Capítulo Dez - Agora e Para Sempre

Rony conseguiu todas as informações necessárias no Ministério e arrumou os papéis. A única coisa que precisava era mandar a intimação para Malfoy e o mesmo deveria assiná-los na presença do Ministro. Enviou a coruja bem cedo e, como era um documento oficial, Draco foi obrigado a se apresentar no Ministério em três dias ou seria processado por desacato às leis bruxas.

Draco recebeu a intimação na Alemanha e ficou desgostoso. Sabia que o casamento seria anulado imediatamente e Gina estaria livre para cair nos braços do maldito Potter, instantaneamente, se quisesse. Ele resmungou e guardou o papel no bolso. Tinha vendido o apartamento de Berlim e se desfeito de tudo que pertencia aos dois. Estava particularmente satisfeito de ter queimado todas as roupas dela.

Sem ter muito que fazer pegou o telefone e reservou a passagem, só de ida, na primeira classe da melhor companhia aérea alemã, e foi para a suíte presidencial em que estava hospedado, aguardar pelo horário do vôo. Voltaria para casa em grande estilo.

Quando entrou no avião estranhou as acomodações. Não estava acostumado àquele tipo de transporte trouxa. Sentou-se em uma das cadeiras da primeira classe. A comissária de bordo veio perguntar a ele se estava se sentindo confortável.

- O senhor deseja alguma coisa? – ele fechou os olhos.

- Paz – respondeu rudemente. A comissária ficou visivelmente sem graça.

- Tudo bem, senhor. Se precisar de algo... – ela disse, saindo.

Draco não percebeu mas ao seu lado uma moça de olhos azuis vivos tinha prestado atenção à cena e não parecia nada feliz com o que ele tinha feito. A comissária voltou e veio servi-la de uma dose de vinho tinto.

- Obrigada – ela agradeceu. Draco parecia dormir, encostado na cadeira. Ela sacudiu a cabeça, indignada. - Educação realmente não tem nada a ver com a classe social – disse para a comissária, que sorriu, desconcertada.

Foi então que Draco reparou que o recado havia sido para ele. Abriu os olhos e apenas os voltou para a mulher. Ele ainda não a tinha visto mas quando o fez se sentiu um completo idiota por não ter reparado antes.

Ela tinha olhos azuis intrigantes e os cabelos, ruivos, encaracolados, lhe davam um ar ousado. Ela retribuiu o olhar, mirando-o de soslaio. Os olhos dele davam a impressão de penetrá-la até o fundo da alma. Draco tinha o olhar frio mas ela sentiu um calor no fundo do estômago. Mesmo assim, desafiou-o, e se virou para ele, rodando o cálice de vinho entre os dedos. Ele ficou perplexo. Ela era a primeira pessoa que o desafiava daquela forma. Tinha conseguido três coisas em apenas alguns segundos: chamar sua atenção, impressioná-lo e, agora, intrigá-lo. Quem era aquela mulher, afinal?

- Você perdeu algo aqui? – ela perguntou, percebendo que ele se inclinava na cadeira agora.

Ele se endireitou mas, ao contrário do que pensava, ele não fechou a cara, e sim abriu um sorriso. Um sorriso enigmático que a deixou sem fôlego. Ela tinha conseguido uma quarta coisa agora: encantado-o com seu senso de humor ácido.

- Perdi sim – respondeu de forma atrevida. Ela apertou os olhos na direção dele.

- Foi a sua educação? Porque nitidamente o senhor não tem nenhuma – respondeu no mesmo tom atrevido dele, fazendo-o sorrir.

- Touché – disse maliciosamente; ela se surpreendeu.

- Afinal, até que para um troglodita você tem cultura! – exclamou, implicante, fazendo-o novamente sorriu. – Conhece esgrima? – estava espantada.

- Eu tive sete anos de educação em esgrima Sra... – ele, obviamente, não sabia seu nome.

- Srta. Marah. Nicolle Marah – completou e ele sorriu mais uma vez.

