N/A: E três meses (tudo isso?? O.o) depois, ela volta. É. Estapeiem a minha face se é isso que querem, assumo que demorei e os motivos podem ser ignorados, aqui estou. Boa Leitura.
Primeiro Pecado – A Redenção
por Hime
- Capítulo 9 -
"Você sempre será meu amor
E algum dia, mesmo se eu me apaixonar por um outro alguém
Lembrarei de amar como você me ensinou
Você sempre será a única
E por enquanto, tudo que tenho é esta triste canção de amor
Até o dia em que eu poderei cantar uma nova"
(First Love – Utada Hikaru)
- Então, já estou indo, Tomoyo.- Levantou-se da cadeira, ajeitando a blusa.
- Tudo bem.- Da sua mesa, sorriu em resposta.- E boa sorte.
Sakura fitou a mulher do lado oposto da sala. Às vezes se perguntava o que seria da sua vida sem ela, quantas e quantas oportunidades não teria deixado passar se não fosse pelos conselhos da sua amiga? Colocou o sobretudo e pegou a bolsa, segurando-a com as duas mãos em frente do corpo.
- Obrigada por tudo.
- Não precisa me agradecer, Sakura. Você, junto com toda a minha família, é muito importante para mim.- Por instantes pareceu pensar o que falar.- Por vocês eu faria tudo.
- Mas...- Aproximou-se da porta, abrindo-a.- Obrigada por ser minha amiga.- Por fim, sorriu vagamente.- Foi uma das melhores coisas que poderia ter acontecido na minha vida.
Observou Tomoyo lhe fitar fixamente com seus olhos de cor tão ímpar. A caneta estava solta na mão direita, as palavras perdidas em algum lugar, os olhos quase marejados. Saiu rapidamente da sala, já estava atrasada.
o o/
Sentiu as mãos úmidas, as pernas sem a firmeza necessária e uma ponta de dúvida em sua mente. Recuar... Talvez não fosse uma má idéia, mas já que estava ali, em frente ao prédio onde Syaoran morava, falaria com ele.
Levantou a mão direita, e com o indicador apertou ligeiramente aquele botãozinho transparente que exibia o número do apartamento. Nada. Será que ele havia saído? Apertou novamente, mas agora segurando o toque por alguns segundos. Nada novamente. Que ótimo. Então ele marcava um compromisso e na hora 'H' a fazia de tonta? Idiota. Havia feito um total papel de idiota acreditando nele. Aliás, era melhor ir embora. Girou sobre os calcanhares e ia se retirando quando ouviu finalmente uma voz abafada saindo pelo aparelhinho. Inconscientemente correu até lá.
- Syaoran?
- Sim, sou eu. Desculpe-me, eu... Estava ao telefone. Mas já vou abrir.- Ouviu um estalo vindo do portão.- Pode subir.
- Obrigada.
Entrou e fechou novamente o portão, que emitiu um outro estalo. Deu alguns passos lentos até chegar à entrada do edifício e ao passar pelo hall, não pôde deixar de se olhar no grande espelho de fina moldura dourada. Passou a mão por um dos brincos e observou o outro. Ajeitou uma mecha castanha do cabelo, mas paralisou quando um flash passou por sua mente. Por que estava fazendo isso? Sabia que não era a vaidade lhe afetando, e rejeitava a idéia de que... Não, não estava fazendo isso porque iria encontrar Syaoran, mas... Não sabia explicar. Era em momentos assim que sentia o passado lhe invadir completamente, como se a sugasse para aqueles tempos de tanto sol... Piscou fortemente abortando o pensamento e apressou o passo em direção ao elevador.
Sexto andar. Sentiu o solavanco inicial do elevador e logo estava no andar desejado. Empurrou a porta, mas esta não se abriu. Observou melhor e viu uma fechadura. 'Ai-meu-Deus.' O trinco do outro lado da porta estava fechado – ouviu um ruído – ou pelo menos estava. A porta se abriu e finalmente viu o rosto bonito de Syaoran.
- Olá Sakura.
- Oi.- Sorriu, caminhando para fora do elevador.
