficiente para fazer um buraco em seu alvo.

Olhei para trás e para os lados. Seria eu, o possível alvo de tal olhar?

Não tive realmente tempo para chegar a uma conclusão sobre esse ponto, porque no momento seguinte, o dono dos tais olhos já estava andando em minha direção, me olhando de maneira tão apreciativa enquanto caminhava, que por um momento eu tive a impressão de que talvez tivesse saído de casa sem roupas.

Aproveitei a situação para avaliar melhor essa pessoa misteriosa. Era um homem. E que homem! Ele usava uma calça de couro preta, que não deixava muito espaço para a imaginação, e uma camisa igualmente preta. Possuía cabelos castanhos, desajeitados da forma mais atraente que já vi, e os olhos tinham uma cor surpreendente de azul, algo que – agora eu podia confirmar – eu realmente jamais havia visto na vida.

Quem disse que deuses gregos não existiam nos dias de hoje, certamente não tinha a visão privilegiada, da qual eu podia desfrutar neste exato momento.

Ele aproximou-se de mim, e sorriu. E juro que o sorriso era tão incrivelmente sexy, que eu certamente não teria reclamado se aquele completo estranho tivesse me jogado no chão gelado daquela discoteca e me possuísse ali mesmo!

Mas felizmente – ou infelizmente – não foi o que aconteceu. Ele simplesmente pegou minha mão, sem falar uma palavra sequer e nem nunca desligar seus olhos dos meus, e guiou-me lentamente para a pista de dança.

Nem que eu quisesse impedi-lo eu teria conseguido. Era como se essa pessoa, que eu jamais havia visto em toda a minha vida, tivesse o poder de agir sobre mim como um imã, aplicando um tipo de magnetismo do qual eu simplesmente não podia, e nem tão pouco queria, escapar. 

Deixei-me ser levado de volta para a pista de dança e em seguida pela música, que enchia o lugar. Não que eu estivesse realmente ouvindo qualquer coisa além de uma batida frenética, que eu suspeitava que fosse apenas o fundo da canção.

Começamos dançando a uma certa distância um do outro, para aos poucos, aproximarmo-nos. Enquanto a musica agia de forma a tomar nossos corpos, tomávamos por nós mesmos as dimensões do corpo um do outro, com mãos que passeavam da cintura para a coxa, passando pelos braços e também pelas costas, no final da coluna.

Em pouquíssimo tempo, estávamos dançando próximos o suficiente para que não houvesse espaço para sequer uma folha de papel entre os dois corpos. As pernas entrelaçadas, e os movimentos praticamente coordenados, de forma que não deixávamos de estar em contato um com o outro por nenhum momento sequer.

 O calor que partia dele era tão intenso que parecia preencher tudo a nossa volta, e eu sentia como se jamais tivesse, realmente, entendido o significado da palavra "quente" até aquele exato momento.

Então, as mãos dele entraram em contato direto com meu corpo, tocando sem qualquer aviso por debaixo de minha camisa. E eu tive certeza de que não sabia nada sobre calor e nem sobre qualquer outra coisa no universo inteiro. Suas mãos encontraram a curva de minha cintura e então o plano de meu estomago, deslizando suavemente até o inicio da costela. Era um toque firme, e a palma da mão passava, como que deixando uma trilha incendiada por todo e qualquer pedaço de pele no qual encostasse.

Já havia um bom tempo que eu tinha perdido toda e qualquer noção a respeito do local no qual me encontrava. Pelo que eu sabia, era mais do que possível, que eu tivesse morrido e subido diretamente para o céu. Ou talvez eu tivesse ido para o inferno, e isso era o que eu receberia antes de minha punição eterna. Que viesse a punição! Só aquele momento já havia feito todos os meus possíveis pecados em vida valerem a pena.

Mas eu não estava nem no céu e nem no inferno. Fui lembrado disso, acordando, mais do que repentinamente, para o som de urros e assovios das pessoas em volta de nós na pista. Aparentemente, estávamos dando um show e tanto.

Envergonhado, me afastei de meu acompanhante e no exato momento, no qual perdi o contato de suas mãos com meu corpo, senti como se tivesse sido arremessado na Sibéria. Dentro da água. Sem roupa.

Percebi então, que não me sentia muito bem. Talvez fosse sono, ou a bebida. Ou a falta dela.

Dirigi-me ao bar de imediato e pedi um drink ao rapaz do outro lado do balcão, que prontamente colocou-se a fazer a mistura de bebidas para mim. Sentei-me e virei para buscar com o olhar a possível localização de um certo par de olhos altamente interessantes.

Não tive de procurar muito, pois eles estavam logo ali, no banco ao lado, e mais uma vez fixados intensamente em minha direção.