- Draco Malfoy – colocou a mão sobre o peito. – Encantado – disse, pegando-lhe a mão e dando um leve beijo. Nicolle riu.

- Se eu o conhecesse realmente diria que esta atitude não combina nada com você. Por isso estou impressionada – disse, divertida, espantando-o.

- Realmente eu devo ter causado uma péssima impressão – riu timidamente. Ela concordou com a cabeça. - Espero que me permita mudar a sua opinião sobre a minha pessoa – acrescentou, chamando a comissária. Ela observou a moça uniformizada vir até ele.

- Sim? – ela disse sem graça. – O Sr. deseja algo? – perguntou, a voz trêmula. Draco sorriu.

- Apenas me retratar. Eu realmente não fui um cavalheiro há alguns minutos – ela corou. Nicolle poderia gargalhar.

- Tudo bem senhor – disse, retirando-se para atender os passageiros da classe executiva. Draco se voltou para Nicolle.

- E então? Está mudada a imagem que fez de mim? – ela riu.

- Não. Não foi suficiente – disse de modo sincero. – Mas acho a sua capacidade de dissimular surpreendente, Sr. Malfoy – ele sorriu.

- Está aí algo de que posso me orgulhar. Draco – ela olhou dentro dos olhos cinzentos dele. – Me chame de Draco – ela sorriu. - E eu posso chamá-la de... – ela o interrompeu.

- De Srta. Marah. – implicou. Ele franziu a testa, ela deu uma gargalhada.

- Você está se divertindo às minhas custas ou o quê? – ele perguntou, fingindo aborrecimento.

- Ou o quê? – respondeu cinicamente. Ele passou a língua pelos lábios. Nicolle olhou para ele com um olhar inquisidor.

- O que você está indo fazer na Inglaterra? – ele perguntou.

- Talvez fosse mais inteligente, diante do fato de eu ser obviamente inglesa, que você me perguntasse o que eu vim fazer na Alemanha. Mas isso seria pedir demais de um homem eu um mundo terrivelmente machista como esse – disse, sorrindo. Ele avaliou o comentário.

- Isso foi algo especificamente contra a minha pessoa ou contra todos os homens? – perguntou maliciosamente.

- Entenda como preferir, ou conseguir – respondeu no mesmo tom de antes. Draco riu.

- Você é sempre assim? – perguntou, intrigado.

- Assim como? – ela sacudiu os ombros.

- Arredia? Agressiva? Mordaz? Bem, eu poderia passar o vôo todo enfileirando qualidades – ela riu.

- Bem, eu acho que é algo necessário na minha profissão – ele franziu a testa.

- E você faz... – gesticulou.

- Eu escrevo – aquilo para Draco era uma novidade.

- Eu também escrevo, desde os cinco anos, e daí? – disse sem compreender. Ela riu com vontade.

- Eu escrevo romances, Draco – ele tremeu ao ouvi-la dizer seu nome. Não compreendeu mas não queria que ela pensasse que era um completo idiota.

- Você tem algum livro seu aí com você? – ela sorriu.

- Sim. Eu tenho. Estou voltando de uma noite de autógrafos – ele não entendeu nada mas manteve a pose. Ela esticou um livro para ele, "Marcas do Destino" era o título. Embaixo dizia: "Mais um Best Seller de Nicolle Marah. Venda recorde em duas semanas." Ele sorriu. Nicolle abriu a capa e pegou uma caneta na bolsa. Ela sorriu e começou a dedicatória.

"Para Draco Malfoy, Com Carinho! Nicolle Marah"

Ele leu a dedicatória cuidadosamente. Deu um sorriso maroto.

- Carinho, é? – perguntou, ironizando. Ela sacudiu a cabeça.

- Você é terrível, sabia? – disse achando graça. – É a dedicatória padrão para fãs –emendou. Ele fingiu estar impressionado.

- Por isso você escreveu tão pouco? – ela sacudiu a cabeça.