- Como tem passado?- Abriu a porta do apartamento e fez sinal para que ela entrasse.
- Muito bem e você?
- ... Bem... Na medida do possível.- Deu um discreto sorriso, mais para si mesmo do que qualquer outra coisa.- Sente-se.- Apontou uma poltrona e sentou-se em outra, à sua frente.- Quer beber alguma coisa quente? O clima já está mudando...
- Não obrigada.- Passou os olhos por algumas caixas de papelão no corredor, gesto que não passou despercebido por Li. Não queria que soubessem que ele...- Pensei que já tivesse arrumado suas coisas por aqui.
Li soltou o ar devagar. Ainda bem que Sakura não pensou em alguma possibilidade contrária.
- Pois é. O meu tempo anda escasso, tenho viajado bastante para algumas pequenas cidades vizinhas.
- Ah sim...
Bateu levemente as solas dos sapatos no assoalho. Como entrar no assunto? Olhou rapidamente para Syaoran e o flagrou com os olhos baixos, perdidos. Uma expressão em seu rosto que transmitia dor.
- Tudo bem mesmo, Syaoran? Você me parece...- 'Abatido'? Não.- Diferente...
- Eu? Não, de forma alguma!- Corrigiu rapidamente. Nem que lhe dessem mil chibatadas tocaria naquele assunto com Sakura, e a melhor forma de fugir dele seria...- Bem, você disse que gostaria de falar comigo.
- Sim. Bem... Na verdade é você que tem a falar, não é mesmo?
- Eu?- Apontou para si.
- Por duas vezes você disse que tinha algo a me falar e eu não quis escutar. Refleti um pouco, admito que estava errada e realmente acho que devo escutar o que você tem a dizer.
Syaoran sorriu carinhosamente. Agora... Somente agora, Sakura? ... Segurou-se para não deixar a emoção vir à tona. Sentia que o que poderia ser uma vida feliz lhe escapava por entre os dedos como água. O sentimento de tristeza tomava-lhe completamente. A consciência de não poder jamais estragar a vida de Sakura... Já tinha dado motivos para isso tempos atrás, e agora não queria repetir o mesmo erro. Não queria fazê-la sofrer. Não outra vez.
- Verdade. Eu tinha algo para lhe falar.- Esfregou as mãos fortemente.
- Então...- Sentiu o coração acelerar. Ansiava pelas palavras que ele diria.
- Bem, na verdade não era tão importante assim.
- Por favor Syaoran, fale!
- Não gostaria de remoer o passado...- A fitou intensamente.- Mas era sobre o dia em que eu fui embora, há sete anos atrás. – Pausou ligeiramente.- Eu não fiquei sabendo de muitas coisas, e como passei alguns dias isolado, acabei indo embora achando que você... Han... Não queria mais nada comigo.
- Mas como?? Como você poderia deduzir coisas assim sem nem ao menos falar comigo, Syaoran? Somente quem podia decidir isso era eu...- Exaltou-se sem perceber.
- Bem Sakura... Falaram-me que você já estava com outra pessoa.- Não citaria o nome de Yelan, queria proteger a memória da mãe.- Fiquei indignado e acabei indo embora sem falar com você.
- Outra pessoa? Mas Syaoran, eu...- Baixou o rosto.- Eu jamais faria isso com você...
- Eu sei Sakura... Hoje eu sei...- Sentia a voz da mãe pulsar em sua cabeça como há anos atrás.
--------------------Flashback---------------------
- Ela não o ama, querido... Será melhor vocês não se verem mais.
- Eu...- Não sabia se acreditava.- Como eu posso ter certeza?
- Eu sou sua mãe, Syaoran!!! Nunca menti, menti?
Li negou levemente com a cabeça. Realmente a mãe nunca havia mentido em ocasião alguma. Poderia ser severa, mas jamais mentirosa.