Fui tomado por um sentimento completamente irracional de vergonha, ao perceber a maneira como ele me fitava. Mas que diabos? Eu tinha acabado de deixar que esse homem me tocasse de uma maneira extremamente íntima, no meio de uma pista de dança, sem nem sequer ouvir sua voz, e agora estava envergonhado? Qual era o meu problema afinal?

Resolvi tirar proveito desse pensamento, tendo a certeza de que não seria capaz de formular nada muito mais elaborado em meu atual estado.

'Você quer beber alguma coisa?', falei. E sim, eu tenho a consciência de que é uma cantada clássica de baladas, mas como disse antes, minha mente não estava exatamente concentrada na atividade da fala, ela estava mais ocupada registrando todos os ângulos do ser localizado agora a minha frente.

O barman escolheu este momento para entregar meu drink, um líquido azul, espesso, em uma taça rasa.

'Eu acho que vou provar um pouco do seu', o homem misterioso respondeu, com aquele mesmo sorriso de antes, que agora meu cérebro já tinha completamente gravado em uma imagem, que certamente seria arquivada como uma das coisas mais lindas do mundo. Junto com as pirâmides egípcias, a Torre Eiffel, o pôr-do-sol no Grand Cânion e coisas insignificantes do tipo.

Enquanto todos os meus esforços estavam voltados para registrar o som incrivelmente sensual daquela voz, ele pegou minha mão, e delicadamente mergulhou dois de meus próprios dedos na minha bebida.

Normalmente eu teria ficado indignado. Mas normalmente, uma pessoa não provaria do meu drink através do ato de chupar meus dedos em sua boca, lentamente, passando a língua até por locais da mão aonde não havia bebida.

'Está ótimo', ele concluiu, tirando meus dedos de sua boca, e levantando a taça em suas próprias mãos. 'Você deveria provar'.

Com isso, ele levou a taça a sua própria boca e virou o objeto, deliberadamente derramando um pouco da bebida pelo canto da boca, que escorreu por toda a extensão do pescoço, até o inicio da gola da camisa. Por um instante, aqueles olhos brilharam, e ele inclinou sua cabeça levemente, em um convite aberto à mim.

Não sendo um homem de desperdiçar oportunidades, grudei meus lábios à base de seu pescoço e  lambi o rastro da bebida, pelo queixo até o canto da boca. O leve som de apreciação que aquela voz grave emitiu, diante da minha ação, me tirou de meu torpor.

Mas o que afinal eu pensava estar fazendo? Aqui estava eu, lambendo o pescoço de um completo estranho, uma pessoa da qual eu sequer sabia o primeiro nome.

'Eu sou Heero', ele falou, olhando novamente para mim como se soubesse exatamente o tipo de pergunta que passava pela minha mente no momento. E realmente sabia.

'Eu sou Duo' , falei em resposta a pergunta não vocalizada. Agora que estávamos em bases de primeiros nomes, eu tinha de descobrir quem era essa pessoa, e como eu, possivelmente, poderia encontrá-lo novamente.

'Ainda não Duo', ele falou simplesmente, 'em breve'. E com isso, o recém descoberto homem dos meus sonhos me dirigiu um último olhar, virou-se, e misturou-se a multidão.

Eu não poderia segui-lo, por mais que eu quisesse, afinal, não havia sobrado um pingo de força em minhas pernas ou em qualquer outro órgão de meu corpo inteiro. Na verdade, agora que Heero havia se afastado, eu realmente podia sentir o quão esgotado estava.

Antes que eu pudesse lamentar o fato de que meu tempo com ele tivesse sido tão curto, olhei para o relógio de pulso, por puro reflexo, e confesso que me assustei com o que vi. Aparentemente eu havia dançado com Heero por um período de horas, por que já eram quatro e meia da manhã, e eu teria de trabalhar no dia seguinte.

Mas alguma coisa em meu corpo, em conjunto com o que restava de minha mente, não deixava que eu me preocupasse com o que viria no dia seguinte.

Eu teria apenas de lembrar de agradecer Quatre. Realmente agradecer.

********


Fim do Capítulo I


[1] Para aqueles que não captaram a piada: Corp. é abreviação para "Corporation" ou "Corporação". "Corpses" é inglês para "cadáver", ou seja, essa foi a minha piadinha verbal com o nick do Duo, nosso querido Deus da Morte. ^.^=


Em uma observação, aviso que este fic é o culpado por não haver um novo fic de "Blurry" esta semana. Este bebê aqui não me deixou em paz até o momento em que foi colocado no papel. Estou sinceramente curiosa para saber o que os leitores acharam...^.^" Será que valeu a pena? Só as reviews dirão...hehehe. .