- Quando você passa quatro horas sentada em uma cadeira, escrevendo dedicatórias para mais de trezentas pessoas, você precisa ser breve – ele riu.

- Então mais de trezentas pessoas já leram o seu livro? – implicou. – Estou impressionado.

- Você ficaria muito mais impressionado se lesse o livro. E eu também... – ela respondeu em tom superior. – Presumindo que a leitura esteja entre as suas atividades... – desafiou.

- Muito bem. Eu vou ler o seu romance, Nicolle. Quando pousarmos na Inglaterra eu já terei terminado – ela apertou os olhos.

- Impossível. Estamos quase chegando. Não daria tempo de... – ele a interrompeu.

- Isso é problema meu – disse abrindo o livro. Ela sacudiu a cabeça.

- Você não vai conseguir e, depois, como eu vou saber se você vai ter lido todo o livro ou não vai estar apenas passando as páginas? – ele pareceu concordar.

- É uma pergunta justa. Então façamos uma aposta. Eu vou ler o seu livro e, ao final da viagem, você vai me fazer uma pergunta sobre ele. Se eu acertar você vai até um pub tomar um café com conhaque comigo. Se eu errar eu faço o que você quiser... – disse, sorrindo.

- Tentador! Não sei se devo torcer para você errar ou acertar... – disse, fechando os olhos e recostando-se para cochilar.

Ele engoliu em seco. Rapidamente recitou um feitiço que ampliou a sua velocidade de leitura em quatro vezes. Conseguiu terminar de ler o livro e, para sua surpresa tinha realmente se interessado pela estória. Ele a acordou delicadamente no exato momento em que o avião tocava o solo inglês.

- Pode me fazer a pergunta – disse, segurando o livro. Ela apertou os olhos.

- Você leu realmente? – ele ficou sério.

- Li sim. Pergunte... – ela torceu os lábios. Estudou a expressão dele.

- Eu não acredito que você leu – ele sacudiu a cabeça, indignado.

- Assim você me ofende. Eu dou a minha palavra como cavalheiro – ela riu.

- Está bem Draco. Eu vou facilitar para você. Você gostou do livro? – ele não entendeu nada.

- Eu achei fascinante. Mas você tem que fazer a pergunta – ela sorriu.

- Eu já fiz, Draco – ele ficou escandalizado. Esperava poder deixá-la impressionada com uma resposta correta.

- Mas eu realmente li... – disse enquanto os passageiros saíam pela porta.

- Nós vamos conversar sobre isso no café – ela piscou um olho e entregou a sua bagagem de mão para um Draco absolutamente abismado carregar.

Depois de tomar um demorado café no pub do aeroporto e conversarem demoradamente sobre o livro, esgrima, arte e muitos outros assuntos fascinantes, os dois se despediram. Nicolle acrescentou seu telefone na dedicatória do livro. Draco sorriu. Com certeza ligaria para ela. Ainda havia muito que descobrir sobre aquela mulher misteriosa.

Foi direto ao Ministério da Magia e assinou os papéis da anulação perante o Ministro. Não queria esperar mais e sentiu, para seu estranhamento, um grande alívio ao se tornar novamente um homem livre e desimpedido. Gina voltava a ser apenas mais uma Weasley pobretona e não precisava dividir nenhum dos seus bens com ela. Sorriu, colocando o documento de anulação no bolso, e foi para casa. Havia coisas mais úteis a se pensar, como que desculpa daria para ligar para aquela escritora trouxa.

Gina, por sua vez, ficou radiante ao receber o recado de seu irmão que já poderia ir até o Ministério e pegar a sua via do documento de anulação. Era novamente uma Weasley e não poderia estar mais feliz com isso.

Hermione, que estava passando a tarde na casa de Harry, treinando magia com a amiga, foi com ela até o Ministério. Gina não aparatava há tanto tempo que Mione achou melhor enviá-la via Flu. Seria melhor que Gina praticasse um pouco mais antes de aparatar para tão longe. Ela voltou feliz com o documento em mãos. Era novamente solteira agora e não tinha mais nenhum vínculo com Draco. Harry se sentiu particularmente aliviado ao vê-la livre do sobrenome Malfoy.