- Ela voltou desta viagem compromissada com um rapaz da alta sociedade.- Passou a mão pelo rosto do filho, quase encantada com o estado atônito dele.- Já disse, não quero que sofra. O melhor será ir para outro lugar, esquecer todo esse tempo de turbulência em sua vida e começar do zero. Poderá até mesmo parar de freqüentar o seminário, mas vá para longe, a esqueça! Ela não merece seu amor e sua dedicação, meu filho.- Disse quase em lágrimas.
Syaoran olhou para suas mãos e notou que a passagem estava entre elas. Desolado, segurou firme o documento, deu um sereno beijo na testa de Yelan e saiu para arrumar suas malas definitivamente.
----------------Fim do Flashback-----------------
- E você não imagina o quanto me arrependi.
Viu Sakura o fitar com os olhos entristecidos. O verde tão belo brilhava com as lágrimas prestes a escorrer. Erro maldito, erro maldito... O que uma mentira havia feito com eles... Pegou-se quase se levantando para abraçá-la e pedir desculpas interminavelmente, mas segurou-se. Não era isso que deveria fazer. Tinha que agir conforme havia planejado. Ao menos uma vez na vida.
- Mas hoje tomamos caminhos diferentes em nossas vidas.- Evitava fitá-la. Assim talvez fosse menos doloroso, pensava.- Não há como voltar atrás. Sei também que não adiantaria voltarmos no tempo. Eu tinha toda aquela raiva e indignação me cegando, provavelmente tomaria o caminho errado mais uma vez.
- Syaoran...- Deixou as lágrimas rolarem livremente. Não entendia o por que da dureza daquelas palavras, da inflexibilidade da sua decisão.
- Eu achava que não, mas hoje percebo que enquanto eu ia para a estação naquele dia, meu íntimo desejava ser surpreendido por algo inesperado, alguma coisa que me fizesse voltar. Um motivo... Talvez você.
- Mas eu não sabia...- Tentou desculpar-se.
- Hoje eu sei que você não sabia.- Passou com força as mãos pela cabeça baixa, fechando os olhos com igual intensidade.- Sinto ter jogado parte da minha existência fora.
- Não fale assim...- Enxugou rapidamente as lágrimas com as costas da mão.- Ainda há muito que viver pela frente, Syaoran.
- Quem sabe.- Li sorriu mais uma vez aquele sorriso que tinha a única intenção de consolar seu íntimo.- Não temos mais escolha, Sakura, mas quero que saiba que foi muito bom te ver novamente.
Observou mais lágrimas serem derramadas por aqueles olhos que tanto desejava ter para si. O sol poente entrava pela sua janela iluminando com sua luz dourada aquela bela mulher. Se estivesse morrendo acharia talvez que fosse um anjo lhe chamando... Bobagem. O que sentia era uma dor terrível tomar conta do seu peito. O sentia apertado, quase ardendo de angústia. Apertou uma das mãos. Aquela dor dilacerante... Aqueles olhos... Também pareciam sentir tanta dor... Tanta dor... E essa distância...
- Desculpe fazê-la chorar. Era isso o que eu tinha a dizer.
Sakura observou Li. Ele mantinha-se firme, parecia estar seguro em suas palavras. Tinha uma gigantesca vontade de chorar, expor todas as suas emoções, mas não o faria na frente dele. Não era isso o que ele queria. Parecia estar tão calmo... Levantou-se. Iria embora.
- Obrigada por me contar a verdade.- Caminhava em direção à porta.
- Era o certo. Não podíamos continuar assim até o fim.- Acompanhou-a.
- Sim.- Saiu do apartamento e chamou o elevador. Inesperadamente deu um passo em sua direção e num impulso abraçou-o fortemente.
Li foi pego de surpresa ao sentir aquele abraço tão desesperado. Não soube o que fazer inicialmente, mas não houve como não retribuir. Também queria tanto... E não achou errado se talvez considerasse que fosse uma despedida, mesmo que ela não soubesse.
Os seus braços o rodeavam fortemente. Um consolo, um alento. Inspirou aquela fragrância tão querida daquele modo pela última vez, afinal, da próxima vez tudo seria somente uma amizade simples, comum. Era uma despedida do passado. Um adeus. Um esquecimento planejado. Definitivamente.
- Desculpe...- Afastou-se e ouviu o barulho do elevador, que tinha chegado.- Eu já deveria saber, desculpe...- Abriu a porta e entrou.- Até mais, e obrigada.
- Eu... – A porta do elevador fechava-se lentamente, e ele...- Adeus, Sakura. Eu... jamais poderia te esquecer...
A porta interior fechou-se bruscamente diante de seus olhos arregalados, cortando o contato visual. O que significava aquilo? Que ele jamais esqueceria o sentimento por ela? Ou... - Baixou a cabeça. - Ou o que? E por que 'adeus'? Tinha dúvidas, mas estas, preferiria guardá-las para si ou simplesmente... Esquecê-las. Conscientemente não queria voltar lá, não queria cair novamente em seus braços, mas no fundo da sua alma... Ele sempre foi 'aquele'...
Quem pode dizer para onde a estrada vai,
Para onde o dia flui?
Somente o tempo...
E quem pode dizer se o seu amor se desenvolverá,
Da forma como o seu coração escolheu?
Somente o tempo...
- Sakura?- Kiyohide indagou ao ouvir o bater estrondoso da porta da sua casa.
Levantou-se do sofá em que estava e fixou o olhar em sua mulher. Ela estava parada, com o rosto avermelhado, o olhando com surpresa. Largou a revista no sofá e foi ao seu encontro. Sakura ainda tentou desvencilhar-se do marido, mas sem alternativas parou. Chorou, desabando todas as suas lágrimas contidas até agora. Kiyohide a abraçou sem mais resistências. Fechou os belos olhos azuis como se também sentisse sua dor. Droga, o que havia acontecido?
Quem pode dizer por que seu coração suspira,
Conforme seu amor vai embora rapidamente?
Somente o tempo...
E quem pode dizer por que seu coração chora,
Quando seu amor morre?
Somente o tempo...
- Então foi isso?- O homem passou as costas da mão pelo rosto delicado.
Sakura o olhou desconfiada. Contara-lhe tudo o que aconteceu, toda a sua antiga relação com Syaoran, a despedida final e isto é a única coisa que seu marido fala? Ajeitou-se melhor na cama, encostando-se à cabeceira.
- Você me parece bastante calmo.
- Eu já sabia.
- Como??- Surpreendeu-se.
- Percebi como você andava perturbada, e resolvi procurar respostas.- Deu um sorriso desanimado.- Até que foi relativamente fácil encontrar.
- Mas...
- Liguei para Syaoran, e ele me pediu que conversasse com Eriol.- Observou o olhar espantado de Sakura.- Sim, Eriol me deu as respostas, depois de pressionado um pouquinho.
- Nunca pensei que um dia Eriol viesse a falar tudo somente por estar sendo pressionado psicologicamente.
Kiyohide sorriu sem graça e coçou a nuca sem perceber.
- Bem... Não foi tão psicológico assim...
o/ o/
- Ai meu amor, ainda está doendo muito?- Tomoyo, com uma expressão desagradável, levantou um pouquinho a bolsa de água e observou o roxo intenso do lado do olho esquerdo de Eriol.
- Não... Ai ui uui... Quero dizer... Só um pouquinho.- Suspirou, mas berrou novamente ao sentir o peso de Mihoshi e Takeo pulando sobre sua barriga.
Quem pode dizer quando as estradas se encontram?
Aquele amor talvez esteja
Em seu coração
E quem pode dizer quando o dia adormece,
Se a noite possuiu todo o seu coração?
A noite possui todo o seu coração...
Já havia passado dois dias... Syaoran passou a mão pelos cabelos, tentando fixá-los contra o vento, mas sem obter muito sucesso. Sentou-se num banco qualquer, colocando a passagem ao seu lado, somente esperando o momento de anunciarem o seu vôo. Sakura...