No dia do jantar Gina estava nervosa. Se arrumou da melhor forma que pôde, usava um vestido branco longo e decotado. Harry escolheu um belo terno e ela havia preferido ir para A Toca com uma chave de portal, afinal ficaria coberta de fuligem se fosse via Flu e ainda se sentia insegura demais para aparatar, ainda mais sendo a primeira vez que iria para casa em dois anos. Ele entregou o pedaço de pão velho a ela e o mundo sumiu sob os seus pés. Em segundos ela estava na sala d'A Toca.

Molly e Arthur a abraçaram com força e os seus outros irmãos se aproximaram, afagando a cabeça da irmã caçula e erguendo-a pela cintura como uma garotinha. Ela chorava de felicidade, passando de abraço em abraço, de beijo em beijo. Foi apresentada às cunhadas, revendo Penélope, Angelina e Katie, esposas de Percy, Fred e Jorge, respectivamente. Conheceu Lisa e Anne, esposas de Gui e Carlinhos. As duas eram trouxas e super simpáticas. Harry assistiu ao reencontro dela com a família, satisfeito, mas começou a sentir uma sensação de vazio que se estendeu durante todo o jantar e aumentou ainda mais quando Fred e Jorge colocaram sua mais nova invenção em prática: um aparelho de som bruxo. Rony arrastou Gina para o meio da sala e a fez rodar ao ritmo da música. Mione ria.

Harry observava o sorriso estampado no rosto da caçula Weasley. O jeito como ela estava feliz e à vontade em casa. A expressão que fez quando abriu o presente dos pais e recebeu uma nova varinha, especialmente encomendada, sob medida para ela, com o Sr. Olivaras. Ele nunca poderia tirá-la dali de novo. Não seria capaz de correr o risco de estragar tudo novamente e fazê-la infeliz. Não tinha esse direito. Pegou o embrulho com a surpresa que lhe pretendia fazer. Era Salt, tinha conseguido reaver o gato após quase duas semanas de um processo burocrático com o departamento trouxa de animais abandonados e de pagar uma fortuna maior do que o próprio preço do gato em multas e impostos. Colocou a caixa no chão, em um lugar que ela veria, e escreveu um bilhete para ela.

"Gina,

Você encontrou a felicidade. Jamais poderia colocar o que você recuperou em risco. Por isso vou partir. Vou aceitar a proposta de emprego que recebi e dar aulas de Defesa Contra As Artes Das Trevas em Durmstrang, na Bulgária. Parto esta noite. Eu te amo. Seja feliz! Espero que Salt lhe faça companhia.

H.P."

Ele deixou a caixa com o gato e o bilhete em um canto da sala e já ia saindo discretamente quando Hermione percebeu que algo estava errado.

- Aonde você vai Harry? – perguntou, intrigada, e ele disfarçou.

- Eu pensei em tomar um pouco de ar... – ela ergueu as sobrancelhas.

- Só depois que você me conceder esta dança – disse, arrastando-o para o meio da sala. Rony valsava alegremente com Gina. Mione deu duas voltas com Harry e parou ao lado do casal de irmãos. - Posso roubar meu marido um pouquinho? –perguntou para Gina, que soltou da mão de Rony e se colocou na frente de Harry.

Ele olhou dentro dos seus olhos castanhos. Gina fez menção de se encaixar nos braços dele, para dançar. Harry mal conseguiu suportar a mão dela sobre seu ombro. O toque queimava como fogo e o fazia se sentir zonzo e sem forças. Molly cutucou Arthur.

- Eles se amam – disse, abraçando o marido. – Como é que ainda não se acertaram? E fazem um casal tão lindo... – Arthur riu.

Harry ergueu os olhos para Gina. Ele tinha o olhar perdido e desesperado. Não sabia o que fazer. Depois de morar quase um mês com ela e fazer de tudo para fazê-la feliz tinha conseguido. E agora simplesmente se sentia vazio. Vazio e inadequado. Ela pôde ler algo errado no olhar dele.

- Harry? – ele se soltou dela.

- Eu não posso... Sinto muito... – olhou em volta. – Eu simplesmente não consigo... – disse, andando de costas, e desaparatou.

Gina ficou perplexa, Hermione trazia a caixa com Salt. Abriu a caixa e ficou muito feliz ao rever o gato, que se enrolou em suas pernas. Abriu o bilhete e ficou pálida. Entregou o papel a Hermione e saiu correndo para o quintal. Era mais fácil aparatar ao ar livre. Mione foi atrás.

- Aonde você vai? – perguntou, curiosa, e Gina retirou a varinha nova das vestes.

- Eu vou recuperar o amor da minha vida – Mione sorriu, vendo que a amiga desaparatou perfeitamente.

"Boa sorte", ela pensou, lendo a carta de Harry. "Tomara que ele ainda não tenha partido."

Quando Gina chegou na casa ouviu barulhos no andar de cima. Ele estava fazendo as malas. Entrou no quarto e ficou parada na porta. Ele a olhou. Tinha os olhos vermelhos e fungava. Tentou ignorar a presença dela ali.

- Não faça isso – ela disse tristemente. Harry ergueu os olhos de novo.

- Você re-aprendeu a aparatar. E vai re-aprender e aprender muitas outras coisas... Isso é ótimo.

- Por que você está fazendo isso? – perguntou num fio de voz.

Estava chorando. Ele se sentia totalmente impotente. Não podia fazer nada que a impedisse de estar daquele jeito.

- Não torne isso mais difícil do que já é, Gina – disse, suplicante, colocando a última mala sobre a cama e a fechando. Gina correu os olhos das malas para ele.

- Você vai embora? – perguntou, a voz embargada. Ele sacudiu a cabeça, dirigindo-se ao quarto de hóspedes para pegar o resto de suas coisas.

- Não tem cabimento algum eu ficar aqui. Você é independente agora. Está se dando bem com a sua família de novo. Eles vão cuidar bem de você...

- E aí você simplesmente vai me deixar... – disse, fungando. – Que conveniente de sua parte... - ele ficou aborrecido.

- Eu não te abandonei nunca. Não é agora que vou te abandonar. Eu só não posso ficar aqui. Eu tenho que ir – disse de forma não muito convincente. Ela o olhou, séria.

- Você vai fugir... –ele passou a mão por entre os cabelos.

- E se eu fugir? Que mal tem isso? Eu também não tenho direito de ser fraco, covarde? – perguntou, nervoso.

- Tem, Harry. Tem – ela o fuzilava com o olhar.

- E, depois, você não precisa mais de mim. Eu não serei capaz de fazer você feliz, Gina. Estou certo disso. Eu sempre estrago tudo – finalizou, justificando-se, e ela riu.

- Eu sempre vou precisar de você, Harry. Estou disposta a correr o risco e tentar... – pensou alto; ele franziu a testa.

- O que você disse? - ela já tinha dito. Agora não podia mais voltar atrás.

- Você me fez uma promessa – ele se virou para ela. – Eu estou pedindo que você a quebre Harry – ele arregalou os olhos, sem acreditar no que ouvia.

- Gina, você quer que eu...

- Eu quero que você me toque, Harry. Que você me ame – ele não esperou que ela dissesse mais nada.

Foi rápido ao seu encontro, segurou-a em seus braços e a beijou com força, pressionando a boca na dela, sentindo os lábios doerem. Ela correspondeu ao beijo, enlaçando o pescoço dele com os braços. Roçavam uma língua na outra com uma intensidade quase agressiva. Mal podiam respirar.