Esperava que todos estivessem bem. Na verdade estava indo embora de novo sem falar com ninguém, mas agora tinha consciência de tudo o que acontecia. E se lhe perguntassem por que estava indo embora... Diria o quê? Que era por causa de uma doença maldita que estava lhe matando aos poucos? Não... Não gostaria de disseminar a tristeza entre pessoas que já sofreram por sua causa. Pessoas? Não. Somente uma e... Sua passagem voou longe, e teve que correr um pouco para alcançá-la. Novamente as mãos correram pelos fios castanhos. Inferno. Quem tinha deixado a porta aberta com toda aquela ventania? Olhou para trás a fim de ver o que estava acontecendo.
Uma elegante mulher estava em frente à porta automática, deixando-a aberta e fazendo o vento 'circular' livremente por todo o saguão do aeroporto. Sua valise havia aberto e muitos pertences estavam espalhados pelo chão. Oras, não havia como não reparar... O coque elegante sustentava os fios negros, deixando o rosto bem desenhado completamente à vista. Usava um conjunto social de saia e casaco azuis-marinhos, junto com um lenço em tom creme, desenhado em linhas avermelhadas, que por ajuda do vento ou sorte do destino, voou do pescoço feminino e enroscou-se em sua perna.
Li abaixou-se e pegou o fino tecido, que parecia enroscar-se em seus dedos. Mal percebeu que havia parado de ventar e a dona do lenço havia se aproximado.
- Obrigada.- Estendeu a mão para pegar seu pertence de volta.
- Ah...- Fitou-a, tornando-se estático.- Sim...
Fitou-a incessantemente por inúmeros segundos. Jamais imaginaria que uma mulher pudesse ter olhos tão negros e expressivos como os que estava vendo à sua frente. Ela parecia ser tão transparente... O rosto delicado, as faces com uma suave maquiagem e... E... Já ouviram falar em 'amor à primeira vista'?
- Ahn... O lenço...- Apontou com os olhos o fino tecido que Syaoran segurava.
- Desculpe-me. - Devolveu encabulado.
- Tudo bem.- Disse com algum sotaque.
Sotaque? Era mesmo o que estava pensando?
A bonita mulher já estava virando-se quando perguntou:
- Hong Kong?- Viu a dama voltar-se novamente para si.- A senhora é de Hong Kong?
- Senhora?- Riu, fazendo uma reverência logo em seguida.- Yoon Hae, muito prazer.
- Syaoran Li.- Cumprimentou.- Er... Desculpe-me por tê-la chamado de senhora, mas é que...
- Não se preocupe com isso.- Sorriu abertamente.- E sim, sou de Hong Kong. Conhece?
- Estou voltando para lá, minha terra natal.
- Mesmo? Eu também!- Seu sorriso alargou-se ainda mais, encantando os olhos de Li.
Ouviram o chamado para o embarque, e ambos apressaram as mãos em busca de suas passagens. Sorriram ao ver o gesto do outro. Mesmo vôo então? Ah... Sim, era o destino...
E quem pode dizer se o seu amor se desenvolverá,
Da forma como o seu coração escolheu?
Somente o tempo...
Quem pode dizer para onde a estrada vai,
Para onde o dia flui?
Somente o tempo...
- Youichi!- Sakura andava pela casa procurando o filho.- You!- Saiu pela porta do fundo, indo até onde algumas plantas do jardim 'se mexiam'.- Ah não... Youichi....- Fez uma expressão frustrada.
O garotinho estava com o macacãozinho listrado em branco e azul marinho completamente sujo de barro. Quando viu a figura da mãe, tratou de limpar as mãozinhas, mas o pano escolhido foi a sua já castigada roupa... Sakura ajoelhou-se e igualou a altura com o pequeno.
- You, já é a segunda vez que você suja a roupa hoje. Se continuar assim, daqui a pouco, quando seus amiguinhos chegarem para o seu aniversário, você estará sem roupas!
Youichi, em seus plenos dois anos de idade, soltou a mais gostosa gargalhada que pôde, mostrando seus dentinhos novos e deixando Sakura completamente sem reação.
- Vamos, meu anjinho. Novamente banho...- Pegou-o no colo e se dirigia em direção da casa quando viu uma cena mais que engraçada: Kiyohide com Eriol e seus dois filhos enchendo bexigas. Não pôde deixar de rir um pouco. Sentia a felicidade emanar...