Harry a ergueu pela cintura e Gina passou as pernas em volta dele. Sem parar de beijá-la, ele a carregou até as almofadas do tapete. Gina ajoelhou à sua frente, ajudando-o, ansiosa, a se livrar do paletó do terno que usava. Então o puxou para si pela gravata. Ele riu, afrouxando o nó e a tirando por cima da cabeça enquanto Gina se ocupava de abrir sua camisa. Harry mergulhou os lábios entreabertos no pescoço dela e desceu para o seu decote enquanto tateava, sôfrego, os botões do vestido. Por fim desistiu dos modos delicados e os forçou, espalhando os botões pelo chão. Ela riu enquanto lhe desafivelava o cinto e com mãos trêmulas lhe desabotoava a calça. Ele rolou no chão, deixando-a ficar por cima, montada sobre ele. Livrou-se da parte de baixo da roupa enquanto ela soltava os cabelos sobre os ombros.

- Você é maravilhosa... – disse, segurando-a pelos quadris.

Ergueu o corpo e beijou os lábios entreabertos dela. Gina enfiou a mão por entre os cabelos dele e deixou-se cair para o lado, em cima de uma almofada, puxando-o para cima de si. Ele tinha o desejo estampado no olhar mas ainda assim estava hesitante.

- Ponha as mãos em mim, Harry. Eu sou sua... – disse, lânguida, quase suplicante.

Gina conduziu a mão dele até ela, deixando-o lhe proporcionar ondas crescentes de prazer. Rolou os olhos castanhos febris para cima e mordeu os lábios, em êxtase. Ele não resistiu mais e a buscou para si, unindo-se subitamente a ela. Gina gemeu, sôfrega nos braços dele. Sentiu o coração dele bater depressa contra o próprio peito.

A explosão veio rápida porém infinitamente intensa, quase os fazendo gritar. Deixando ambos sem fôlego, prostrados, um sobre o outro, no tapete do quarto de hóspedes. Quando conseguiram finalmente recompor o compasso da respiração Harry falou primeiro.

- Eu espero que você sinceramente não mude de idéia. Não creio que possa suportar perder você de novo. Não depois disso... – ela riu.

Harry deitou de lado, apoiou-se no braço esquerdo e se virou para ela, que permanecia deitada de barriga para cima, apenas tinha virado o rosto para ele.

- Você quer se casar comigo, Harry Potter? – ela perguntou de supetão, com simplicidade, e ele deu uma gargalhada.

- Assim não vale. Eu quem devia ter feito essa pergunta a você – disse, fazendo carinho no rosto ainda afogueado dela. Gina pegou a mão direita dele e lhe beijou a palma, detendo-a na sua.

- Então? Isso é um sim? – perguntou em tom jocoso, ele riu, sacudindo a cabeça.

- É um sim. E o que eu posso negar a você? Ainda mais agora... – ela sorriu, satisfeita.

- Eu te amo... – disse, olhando no fundo dos olhos verdes. Ele se inclinou e lhe beijou os lábios rubros de levinho.

- Eu também amo você.

Ela sorriu. Deslizou a mão direita dele até a parte inferior da sua barriga, repousando-a ali, sob a dela.

- Vocês... – ela o corrigiu e Harry arregalou os olhos.

- Gina, isso significa que... – ela acenou com a cabeça.

- Eu tenho uma partezinha sua crescendo aqui dentro de mim. Eu descobri ontem, fiz um teste trouxa. Estava desconfiada – disse, feliz. Ele abriu um sorriso, acariciando sua barriga.

- E o que eu vou poder fazer para te compensar por ter me feito o homem mais feliz da face da Terra? – ela deu um sorrisinho maroto e empurrou a mão dele mais para baixo.

- Faz amor comigo – disse, dengosa.

- De novo? Agora? – perguntou, surpreso.

- Agora. E para sempre... – respondeu, recebendo-o em si.

Se amaram devagar e ternamente dessa vez. Sem a menor pressa. Tinham a certeza de uma vida toda pela frente e a passariam juntos. Pendurado na parede, o quadro de Gina parecia ter adquirido outro tom, outra vida. Se parassem e o olhassem veriam que a "Ruiva Triste" sorria agora.

FIM

Continua em: Para Sempre Não É O Bastante