- Não, essa bexiga não, Mihoshi, escolha outra.- Eriol dizia, categórico, ao ver a filha lhe oferecer uma bexiga para encher.
- Não?
- Não, porque...- Foi interrompido.
- É porque é rosa! Hahaha...- Takeo berrou de longe, enquanto tirava as bicicletas da garagem.
Kiyohide não pôde evitar o riso.
- Preconceituoso, hein, Eriol?- disse, enquanto subia num banco.
- Não é isso!! É porque...- Pegou a bexiga nas mãos.- Está furada!.- Falou alto, quase gritando, enquanto esticava a bexiga. Seu rosto ficou ainda mais engraçado com os óculos escorregando pelo nariz.
Novamente Sakura ouviu a risada gostosa vindo da garagem. Fitou os olhinhos azuis de Youichi e deu-lhe um abraço apertado. A felicidade era composta por partes às vezes tão avulsas...
Entrou em casa e, passando pela cozinha, viu Tomoyo contente, ajeitando docinhos numa bandeja.
- Por favor, Tomoyo, pode deixar, só vou dar um banho rápido no You e já venho fazer isso.
- Pare com isso Sakura, você sabe que pode contar comigo, além do mais, é um prazer para mim, tanto fazer doces quanto ajudar no aniversário do meu afilhadinho fofo!- Aproximou-se, apertando as bochechas do aniversariante, que fez uma careta.- Já está tudo pronto lá fora?
- Bem... Quase, não é mesmo? Eles mais brincam do que qualquer outra coisa...- Disse em falso tom de desânimo. Tomoyo sorriu.
- Sim... Se a felicidade pudesse estar sempre presente assim, como hoje...
- Nós a fazemos... Nós a compomos... Então, podemos tê-la sempre... Não é, You?- Acariciou os finos fios de cabelo da criança, fazendo-o esconder os orbes azuis num piscar de olhos demorados.
Estava quase saindo da cozinha quando Tomoyo lhe chamou novamente.
- Sakura.
- Sim?
- Kiyohide chamou mesmo Syaoran para vir aqui hoje?- Tratou de dar toda a tenção de seus olhos para a reação de Sakura.
- Chamou sim, mas Yoon afirmou que não poderiam vir.- Disse num balançar de ombros.- Disse que eles tinham algo importantíssimo já marcado para hoje e que não poderiam vir de forma alguma.
Tomoyo sorriu suavemente. A amiga havia reagido normalmente, como se tudo estivesse realmente enterrado. Sentia-se feliz por ela, afinal, tudo havia passado...
- Talvez seja um dos retornos ao médico periódicos de Syaoran, depois da cirurgia, ou...- Arregalou os olhos, junto com Tomoyo, que entendera a mensagem.
- É hoje!- Gritaram juntas.
- Sim, deve ser isso!- Tomoyo seu um soquinho na mão, como numa conclusão brilhante.- Eles devem ter marcado o parto para hoje!
- Verdade, mas talvez seja melhor ligar para saber notícias somente no final do dia.
- Aposto como deve ser uma menininha tão linda quanto Yoon.
- Com certeza.- Ajeitou melhor You, já inquieto, no seu colo.- Bem, vou subir e dar um banho nesse mocinho aqui.
- Tudo bem.- Deu seu sorriso costumeiro e voltou ao que estava fazendo.
Sakura subiu as escadas lentamente, pensativa.
Sentia-se satisfeita em saber que Li estava bem, curado daquele câncer maldito, feliz com Yoon e tinha agora mais um brilho de felicidade em sua vida. Sentia-se também aliviada, afinal, morreria por dentro se enquanto desfrutasse de tantas coisas boas ele não pudesse ser tão abençoado como ela. Sim, agora sim tudo estava certo. Tudo...
Caminhou até o quarto do filho, o despiu e separou roupas limpas. Viu a figura miúda de Youichi sair correndo para o banheiro e correu logo atrás, antes que ele trombasse ou tropeçasse em algo. Ligou o chuveiro e esperou que a banheirinha se enchesse d'água, mas não impediu que You já entrasse e ficasse a se distrair com aqueles brinquedinhos plásticos que tanto fazem barulho.
Por um momento distraiu-se com seus pensamentos e passou os olhos ligeiramente por seu filho, fitando o nada logo em seguida.
- Youichi... E você?- A criança nem ao menos prestou atenção. Molhar as paredes agora era mais importante.- Levou a mão ao ventre, pensando na nova vida que se desenvolvia ali.- Será que vai ter um irmãozinho ou irmãzinha?
Mal teve reação quando sentiu um par de braços fortes lhe envolverem pela cintura. Seu rosto esboçou um sorriso. Não era bem assim que planejava contar, mas... Virou-se, mirando aqueles olhos azuis que tanto a cativavam... Seus lábios formaram um sorriso verdadeiro, não conseguia contê-lo. Kiyohide tinha em seu olhar tanto carinho, tanto amor... Aquilo lhe inebriava os sentidos de tal forma que...
- Até quando iria esperar para me contar?- Sorriu, expressando todo o seu sentimento num abraço apertado.
- Bem... Talvez até...- Interrompeu-se ao sentir jatos d'água lhe atingindo.
Virou-se. Youichi disparava água por todos os lados assim que descobrira como funcionava um de seus brinquedinhos. Sakura fechou o chuveiro e virou-se para Kyohide, que tinha um sorriso divertido no rosto.
- Talvez uma menina seja interessante.- A mulher suspirou em falso desânimo, encostando-se no peito do marido..
- Ou mais um menino, não importa. Afinal...- Voltou a envolvê-la docemente nos seus braços.- É nosso filho...
Era só fechar os olhos para sentir o amor... Simples... Simples... E fecharam os olhos... Há tempos...
Quem sabe?
Somente o tempo...
Quem sabe?
Somente o tempo...
FIM
N/A: Música final da Enya, 'Only Time'. Hohoho, acabei, acabei! Sinto-me feliz por isso, pois apesar da demora, eu ia tirar o fic do ar. Mas desisti. Eu ia matar o Li da pior maneira possível, mas desisti. Tudo isso por causa de algumas coisinhas que me foram ditas, inclusive nesses comentários. Obrigada. Desculpem-me também pelo final meio idiota, espero que não tenha ficado MUITO forçado.
Sobre o Syaoran ter ficado com a Yoon Hae, que na minha imaginação, por sinal, é muito bonita, foi meio que uma 'cópia' da sugestão que a Rafa tinha me feito há um bom tempo, lembra, moça? Obrigadinha. E sobre a doença dele, bem... Eu realmente iria matar o Li, explorando mais esse sofrimento que é essa doença terrível e tudo mais, mas, pra encurtar a história, vamos simplificar: 'O espírito natalino bem antecipado chegou e tocou meu coração'. Pronto, está explicado. Pra quem não se importaria que ele morresse, conto para vocês que ele se casaria com a Yoon, teria o filho(a) dele, porém o Syaoran morreria antes da criança completar seus dois anos de idade. É, é... Eu simpatizei demais com os personagens que criei, tenho que parar com isso. Bom, pode ser que a doença dele volte e o mande para debaixo da terra, vai saber? Ok, me ignorem. u.u
Agradecimentos:
Silv: Obrigada por ter se dado ao trabalho de ir lá no meu fim de mundo me dar um toque. Depois que li pode ter certeza que fiquei muito mais animada e até agilizei um pouco. Parece que assim eu acredito que as pessoas realmente sentem falta. Obrigada, Silv, bjos.
Miaka: A Sakura é uma promíscua que não merece o Kiyo... u.u Er.. Hm... Quer dizer... A gente dá um jeito, né? Talvez ele morresse de desgosto se ficasse sem ela. Pensando bem... não, não ia. EU não iria deixar! hohoho O Li com câncer foi algo que eu devia ter explorado mais, pois eu iria matá-lo, maaaas... Ah, desculpa pelo Eriol explorado meio toscamente, hein. Obrigada pelos comentários e apoio, moça. Bjos
Lan Ayath: Ya! Acabou! Obrigada pelo comment, Lan. Bjos
Merry Anne: O capítulo anterior foi curto devido à minha imaginação, que deveria estar curta também, nem eu lembro mais. Bom, acabou. Obrigada por todo o seu apoio e incentivo durante essa segunda parte da fic, Merry. Bjos
Anna Lennox: Pronto, Anna! Aqui está o capítulo, espero que tenha agradado, afinal, não fugiu do que você tinha me dito que esperava, não é? Obrigada pelo enorme apoio e por agora me aturar no msn também. Bjos e Obrigadão de novo.
metabee.x: Eu não sou má, são os seu olhos, Muriloca. XD Pôxa tio, obrigada pelo incentivo imenso do comentário anterior que você nem deve se lembrar mais, mas foi muito legal. Bjos e até mais, tio.
Marthinha: Desculpe por fazê-la esperar, se é que estavas esperando. ¬¬ Mas é que quando junta a falta de vontade com a preguiça aí dá um nó meio complicado, sabe? XD Prometo que vou evitar fazer isso novamente, só postar quando já tiver tudo prontinho. Bjos e um super obrigada.
Sayo: Bom, aqui está. Acabei, fim de papo. Agora, quero ver você postar o seu, hein. ANDA LOGO. Bjos moça de longe, e obrigada por sempre acompanhar!
Violet Tomoyo: Puxa Tomoyo, obrigada por todo o apoio e incentivo que sempre me dá em seus comentários, eles são sempre muito valiosos. Talvez em breve você possa ver algo meu publicado por aqui. Ah, o Li foi sortudo em escapar das minhas mãos, eu iria realmente matá-lo... Bjos e obrigada de novo.
Isabelle Potter Demonangels: Pah! Matei sua ansiosidade pelo último capítulo. XD Espero que tenha agradado, se não agradou, aguarde minha próxima historinha, hehehe. Obrigada pelo comment, Isabelle. Bjos.
Kirika-san: Bom, desculpe falhar nas suas expectativas de que o Li e a Sakura terminariam juntos, mas considere que já foi um grande feito tê-lo tirado da morte, acredite. Obrigada pelo comment, por acompanhar e bjos, Kirika.
B166ER: Eu nunca decoro esse número XD Nhaum, nhaum matei o Li, mas devia. Enquanto escrevo esses comentários vou ficando com raiva dele nem sei por que... -- Espero que tenha gostado, Rafa. Bjos, miga.
Yoruki Hiiragizawa: Bem, Yoruki, sei que o final não agradou. É, porque você é uma fã sem-palaras para o casal Li e Sakura, mas eu precisava fazer isso. Motivos não me faltaram. E bem, pense só que o Li também não ficou na lama, até desviou do buraco negro que eu tinha jogado no caminho dele! Haha, pode deixar que você ainda vai ler um fic que vai saciar o seu gosto por SS. Me aguarde. Bjos e obrigada pelo apoio e comments ao longo de todo o fic.
Kikyou Priestess: Espero que tenha gostado, Kikyou. bjos e obrigada pelo comentário, hein.
RubbyMoon: Obrigada pelo elogio, Rubby, fico feliz em saber que você gostou. Obrigada também pelo comentário, bjos
M. Sheldon: Oras, não se preocupe em não ter deixado review, isso não é um crime. Obrigada sempre pelo apoio e incentivo, isso é muito bom, você sabe. Espero te encontrar mais vezes por aí, como no seu fic, né? Hm? Bjos, moça.
E obrigada também, é claro, para os que somente lêem e para aqueles que eu não citei o nome que estava em comments dos outros capítulos. Meus dedos estão quase se atropelando para postar isso ainda hoje, então sintam-se agradecidos por tudo mesmo sem terem sido citados, saibam que o incentivo é indescritível.
É, até mais ver. quem sabe algum dia vocês não me acham numa sessão de Inu Yasha, X ou rurouni Kenshin? . Beijos a todos e muito obrigada pela paciência que, tenho certeza, foi enorme!!
Hime